Acredite, era inevitável
“A vida é imprevisível e o
controle é só uma ilusão.
E, às vezes, toda essa
imprevisibilidade é demais.”
13 Reasons why (Série) 📌
— Hey! Luna, né? — uma garota perguntou ao se aproximar de mim. Acenei confirmando e ela sorriu — Tem um garoto vestido de Peter Pan que pediu pra você encontrar ele no quarto no fim do corredor — ela me avisou e eu franzi as sobrancelhas.
— Ah, tá! Obrigada — falei e a menina se afastou. — Você viu ele chegando? — perguntei a Olívia que estava ao meu lado, minha amiga negou com a cabeça enquanto comia alguns amendoins.
Fazia quinze minutos que tínhamos chegados, e estávamos na cozinha comendo e bebendo cerveja, Ethan tinha ido para casa depois que fomos ao mercado, ele precisava passar um tempo com o irmão e os pais.
— Eu vou lá — avisei me afastando, Ollie apenas fez um sinal com as mãos.
Passei pelas pessoas que dançavam na sala, arrumando a fita azul que prendia parte do meu cabelo, o qual Olívia tinha feito vários cachos que me fizeram sentir em um filme antigo.
Subindo as escadas, segurei a barra do vestido-azul claro que havia escolhido naquela tarde quando optei por me fantasiar de Wendy, claro que convenci meu namorado a ser meu Peter Pan, e cedi quando ele disse que não usaria a calça apertada e que a trocaria por uma jeans verde-escura que tinha.
Passei pelo corredor e logo avistei o quarto, ele estava escuro, mas mesmo assim entrei, passei pela porta e pela luz que vinha do corredor vi uma sombra se mover atrás de mim.
— Já notou que nos dois halloweens que passamos juntos até agora, você sempre encontra uma forma de me levar até um quarto escuro? — brinquei e quando virei, fui surpreendida por um beijo.
De início achei engraçado, mas ao notar o perfume que se espalhava ao meu redor, a forma com que ele segurava minha cintura e me beijava, percebi que não era quem eu esperava e o empurrei.
Logo a risada do garoto se espalhou pelo cômodo, e aquilo só fez com que a raiva que eu estava sentindo aumentasse, e foi por isso que sem pensar em qualquer consequência, lhe dei um tapa em seu rosto, e então o silêncio tomou conta do lugar.
Lorenzo massageou a bochecha antes de voltar sua atenção para mim com o olhar estreito.
— Podia ter batido do outro lado Marie, hoje cedo eu tive um encontro com seu namorado e ele foi bem receptivo — o menino contou tirando o chapéu da fantasia e arrumando os cabelos loiros com as mãos.
— Porque você faz isso? — questionei sentindo minha voz falhar, eu sentia meu coração bater descompassado pela raiva que me consumia naquele momento, e a vontade idiota de chorar também estava prestes a sair de controle.
— Eu já disse, Luna. Eu sinto sua falta — Lorenzo choramingou me olhando com intensidade, mas eu tinha passado tempo suficiente ao seu lado para perceber que ele não estava sendo sincero, continuei o encarando até que um sorriso maldoso preencheu seus lábios — É divertido jogar com você, eu não sei ao certo, mas com você sempre é mais interessante.
Respirei fundo, sentindo toda a frustração de tudo que ele fez comigo desde o início, as brincadeiras, mentiras, manipulações, as noites que chorei por causa dele, as feridas que ficaram dentro de mim, mesmo eu não admitindo que de certa forma estava destruída por dentro a um tempo atrás, mais especificamente, antes do Marshall.
Encarei os olhos verdes que tanto me atormentavam, e sem pensar, fui até ele e comecei a lhe bater, era como se eu fosse uma criança novamente e brigasse com Maya por ela ter estragado algum desenho meu, mas dessa vez eu tinha mais ódio e força.
— Calma, Luna! — ele pediu colocando os braços na frente do rosto, mesmo assim não parei de lhe bater ao tempo que sentia as lágrimas descerem pelas minhas bochechas.
— EU TE ODEIO! — gritei vendo ele se afastar e ir com pressa na direção da escada.
Eu senti meu peito doer, e o choro se tornou mais intenso, os barulhos dos soluços eram altos, porém abafados dentro do cômodo pela música que vinha do primeiro andar. Andei devagar até a cama de solteiro e sentei no chão com as costas apoiadas nela.
Cruzei as pernas e continuei a chorar, eu queria parar e sair dali, mas isso era uma coisa que não conseguia controlar, baixei minha cabeça tentando puxar o ar para me acalmar, mas tudo doía, e então eu apenas me concentrei nas lágrimas que desciam pelas minhas bochechas e se chocavam com o piso de madeira, até que senti dois braços me rodearem e me puxarem de encontro ao seu corpo.
Reconheci o perfume no mesmo segundo e sem olhar para o rosto dele, cravei as unhas em sua camiseta sentindo o garoto me apertar contra seu peito e beijar o topo da minha cabeça.
— Eu odeio ele — repeti essas palavras sem parar, enquanto era consolada pelo meu namorado, só parei quando senti que estava me acalmando.
Passei as mãos no rosto tentando limpá-lo, e quando levantei meu olhar, vi que Olívia estava sentada à minha frente com as pernas cruzadas e o olhar preocupado. Me aconcheguei mais no corpo quente ao meu lado e suspirei.
— Eu não vou te perguntar como você está, porque é meio óbvio — Ollie disse e eu tentei sorrir para ela mesmo sentindo a região acima das minhas bochechas doerem — Quer que eu te ajude a limpar seu rosto? — minha amiga propôs e eu concordei, vi ela se levantar e ir na direção do banheiro, mas antes de fazer o mesmo, olhei para Ethan.
O garoto dos olhos azuis parecia pensativo e sua expressão estava mais séria do que jamais tinha visto antes. Eu tinha consciência que minha fraqueza poderia ser o motivo de uma explosão de ódio vindo dele, e isso era tudo que eu queria evitar.
— Não vá atrás dele — pedi quando ele passou a mão com delicadeza por minha bochecha, dava para notar que Ethan estava se sentindo culpado pelo que tinha acontecido.
— Luna — Ethan ia se justificar, mas o interrompi.
— Eu preciso de você, Quarterback — confessei sentindo que iria chorar de novo — Não me deixa sozinha pra ir atrás dele, não agora.
Meu namorado não me respondeu, ele apenas engoliu em seco e desviou o olhar. Levantei e fui até o banheiro onde Ollie me esperava encostada na pia, ela me mostrou um mini pó compacto e um batom, que pela fantasia que ela usava, eu não tinha ideia de onde ela os tinham tirado.
Minha amiga me ajudou a lavar meu rosto, em seguida passou a maquiagem para que as pessoas não notassem que eu tinha chorado.
Sai do banheiro com o coração acelerado, eu cogitava a possibilidade de Ethan ter feito o contrário do que pedi, mas ele estava ali, encostado em uma cômoda alta, com os braços cruzados e batendo o pé freneticamente contra o chão ao tempo que observava o que fazia.
— Ethan — o chamei e logo ele me encarou, e aquela expressão séria ainda estava ali.
Descemos e ele permaneceu em silêncio a todo o momento, já Olivia tentava puxar qualquer assunto que fizesse aquele clima ruim desaparecer. Apesar de eu me esforçar para não deixar Lorenzo afetar minha noite, confesso que permaneci na festa desejando ir embora, e quando cheguei no meu limite, Ethan percebeu e me levou para casa.
🐈🐈🐈
— Está bravo comigo? — perguntei ao meu namorado quando ele se aproximou da minha cama secando os cabelos com uma toalha.
Quando chegamos na fazenda, Ethan não demorou a pegar sua mochila avisando que iria tomar banho, eu sabia que ele não precisava daquilo naquele momento, pois, ainda sentia seu perfume grudado em sua pele, mas o garoto parecia querer ficar um pouco sozinho.
Ao tempo que o observava, o garoto deslizou o pano por sua pele e começou a secar o pescoço, assim, um sorriso discreto preencheu seus lábios.
— Não — ele respondeu em um sussurro e colocou a toalha na cadeira da minha escrivaninha, o encarei em silêncio, até que Ethan se sentou na minha frente usando apenas uma calça de moletom preta.
— Então porque está assim? Calado. Distante — encostei as costas na cabeceira da cama e o garoto dos olhos azuis deitou e pegou o Caramelo que estava perto dele e começou a mexer nos pelos do urso de pelúcia, o qual havia me presenteado a um ano atrás.
— Sinceramente? — ele perguntou e seu olhar veio até mim, apenas confirmei com a cabeça para que ele continuasse. — Eu estou me sentindo frustrado Luna, eu até acreditei que as coisas iriam dar certo, mas estou duvidando muito agora — Ethan confessou e voltou a olhar para o urso — parece que tudo que a gente planejou está desmoronando aos poucos.
— Eu queria dizer que não concordo com você, mas às vezes sinto isso também — contei e logo ganhei a atenção dele, eu observei seus olhos, e constatei mais uma vez durante todo o tempo que o conhecia, que não existia um azul como aquele em lugar nenhum.
Ethan me entregou o urso e se aproximou, ele encostou ao meu lado na cabeceira e esticou o braço para mim, eu aceitei seu convite e me apoiei em seu peito ao tempo que abraçava o Caramelo.
— A gente pode refazer nossos planos — ele propôs e eu me remexi em seus braços.
— Não quero ceder às provocações daquele garoto — respondi sentindo a raiva ser visível no meu tom de voz.
— Tem certeza? — meu namorado perguntou ao apoiar o queixo na minha cabeça.
— Tenho, eu sei que posso ser mais forte, eu preciso ser.
🐈🐈🐈
Acordei e passei a mão no lugar vazio ao meu lado, e isso me fez abrir os olhos com rapidez a procura do meu namorado, ele havia dormido na fazenda comigo, pois, tinha prometido ficar o resto do fim de semana na minha companhia.
Levantei e coloquei um short, porque tinha dormido apenas com uma das camisetas do Simpson dele, fui até o banheiro, escovei os dentes e penteei os cabelos os deixando presos em dois coques no topo da cabeça em lados opostos, e então desci.
Encontrei vovó na cozinha sentada na mesa da copa lendo, me aproximei dela e lhe dei um beijo no topo da cabeça, senti o cheiro de chá de hortelã que ela bebia e automaticamente, recordei de uma amiga que já fazia uma semana que não mandava uma mensagem, eu realmente precisava lembrar de falar com a Merliah, para saber das novidades.
— Sabe onde meu namorado está? — questionei sentando ao seu lado e pegando um dos biscoitos de chocolate do pote no centro da mesa.
— Está ajudando seu avô com as coisas da fazenda — ela me contou e fechou o livro o colocando sobre a mesa — Ele acordou primeiro que o Richard — Abigail me contou e eu sorri, Ethan sempre reclamava que nos dias que não tinha que acordar cedo, ele acordava.
Tomei café ouvindo vovó falar sobre o livro que estava lendo e consequentemente, me deixou com vontade de lê-lo também, o que me fez conseguir que a mulher me prometesse que me traria um assim que fosse a livraria.
— Quer dar uma volta? — Ethan perguntou entrando na cozinha. Olhei para ele e o vi levantar a camiseta limpando a testa molhada de suor — Seu avô precisa de alguns pregos pra arrumar a cerca das ovelhas.
— Pode ser — respondi observando sua camiseta grudada no seu abdome, e quando meu olhar alcançou seu rosto o vi sorrir ao tempo que negava com a cabeça.
— Vou tomar banho e já volto — o menino avisou antes de sair do cômodo.
— Limpa a baba — Abigail pediu indicando minha boca com o dedo indicador, dei risada e mostrei a linguá para ela que tentou me dar um tapa, mas não me alcançou.
🐈🐈🐈
Ethan estacionou o carro na frente da loja de construção, ele desligou o veículo e pediu para que eu procurasse o papel com a lista das coisas que vovô pediu para que comprássemos.
— Aposto que você esqueceu — ele brincou e começou a rir.
— Não esqueci! — me defendi ao tempo que procurava o papel, mas já cogitando a possibilidade dele estar certo.
Ouvi meu namorado abrir a porta, mas continuei verificando todos os papéis perdidos na bagunça que estava minha mochila.
— Eu já volto — Ethan avisou ganhando minha atenção.
— O quê? — perguntei e o vi trancar o carro — O que você está fazendo? — disse confusa e vi a expressão séria da noite anterior voltar.
Tentando entender o que estava acontecendo olhei para os lados a procura de algo que me ajudasse, foi então que vi o carro vermelho estacionado a alguns metros de nós, Ethan me observou mais alguns segundos antes de se afastar.
— Marshall! — o chamei pulando para o banco do motorista — Não me deixa aqui! — pedi tentando abrir a porta, mas não obtive sucesso.
Olhei na sua direção e notei quando Lorenzo saiu de dentro da loja, ele estava com fones no ouvido e cantarolava a música distraído, o menino abriu o carro, entrou e quando foi fechar a porta, Ethan o puxou com força o jogando no chão.
Senti um revirar no estômago me deixar inquieta, de alguma forma eu sabia que depois da noite passada aquilo seria inevitável, mas não achei que seria assim.
Vi Lorenzo levantar e reclamar de algo, foi então que Ethan deu o primeiro soco na cara do loiro que caiu com força virado na minha direção, e quando vi a quantidade de sangue que saiu do nariz dele, me assustei.
Ethan o levantou pela jaqueta e um pouco tonto Lorenzo tentou revidar a agressão, mas falhou, foi então que ele levou o segundo soco.
Bati no vidro chamando meu namorado, o desespero que ele não parasse de bater no menino me fez começar a tentar abrir a porta repetidas vezes, mas ela não se mexia um centímetro, mesmo colocando toda a força que tinha para tentar sair do carro, a porta não se movia.
Bati no vidro mais algumas vezes, e Ethan sequer olhava na minha direção, ele realmente estava concentrado em quebrar o garoto a sua frente.
Senti meus olhos arderem, e ainda tentando chamar a atenção do meu namorado comecei a chorar com medo do que estava acontecendo, mesmo a alguns metros deles, eu podia ver a quantidade de sangue e a expressão de ódio do garoto dos olhos azuis.
Foi então que meu celular vibrou na mochila, o peguei ainda desesperada com a situação e vi o nome do meu irmão no display, então atendi.
— O vovô disse que você e o Marshall foram comprar algumas coisas na loja de construção — ele começou, só que logo o interrompi.
— Onde você está? — perguntei com a voz falha.
— Eu tô indo pra aí, aconteceu alguma coisa? — Enzo perguntou.
— O Ethan vai matar o Lorenzo — contei e olhei para os dois, a cena que eu tinha visto minutos atrás ainda acontecia, Ethan ainda batia no loiro e não tinha ninguém no estacionamento para acabar com aquilo.
— Onde vocês estão? — meu irmão perguntou e eu levei alguns segundos para perceber, tanto que ele teve que chamar meu nome para ganhar minha atenção.
— No estacionamento da loja — assim que terminei de falar, ouvi o barulho de um carro entrar com presa no lugar e para meu alívio, era Enzo. Ele estacionou o carro a alguns metros dos dois garotos e rapidamente saiu do veículo o deixando aberto e parado no meio do caminho.
Enzo tirou meu namorado de cima do Lorenzo com certa dificuldade, pois, Ethan ainda tentou resistir, mas assim que conseguiu, ele apontou para o Jeep e mandou o amigo sair dali.
Ethan caminhou com passos firmes até o carro e eu paralisei ao ver as costas das suas mãos vermelhas, assim como alguns pontos da sua camiseta branca. Ele abriu a porta e mandou eu ir para o banco do carona.
Ainda anestesiada com tudo, fiz o que ele pediu e abracei minhas pernas tentando raciocinar e aceitar o que tinha acontecido.
— Eu vou te deixar em casa e depois vou falar com meu pai — ele me avisou acelerando o carro para sair do estacionamento.
Fiquei em silêncio por alguns segundos imaginando que dessa vez não seria só um aviso que o garoto receberia dos policiais da cidade.
— A gente vai pra minha casa! — avisei e olhei para ele que prestava atenção na estrada dirigindo na velocidade limite.
— Não.
— Eu não estou pedindo Ethan, vamos pra minha casa, agora!
🐈🐈🐈
Quando ele parou o carro na frente da casa do meu pai, o ouvi soltar todo o ar que ele parecia prender em seus pulmões. Destranquei a porta e peguei minha mochila para descer.
— Sobe direto pro meu quarto, a Sarah está em casa e eu não quero que ela te veja assim — pedi e ele apenas confirmou com um aceno.
Assim que passamos pela porta, ouvi Leonor me chamar, Ethan se apressou em subir a escada, mas a mulher foi mais rápida e logo nos alcançou, a expressão dela foi de puro espanto.
— O que aconteceu? — ela falou e seu olhar foi na direção da cozinha onde a filha a chamava.
— Eu posso explicar depois? — pedi e a mulher fez uma expressão de dúvida — Por favor, Leonor, eu só preciso de alguns minutos. — avisei e ela respirou fundo.
— Ok. — ela cedeu e passou a mão na testa — Seu pai foi buscar alguns papéis no escritório, e assim que ele chegar, eu quero os dois aqui em baixo — ela apontou para mim e depois para o Ethan — Pega uma roupa do Enzo e limpa tudo isso — Leonor pediu e voltou para a cozinha.
Meu namorado entrou no meu quarto e eu segui até o do meu irmão, peguei a roupa para ele se trocar e voltei para encontrá-lo. Assim que entrei no cômodo o vi parado na frente da minha cama.
Ethan me encarou ainda sério, mas parecia que o que tinha feito tirou todo o peso que o garoto sentia que carregava em seus ombros. Eu queria ficar brava com ele, gritar e reclamar o quanto ele tinha sido imprudente e descuidado, só que por algum motivo, eu não consegui.
— Droga, Ethan! — reclamei antes de ceder e lhe dar um beijo.
🐱🐱🐱
Boa noite meus amores!!!
Parece que dessa vez o Ethan pegou o Lorenzo de jeito. Ele apanhou o suficiente pra vocês agora?
Vou já começar a arrecadar o dinheiro da fiança dele, a começar pelas meninas do grupo do whatshapp kkkk
Como será que nosso Quarteback vai escapar dessa?
Espero de coração que você tenham gostado do capítulo, espero vocês na próxima semana.
Não esqueçam de me seguir nas redes sociais e curtam a playlist do livro no spotify o link está na Bio.
E para quem acompanha Ligados por um poema se preparem que o último capítulo tá vindo mais rápido que o Flash kkk
Beijos de luz e amo vocês ❤
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro