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Leonor havia pedido à Oceania que além de algumas compras, fosse à farmácia e lhe trouxesse um shampoo (o mais caro de todos) especial para seu tipo de cabelo – louro escuro com luzes. Oceania e Abril passearam pelo local por mais uma hora e depois seguiram para a farmácia. Assim como Oceania, Abril não tinha carro, e lhe propôs que dividissem o táxi. Quando Oceania chegou ao apartamento, ao anoitecer, todas as luzes estavam apagadas. Entrando devagar, ela olhou em volta.

– Leo?

Sinal verde. Oceania colocou as sacolas de compras encima da bancada da cozinha, esvaziou-as e guardou os itens, deixando apenas sobre a bancada o shampoo. Agora, podia se dedicar ao "passatempo" seu que mais irritava Leonor: cantar.

Tendo aprendido a tocar piano sozinha em seus primeiros meses no orfanato, Oceania sonhava com um piano de calda, ou até um de mesa, mas não havia espaço para isso. Por sorte tinha um teclado, que comprara com seu próprio dinheiro. Quando escutou barulhos vindos de fora do quarto, imediatamente parou de tocar. Triste, ela desligou o instrumento. Até que, o tom cortante de Leonor vindo da cozinha a fez gelar até a espinha.

– Oceania?

– Já vou! – ela respondeu, e levantou-se, preparada para o pior. Chegando à sala, Leonor estava parada próxima à bancada com o shampoo na mão.

– O que é isso?

– O que você... – Oceania ia responder o que (para ela) era óbvio, "O que você me pediu", mas Leonor estava furiosa demais para escutar.

– Isso aqui é aroma de morango. O que eu queria, o que eu uso, é de pepino. Sem falar que está oito euros mais caro, o que significa que você não foi na farmácia que eu te disse, onde tudo que você compra é mais barato.

Oceania engoliu em seco. Geralmente era a própria Leonor quem se encarregava de comprar seus produtos de beleza incluindo shampoo... supôs que soubesse qual era o tipo que usava. Não podia sequer se defender dizendo que não havia de pepino. Estaria mentindo. E o que dizer da farmácia? Também havia sido falta de atenção.

– Vai ficar aí parada só me olhando? Diga alguma coisa – Leonor continuou. Oceania encolheu-se.

– Eu... eu tinha certeza que você tinha me dito para ir na farmácia da...

– Não, você é que não presta atenção em uma palavra do que eu digo, está sempre com a cabeça na lua ou não sei que besteiras você fica pensando o dia todo... você vai lá agora devolver isso e me trazer o certo; eu não vou pagar mais caro porque você não faz o que eu te digo e o que é o correto!

Rendendo-se, Oceania se deixou cair sobre o sofá. Leonor lançou o shampoo sobre o mesmo, quase acertando-a.

– Não consegue dar uma dentro, consegue? – Leonor seguiu para seu quarto e bateu a porta com tanta força que até os vidros das janelas sentiram o impacto. Agora sentada e olhando para baixo, Oceania coçou a nuca.

Desde aquele sábado, Oceania e Abril haviam trocado algumas mensagens, e Oceania esperava ansiosamente pela sexta-feira, para que pudessem confirmar o próximo encontro. Foi um pedido de Abril; aparentemente era tão ocupada que preferia confirmar compromissos encima da hora. Sexta-feira à tarde, após voltar do trabalho, Oceania mandou uma mensagem e surpreendeu-se ao ler a reposta: Abril não poderia pois já tinha algo marcado com o namorado.

Oceania sentiu como se a tivessem jogado um balde de água fria sobre o corpo.

Namorado? E refletiu: Perguntaria se poderia no domingo? Não, se pudesse, Abril provavelmente diria.

Por um lado era bom o fato de não ter nada para fazer no sábado – tinha tarefas da faculdade pendentes. Entretanto, só conseguia enxergar o lado ruim daquilo. Após terminar com a lição, Oceania aproveitou que Leonor não estava para cantar um pouco e depois pintar – seu segundo "passatempo" favorito. Sendo uma fã, seus quadros na maioria das vezes eram pintados em aquarela. A pintura na qual trabalhava no momento era inspirada na obra mais conhecida de Monet. Não estava tentando copiar a pintura original (algo que considerava impossível), senão, pintava um lago ao invés do mar e estava na dúvida se pintaria os barcos de pesca – tinha medo de que pudessem ficar parecendo borrões. Já tinha o céu terminado e agora lhe faltava o lago.

Oceania para de pintar quando uma gota vermelha cai sobre o céu, próxima de onde pintaria o sol. Porque suas mãos estavam sujas de tinta azul, ela tocou o nariz com a parte superior do pulso direito, manchando-o com sangue. Ela se levantou e correu para o banheiro antes que sujasse ainda mais o quadro. Aquele ar seco de vez em quando fazia seu nariz sangrar. Quando a sangria cessou, ela continuou com o quadro, primeiro pensando se continuar era uma opção. Concluiu que sim. O sol não ficaria posicionado exatamente onde havia planejado e teria de usar um tom de laranja mais escuro, mas ao menos cobriria a mancha. Era isso ou começar do zero. Quando Leonor chegou, ainda estava trabalhando no quadro, e aquela era a primeira vez que Leonor havia notado que estava se dedicando à aquela pintura específica. Com uma sacola na mão, Leonor se aproximou para olhar. Oceania fingiu não se sentir tensa ao estar tendo seu quadro analisado e seguiu trabalhando no tom de azul turquesa que estava usando para o lago.

– O que está pintando? – perguntou Leonor. – Parece que derramou tinta azul por acidente e agora está tentando consertar... não sei se gosto – finalizou.

– Mas Leonor, se não está pronto – Oceania respondeu.

Leonor não disse mais nada. Não sabia o suficiente de arte para comentar mais. Entregou a sacola e dirigiu-se à cozinha.

– Aqui. Os papéis que pediu.

– Obrigada. – Oceania pegou a sacola, a abriu e examinou o conteúdo. Eram papéis para pintar, porém, ao vê-los, logo soube que ela não era a única a equivocar-se e isso lhe resultava confortador... mas Leonor não gostaria nada.

– Leo, esses papéis não são os certos – disse. Caminhando em direção à cozinha, Leonor parou. Como se a possibilidade de ter cometido um erro fosse completamente absurda e inaceitável, ela olhou de relance.

– Quê?

– Esses são muito finos – Oceania explicou. – Os que eu uso precisam ter uma gramatura maior...

Trincando os dentes, Leonor virou-se para ela.

– Eu deixo você fazer a maior sujeira nesse apartamento, eu tomo o meu tempo para ir até uma loja no fim do mundo comprar as suas tralhas... e você reclama.

– Mas...

– Nada de "mas". Nem sei o que sequer está fazendo aqui – Leonor dirigiu-se à pia para servir-se de água. – Não ia se encontrar com aquela sua nova amiga hoje?

Oceania teve vontade de responder "Eu não estaria aqui sozinha pintando se tivesse dado certo", mas ficou quieta e pensou em uma resposta objetiva, e que ao mesmo tempo não revelasse com detalhes o motivo de não terem se juntado.

– Ela já tinha um compromisso.

Leonor deu um gole na água e deixou o copo sobre a pia.

– Que compromisso?

– Não sei o que ia fazer... mas ia encontrar com o namorado – Oceania cedeu. E Leonor aproveitou a oportunidade para enfiar suas presas, cheias de veneno.

– Oh. Dois meses na Espanha e já tem companhia. Você deveria arranjar um para poder se juntar à eles... claro que fazer amizades nunca foi o seu forte.

– E nem o seu.

Leonor se virou para Oceania, parecia que o copo de vidro em sua mão ia explodir à qualquer momento.

– Pelo menos namorados não me faltam. E pra você?

Entrando na onda, Oceania continuou respondendo.

– Namorados... ou casos?

Leonor quase joga o copo sobre o quadro... ou pior, sobre Oceania. A salvou uma mensagem de Abril. Oceania pega o celular e corre para o quarto. Sentou-se sobre a cama para ler: "No próximo fim de semana nos encontramos". Dito e feito, as meninas combinaram de se encontrar no sábado seguinte para um café. No sábado, por ter se arrumado com muita antecedência, Oceania tinha um tempo de sobra e sua vontade era sentar-se em frente ao teclado e ensaiar "Procuro Olvidarte", uma canção na qual estava trabalhando já fazia algumas semanas. O problema era que Leonor estava em seu quarto tirando um cochilo. Uma frase já muito dita pela mesma ecoou na cabeça de Oceania: "Essa voz aguda. Se já é insuportável ouvi-la quando fala, imagina quando canta!"

Apesar de reconhecer que sim tinha uma voz aguda e que irritava Leonor, sua voz era algo que Leonor ainda não havia conseguido colocar complexo sobre. Sua paixão e válvula de escape era cantar, portanto não iria parar.

O que não sabia era o quanto de talento tinha. Ao menos tocar piano era algo que sabia que fazia bem. Pensando em outras coisas que podia fazer, pegou uma caixa que mantinha na gaveta de seu criado mudo, lotada de fotos antigas e também mais atuais. Sentando-se no tapete ao lado da cama, ela abriu a caixa e pegou a primeira foto. Era uma foto que tirara com Leonor havia cerca de um ano, quando estavam fazendo um passeio no calçadão próximo à uma praia. Era final de tarde e no fundo podia se ver o mar. Leonor sorria mostrando os dentes brancos e perfeitos. Oceania olhou a foto por alguns segundos e a colocou de volta, pegando a próxima. Sua mãe, com vinte e tantos, ainda saudável. Oceania deu um sorriso triste até que decidiu pegar o celular e fotografá-la.

Quando se deu conta, já era hora de chamar um táxi e sair. Ao ver Abril, notou que havia algo de errado – seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse chorado. Ajudou o fato de Abril ser uma pessoa que quase não usava maquiagem. Enquanto caminhavam em direção ao local, Abril quis parar para tirar umas fotos, e perguntou à Oceania se queria que ela tirasse uma foto dela. Oceania preferia tirar uma foto com Abril, mas sentiu-se tímida para dizê-lo. Ao tirar a foto, Abril pôde ver qual era a última que Oceania havia tirado. Era a foto de uma jovem muito parecida com ela, tirando o cabelo louro e ondulado.

– Hmmm... e essa foto?

Oceania chegou perto para olhar.

– É a minha mãe – disse.

– Puxa, vocês tão iguais!

Quando já estavam sentadas em uma mesa do lado de fora tomando o café e dividindo um crema catalana, Oceania refletiu antes de perguntar para Abril se estava tudo bem: eram próximas o bastante para ela parar a conversa e fazer uma pergunta íntima como aquela? Se não fossem, ficariam. Quando encontrou a brecha, arriscou:

– Ei, Abril. Perdão que te pergunte isso, mas... você chorou? Quero dizer, seus olhos estão...

Imediatamente, as mãos de Abril foram para seu rosto, querendo escondê-lo.

– Ai, sim... mas não se preocupe, já passou, uma besteira – assegurou.

– Uma besteira? – Oceania questionou. – Se você chorou não é besteira...

Abril baixou o olhar.

– Não, Oceania. Eu não quero te aborrecer.

– Você não vai me aborrecer. Vamos Abril, me conte o que aconteceu e quem sabe eu posso te ajudar...

Abril parecia um pouco hesitante, mas percebeu que Oceania não deixaria de insistir.

– É uma bobagem porque já estou acostumada. É Sergio.

– Seu namorado?

Abril assentiu. Oceania apoiou os braços sobre a mesa e juntou as mãos, pronta para ouvir.

– Quer me contar como... como vocês se conheceram? Ele foi o seu primeiro contato aqui além dos seus tios?

– Sim... na verdade o conheci faz um ano e pouco. Eu já estava planejando a minha mudança, vim para cá conhecer a clínica e foi quando o encontrei. Hoje trabalha como mecânico em uma oficina de carros, mas na época estava fazendo um bico como telefonista. Percebeu que eu estava um pouco perdida – riu. – Me convidou para sair e depois disso, foi tudo um tanto rápido.

– A pessoa que te ligou agora pouco... era ele?

Abril deu uma risada seca.

– Você é observadora. Está um pouco ciumento porque comecei a passar tempo com alguém além dele.

– Oh.

– Estou brincando. Ele é apenas carente...

– Não acho que você esteja – Oceania olhou para o lado e sussurrou, tão baixo que Abril a escutou mas não a entendeu. – Hã... eu não te perguntei. Onde você está morando?

– A ideia a princípio era uma casa. Mas aí conheci Sergio e terminamos por dividir um apartamento. Estamos perto do Centro.

– Hum. – Oceania assentiu com a cabeça e ia pegar sua xícara de café, trombando com a de Abril e tombando-a. O café quente escorreu pela mesa e alguns pingos atingiram o vestido branco de Abril. Oceania levantou-se imediatamente.

– Ai meu Deus, me desculpe!

Após a confusão e com direito a mais uma xícara de café, Oceania e Abril continuam a conversar.

– Eu gostaria de te ouvir cantar – disse Abril. Com um sorriso tímido, Oceania baixou o olhar. – Há quanto tempo canta?

– Bom, sempre gostei de música desde pequena e foi no orfanato que comecei a tocar piano. Mas na verdade hoje toco menos do que tocava naquela época...

– Hmmm, muito trabalho?

– Bom, sim, mas também porque Leonor não gosta.

Agora irritada, uma ruga formou-se na testa de Abril.

– Oceania, você não pode deixar de fazer o que é importante pra você só porque os outros não querem...

Oceania suspirou.

– Eu sei. Mas...

– O que mais ela te obriga a fazer?

Imagens passaram-se na cabeça de Oceania, do que Leonor, desde os seus dezessete anos, ocasionalmente a obrigava. Quieta por alguns instantes, ela colocou a mão sobre o pescoço, como se quisesse esconder algo.

– Na verdade, não muito mais que isso – disse. – Abril, você disse que queria me ver cantar... e eu quero ver você dançar – sorriu. 

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