30
Flávia
Depois dessa nossa declaração que fizemos um para o outro, sem planejamento, voltamos a nossa atenção ao pastor, do qual logo prosseguiu com a cerimonia.
— Flávia Alencar, você aceita Miguel Bittencourt como seu legítimo esposo, para amar e respeitar, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença até que a morte os separe? — O pastor pergunta olhando para mim.
— Sim, eu aceito — respondo segura do que estou fazendo.
Eu estou mais do que pronta para passar o resto da minha vida, ao lado do meu grande amor.
— E você Miguel Bittencourt, aceita Flávia Alencar como sua legítima esposa, para amar e respeitar, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença até que a morte os separe? — Ele olha agora na direção do Miguel, esperando pela resposta dele.
— Eu aceito — Miguel diz também seguro de si.
O pequeno Nicolas vem na nossa direção, carregando as alianças.
O Miguel pega uma das alianças.
— Flávia, receba essa aliança como sinal do meu amor que eu tenho por você — ele coloca a aliança no meu dedo, aproxima minha mão da sua boca e a beija logo em seguida. — Para sempre serei seu — ele dar uma piscadela.
Pego a única aliança que restou, sorrindo.
— Miguel, receba essa aliança como sinal do meu amor que eu tenho por você — coloco o anel em seu dedo e olho para ele em seguida. — E eu sempre serei sua — digo pausadamente e depois solto um beijinho no ar.
— Pelo poder a mim investido, eu vos declaro marido e mulher — o pastor olha para nós dois. — Pode beijar a noiva.
Miguel se vira para mim com um sorriso nos lábios — o sorriso pelo o qual eu sempre achei bonito e havia me apaixonado. — Com uma mão ele pega na minha cintura, gentilmente e com a outra ele segura a minha nuca, deposita um beijo calmo e delicado logo em seguida nos meus lábios.
Eu o amo tanto.
As pessoas começaram a bater palmas.
— Porque mesmo se estivermos perto ou longe, juntos ou separados... — Miguel diz com a sua testa encostada na minha.
— Nós sempre fomos e sempre seremos um só. — Completo o restante da sua frase. Ele beija a minha testa e depois sorrimos um para o outro.
Nossos amigos e familiares vieram para perto da gente, nos desejar felicidades.
— Está na hora da dança de vocês — Jade vem na nossa direção, com a Giulia nos seus braços e o Ben ao seu lado.
A Jade como sempre querendo danças — sorrio com esse pensamento.
— Sim, nós já vamos dançar, irmã — Miguel responde, olhando para ela.
— E esse é o nosso presente de aniversário para você — Ben diz de repente, para mim.
Presente?
— Como? — Pergunto intrigada, eu não havia entendido. Presente? Como assim, presente?
— Eu e a Jade, queríamos que vocês dois fossem nossos padrinhos de casamento, mais porque principalmente queríamos que vocês passassem mais tempo juntos e se reaproximassem. E pelo visto deu certo. Bastante certo — Ben olha para nos dois, sorrindo. Visivelmente alegre por ter conseguido, no final das contas, juntar nos dois novamente.
E eu estou sem palavras.
Eu imaginava no começo que eles haviam me convidado por causa disso mesmo, mas depois eu afastei esses pensamentos, porque a cada tarefa que eu e o Miguel fazíamos juntos, nos desentendíamos cada vez mais. O que levava essa minha dedução por água abaixo. Mas eu sempre estive certa... desde o começo.
— Obrigado, Ben — consigo dizer por fim, depois de alguns segundos, que processei o que ele me disse.
— Eu já sabia disso desde o início — Miguel começa a falar e eu olho para ele, confusa. Até ele sabia? Eu era a única que não sabia de nada? — Foi um jeito que eles arrumaram de me ajudar com você — ele confessa. — Eles sabiam que ia ser difícil, a reaproximação, mas que não ia ser impossível — seus olhos me encaram de cima a baixo e depois de me analisar assim, ele passa a sua língua pelos seus lábios e alisa a minha bochecha, o que causa arrepios pelo o meu corpo.
— Então você... — deixo a frase solta no ar.
— Sim, eu sempre lutei por você, Flávia — ele diz e na mesma hora eu prendo os meus braços na sua nuca e o beijo.
Nos separamos e logo o Miguel pergunta:
— Agora, depois dessa revelação, será que você me concede essa dança? — Ele estende a sua mão na minha direção.
— Claro que sim — seguro ela e assim fomos para a pista de dança.
Nos posicionamos numa pista de dança improvisada, esperando a música começar a tocar.
E quando ela iniciou, eu seguro a mão do Miguel e me afasto ao longe, ele logo me puxa de volta para os seus braços e me roda, juntando nossas outras mãos em seguida. Dançamos coladinhos até que ele me roda de novo, dessa vez nos separamos, mas ele logo junta as nossas mãos novamente e continuamos dançando.
A nossa dança se consistia nisso: ele me segurava, me rodava, nos separávamos, até que ele me trazia de volta para os seus braços.
Havíamos aprendido essa dança, há algumas semanas atrás.
Fomos na mesma mulher que nos ensinou a dançar salsa e quando dissemos para ela que era para o nosso casamento, ela disse que já desconfiava que mais cedo ou mais tarde isso acabaria acontecendo entre nós, pois ela disse que viu o amor nos nossos olhos.
Acabamos a dança com o Miguel me segurando nos seus braços e eu repousando a minha cabeça em seu peito.
Todo mundo nos aplaudiu.
— Agora eu posso dizer que até que fim, né? — Eloá para ao nosso lado com o seu mais novo namorado, Ian.
Ele é bem mais alto do que a minha amiga, tem o cabelo castanho-escuro e seus olhos são azuis. Faz pouco tempo que eles se conhecem. Eles se conheceram quando a Eloá estava viajando a negócios, já que ela trabalha com fotografia, e o seu próximo trabalho era fazer um book de um casal em Salvador, e foi aí onde ela o conheceu. Eles sentiram um desejo muito forte um pelo o outro desde os primeiros olhares, e quando ela soube que a garota que ele tinha que bater as fotos não era sua namorada, noiva ou coisa do tipo, logo caiu em cima dele. Eles estão juntos desde então. A Eloá está bem feliz ao lado ele. E eu espero que o Ian finalmente seja a alma gêmea da minha amiga.
— Sim, agora você pode dizer isso — digo rindo.
— Vocês são tão lindos juntos — ela comenta e nós só sorrimos para a minha amiga.
— Vou deixar você com a Eloá — Miguel se aproxima do meu ouvido e sussurra — eu preciso falar com alguém.
— Tá bom — sorrio, e olho para os convidados ali presentes, para ver com quem ele iria falar.
— Não se preocupe — ele me dar um sorriso tranquilizador, enquanto se solta dos meus braços.
Vejo ele indo em direção a uma loira. Pega no ombro dela e ela se vira, já que estava de costas para ele e eu a reconheço. Ester.
— Você tem que ir atrás dele — Eloá também olhava na direção deles dois — vai que ela tentar roubar ele de novo, mais uma vez.
— Não precisa, eu confio no Miguel — deixo de olha-los e volto a olhar para a minha amiga.
— Tá certo então — ela olha para mim e dar um sorriso. E nós ficamos assim, por alguns segundos, olhando nos olhos uma da outra. — Agora eu vou procurar as minhas sobrinhas, só Deus sabe aonde a Heloísa e o Cauã se meteram — Eloá olha para todos os lugares, para ver se consegue ver eles.
Ela aceitou bem a relação deles dois. E em pensar que a Heloísa ficou com medo do que ela fosse pensar, ao saber deles dois juntos.
Quando a Heloísa decidiu contar para a sua irmã, o Cauã estava ao seu lado com as mãos dele entrelaçadas nas suas. Eles disseram juntos, desde as conversas por telefones, até os encontros e os primeiros beijos. A melhor parte foi quando a Eloá abriu a boca e disse que já desconfiava de tudo, pois a sua irmã não sabia disfarçar. Pelo o fato delas dormirem no mesmo quarto, ela sempre via a Heloísa sorrindo ou ouvia ela tentando conter uma gargalhada, altas horas da noite. E sobre os beijos, a Heloísa sempre aparecia em casa muito feliz, então alguma coisa estava acontecendo, ela só não sabia o que era, mas que logo iria descobrir.
— Então acho melhor você ir atrás deles logo — digo rindo, ela só concorda com a cabeça e sai andando, de braços dados, com o Ian.
Estava começando a andar para a parte do buffet, quando uma pessoa me chama:
— Flávia?
E eu reconhecia essa voz. Eu o tinha convidado, mas não sabia ao certo se ele realmente viria.
— Bernardo — digo o seu nome assim que me viro para vê-lo, e um sorriso logo se forma no meu rosto.
Eu não gostava de me lembrar do passado e eu até já havia esquecido o que ele me fez, porque apesar de tudo ele sempre foi um dos meus melhores amigos. Havíamos crescidos juntos, eu, ele e o meu irmão. E no fim das contas, eu o havia perdoado.
— Muitas felicidades — ele me dar um abraço rápido e sorrir. Quando nos separamos eu acabo notando que havia uma mulher ao seu lado, já que ele logo entrelaçou a sua mão na cintura dela.
— Obrigado, Bernardo — sorrio. — Também lhe desejo felicidades — olho na direção da garota. — Você merece.
— Essa é a Helena, minha namorada — Bernardo olha para a garota ao seu lado, com um sorriso. — Helena, essa é a Flávia... uma antiga amiga — ele olha para mim enquanto diz essas palavras.
"Uma antiga amiga", gostei desse termo.
Eu e a Helena nos damos as mãos. Ela é loira, de cabelos curtos e tem olhos azuis como o Bernardo, além de ser muito simpática, alta e magra. Ela deve ser modelo. Aparentemente eles formam um belo casal. Gostei do Bernardo ter encontrado ela e espero mais ainda que eles sejam muito felizes.
— Você está tão... diferente — solto a mão da Helena e volto a minha atenção para ele.
Ele nem parecia mais o Bernardo que eu conhecia a anos atrás. Aquele Bernardo imaturo. Hoje, eu vejo que ele se tornou um homem.
— Sim, e eu só tenho que te agradecer por isso — ele pega no meu ombro, carinhosamente. — Muito obrigado, Flávia.
— Me agradecer, por quê? — Pergunto e a Helena fala ao ouvido dele, se afastando logo em seguida um pouco de nós, para que ficássemos mais à vontade com essa conversa que estávamos para ter.
— Se lembra quando eu fui para Recife, que a gente até se esbarrou e eu disse que estava lá porque estava com saudades de você e queria te ver? — Ele pergunta esperando que eu me lembre desse episódio, embaraçoso por sinal, da minha vida.
— Lembro sim, e me lembro também que essa foi a única vez que te vi por lá, depois o Ben até me contou que você já ia voltar para João Pessoa — digo para ele tentando achar uma solução para isso, já que o quebra-cabeça não estava se encaixando.
Quando eu o vi em Recife, bem diante dos meus olhos, eu tinha total certeza que ele estava ali para querer algum tipo de reaproximação comigo. O que não chegou a acontecer, já que dias depois ele foi embora, e eu consegui ficar mais aliviada. Eu ainda não estava pronta para perdoa-lo, mesmo que dissesse para mim mesma que poderíamos ser amigos novamente, eu ainda me sentia traída pelo o meu melhor amigo de infância.
— É esse o ponto que eu quero falar com você... — ele diz e pelo o seu tom de voz eu percebo que era como se ele quisesse se libertar de algo que há muito tempo estava guardado, e que queria muito compartilhar isso comigo.
Mas que ponto é esse?
Ele percebe a confusão no meu rosto e começa a falar:
— Um dia eu estava passeando pelas as ruas, pensando em algumas possibilidades de te reconquistar de novo, quando eu vi vocês dois juntos, sozinhos, no parque, sorrindo um para o outro. Foi nesse momento que eu percebi que não tinha mais chances com você. Você jamais sorriu para mim do jeito que eu vi você sorrindo para ele e também foi nesse momento que eu percebi que quanto mais eu me enganasse seria pior — lágrimas se formavam no canto dos seus olhos, mas ele estava se segurando para não derramá-las. Já eu, por minha vez, comecei a chorar com as suas palavras, mais do que sinceras, dirigidas a mim. — Eu te amo e sempre te amei, Flávia — uma lágrima involuntária cai, finalmente, do seu olho direito. Ele logo a limpa. Pega na minha mão e eu deixo que ele a segure. Ele sorrir pelo o meu ato. Respira fundo e continua a falar. — Mas nem sempre quem a gente ama tem que se permanecer nas nossas vidas, certo? — Ele desvia seus olhos dos meus, para olhar na direção da Helena. — E eu finalmente posso dizer que hoje, encontrei alguém que quer dividir a vida comigo — ele se vira para mim e sorrir, aliviado por ter desabafado essas palavras comigo.
Eu não posso estar mais do que feliz, ao ouvir essas palavras saindo da boca dele.
Ele era um garoto tão carinhoso, romântico e meigo. O problema só foi que ele errou comigo. Errou feio.
— Eu não sei o que te dizer — sou sincera, até porque eu realmente não sabia o que lhe dizer a respeito disso. Fui pega desprevenida.
— Não precisa dizer nada — ele nega com a cabeça e começa a limpar o meu rosto, devido as lágrimas que caíram.
— Acho melhor você se juntar a Helena — sugiro, olhando para ela, por cima de seu ombro. Ela se encontrava sozinha, bebendo alguma coisa que eu não consegui identificar, se era refrigerante ou champagne.
— Sim, eu também acho. — Ele sorrir. Olha para ela também e depois para mim. — Foi muito bom lhe rever de novo, Flávia.
— Eu também posso dizer o mesmo — lhe retribuo o sorriso e é nessa hora que o Miguel chega ao meu lado, e agarra a minha cintura.
— Olá — ele diz ao Bernardo.
— Olá — Bernardo olha na direção do Miguel, mas logo se vira para mim. — Eu já vou indo, vou deixar vocês à sós.
Eu só concordo com a cabeça. Ele vai aonde a Helena se encontra e se retiram.
— Quem era? — Miguel pergunta ao meu lado assim que ele percebe que o Bernardo não pode mais nos ouvir. — Eu não me recordo dele — havia confusão no seu rosto.
— O nome dele é Bernardo, ele é um antigo amigo meu — respondo ele, usando o mesmo termo que o Bernardo havia me dado. E o Miguel parece ficar pensativo, não sei se é por causa que eu disse isso ou se é porque ele quer me contar alguma coisa.
Até que ele fala:
— Você quer saber o que eu estava conversando com a Ester?
— Se você quiser me contar — dou de ombros, mas a verdade mesmo era que eu queria saber, só não vou admitir e nem quero que ele perceba isso.
— Claro que eu quero. — Ele diz com firmeza. — Ela disse que queria que nos fossemos muito felizes, que construíssemos uma linda família juntos e que ela vai passar um tempo no exterior — ele diz essa última parte rápido demais, mas mesmo assim eu consegui ouvir.
Não acredito que ela disse isso mesmo, até um ano e meio atrás eles eram noivos e estavam prestes a se casar, como ela pode ter mudado tão rápido de ideia? Será que ela está bem? Ou será que realmente ela deixou de perseguir o Miguel?
— Ela disse isso mesmo? — Pergunto, achando isso tudo muito estranho.
— Sim, ela disse que não conseguiria sustentar uma relação sozinha, ela sabia que eu não a amava. Mas mudando de assunto, já está quase na hora da nossa viagem. Vamos? — Ele me lembra. Pega na minha mão e já começa a me levar para fora da festa, até que eu o paro.
— Eu ainda tenho que jogar o buquê — relembro a ele.
Cadê a Heloísa numa hora dessas? Ela simplesmente desapareceu depois que eu disse sim ao Miguel. Mas ela está com o meu buquê e se eu demorar para jogar ele, eu irei me atrasar para a minha viagem.
— Amigaaa — escuto alguém gritar. Me viro na direção da voz e vejo a Heloísa correndo, até que ela para ao meu lado. — Que cabeça a minha, me esqueci de entregar o buquê a você — ela coloca o buquê na minha frente.
Quem escolheu o meu buquê foi o Miguel, ele fez questão de escolher um para mim. Achei que ele não acertaria na escolha, até porque naquele tempo em que eu estava sendo madrinha juntamente com ele para o casamento da Jade, eu cheguei a ver que ele só estava escolhendo as flores que ele via pela a frente. No começo eu rir, pelo o seu jeito prático de escolher as flores, mas depois eu voltei a minha postura de "mulher que deu a volta por cima".
Eu deixei que ele escolhesse o meu buquê, queria ver se ele acertaria o meu gosto, e não é que ele acertou em cheio. Rosas brancas, elas são as minhas preferidas. Mas como ele soube disso, se eu nunca cheguei a lhe dizer?
E quando eu perguntei a ele como ele havia acertado, ele só me disse: que sempre prestou atenção em mim, até nos mínimos detalhes.
Pego o buquê das mãos da Heloísa e o levanto. Várias mulheres olham na minha direção e se levantam de suas cadeiras para poder pegar o buquê.
— É um, é dois, é três... e já! — Jogo o buquê para trás.
Quando me viro, vejo que quem pegou o buquê foi a Olívia, ficando toda sorridente, ao pegar o buquê que antes era meu.
— Já sei que vocês vão ser os próximos a se casar — coloco cada um dos meus braços, em cima dos ombros da Olívia e do Raul.
O Raul abraça ela bem forte, a levanta para cima e quando a desce lhe dá um beijo, calorosamente.
— Felicidades, meus queridos — Giovanna e Lorenzo aparecem no meu campo de visão, os pais do Miguel.
— Obrigado mãe, pai — Miguel abraça ambos, mas logo se vira para mim e pega na minha mão. — Agora temos que ir — eu concordo com a cabeça.
Nos despedimos de todos os familiares e convidados. Entramos no carro que estava a nossa espera, um pouco afastado da nossa festa.
Chegamos rapidamente na casa do Miguel. Trocamos nossas roupas por umas mais leves. Pegamos nossas malas, já feitas, e entramos no carro novamente. Ele nos levaria ao aeroporto.
— Então agora eu já posso te chamar de minha mulher — Miguel sorrir maliciosamente para mim, assim que entramos no carro.
— Não só pode, como deve — subo em cima do seu colo, com uma mão seguro a sua nuca enquanto a outra vai para os seus cabelos. Ele segura a minha cintura, firmemente e me traz para mais perto dele. Tomo os seus lábios e o beijo ferozmente.
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