<< Capítulo 22 >>
Na imagem Christian Jackson criança.
Eu não acredito no que acabei de ouvir. Naquele dia era ele do outro lado da cerca viva???
- Não vem me dizer que... - Ele diz me olhando em pânico - Por favor me diz que não...
- Era eu -Disse ainda sem acreditar.
Ficamos nos encarando sem falar nada. Ninguém sabia como continuar depois dessa. Eu vi um lado vulnerável de Christian Jackson, e eu não sabia. O que ele me disse naquela noite estrelada, ecoava na minha mente. E por mais besta que isso possa soar, a única pergunta que eu queria fazer era...
- Sabe eu meio que não entendo o por que é tão importante ser alguém sabe? Aquela pessoa que todas conhecem e admiram, o valentão ou a líder de torcida famosa. A partir do momento que eles estão presentes, o resto passa a ser só... o resto.
- Quem é você Christian Jackson?
- ... Não me faz perguntas difíceis plebé_ - Ele começou dizendo mais eu interrompi já me cansando dessa conversa.
- Para de levantar muros quando eu quero criar uma ponte! Para de recuar para xingamentos quando toca em um assunto que você não quer falar! Para de ser covarde Christian, deixa eu saber o que você tem -Disse tentando ser o mais sincera possível - Por que você é assim Christian Jackson? Tão...amargurado.
- Você não entenderia se eu te explicasse - Disse olhando pra baixo. Me sentei ao seu lado e ele olha pra mim.
- Por que não tenta..? - Dei um sorriso simpático para tentar quebrar o clima tenso que paira sobre ele.
Christian Jackson On
Ela não entenderia, ninguém entenderia. Mas...será mesmo? Eu posso confiar nessa menina de olhos azuis ao meu lado, me olhando esperançosa? A resposta óbvia é não. Ela me odeia e eu sei muito bem porquê. Me lembro bem do dia de 8 anos atrás. Também não sou muito fã da sua pessoa, até por que ela chegou abalando minha rotina e tudo que eu conhecia. Me desafiando e deixando bem claro o babaca que eu sou. Realmente não tem porquê eu contar algo tão pessoal para uma garota dessas. Mas por algum motivo...
- Faltam apenas dois dias para a grande revelação, eu nem acredito! Quem será o novo Presidente do Conselho Estudantil? A pressão é grande e só aumenta a cada dia, é como se eles estivessem me olhando... esperando eu cometer um erro para apontar. É assustador.
A conversa daquele dia que agora sei quem era do outro lado, volta na minha cabeça. Não é tão diferente quanto eu.
- Eu tinha 5 anos quando tudo começou... - Disse por fim cedendo. As memórias daquela época ainda me deixam aflitos.
Minha mãe era uma socialite bastante conhecida na região de Nova York, seu sucesso repentino foi por conta de um empresário cheio da grana que olhou para ela em uma lanchonete qualquer de esquina e disse para si mesmo: É ela. Esse cara virou meu pai. Seu nome era Heitor Jackson.
Quando minha mãe soube que estava grávida, meu pai imediatamente propôs casamento. Ia ser um escândalo na época. Mas não foi problema para os dois, já que eles realmente se amavam.
Quando eu nasci minha mãe resolveu dar um tempo no trabalho para me dar a atenção merecida, meu pai continuou seu trabalho normalmente. Os primeiros 4 anos da minha vida com a minha mãe foram inesquecíveis, brincávamos, saiamos, confesso que fui bem mimado nessa época. Meu pai vivia entocado no escritório, por isso não tínhamos essa ligação como minha mãe e eu. Mas um "Boa noite campeão" para mim já bastava.
Sem seus treinos obrigatórios e dietas malucas para manter o corpo de socialite, minha mãe engordou. Não via nenhum problema nisso, não importava se ela estava com a cara deformada ou careca, para mim sempre ia ser a mulher mais linda de todas.
Mas para o meu pai não era a muito tempo.
Quando tinha 5 anos, ela me levou em um passeio pela Times Square. Meu lugar favorito de Nova York. Passamos a tarde toda lá. Quando voltamos eu fui correndo para o escritório do meu pai para contar a tarde maravilhosa que tivemos. A porta estava entre aberta, e eu pude ver meu pai aos beijos com sua secretária Karina.
- Papai? - Disse abrindo a porta, e ele rapidamente se separa da secretária - O que está fazendo?
- Oi campeão, quanto tempo você está aí parado?
- Tempo suficiente - Disse minha mãe com voz embargada. Não tinha percebido que ela tinha me seguido. Na verdade acho que nem meu pai, por que naquele momento sua expressão era de choque puro - Vai brincar lá embaixo Christian, daqui a pouco eu vou ok?
Eu afirmei com a cabeça e sai do escritório, porém não desci as escadas. Fiquei ouvindo escondido atrás da porta que se fechou.
- O QUE SIGNIFICA ISSO HEITOR?! COMO VOCÊ PÔDE FICAR COM ESSA PIRANHA NA NOSSA PRÓPRIA CASA?! ENQUANTO EU SAIA COM O NOSSO FILHO! - Minha mãe gritava desesperada.
- Olá pra você também Carmem - Ouvi a voz da Karina - Quanto tempo que eu não te vejo, engoliu sua geladeira inteira recentemente? Você está péssima.
- Karina por favor não complica mais a situação... - Meu pai disse.
- Só disse o que você nunca teve coragem de dizer amor.
- VOCÊ NEM VAI SE DEFENDER HEITOR?! CALA A BOCA KARINA, COMO VOCÊ PÔDE EU QUE TE CONTRATEI! - Gritou mamãe com a voz esganiçada - Me diz que isso é recente Heitor, por favor me diga que eu não estou sendo enganada a muito tempo....por favor...
Na época eu não sabia o que estava acontecendo, mas podia ver que minha mãe estava arrasada, dava para sentir a dor na sua voz ao falar.
- Carmem, eu sinto muito, mas você não dá atenção pra mim desde que essa criança nasceu! O que queria que eu fizesse?
- ESSA CRIANÇA É SEU FILHO! - Ouvi um grande barulho e me assustei de leve, acho que ela bateu na mesa.
- Ah para de chororô e aja como adulta Carmem - Disse a secretária - Você não soube cuidar do que é seu então eu peguei, é isso que dá se descuidar. Tadinha, não percebeu que seu corpo está ridículo? Como você espera segurar um homem sendo a segunda melhor? Se quiser sair vitoriosa queridinha, tem que ser a primeira. Até por que eles não falam, mas o segundo lugar perdeu a disputa.
- FICA QUIETA KARINA! - Meu pai gritou e ela logo se calou.
- Heitor, saia daqui eu não quero te ver nunca mais...
- Essa casa é minha Carmem e você sabe disso - Meu pai disse friamente - Eu não vou a lugar algum.
- Ok... se é assim que você quer ok, toma esse lixo que um dia simbolizou o que você sentia por mim! - Ouvi barulho de algo caindo no chão. Era sua aliança.
Quando ouvi passos vindo na direção da porta, sai correndo e desci as escadas.
- Christian? - Disse minha mãe.
- Oi mãe... - Disse agachado debaixo da escada com medo do que ela ia dizer.
- Faça as malas, estamos saindo desse maldito lugar.
Depois daquele dia nunca mais vi meu pai. A ultima coisa que ele me disse foi "se cuida campeão", mas eu não me sentia mais um campeão ouvindo essa frase.
Nós ficamos em um hotel barato por vários meses, mamãe estava péssima, vivia bebendo e começou a fumar. Ao que parece ninguém se lembrava do seu tempo de socialite mais, e ela teve arrumar um emprego de meio período. Passei várias noites acordado por que não conseguia dormir com seus soluços.
- Christian você tem que ser o melhor de todos tá me ouvindo? - Disse com a voz arrastada depois de virar mais um copo de vodka, eu odiava ver ela assim - Você tem que ser um campeão garoto, você tem que vencer na vida e não ser um fracassado como eu.
- Mamãe não chore por favor... - Dizia acariciando seus cabelo.
Nós não brincávamos mais, não passeávamos mais, não ríamos mais. Na época eu não sabia, mas era só o começo do nosso distanciamento.
Quando eu estava para fazer 6 anos minha mãe conheceu um cara. Ele parecia meu falecido avô de tão velho. Mas ele era rico, podre de rico, e era o que importava na época.
Eu odiava ele e tenho certeza que ele também não era meu fã. Ele só sabia fumar, beber, e mandar minha mãe fazer as coisas. Eu mal via minha mãe mesmo morando na mesma casa que ela. Sempre que eu tentava me aproximar ele dizia para eu não ser enxerido.
Minha mãe começou a fazer plásticas para parecer mais jovem, ela não queria ser trocada de novo. Ela fez diversas plásticas, colocou silicone nos seios e nas nádegas. Eu mal a reconhecia.
- Mamãe, uns meninos mexeram comigo na escola hoje - Disse me aproximando da cama dela, onde ela estava sendo tratada pela massagista.
- Christian eu já te disse, você não pode deixar eles fazerem isso com você. Revide, bata neles, xingue eles, mostre pra eles quem é o número 1 daquela escola. Você é meu filho não é?? - Disse ainda de olhos fechados desde que eu cheguei.
- Sou...
- Então aja como tal, filho meu não é rebaixado. Você tem que estar no topo me entendeu Christian? No topo. Ou você nunca vai ser respeitado docinho...
E foi assim que tudo começou. Meu novo padrasto resolveu me ensinar como me defender na escola. E quando eles voltaram para me atormentar, eu bati neles. Eles ficaram tão surpresos quanto eu, mas meu padrasto disse que não era suficiente. Ele assistia tudo de perto já que tinha ido me buscar.
- N-não mexam mais comigo seus, i-idiotas! - Disse, mas como qualquer criança de 6 anos eu estava aterrorizado.
- Ou? - Meu padrasto me incentivou a continuar.
- Ou...ou eu bato em vocês! - Disse e ele passou a mão nos meus cabelos.
- E eu processo seus pais vermes desgraçados, Carmem se importa com essa criança então eu não posso deixar isso barato - Disse ele.
Eu sorri. Minha mãe ainda se importava comigo.
Depois daquele dia ninguém mais mexeu comigo. Porém se eu quisesse que isso continuasse, eu tinha que continuar ameaçando eles. E eu odiava isso, sabia que no fundo eu só tinha invertido as posições. Mas minha mãe ficou orgulhosa por eu fazer isso, eu sabia por que esse era a única coisa que ela falava comigo em casa quando nos encontrávamos. Então continuei.
Meu padrasto morreu um ano depois, e todos os seus bens passaram para o nome de minha mãe. Ela estava radiante e não parecia nem um pouco abalada.
E foi na semana de sua morte que eu conheci o pequeno Zack Mendes. Ele estava jogando pedrinhas no lago do Central Park, e eu me juntei a ele. Não nos falamos nenhuma vez naquele dia, apenas jogamos pedras. E eu percebi o quando eu estava sentindo falta de não ser tratado como uma criança normal. Depois sempre nos encontrávamos no parque, ele me disse que sua família se mudou recentemente e que eu era seu primeiro amigo aqui. Ele passou a me visitar diariamente depois disso, já que eramos praticamente vizinhos.
O mais bizarro é que demorou quase um mês para minha mãe perceber que tinha um menino moreno correndo diariamente pela sua mansão. Eu contei pra ele tudo o que aconteceu e ele aceitou. Ele não se afastou mesmo sabendo de tudo. Mas não gostava como eu tratava os outros e deixava isso bem claro com suas caretas.
Mas o ponto principal da história é: Eu tenho que ser o melhor, eu tenho que ser o número 1, eu tenho que dar orgulho para minha mãe. E esse é o meio de eu chamar sua atenção. Faço isso desde os 6 anos, e eu não posso parar agora. Ainda mais com Bernardo a minha cola. Mas o por que eu deixo Bernardo me comandar foi por conta de uma burrada que fizemos a 2 anos atrás.
Prefiro não comentar.
Rebecca On
- Eu..não sei o que dizer... sinto muito - Disse tentando absorver aquela história. Estava difícil de engolir. Não consigo imaginar Christian Jackson assim. Mas o pior de tudo, é que faz sentido.
- Rebecca! Christian! Cadê você?! - Ouvimos a voz da Peggy ao longe e imediatamente começamos a gritar.
- Aqui Peggy! Estamos aqui!
Quando Peggy finalmente nos achou no meio daquela mata, sabíamos que estavamos encrencados por apenas aquele olhar. Mas o alívio no semblante dela era notável.
Antes de chegarmos a trilha com a Peggy, Christian segura me braço rispidamente e me encara sério.
- Nunca tivemos aquela conversa está me entendendo? Nunca - Disse tentando me intimidar como sempre.
Mas diferente das outras vezes eu não fiquei brava. Eu ri. Ele colocou a máscara de novo.
- Ok valentão, conseguiu o que queria, pode me soltar agora? - Disse erguendo as sobrancelhas e sorrindo.
Ele me encarou como se eu fosse uma retardada, como se não fizesse mais sentido. Ele me solta e fica me encarando.
- Não vai brigar comigo? - Disse apreensivo.
- E por que eu deveria? Só não se acostume com isso Jackson, ainda estou na sua cola.
Depois de tanto me encarar ele sorriu de lado ainda com a cara em dúvida.
- Não irei me acostumar Senhorita Colins, de jeito algum irei - Diz passando por mim.
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Quem sobreviveu a esse capítulo comente e vote por favor. Será que as coisas irão mudar? Veremos, bye bye até o próximo.
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