• CAPÍTULO 14 •
"Uma doce e dolorosa montanha-russa de emoções"
Final do Ato da Adolescência de Emma - Part 3
Perfect - Sam Smith
RYAN HARPER • 23 ANOS
Ao chegarmos de volta à casa, encontramos o Sr. Fletcher na cozinha, rodeado por panelas. O cheiro que se espalhava pela casa era convidativo, mas eu não consegui me dedicar a eles, já que Jack e eu estávamos atarefados carregando as sacolas.
O senhor idoso nem precisou virar o rosto para nos notar. Apenas apontou uma pilha de potes, copos e travessas e gesticulou com o queixo na direção da sala:
— Arrumem tudo por lá. Quero ver se sabem como impressionar uma menina de quinze anos. E fiquem atentos, porque logo a Emma virá atrás de comida.
Ele completou com um sorriso discreto, antes de voltar a cuidar de sua panela. Jack riu baixo, pegando o primeiro lote de travessas e me lançando um olhar cúmplice.
— Parece que temos que ser rápidos, Ryan. Vamos!
Minutos mais tarde, já estávamos quase terminando de arrumar tudo, quando decidimos nos trocar. Fizemos isso alternadamente, enquanto o outro ficava enchendo balões e organizando os últimos detalhes.
Comigo já devidamente vestido no meu pijama rosa-bebê com estampa de ursinhos, usando lacinhos na cabeça, abraçando um coração escrito "I love you", um arquinho de abelha e pantufa de Bob Esponja, o Sr. George entrou na sala, limpando as mãos em um pano de prato. Ele parecia satisfeito e divertido com o que via até o momento, pegou uma sacola que Jack havia deixado separada e anunciou:
— Agora é minha vez. Vocês continuem aí. Vou me trocar. — O tom dele era quase travesso, como se nem ele acreditasse no que estava prestes a fazer.
Quando o Sr. Fletcher retornou à sala, segundos depois, eu não consegui segurar o choque. Ele estava vestido com um pijama de bolinhas brancas sobre um tom rosa-forte, alguns babados na costura, combinado com um par de pantufas de cachorro e um arquinho de coração na cabeça. Eu engasguei, tentando conter a risada que ameaçava escapar, e Jack, que não estava em situação melhor com seu pijama rosa-choque de gatinhos coloridos e pantufas de urso, levou a mão à boca para abafar uma gargalhada.
— Não sei o que é mais ridículo... vocês ou eu. Nessa idade, e aqui estou eu, participando disso... — comentou o Sr. Fletcher, mas havia um sorriso relutante nos seus lábios.
— Admita, vô... Estamos ridículos, mas vale cada segundo.
O Sr. Fletcher deu de ombros, derrotado, enquanto me sentava no sofá para continuar enchendo os balões.
— Só uma observação... Precisava mesmo dos arquinhos e das pantufas? — resmunguei, amarrando mais um balão, enquanto lançava um olhar torto para o Jack.
Jack me lançou um sorriso orgulhoso.
— Claro que sim! — respondeu ele, sem um pingo de hesitação. — Além disso, eu sei que fico lindo até com essas coisas.
Revirei os olhos, mas não consegui conter o sorriso. E, embora todo o constrangimento, tinha que admitir: as roupas estavam cumprindo o seu propósito. A ideia era criar algo tão absurdo que faria Emma rir, daria certo. Como prova do que acabei de concluir, Emma desceu as escadas com passos leves, atraída pelo cheiro da comida. Mas assim que chegou ao último degrau e viu a sala, ela parou.
Completamente estática, piscando algumas vezes.
Por alguns segundos, Emma parecia incapaz de processar o que estava vendo, com sua sobrancelha se contraindo vez e outra, a boca abrindo e fechando, em um meio sorriso que se fazia e desfazia com o choque. Enquanto o seu olhar alternava entre Jack, o Sr. Fletcher e eu...
Jack ergueu os braços para o alto e exclamou:
— Surpresa, sua feia! Feliz aniversário de quinze anos!
Como se a fala de Jack fosse o que faltava para quebrar o choque dela, seus lábios começaram a tremer e, de repente, ela começou a rir. Sua gargalhada ecoou pela casa, ao ponto de descerem lágrimas pelo canto dos seus olhos e todo o seu corpo se sacudir com suas risadas.
— O que... o que é isso?! — Emma conseguiu dizer entre risos.
Jack deu um passo à frente, abrindo os braços dramaticamente.
— Isso, minha querida irmã, é dedicação fraternal! — exclamou ele, deslizando a mão pelo próprio peito como se fosse um modelo desfilando. — Lindo, charmoso e carismático, ao seu dispor!
Ela tentou se recompor, mas a cena era tão absurda que suas risadas voltaram com ainda mais força. Lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ela tentava falar, mas sem sucesso.
O Sr. Fletcher, no entanto, cruzou os braços, com um sorriso no rosto, e disse:
— Ela tem a todos nós, Jack. Não é só você. — falou ele enquanto fazia pose ao lado do neto, empurrando-o com o traseiro. — Talvez devêssemos botar você para fora, porque com esse ego gigante, não tem espaço para nós quatro na sala...
O Sr. Fletcher ainda bufou, imitando uma garota e meu riso acompanhou o da Emma enquanto continuei na minha bem quieto, sentado no sofá só assistindo. Mas a minha paz, durou pouco, lembraram de mim e me arrastaram até ela, que fitou de cima a baixo, abriu um largo sorriso, murmurando desculpas pelo irmão e o avô.
...
Após todos brincarem, rirem, jantarem, verem um filme e se divertirem experimentando as coisas estranhas que o Jack havia comprado, a noite parecia ter se transformado em algo que Emma jamais esqueceria...
Quando chegou o momento da dança.
O Sr. Fletcher foi o primeiro a puxá-la para uma valsa improvisada. Ele parecia deslocado em meio ao pijama cor-de-rosa com bolinhas, mas ainda assim conduziu Emma com leveza. Eles dançaram de forma tão tranquila e nostálgica que, por um instante, tive a impressão de que ambos estavam revivendo memórias antigas, mesmo que silenciosas. Ela sorriu de um jeito tão doce que meu peito apertou.
Em seguida, foi a vez de Jack. Os dois começaram "bonitinhos", girando desajeitados pela sala, mas durou pouco, quando a Emma pisou no pé dele sem querer e ele pisou de volta, e ela pisou com força de volta.
— Tá de graça já, pirralha?! — exclamou ele.
— Você que se vingou de mim de algo que fiz sem querer! Além disso, você está de pantufa! — retrucou ela.
— Ah... E acha que eu ligo? Toma isso! — Ele exclamou, pisando de propósito no pé dela com mais força, o que a fez soltar um grito exagerado e empurrá-lo de volta, indignada.
E assim, o que deveria ser uma dança bonita virou uma briga cômica, cheia de risadas, empurrões e passos descoordenados, de uma dança só deles. Eu e o Sr. Fletcher observávamos de canto, rindo da cena enquanto eles quase tropeçavam em um dos balões no chão.
Por fim, foi minha vez. Eu me aproximei dela com passos calmos, o sorriso no rosto ainda preso da cena anterior. Emma ficou subitamente tímida, as bochechas corando levemente enquanto eu estendia a mão para ela.
— Vamos, pequena Emma? — perguntei, minha voz baixa e tranquila.
Ela hesitou por um momento, mas, em seguida, colocou sua pequena mão sobre a minha. Suas mãos estavam quentes e um arrepio percorreu meu braço quando a toquei. Enquanto a guiava para o centro da sala, percebi como ela parecia adorável naquela hora, com um sorriso contido e os olhos brilhando de uma forma que eu sabia que jamais esqueceria.
A música que tocava ao fundo era suave, conduzi Emma em uma dança lenta, rodopiando-a com cuidado, a tratando como uma princesa. Ela parecia mais leve a cada segundo e o mundo à nossa volta parecia ter parado, e, naquele momento, eu quis guardar cada memória dela com carinho.
Quando a música terminou, ela deu um pequeno riso e olhou para mim.
— Foi perfeito... — murmurou ela, quase para si mesma. — Me senti uma princesa...
Assenti, ainda segurando sua mão, por mais um instante antes de soltá-la.
— Porque é o que você é.
...
Mais tarde, quando a noite chegou ao fim, o Sr. Fletcher me convidou para dormir na casa deles. Eu estava exausto demais para recusar e aceitei, ficando na sala.
O sofá improvisado como cama não era exatamente confortável, mas o peso do dia havia drenado toda a minha energia. Ainda assim, minha mente se recusava a descansar. Pensamentos se atropelavam, principalmente, o que eu sabia que teria que fazer em breve.
Estava perdido nesses devaneios quando ouvi passos leves descendo as escadas. Eram suaves, hesitantes, como se a pessoa tentasse não fazer barulho. Instintivamente, fechei os olhos, fingindo estar dormindo.
Os passos pararam perto de mim, tão próximos que pude sentir a presença dela.
Emma. Tinha que ser ela.
Por um momento, não houve mais som além do meu próprio coração batendo. Então, ouvi sua respiração profunda e trêmula, como se ela estivesse reunindo coragem para fazer algo.
Por que ela estava ali? O que estava pensando?
Minha curiosidade crescia, mas me mantive imóvel. Foi então que senti o toque da sua mão. Suave, enquanto ajeitava o cobertor sobre mim, como se quisesse garantir que eu estivesse confortável. Tive vontade de sorrir, mas me contive.
De repente, algo mudou. Pude sentir a ponta de seus cabelos roçarem meu rosto, seguido por sua respiração quente e hesitante. Meu coração deu um salto no peito, minha respiração travou na garganta, e, antes que pudesse processar o que estava acontecendo, senti seus lábios tocarem os meus.
O beijo foi tímido e breve, apenas um toque delicado, mas suficiente para fazer meu corpo inteiro enrijecer. Mas para a minha surpresa, algo pingou no meu rosto e percebi que eram suas lágrimas. Ainda assim, ela permaneceu perto de mim, como se hesitasse.
— Se você soubesse... — sussurrou ela, a voz quase inaudível. — É você que faz meu coração bater... Se, um dia, você pudesse me ver como eu vejo você... Será que também se apaixonaria por mim?
Sua confissão me atingiu como um golpe. Então, antes que eu pudesse reagir, me mover, ou qualquer coisa, ela se inclinou novamente e depositou outro beijo. Esse foi mais longo, mais cheio de dor, como se cada segundo fosse um esforço para ela. O que me fez, continuar ali, completamente imóvel.
— Um dia... — murmurou, com a voz embargada. — Eu crescerei e irei até você. Me espere.
Fiquei tentando absorver o que acabou de acontecer, enquanto ouvi os passos dela se afastando, mas pararam novamente. Houve um leve som de papel sendo manuseado, e, em seguida, senti algo sendo colocado dentro da minha camisa.
Um estalo repentino ecoou na casa silenciosa, provavelmente a madeira do piso. O som a assustou. Ouvi seu arfar antes de seus passos apressados subirem de volta para o quarto. E então, tudo ficou em silêncio novamente.
Por alguns segundos, permaneci ali, incapaz de me mover, com os olhos ainda fechados. Meu corpo parecia preso ao sofá, enquanto minha mente girava em mil direções. Levei o antebraço ao rosto, cobrindo os olhos em uma tentativa de bloquear as emoções que me inundavam.
Eu ainda podia sentir o toque dos lábios dela nos meus. Algo tão suave, tão doce... e completamente errado. Proibido.
Ela disse: "Um dia, eu crescerei..." Como se fosse uma promessa. Mas, para mim, soava como uma sentença.
Era um lembrete cruel do porquê eu precisava partir.
Eu deveria ir embora.
Eu tinha que ir embora.
Um riso amargo escapou dos meus lábios, cortando o silêncio da sala. A realidade caiu sobre mim como uma tempestade, pesada e inevitável.
Emma, mesmo sem saber, condenou minha lembrança em sua mente em um mar de dor. E, dessa vez, não havia nada que eu pudesse fazer para ajudá-la.
Um som na janela quebrou o silêncio da sala, me fazendo abrir os olhos em alerta e virar a cabeça abruptamente. Meus olhos encontraram os de Vanessa, em pé na janela me olhando fixamente. Por um momento, minha mente congelou e o susto foi tão visceral que parecia que minha alma estava sendo arrastada direto para o inferno.
Sua expressão era uma mistura perversa de prazer e posse, algo que fazia meu sangue gelar e minhas entranhas se revirarem. Ela viu? Não, ela não sorriria assim se tivesse visto. Não é? Esse pensamento me atingiu como uma pancada, drenando qualquer resquício de calor do meu corpo.
Vanessa nunca aparecia sem um propósito e aquele olhar dizia tudo. Mesmo se ela não tivesse visto o que Emma fez, ela sabia que eu presumiria que se me importasse com aquelas pessoas iria para longe delas.
Engoli em seco, sentindo a raiva começar a borbulhar em meu peito enquanto me levantava lentamente. Não podia deixá-la entrar naquela casa. Não podia deixá-la chegar perto de Emma, Jack ou do Sr. Fletcher. Fui até a porta lateral, passei por ela em silêncio e saí para encontrá-la.
Assim que fiquei frente a frente com Vanessa, sua expressão mudou, ela parecia se divertir com a minha roupa. Um sorriso que não chegava aos olhos, mas que deixava claro que ela estava no controle, ou ao menos achava que estava.
— Você realmente gosta de brincar de casinha com essa família, não é? — começou ela, sua voz impregnada de veneno. — É fofo, Ryan. De verdade. Mas você sabe que não pertence a eles. Você pertence a mim.
Cerrei os dentes, tentando manter a compostura. Meu corpo inteiro estava tenso e cada fibra minha queria mandá-la para o inferno onde ela deveria estar.
— O que você está fazendo aqui, Vanessa? — perguntei, minha voz baixa e controlada, mas carregada de irritação.
Ela deu de ombros, fingindo desinteresse enquanto passava os dedos por seus cabelos perfeitamente alinhados.
— Eu vim buscar você, é claro. Falei que nos veríamos mais tarde, não disse? Não acha que já brincou o suficiente de ser outra pessoa? — Ela deu um passo em minha direção, a proximidade me deixando enjoado enquanto sua mão pousou em meu peito. — Você é meu, Ryan. Sempre foi. Não importa o quanto tente escapar disso.
Soltei uma risada curta, amarga.
— Você está delirando, Vanessa. Você só projetou suas obsessões doentias em mim. E você nunca será minha família ou qualquer coisa para mim.
Seus olhos faiscaram, mas ela manteve o sorriso no rosto, como se minhas palavras não tivessem peso algum. Ela deu outro passo, invadindo o pouco espaço que eu ainda tinha, estendendo a mão para tocar meu rosto e instintivamente, recuei.
— Ah, Ryan... — murmurou ela, como se fosse uma mãe repreendendo um filho desobediente. — Você pode me tratar assim agora, mas sei que, no fundo, precisa de mim. Só está confuso, perdido nesse teatro de felicidade falsa que você criou para si mesmo. Mas vou te trazer de volta à realidade.
Respirei fundo, tentando controlar a raiva crescente. Meu coração batia tão rápido que eu sentia o sangue pulsar nos ouvidos. Vanessa era um veneno. Um veneno que, por muito tempo, eu havia deixado corroer minha vida. Mas agora, ela não tinha mais lugar ali. Não podia permitir que ela destruísse a única coisa boa que eu havia encontrado e queria proteger.
— Acabou, Vanessa. — disse, minha voz mais firme agora. — Eu vou embora, mas não por você. Vou embora porque é o certo. Mas saiba disso: nunca será você. Irei me trocar.
Não esperei mais nada. Dei as costas para ela e voltei para dentro da casa, fechando a porta atrás de mim. O som oco ecoou pelo silêncio da sala, e por um momento, tudo ficou parado. Meu coração ainda batia acelerado, a adrenalina ainda percorria minhas veias, mas eu sabia o que precisava fazer.
Troquei de roupa e voltei para a sala. O sofá improvisado como cama parecia agora um peso que eu não podia carregar. Peguei um pedaço de papel e uma caneta. As palavras vieram com dificuldade, mas eu sabia que precisava escrever algo. Precisava explicar, mesmo que de forma breve, por que estava indo embora.
"Problemas familiares me chamaram de volta, e infelizmente, não sei se poderei retornar. Foi um prazer e uma honra conhecer uma família tão incrível como vocês. Vocês são o exemplo de como uma família deve ser, e desejo que nunca mudem...
— Ryan.
Nota: Emma, você é incrível, nunca duvide disso. Meu "ponto" de partida nesse ônibus da vida me chama, desculpe não poder ficar como prometi."
Coloquei o bilhete na mesa de centro limpa, olhei ao redor uma última vez, permitindo-me absorver cada detalhe. O que restou dos sinais da bagunça que foi festa improvisada... Respirei fundo, peguei minhas coisas e saí, fechando a porta atrás de mim. Cada passo para longe daquela casa parecia um peso maior do que o anterior. Mas eu sabia que era o certo a fazer.
Emma iria acordar no dia seguinte, esperando me ver ali. Esperando que eu estivesse ao lado dela para desejar feliz aniversário. Mas eu não estaria.
•••
EMMA FLETCHER • 14 ANOS
Após voltar ao meu quarto, me deitei na cama para fingir dormir, mas o sono não veio. Por mais que eu tentasse fechar os olhos e afundar no travesseiro, minha mente insistia em revisitar o dia inteiro. Principalmente o que havia acabado de fazer, levando a mão aos meus lábios, ainda podia sentir o dele, com um sorrisinho apaixonado.
Meu coração parecia incapaz de se acalmar, batendo tão rápido que doía.
Eu me remexia na cama quando um som baixo, do lado de fora da casa, chamou minha atenção. A princípio, pensei que fosse o vento, mas percebi que não era. Pareciam passos, gente falando. Minha curiosidade e ansiedade se misturaram, me levando para fora da cama. Com cuidado, caminhei até a janela do meu quarto e afastei a cortina. Meu coração deu um salto ao vê-lo ali.
Ryan.
Ele estava do lado de fora.
Por um momento, minha mente entrou em pânico. Ele estava acordado? Ele sabia o que eu fiz?
Mas antes que eu pudesse racionalizar qualquer coisa, meus olhos notaram algo que me fez gelar por completo. Ele não estava apenas do lado de fora. Ele estava indo embora.
E não estava sozinho.
Uma mulher, estava ao seu lado.
Meu peito apertou e quase como se ele pudesse sentir meu olhar, Ryan parou e se virou. Nossos olhos se encontraram, e naquele instante, eu soube. Eu soube que ele estava indo embora. Para sempre.
Meu corpo inteiro ficou frio, como se todo o calor tivesse sido drenado. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, quentes. Meus dedos tremiam enquanto eu levava a mão até o vidro da janela, numa tentativa inútil de alcançá-lo.
— Não vá... — sussurrei, minha voz fraca e entrecortada.
O rosto de Ryan se contorceu, brevemente, como se minhas palavras silenciosas tivessem atravessado a distância e atingido seu coração. Vi a dor passar por seus olhos, um reflexo do que eu estava sentindo. Mas, ele neutralizou a expressão.
E então, ele fez algo que partiu meu coração em mil pedaços. Ele sorriu.
Um sorriso breve, quase imperceptível, mas que carregava um peso imenso. Era um adeus, mesmo sem palavras. Ryan se virou, sem olhar para trás, partindo.
Bati a mão no vidro da janela, como se isso pudesse impedi-lo.
— Ryan! — tentei gritar, mas minha voz falhou, saindo apenas como um sussurro rouco.
Ele não parou. E enquanto eu o observava desaparecer com aquela mulher na garupa da sua moto, na escuridão da noite, uma parte de mim foi com ele.
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