<< Capítulo 42 >>
- Olá, aqui é a casa do Christian Jackson? - Ele diz ao segurança.
- Sim, quem gostaria de falar com ele? - O homem responde sério.
- Avisa ele que Jonas Colins está aqui.
[...]
Christian estava sentado no seu sofá branco de frente para Jonas. Os dois mantendo o contato visual, mas com um clima claramente desconfortável para começar uma conversa.
- Bom eu vou logo ao assunto - Diz Jonas matando o silêncio e se inclinando para frente - Minha irmã.
Christian se endireita no sofá desconfortável.
- É eu imaginei que seria esse o assunto - Responde suspirando.
- Se passou mais de uma semana que eu cheguei e que procuramos a Camila. Eu te ajudei naquele dia sem a mínima ideia de que era você o imbecil que minha irmã me falou - Diz sério e Christian da um sorriso travesso.
- Imbecil hein? Dá ultima vez que falei com a Rebecca eu era um babaquinha - Seu sorriso morre quando vê a cara do Jonas de poucos amigos - Hum, bem, e o que você veio me dizer então?
- Sabe o que é ter que aguentar sua irmã de oito anos, chorando compulsivamente por dias, sem brincar, sem sorrir ou fazer algo que gosta, por causa de um pirralho de nove anos? - Jonas arqueia a sobrancelha - Não não sabe. Mas não é nada comparado a uma adolescente que não chora, age normalmente no dia a dia, ri e faz as coisas que gosta, mas de noite pega a droga do quadro emoldurado dela e do melhor amigo e fica olhando triste. Isso consegue ser pior.
- Ela...Ela emoldurou uma foto nossa..? - Christian diz encarando o chão.
- É emoldurou sim. Fica na cômoda ao lado da cama dela. É a primeira coisa que ela vê e a última antes de deitar. Mas eu não vim aqui para alimentar seu ego. Já faz semanas que vocês não se falam, um ignora o outro na escola, esse drama todo de adolescente - Jonas diz como se estivesse cansado.
- Não é por nada não mas quantos anos você tem mesmo? - Christian diz depois de ouvir ele reclamar tanto dos adolescentes.
- O assunto aqui é você e a Rebecca - Responde seco - E a propósito eu tenho vinte e três. A pergunta mesmo é: Você está feliz com isso?
A pergunta parece acertar Christian.
- Como assim eu estou feliz com isso? É claro que eu estou feliz com isso! Fui eu que escolhi - Falava olhando para o lado - Eu recuperei minha popularidade, sou temido, tenho uma namorada bonita, tiro notas boas. Essa é a vida que eu tinha antes da Rebecca voltar e bagunçar tudo, agora eu tenho ela de volta. O que mais eu posso querer..? - Ele responde com uma voz fraca.
- Era só isso que eu precisava saber mesmo, antes de voltar para a Califórnia - Jonas diz se levantando e Christian o imita - Como está sua mãe? Ela estava bêbada naquele dia.
- Ah ela está bem, na medida do possível - Christian responde um pouco desacreditado do Jonas se lembrar de sua mãe bêbada na calçada de um bar em Manhattan, quando procuravam Camila. Ela só veio saber do sumiço da menina depois que já tinham encontrado.
Quando Jonas já estava na sua moto fechando o capacete, se virou para o Christian mais uma vez.
- Só depois não se arrepende das suas decisões garoto. As vezes a pessoa que você acha que veio para arrumar sua vida, faz um tremendo de um estrago. E aquela pessoa que você pensou ter virado seu mundo ao contrário, é a que mais te ajudou a organizar sua vida. Tchau Christian - Depois de dizer isso, ele dá a partida e sai disparado pela rua.
[...]
Com o clima esfriando cada vez mais, o professor Thomás teve a iniciativa de fazer uma campanha para doar casacos usados desnecessários, para aqueles que realmente iriam precisar. Eu me voluntariei e hoje, pleno sábado de tarde, estou na escola com apenas mais dez alunos voluntariados.
Um deles sendo o Christian.
Diana tinha me dito que queria vi, mas ia ter que ficar com Camila pra Carmen ir em uma consulta médica, para ver se os lábios dela reagiram bem ao novo botox.
Cloé e Zack iam ter um compromisso. O compromisso para falar a verdade. Um almoço com a família da Cloé. Zack estava tremendo feito uma criancinha quando o pai da Cloé convidou ele para almoçar na residencia deles, e o grande dia finalmente chegou.
- Rebecca a caixa que você está levando são de qual tamanho? - Christian pergunta sem me encarar, apenas vendo sua prancheta.
- Casaco infantil feminino tamanho pequeno - Repondi monótona e ele anota algo.
- Coloque a caixa na última mesa a esquerda - Diz ainda sem olhar pra mim - Ei Tyler você viu a Tiffany com a caixa de casacos adultos?! - Ele grita para o menino do outro lado do ginásio. Encerrando nossa pequena conversa e andando para longe.
Suspirei brava. Por que ele tinha que estar responsável pela checagem? Ele nem gosta do professor Thomás.
Distraída com meus pensamentos, acabo me esbarrando em alguém e deixando a caixa cair.
- Droga!
- Ei pra que todo esse estresse Rebecca? - O professor Thomás diz me encarando.
- Ah desculpa professor, eu estava distraída com...com...Eu vou pegar esses casacos e colocar na mesa indicada - Disse apressada.
O professor me segura pelos ombros.
- Rebecca é muito bom ver que você está se esforçando, mas desse jeito você vai acabar cansada - Diz calmamente - Que tal uma xícara de chocolate quente para relaxar um pouco do trabalho?
Hoje como incentivo os professores trouxeram chocolate quente, e uns bolinhos para comermos no intervalo da arrumação. Essa proposta até que não ia ser mal.
- Certo - Digo e ele sorri.
- Então vamos, quem sabe você não queira conversar sobre o que está te chateando? - Ele diz casualmente, colocando o braço sobre os meus ombros e me guiando para a sala dos professores.
Tive a impressão de que tinha alguém nos olhando.
[...]
Depois de tomar mais um longo gole do chocolate quente, solto um suspiro satisfeita.
- Ai eu estava precisando disso. Obrigada - Disse sincera tomando mais um gole.
- Que bom que gostou, esse foi eu que preparei - Olhei para ele surpresa e ele ri.
Estamos sentados na sala dos professores tomando chocolate quente e olhando pela janela.
- E como está a sua amiga? - Ele pergunta repentinamente e eu fico confusa.
- Que amiga? - Tomo outro gole do chocolate fazendo pouco caso.
- Aquela que você me disse que estava com problemas. Um menino que fazia Bullying e não gostava. Já faz um tempo que isso ocorreu - Eu arregalo os olhos tomando um grande gole do chocolate quente.
Que acaba queimando minha língua e eu cuspo de volta na caneca.
- Ah ela...ela está bem sim...ela....ela sou eu - Disse meio envergonhada.
- Não me diga - Ele diz arqueando uma sobrancelha e tomando seu chocolate. Tenho a leve impressão de que ele já sabia - Mas então, como está? Resolveu o problema?
- Ah resolveu sim. Mas como eu sou uma grande azarada o problema voltou maior. Agora eu acho que não se resolve mais. Não se depender de mim e muito menos dele - Respondo dando de ombros.
- Cristiano aprontou de novo então - Ele diz e aí sim eu fico surpresa.
- Como sabe que eu estou falando do Cristiano?! Digo, Christian? - Ele me lança um sorriso compreensivo.
- É um dom meu. Fiz curso de pedagogia e sei algumas coisas básicas. Faz tempo que estão com problemas?
- Umas semanas para dizer a verdade. Ele me pegou de surpresa quando tentou me beijar na casa dele. Eu não sabia como reagir! Ele era meu melhor amigo e meio que eu já tive uma queda por ele quando criança - Digo e depois penso um pouco mais sobre o que disse - Uma queda não, um tombo gigantesco.
- E o que mudou? - Pergunta e eu mexo no meu casaco.
- Eu cresci. As coisas mudaram. Ele mudou. Eu mudei - Disse - Ele virou um amigo achegado e eu queria manter as coisa assim sabe? Ele me chamando de Becky, eu chamando ele de babaquinha lindo. Ele me provocando e eu provocando de volta. Um olhar para a cara do outro e cair na risada - Sorri com as lembranças.
- Você gosta da Ludmilla? - Ele pergunta e eu franzo a testa.
- Eu não! Não sei como alguém pode suportar aquele ser esnobe por mais de três minutos! Mas o Christian parece ser uma exceção já que os dois não se desgrudam desde que voltaram - Reviro os olhos.
- E se fosse o Christian e a Regina? - Ele diz e eu riu.
- Eca.
- Ou a Amber? - Nego com a cabeça achando graça dessa probabilidade.
- Nunca. Nada haver - Digo confiante.
- E se fosse ele e você? - Ele termina dizendo com um sorriso nos lábios e eu sinto meu rosto queimar de vergonha.
- P-p-professor o-onde está querendo chegar?? - Como viemos parar nesse assunto??
- Rebecca eu tenho certeza que você passou por situações complicadas na vida como todos nós passamos. Mas seria bom se permitir tentar algo novo e arriscar sem medo de dar errado - Ele diz e segura meu rosto com uma das mãos - Pense nisso ok?
Do que ele está falando? Isso é ridículo! Eu e o Christian? N-nós dois...
A porta repentinamente se abre e o Christian fica encarando a cena com uma cara fechada.
- Desculpe atrapalhar o que quer que esteja acontecendo aqui entre um professor e uma aluna, mas eu preciso da sua ajuda com umas caixas de doações que acabaram de chegar Rebecca - Diz sério. Eu me levanto em um baque e deixo minha cadeira cair.
- S-sim - Falo sabendo que meu rosto está vermelho. O que será que ele pensou que estava acontecendo antes dele chegar? Ele deu uma enfase exagerada no professor e aluna.
Quando eu saio da sala, percebo que ele continua lá parado.
[...]
- Ok já estou cansado de você Tobias - Christian diz sério jogando a prancheta de qualquer jeito na mesa antes de fechar a porta.
- Fala aí Cristiano. Quer chocolate quente? - Ele diz inclinando a caneca na direção dele e Christian pega a caneca da sua mão e a coloca na mesa bruscamente.
- Poupe-me das suas disfarçadas professor. Eu vou te dizer só uma vez e essa vai ser a única, deixa a Rebecca em paz entendeu?? Para de ficar jogando charminho pra cima das suas alunas seu doente! Se eu ver você colocando o braço nos ombros dela mais uma vez minha conversa não vai ser com você e sim com o diretor, do diretor para a polícia - Thomás olhava ele com aquele olhar furioso sem lhe responder.
- E a Ludmilla sabe que você gosta da Rebecca? - Christian se senta colocando a mão na cabeça confuso.
- Mas do que você...
- Da sua tentativa de beijo, e logo em seguida começar a agir como antes, das semanas sem se falar, essas coisas. Como você está? - Thomás pergunta despreocupado com o olhar fulminante que Christian lançava na sua direção.
- E então é disso que vocês passam horas conversando? - Esbraveja Christian.
- Não não, para você que estava atento nos observando pode ter sido horas - Ele olha o relógio no seu pulso - Na verdade se passaram apenas quinze minutos. Mas e então? As coisas estão indo como você imaginava?
- Como assim? Eu estou muito bem obrigado - Diz seco.
- É parece que sua vida voltou ao normal. Sem risadas com os amigos, sem apelidos com a melhor amiga, quer dizer, sem melhor amiga. Do jeito que você queria.
Christian fica quieto.
- Eu não queria isso...- Responde depois de um tempo.
- Não? Para todos a sua volta parece que é o contrário - Ele pega sua caneca de chocolate de cima da mesa e coloca mais - Se não era isso que você queria, por que continua vivendo assim?
Christian riu debochado.
- E o qeu você quer que eu faça? Que eu me vira para o Bernardo e digo que já chega? Que eu dê o fora na Ludmilla? Que eu me ajoelhe pedindo perdão para a Rebecca??
- Sim - Thomás responde calmamente - Meus pais queriam que eu fosse médico, mas eu sempre fui apaixonado pela história e as relações humanas. Quase fiz medicina, mas no final resolvi me formar em história e pedagogia. Por quê, você me pergunta? Por quê daqui a trinta anos quando meus pais já tiverem falecido, eu não quero olhar para trás e pensar: Como teria sido se eu tivesse seguido o outro caminho? E ficar pensando coisas maravilhosas que podiam ter acontecido, e não aconteceu. Por que eu, e somente eu, não tomei atitude para fazer. Nunca iria me perdoar. E você? Conseguiria viver com esse peso?
Christian o encara distante.
- Não. Não conseguiria - Responde por fim.
- Bom, eu tenho que fazer o meu trabalho. Acho que ainda tem umas caixas para arrumar. Foi bom conversar com você Cristiano, volte mais vezes se precisar conversar - Thomás diz se levantando, errando o nome dele de propósito como sempre fazia.
Christian se levantou com um sorriso de lado modesto.
- Certo. Obrigado, Tobias - Christian responde no mesmo tom. Sai da sala e fecha a porta.
O celular do professor Thomás começa a apitar e ele logo atende a ligação.
- Oi amor, daqui a pouco acabo aqui - Diz no celular.
- E como está sendo seu dia? - Uma voz feminina responde do outro lado da linha.
- Melhor do que eu imaginava. Lembra daquele casal de adolescentes que eu tinha comentado com você? - Diz mais animado e a garota ri.
- Está fazendo de novo não é? Você não se cansa de ficar ajudando seus alunos bancando o cupido! - Diz rindo - Qual foi a tática dessa vez?
- Despertar o ciúme que eles já tinham e o resto é com eles. Acho que acabei passando dos limites, quase fui denunciado como um pervertido. Mas eu me sinto bem ajudando, é bom ver que o curso de pedagogia serviu para algo no final.
- Que bom amor. Volta logo já estou com saudades. Beijos - Responde.
- Beijos Karen.
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Obrigado por ler! O que estão achando? Menos ranço do professor Thomás agora?
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