carta número um
Querida Ana,
Tem dias em que sinto orgulho de tudo o que conquistamos e de tudo o que já construímos. Do caminho que trilhamos e de tudo o que conseguimos. Mas tem dias em que sequer consigo ver meu próprio reflexo no espelho sem sentir a mais profunda decepção, um sentimento que está enraizado dentro do peito há tanto tempo que já nem sei mais se serei capaz de me livrar.
Tem dia em que as vozes que habitam minha mente estão tão calmas que parecem inexistentes. Tem dias que a dor dentro do meu coração parece tão pequena que se torna imperceptível, apenas um murmúrio que é levado com o vento. E tem dias que as vozes me deixam surda, tiram todos os meus sentidos e me fazem sequer sentir vontade de me arrastar para fora da cama. Tem dias que a dor parece ser tão avassaladora que vai levar consigo tudo que tenho de mim mesma, como um furacão.
Tem dias em que acordo com um sorriso no rosto depois de uma noite bem dormida, animada e feliz. Mas na maioria deles, eu desejo apenas não precisar abrir meus olhos depois de passar horas acordada com a ansiedade me impedindo de sentir qualquer outra coisa que não a angústia que está alojada dentro de mim.
Dizem que não tem motivo pra tal sentimento e às vezes eu até acredito. Talvez seja só bobeira, certo? Afinal, é isso que pensam, sempre vendo o que sentimos e falamos como uma brincadeira. Até o dia que as palavras ditas com um sorriso passam a ter um peso real, pois meu sorriso de fora não condiz com o caos e o vazio que sinto por dentro.
Não entenda errado, não é vontade de morrer. Mas também não é vontade de viver. É apenas estar existindo no limbo, sem saber se vou pra frente ou vou pra trás.
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