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Quando Leonor chegou do trabalho naquele dia, encontrou Oceania em seu quarto com o rosto molhado de lágrimas, o que impediu que tivesse um ataque de nervos por ter deixado o arroz queimar. Sentada sobre a cama, Leonor a escutava. Oceania colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e apoiou a testa sobre o ombro de Leonor, os olhos fechados.

Oceania refletiu sobre as dificuldades que sua mãe havia enfrentado e que assim como Abril, não queria que ela fosse infeliz. Quando tomou a decisão de ir embora do apartamento de Leonor para seguir seu próprio rumo, Leonor usou todos os argumentos para convencê-la a ficar.

– Mas onde você vai morar? Você não tem como pagar um aluguel.

Oceania suspirou.

– É por isso que eu não vou ainda. Mas vou assim que puder.

– Sem terminar a faculdade, você não vai conseguir um emprego que te sustente.

– E quem disse que eu não vou terminar? Tudo que eu sei é que eu não aguento mais viver assim... não posso.

Agora com lágrimas nos olhos, Leonor balançou a cabeça.

– Não... você não pode ir. Você é tudo o que eu tenho, Ani.

Oceania deu um sorriso triste.

– Você, você... o problema, justamente.

Dias após, Sergio não podia tirar Abril da cabeça e se conformar com o fato de que Oceania não era a única pessoa que a havia perdido. Sentado no banco de uma parque com um amigo tarde da noite, ambos compartilhavam um cigarro.

– E aí, parça – disse o amigo, sentado no chão próximo ao banco. – Não me deu os detalhes do plano B ainda. Vai chamar o Maninho de novo?

Sergio deu uma tragada no cigarro e baixou o olhar.

– Não.

– Como assim? Não ia dar um jeito na menina?

Sergio abriu um sorriso malicioso.

– Eu ia. Mas ela conseguiu ferrar com ela mesma. Abril nunca mais vai perdoá-la.

– Tá certo. E terminou com você.

Sergio balançou a cabeça.

– Você vai ver que é temporário. Quando acalmar os nervos vai perceber que não pode ficar sem mim. E com a pirralha fora da jogada... melhor ainda.

– Ei. Me deixa ler a cartinha de desculpas que ela mandou pra você?

– Pra quê?

– Ah, vai... pra eu rir um pouco. É uma ridícula.

– É. – Sergio deu uma risada seca. – Muito. – E desviou o olhar, com uma expressão de culpa.

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