capítulo quatro: O prêmio.
Ser inteligente parece ser bom, não é?
Não pra mim, as pessoas apenas se aproximavam de mim por isso, pra se aproveitar e tirar vantagem de tudo que eu sei.
Mas aquilo não era tudo que eu não gostava nisso.
As pessoas se magoavam quando eu não podia ajudá-las, ficam com raiva, me humilham e me chamam de orgulhoso, como agora.
Claro que eu não ligo pro que eles sentem, eu só tinha um certo receio de isso começar a me afetar de alguma forma.
Não quero me foder de novo.
Mas esse evento do nickolas tesla era tudo pra mim nesse momento, eu queria muito mostrar meu projeto pras pessoas, mostrar como crio energia sem fio usando um manual raríssimo do próprio inventor, e quem sabe, levar essa bolada de dólares pra casa e sair vencedor.
Então, enquanto eu pensava em tudo isso e lia, minha leitura foi interrompida pela voz da professora que estava na minha frente.
- Ele é o melhor aluno daqui, e desenvolveu uma maquete tão simples e tão bem feita! Rafael, esse é o diretor de Oxford, Hiyuki kocho, ele veio aqui para avaliar os projetos e dar uma bolsa para o vencedor.
Assim que sai dos meus mil pensamentos, fechei o livro e os olhei.
Diretor de Oxford? Isso quer dizer que se eu ganhar, eu vou fazer faculdade lá?
Isso era incrível, e era tudo que eu precisava.
Cumprimentei o homem alto, de cabelos pretos e rosto asiático, porém já maduro de idade, e que usava terno à minha frente, o diretor de uma das faculdades estadunidenses mais sonhadas de qualquer jovem do ensino médio.
- Prazer em conhecê-lo, senhor diretor Hiyuki.
Cumprimentei o homem, ele parecia ser do Japão ou qualquer outro lugar do continente asiático.
Ele assentiu, e sorriu gentilmente.
- O prazer é meu, estou ansioso para ver seu projeto, todos os profissionais daqui falam muito bem de você.
Disse ele, isso era verdade. Eu estudava muito então era admirado.
Pelos profissionais.
Já o restante da escola me odiava por eu estar acima deles.
Sorri meio seco, e assenti.
- São todos ótimos profissionais.
Falei, elogiando a equipe da escola.
O diretor Hiyuki assentiu, e a professora me informou do horário da avaliação dos projetos.
- Será daqui a cínco minutos, estamos esperando a diretora e alguns professores pra avaliarem também, fique preparado.
Assenti que sim, e ambos os dois foram até as outras mesas e a professora informou aos alunos que estava perto do grande momento se iniciar.
Peguei minha mochila, guardei meus livros, caderno e caneta, e observei todo o projeto pra ver se ele não precisaria de mais algum retoque, ajuste...
Mas estava tudo perfeito aos meus olhos, e eu estava pronto pra começar.
A professora então nos chamou.
- queridos alunos e participantes, porfavor se encaminhem até o salão de festas da escola, e exponham seus esquemas na grande mesa, a avaliação já vai começar.
Disse ela, e então eu peguei minha mochila e minha maquete, e me dirigi até o salão junto com os outros alunos.
Enquanto andava pelos corredores, senti algo bater em meus ombros, e quase derrubei todo o meu projeto.
O segurei com força impedindo que ocorressem danos, e olhei pra trás pra ver quem foi o responsável por aquilo.
E então vi johnny, me olhando com um sorriso sádico.
Aquilo me fez mais uma vez me alarmar, e naquele momento eu tive certeza que algo ruim aconteceria, uma hora ou outra.
Mas Ignorei ele, e coloquei meu projeto na mesa.
O salão estava cheio de conversas abafadas, mas tudo o que eu conseguia ouvir era o som da minha respiração controlada. Não havia nada mais a fazer além de esperar e observar. As pessoas se moviam ao meu redor, algumas com um sorriso nervoso, outras com os olhos brilhando de ansiedade. Mas eu estava indiferente. Eles não importavam. O que importava era o resultado daquilo tudo. O dinheiro e a bolsa pra oxford.
Então, logo o diretor Hiyuki chegou à mesa onde meu projeto estava exposto. Ele se deteve por alguns segundos, passando os dedos pela estrutura da maquete, olhando com um interesse quase clínico. Eu o observava da mesma forma que um mecânico observa um motor: apenas esperando para ver se ele cumpriria sua função corretamente.
Quando ele pressionou o botão que acionava o sistema de energia sem fio, as lâmpadas se acenderam. O circuito funcionava perfeitamente. Mas, ao contrário de muitos ali, eu não me impressionei. Para mim, era o mínimo esperado. Havia trabalhado demais para algo tão básico, e ainda assim o resultado era simplesmente… o esperado.
Johnny, como sempre, não demorou a aparecer. Seu sorriso sádico surgiu ao meu lado, interrompendo minha linha de pensamento. Ele olhou para o projeto com desdém e, em um tom baixo, disse:
- Isso aí é só uma cópia barata do que o Tesla fez. acha mesmo que isso vai impressionar alguém?
Eu não precisei olhar para ele para saber o que estava fazendo. Podia ouvir a risadinha abafada dos amigos dele ao fundo, esperando uma reação de minha parte. Mas não vale a pena. Eu só não estava interessado o suficiente para me incomodar. O que Johnny pensava não tinha peso algum para mim. Não significava nada. Eu só queria acabar logo com aquilo.
O diretor Hiyuki, aparentemente alheio ao comentário de Johnny, se voltou para os outros avaliadores e começou uma conversa em voz baixa. As palavras se perderam no ar, mas uma coisa ficou clara: eu estava sendo analisado. Cada parte do meu projeto estava sendo medida e comparada, não a outros projetos, mas à expectativa deles sobre o que eu deveria ser capaz de fazer.
Quando Hiyuki finalmente se virou para mim, ele me olhou sem pressa, mas com uma curiosidade que eu sabia que era profissional, não pessoal. Ele perguntou, sem rodeios:
- O que o motiva a fazer isso, Rafael? Por que não se contenta com o básico? Você poderia ter entregue um resultado simples e trabalhado menos, mas aparentemente, você passou muito tempo trabalhando neste projeto, e óbvio, entregando um resultado impecável!
Eu olhei para ele por um momento, tentando calcular a resposta certa. Em situações como essa, o que eu dissesse podia ser irrelevante, mas ainda assim eu precisava ser preciso, não porque ele fosse importante, mas porque a percepção dele sobre meu projeto poderia ser. Por isso, minha resposta foi direta, sem rodeios.
- Eu apenas fiz oque eu sabia que poderia fazer. Fui até o meu limite, pra obter tal resultado. E estou bem satisfeito, aliás.
Hiyuki não reagiu imediatamente, mas sua expressão permaneceu impassível. Ele anotou algo em seu caderno e então se afastou, provavelmente para continuar sua avaliação. Eu não sabia naquele momento se ele gostou ou não do que eu disse, mas eu realmente não me importava. O que importava era o que ele pensava sobre o projeto, não sobre mim.
Enquanto o diretor se afastava, percebi Johnny de novo. Ele ainda estava por ali, tentando se impor com aquele sorriso provocador, sarcástico.
Como se estivesse revelando que algo péssimo estava prestes a acontecer, oque me lembrava da porra do meu passado, já que o filho da puta do meu tio me olhou da mesma maneira.
Droga.
O ignorei, e também ignorei meus pensamentos, foi ai que por um momento, a tensão da sala parecia desaparecer. O ambiente ficou mais silencioso, mais denso. Os outros projetos estavam sendo analisados agora, e a competição havia se tornado apenas uma questão de números. Eu sabia o que estava em jogo, mas, ao mesmo tempo, não via como perder. Para mim, a vitória não era uma questão de querer, mas de inevitabilidade. Eles não estavam ali para ver quem merecia ganhar; estavam ali para ver quem já sabia o que estava fazendo.
Sem querer me gabar é claro.
A diretora e os outros professores começaram a circular pela sala, fazendo suas observações finais. Eu continuei observando, impassível. O que aconteceria depois disso não mudaria nada. Se ganhasse, ótimo. Se perdesse, nada mais seria diferente. Eu sabia o que era capaz de fazer. O resto era irrelevante.
A verdade é que nada mais me movia, exceto a certeza de que, no final, o melhor é que seria o vencedor.
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