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• CAPÍTULO 10 •


"Doeu muito mais do que pensei que doeria."

"Nem todo luto é sobre morte. Alguns são ainda em vida. São, em resumo:

um doloroso adeus, em especial após anos de ligação emocional." Mellody Ryu

Christina Perri - A Thousand Years

EMMA FLETCHER • 14 ANOS


Quando voltei para o meu quarto, após ouvir a conversa entre o vovô e o Jack, um sorriso persistia em meus lábios, doce e quase involuntário. A lembrança da aprovação deles em relação ao Ryan aquecia meu coração de um jeito que quase não cabia em mim de tanta felicidade, enquanto eu imaginava como seriam as futuras aulas com ele.

Comecei a me preparar para tomar banho, juntando minhas coisas, mas me dei conta de que ainda estava usando o casaco do uniforme. Suspirando, coloquei os itens sobre a poltrona próxima e me aproximei da cama. Tirei o pesado casaco e o joguei sobre a colcha, perto da mochila que ali estava. No entanto, ao me virar para voltar à poltrona, acabei pisando na alça da mochila, o que a fez tombar e se abrir no chão, espalhando meu material.

Olhei para a bagunça e suspirei mais uma vez, ainda sentindo o peso do cansaço do dia no fliperama. Outro suspiro escapou de mim e fechei os olhos por um momento, enquanto me abaixava e pensava: "Era só um banho... só isso..."

Quando já estava terminando de recolher as coisas, meus olhos pousaram em algo que fez meu corpo inteiro enrijecer. Algo que eu não fazia a menor ideia de como foi parar ali.

Era a caneta do Thomas.

Engoli em seco, conforme seu rosto se formou em minha mente, me observando. Não sabia como a caneta dele parou entre as minhas coisas, mas reconheci devia a ponta mordida. Estendi minha mão para pegá-la e assim que meus dedos envolveram-na, senti um grande pesar. Como se o quarto à minha volta pudesse se expandir ou eu me tornasse pequena demais para ele.

A imagem de Thomas se expandiu ainda mais em minha mente: com aquele olhar triste, à beira de desmoronar. Culpa se espalhou dentro de mim, apertando minha garganta e marejando meus olhos. Nunca imaginei que tudo aconteceria assim...

Olhei ao redor, tentando me desfazer de possíveis lágrimas, mas meu olhar se fixou na escrivaninha, onde ainda havia papéis com anotações que vinha preparando há algum tempo para ajudar ele e a Vicky nas provas. Informações que, se decorassem, fariam bem.

Naquele instante, eram anotações que eu nem sabia se teria a chance de entregar...

No silêncio do quarto, meus pensamentos me tomaram, longe de Jack e Ryan, que me ajudaram a subir um muro onde eu não pensaria no fim da minha amizade com meus únicos dois amigos. O fim tão rápido quanto um algodão-doce em um prato de água. Mas ainda, sim, era como se eles ainda estivessem em todos os lugares para quais eu olhava.

Uma jaqueta de Thomas em uma cadeira que ele me emprestou, uma presilha de gatinho que, segundo ela, era para nunca me esquecer dela.

Meus lábios tremiam e nesse instante, lembrei da minha primeira sessão com a psicóloga:

"Chorar não cura as dores emocionais, mas alivia o peso delas. Permita-se chorar; deixe sua alma se lavar, para ter forças de voltar a lutar."

Ri de puro desgosto por pensar que não precisaria voltar ao começo, de novo, mas era tudo o que me restou para fazer.

Encolhida, ali no chão, senti as lágrimas correrem livres, como se cada uma carregasse um pedaço do peso que me esmagava o peito. Fechei os olhos, permitindo que a dor se espalhasse, como uma onda que vinha e ia embora. Era uma sensação amarga, mas, gradualmente, o aperto na garganta foi cedendo e o silêncio do quarto se transformou em um espaço de luto silencioso.

Não sei em que momento, mas em algum, adormeci, contudo, nem nos meus sonhos pude me livrar da memória daqueles que não voltariam a ser o que já foram.

...

Fazia um ano desde que meus pais haviam morrido e quase o mesmo tempo desde o dia em que conheci Thomas. Ele era um garoto insistente, do tipo que nunca desistia facilmente. Eu o evitava a todo custo, especialmente naquele dia, em que a saudade dos meus pais e da minha antiga vida pesava tanto que qualquer esforço para sorrir parecia impossível.

Para piorar, por causa dele, eu vivia na mira de algumas garotas. O fato de Thomas estar sempre me abraçando ou me procurando, como um filhote de cachorro, só piorava as coisas.

Era uma verdadeira dor de cabeça.

Enquanto caminhava pelo jardim da escola, rumo às portas duplas que levavam ao corredor principal, fui surpreendida por aquelas garotas. Uma delas agarrou minha mochila com força, me puxando para trás de forma tão brusca que quase perdi o equilíbrio. Antes que eu pudesse reagir, começaram a me empurrar de um lado para o outro, soltando os mesmos insultos cruéis de sempre.

"Ninguém gosta de você!", "Todo mundo só tem pena porque seus pais morreram!", gritavam com vozes carregadas de deboche. Mas foi uma frase em especial que me atingiu como um golpe no estômago: "Por que você não morreu junto com eles? Em vez de vir para cá..."

Meus olhos arderam, e senti a vontade de chorar subir como um nó na garganta. Queria gritar, mas minha voz parecia presa. E naquele momento, uma delas me empurrou com mais força.

Perdi o equilíbrio e cambaleei para o lado, girando o corpo na tentativa inútil de me estabilizar. Mas para o meu azar, estava indo na direção do declive gramado que levava à quadra de esportes, um nível abaixo da escola e do caminho principal.

Meu coração disparou, e fechei os olhos esperando o impacto. Mas, no último milésimo de segundo, senti mãos me segurarem. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, meu corpo foi envolvido por um abraço firme, e caímos juntos. Rolamos pela grama, braços e pernas se confundindo, até que um baque surdo indicou que havíamos parado, com ele amortecendo minha queda na pista de corrida.

Abri os olhos devagar, ainda ofegante, e encontrei Thomas me encarando. Ele estava debaixo de mim, ralado, com os cabelos sujos de grama e terra, mas seus olhos preocupados estavam fixos em mim.

— Você está bem? — perguntou ele, a voz trêmula, mas suave.

Eu tentei responder, mas nenhuma palavra saiu. Meu coração estava tão acelerado que parecia que ia explodir. Olhei para ele, que se mexeu um pouco para afagar de leve minha cabeça, como se tivesse todo o tempo do mundo para me acalmar.

Acima de nós, as risadas das garotas haviam sumido. Elas tinham fugido, mas nada disso importava naquele momento. Ele tinha se machucado no meu lugar. Mesmo depois de eu o tratar tão friamente.

Minha garganta apertou, e a primeira lágrima escapou sem permissão. Quis dizer algo, talvez pedir desculpas, mas as palavras ficaram presas.

— Viu? Eu posso ser o melhor amigo do mundo... Pode só ser a minha melhor amiga para sempre? — disse ele, abrindo um sorriso largo, despreocupado, como se nada tivesse acontecido.

Eu tentei segurar o choro, mas minha resposta saiu num fio de voz trêmulo:

— Você é um idiota, Thomas!

As lágrimas solitárias se transformaram em um fluxo incontrolável. Era impossível conter. Ele era encantador, irritantemente encantador.

...

Abri os olhos, ainda ofegante. Por um instante, fiquei deitada ali, sentindo o peso daquela memória, como se ainda pudesse ouvir a voz dele. Era difícil dizer o que doía mais: o passado ou o presente.

Quando finalmente me acalmei, ouvi Jack me chamando lá de baixo, que ia me atrasar para a escola.

E sinceramente? Não estava nem um pouco animada.

•••

Ao sair do carro de Jack e passar pelos portões da escola, mais tarde, me vi lembrando do sonho que tive. Mas hoje, não havia Thomas, meninas implicantes ou qualquer outra pessoa vindo até mim. Meu trajeto para o armário estava vazio, sem risos, sem vozes de quem um dia se importou comigo. Ao que parecia, não ser muito sociável tinha um preço, e agora eu parecia prestes a pagá-lo.

Está tudo bem, disse a mim mesma. Sim, estava... Ou era isso que eu pensava, até me sentar na minha cadeira na sala de aula e perceber os minutos passando, e as cadeiras de Thomas e Vicky permanecerem vazias. A cada instante que elas continuavam assim, um vazio crescente se instalava em mim.

Alguns olhares curiosos se voltaram para mim, mas ninguém disse nada. O intervalo chegou sem qualquer complicação, mas o silêncio ao meu redor pesava.

Está tudo bem, repeti novamente enquanto pegava minha bandeja e escolhia o lanche.

— Oh! Está sem seu cachorrinho pessoal? — disse Levi, o filho da cozinheira, que bancava o badboy enquanto cumpria o castigo de ajudar na cozinha.

Olhei para ele com uma sobrancelha arqueada.

— E você? Aprontou de novo e está aqui trabalhando, mas nem por isso eu apontei o dedo — rebati, tentando esconder minha irritação.

Ele sorriu de canto e balançou a cabeça.

— Ponto para você, Emma — disse, enquanto colocava um pouco mais de brócolis na minha bandeja, como se fosse um presente.

Suspirei, soltando o ar lentamente e segui em direção às mesas. Minhas mãos apertavam a bandeja com força enquanto tentava decidir onde sentar. A mesa de sempre estava ali, no mesmo lugar. Mas agora parecia tão vazia quanto as cadeiras deles na sala de aula.

Senti o peso das memórias me puxando de volta...

...

Quando finalmente aceitei Thomas como amigo e fomos parar na enfermaria, a enfermeira reportou ao diretor o que eu estava passando. Depois disso, as garotas precisaram mudar suas estratégias para me provocar. Foi então que conheci Vicky...

Estava procurando uma mesa vazia para me sentar durante o intervalo, quando levei um esbarrão tão forte que meu suco caiu direto em uma cadeira.

— Opa! Foi mal... Emma... — falou a garota que esbarrou em mim.

Que inferno! Bufei, cansada daquela palhaçada, mas antes que pudesse reagir, ouvi gritinhos e uma risada seca atrás de mim.

— Ops! Foi mal... — disse uma voz feminina, sarcástica.

Me virei surpresa e confusa, então foi quando a vi pela primeira vez de perto a Vicky, uma menina de cabelos pretos e olhos azuis profundos. Ela aparentemente esbarrou na menina que me empurrou e o suco dela virou nela mesma. A Vicky estava segurando seu próprio copo o balançando de jeito muito descolado e despreocupado, e, para surpresa de todos, sem hesitar, o jogou direto no rosto das garotas.

— Ops! Foi mal... de novo — repetiu ela, inclinando a cabeça como se mascasse um chiclete invisível.

As outras meninas ficaram estáticas.

— Vocês deveriam arrumar algo melhor pra fazer — continuou, virando o rosto para mim e quando os nossos olhos se encontraram, ela abriu um sorriso. — Ei, você é a Emma, né? O professor Collins está te procurando. Mandou eu vir te chamar.

Confusa, apenas assenti, seguindo a garota sem questionar. As valentonas pareciam saber quem ela era, porque não se atreveram a dizer mais nada. Descobri depois que Vicky andava com os encrenqueiros da escola, incluindo alguns alunos mais velhos, inclusive foi graças a ela que conheci Levi.

De toda forma, ninguém queria problemas com ela.

Enquanto caminhávamos em direção à biblioteca, ela falou:

— Você é inteligente, né? Disseram que veio de outra escola o ano passado e estava atrasada, mas já tirou as melhores notas da sala. Bem legal.

Concordei com um aceno tímido.

— Sim...

— Mas de que adianta ser inteligente se é lerda? — reclamou, apressando os passos.

Aquilo doeu, não sabia dizer se gostava de mim ou me odiava, mas de toda forma, precisei correr para conseguir acompanhá-la.

...

No ano seguinte, Vicky caiu na minha sala e decidiu que me ensinaria a ter uma língua mais afiada. E me ensinaria a dar uns belos tapas e socos também, pois nem tudo se resolvia falando. Ela era o oposto do Thomas: rápida, direta e era eu que precisava me ajustar ao ritmo dela, não o contrário.

Sentada sozinha naquela mesa, percebi que nós três, com os anos entramos no mesmo ritmo, éramos bons juntos... e nunca mais seríamos bons juntos e aquilo doeu muito mais do que eu conseguia suportar.

•••

Você conhece a lei de Murphy? "Se algo pode dar errado, dará errado." Pois bem, nem mesmo o meu luto, envolto em completo silêncio, parecia digno de respeito, onde quer que eu fosse. Recuperação tranquila? Desde muito nova, aprendi que essa nunca foi uma bênção destinada a mim.

•••

Estava revirando os brócolis que Levi havia me dado a mais no prato, tentando ignorar o peso no meu peito, quando o "trio parada dura" se aproximou e minha dor se retraiu dando lugar a impaciência em questão de segundos.

— Cadê o Thomas, Emma? — perguntou a líder, com aquele tom sonso que fazia meu sangue ferver.

— Deve estar na casa dele. Já foi lá mendigar atenção? — retruquei, puxando o ar com força, como se isso pudesse me dar paciência.

— Você não sabe? — disse ela, fingindo espanto e diversão ao mesmo tempo. — Achei que eram inseparáveis... Será que ele finalmente se cansou de você?

Senti a raiva borbulhar no peito, mas forcei um sorriso.

— Deve ter sido — respondi seca, protegendo-o, apesar de tudo. — Vocês deveriam pegar o telefone e ligar para ele... Opa! Esqueci que ele nunca sequer cogitou dar o número para vocês.

Meu sorriso e até a resposta afiada, era algo que aprendi com a Vicky, e meu peito sangrou mais um pouco, porque, no fundo, eu sabia... ela amava Thomas, mais do que amava nossa amizade. Sempre iria escolhê-lo.

Entretanto, como se testassem os limites da minha paciência em um dia já ruim, as garotas continuaram. Suas palavras vinham como dardos banhados em veneno, misturando-se à dor que eu já carregava e à exaustão que me consumia. E naquele instante, senti algo se romper dentro de mim.

E foi rápido.

Levantei de repente, apoiando minhas duas mãos na mesa, meus punhos cerrados e em um movimento impulsivo, peguei a bandeja com força e, sem pensar duas vezes, virei todo o conteúdo sobre elas. O impacto foi violento; o som metálico da bandeja batendo nelas ecoou por todo o refeitório, e depois no chão, quando soltei.

As exclamações de choque e dor delas encheram o ambiente. Uma delas até mesmo tropeçou para trás, toda suja. Antes que a outra conseguisse reagir, empurrei-a com o pé, quase num chute se fosse um pouco mais violento, e assim, abrindo caminho pude sair de frente delas, caminhando para a saída do refeitório.

O silêncio por onde eu passava, era ensurdecedor. Todos estavam me encarando atordoados, boquiabertos. E eu não podia me importar menos, com cada um deles. Até que ouvi a voz de Levi ecoar vinda de trás de mim:

— A adolescência finalmente chegou para a Emma!

Me virei quase de imediato lhe mostrando o dedo do meio e a gargalhada que ele soltou foi alta, mas não esperei para ver mais nada.

...

Sem perder mais tempo naquele lugar, fiz o que mais queria naquele momento: sair dali e ir atrás da única pessoa que meu coração insistia em ver.

A raiva ainda fervia, a dor latejava, e a agitação em minha mente era quase enlouquecedora demais para suportar. Meus passos foram rápidos e decididos até o meu armário. Peguei minha mochila com pressa e segui direto para o fundo da escola. Se bem me lembrava, era por lá que Levi e seus amigos costumavam fugir das aulas.

Aproveitando o calor da raiva que me impulsionava, tive força suficiente para jogar minha mochila por cima do muro. Subi na árvore mais próxima a ele e os galhos ásperos arranharam meus braços e pernas enquanto eu subia, puxando meu corpo para cima com dificuldade. E ao alcançar a altura certa, segui com cuidado por um dos galhos mais grossos, me segurando firme enquanto procurava apoio para os pés no topo do muro.

Com tudo dando certo, quando meu pé o alcançou, me senti mais confiante. Mesmo que o vento frio parecesse zombar de mim, arrepiando minha pele enquanto me abaixava devagar para me sentar.

Minha respiração estava pesada, a adrenalina me deixando e o silêncio ao meu redor parecia gritar. Porém, cortando o silêncio num rompante ouvi:

— EMMA FLETCHER! — A voz do inspetor ecoou como um trovão, tão abrupta que senti meu corpo todo congelar e meu coração perder o compasso por um momento, o suficiente para me fazer perder o equilibro.

Antes que pudesse reagir ou me segurar, senti meu corpo despencar.

•••

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