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Flávia
Estávamos terminando de nos arrumar para irmos à praia — já que amanhã iríamos voltar para as nossas casas, queríamos terminar a nossa estadia daqui, fazendo um luau. E a gente não poderia deixar de fazer isso aqui, que tem tudo que precisamos; praia, amigos, diversão, memórias.
Deixo de olhar o vestido em meu corpo, rendado, e olho para as garotas que estavam se arrumando no quarto; nós três estávamos usando vestidos brancos, só que o da Jade é liso, sem nenhum detalhe ou coisa do tipo, enquanto que o da Cecília também é rendando, só que a diferença era que o dela tem mangas, coisa que o meu não tem.
Deixo de olha-las para pegar meu estojo de maquiagem e caçar o batom que eu vou usar. Em meus lábios começo a passar um batom de cor nude. Em seguida bagunço meus cabelos, para dar um certo charme, e quando guardo o batom e me viro para ver se elas já terminaram de se arrumar, noto que as mesmas olhavam para mim, sorrindo. A Jade passou em seus lábios um batom vermelho e a Cecília um batom rosa, e os seus cabelos também estavam soltos, assim como os meus.
Parece que terminamos por aqui.
Segunda etapa: encontrar nossos companheiros e amigos.
Deixamos o quarto e ao começar a descer as escadas, eu que estava na frente, acabo parando de andar quando meus olhos encontram os do Miguel e ele rapidamente se levanta do sofá, com um sorriso singelo surgindo em seu rosto, e os seus amigos logo fazem a mesma coisa que ele quando veem a Cecília e a Jade pararem ao meu lado.
Sinto que alguma das meninas pegaram em minhas costas e isso é uma deixa para que eu continue a descer as escadas, e é isso que eu vou tentar fazer, sem quebrar meu contato com o Miguel. Ao chegarmos perto deles, os mesmos olham para nós como se essa fosse a primeira vez que nos víssemos.
— Vocês estão lindas — todos dizem, admirados.
Vejo que todos eles usavam bermudas escuras, mas as suas camisas eram claras, para combinar com a nossa roupa.
— É melhor irmos logo, senão vai ficar muito tarde — Cecília se pronuncia, parecia que ela era a única que conseguiu sair do transe que havia se formado aqui, com todos nós, pois até que eu ouvisse a sua voz eu olhava para o Miguel como se só ele existisse para mim, mas ao escutar as suas palavras é que eu me desperto, deixando de encarar o meu namorado, para virar o meu rosto para o lado e ver se a Jade ainda está em seu transe ou não. E ela estava. Ainda. Olhando para o meu irmão. Mas eles não se importavam nem um pouco para quem iria olhar para eles ou não. Eles resolveram não se esconder mais. E aos poucos eu começo a ficar feliz por isso, pois o que importa é a felicidade do meu irmão, e se ele escolheu a Jade, eu o apoio.
Agora vamos para a terceira e última etapa: praia.
...........
Assim que chegamos, procuramos um bom lugar para fazermos uma fogueira e nos sentamos — em cima de algumas toalhas, que havíamos trazido dentro de uma bolsa, para não sujarmos nossos vestidos — ao redor dela.
— Você pode me emprestar o seu violão, Miguel? — Ben pergunta, já que o mesmo estava sentado ao seu lado, e logo prossegue, rápido, pensando na possibilidade de o Miguel não deixar ele tocar em seu violão. — Eu gostaria de cantar uma música — coça sua nuca ao mesmo tempo em que dar um meio sorriso.
Miguel olha para ele já suspeitando do que seja essa música que ele quer cantar; eu tenho total certeza que todos olharam para o meu irmão e a Jade, juntinhos, até mesmo o Raul. Como será que ele reagiu a isso, será que surpreso ao ver essa cena ou ele já esperava que isso mais cedo ou mais tarde iria acontecer?
— Claro, toma aí — sou distraída de meus pensamentos quando escuto a voz do Miguel, e vejo que o mesmo entrega o seu violão para o meu irmão, do qual imediatamente alarga o seu sorriso, parecendo que havia ganhado na loteria (ou talvez ele esteja mesmo se sentindo assim, que ganhou algo até mais precioso que dinheiro) e fica dedilhando algumas notas no violão, até que segundos depois, ele começa a cantar.
— Talvez... tenha sido um beijo e nada mais, mas eu fiquei assim... talvez... o teu perfume não me deixa em paz, você ficou em mim.
Seus olhos estão fechados, como se estivesse se lembrando de alguma coisa, e eu acho que até sei o que é.
— Porque eu só penso em você, preciso te encontrar, mais uma vez te ver, eu quero tanto te falar, atende que sou eu... me apaixonei.
Seu sorriso toma forma em seu rosto e aos poucos ele vai abrindo os olhos.
— Ah! Diz pra mim, tudo aquilo que eu preciso ouvir da sua voz... Ah! Ah! Diz pra mim, que você também andou pensando em nós... — seus olhares se dirigem a uma só pessoa; a pessoa que roubou o seu coração, e tanto eu como ele sabemos disso. Ele prossegue: — que você também andou pensando em nós... — como se entendesse o que ele queria dizer nessa música, a Jade faz que sim com a cabeça e é só então, ao olhar em seus olhos, que eu os vejo cheios de lágrimas, não derramadas. Ela estava se segurando para não chorar, aqui.
Conseguido fazer com que a Jade se emocionasse, ele logo a puxa para os seus braços e devolve o violão que estava em cima de suas pernas, para o verdadeiro dono, do qual instantaneamente, começa a cantar uma outra música.
— Demorei muito pra te encontrar, agora eu quero só você — Miguel vira o seu rosto de encontro a mim, e pisca um de seus olhos.
— Teu jeito todo especial de ser, eu fico louco com você — continuo dando uma risada por conta disso.
— Te abraço e sinto coisas que eu não sei dizer, só sinto com você — Jade continua, com o seu corpo colado no meu irmão, por conta de estarem abraçados.
— Meu pensamento voa de encontro ao teu, será que é sonho meu — Ben começa a fazer carinho em seu cabelo.
— Tava cansado de me preocupar, quantas vezes eu dancei — Cauã parece olhar ao longe.
— E tantas vezes que eu só fiquei, chorei, chorei — Raul continua cantando baixinho.
Dava para ver que ele já esperava pela a Jade e o Ben, juntos, mas ao ver eles dois assim, mais perto, deve estar mexendo com todas as suas emoções e sentimentos.
— Agora eu quero ir fundo lá na emoção, mexer teu coração — Cecília sorrir ao cantar essa parte para o Otávio.
— Salta comigo alto e todo mundo vê, que eu quero só você — Otávio também sorrir para a sua amada.
— Eu quero só você... só você... eu quero só você... só você... — cantamos todo mundo juntos para finalizar a música, cada um dizendo para a pessoa que gostava.
Demos um tempo, por agora, de cantar qualquer outra música para só ficarmos conversando, até que pôr fim cada um quis voltar para a casa; primeiro foi a Cecília com o Otávio. Logo em seguida a Jade com o Ben, o Cauã e o Raul. Restando assim, na praia, só eu e o Miguel. Um dos três casais, apaixonados.
Estávamos deitados em cima das toalhas, eu olhando para as estrelas, vendo que hoje o céu está até mais iluminado do que ontem, quando o Miguel aproxima o seu rosto do meu pescoço, que rapidamente me trazem arrepios, quando ele o beija, e é quando eu deixo de olhar para as estrelas, para ver qual vai ser o seu próximo passo. Até que segundos depois eu percebo que ele deixa o meu pescoço para ir em direção a minha orelha, do qual fala algo, sussurrando, como se tivessem mais pessoas ao nosso redor e que elas pudessem nos ouvir.
— Flávia, eu quero te dizer uma coisa.
— O que é? — Viro meu rosto para que eu pudesse encara-lo. Essa sua frase me soou tão séria, não sei porque.
Ele olha para mim, por longos segundos, que eu até penso que ele vai desistir de falar o que quer que ele fosse me dizer agora, só que quando vou ver; sua mão se enlaça a minha, sua expressão muda para uma mais feliz e os seus olhos começam a brilhar.
— Eu sempre tive esse sonho, de que quando eu terminasse a faculdade, eu já estivesse noivo ou casado. Mas eu acho que para se estar casado é muito cedo, então só me resta estar noivo — começa a rir, mas não por muito tempo, já que fica sério novamente. E eu espero por mais. Ele respira fundo, e a sua mão que antes estava presa a minha, se solta e ele a leva para o meu rosto, onde alisa para cima e para baixo e eu fecho os meus olhos para receber esse carinho, até que ele continua. — Você aceita ser a minha noiva daqui a dois anos e meio, quando eu terminar a faculdade? — Meus olhos se abrem devido as suas palavras e vejo que em seus olhos, ele esperava por uma resposta; "sim" ou "não".
— Claro que eu aceito! — Aproximo seu rosto do meu, com as minhas mãos, e começo a lhe beijar, ele aproveita por alguns minutos, só que depois se afasta de mim, e eu não entendo o porquê disso.
— E depois a gente se casaria... — diz com os seus lábios ainda tocando os meus — você prefere na igreja ou na praia? — Agora ele se afasta ainda mais de mim, e de meus lábios.
— Na praia — minha resposta é imediata, já que eu quero provar dos seus lábios novamente. Só que mesmo respondendo rápido desse jeito eu tinha consciência do que estava falando; eu amo praia e se meu casamento for nesse lugar, então será perfeito.
— E possivelmente depois de um ano de casados, a gente pensaria em ter os nossos filhos — ele de algum jeito, que eu não sei como, fica em cima de mim, com as suas mãos ao lado da minha cabeça. E eu sinceramente adorei o ver assim. — Você quer ter quantos filhos? Um, dois...?
Quem consegue raciocinar com a pessoa que você gosta em cima de você? Tenho certeza que ninguém.
— D-dois, eu quero ter dois filhos — balança a cabeça com a minha resposta.
— Ok... eu preciso anotar essas coisas — começa a rir — estou tendo muitas ideias — junto a minha risada com a sua.
E sem nos dar conta, percebemos que já estávamos fazendo planos para o futuro. O nosso futuro.
— Eu também preciso te dizer uma coisa — minha mão vai a caminho de seu rosto, e eu o toco com a ponta dos dedos. Ele logo cessa a sua risada e eu tenho a sua atenção completamente em mim.
Essa seria a hora perfeita para isso. Depois de tanto tempo guardando só para mim, enfim encontrei o momento certo para compartilhar isso com ele.
— O que é? — Também faz a minha mesma pergunta que eu havia feito a ele, minutos atrás.
— Eu te amo — solto de uma vez, e sem lhe dar tempo para responder qualquer coisa, puxo o seu rosto, com a minha mão que já estava lá, e logo tomo os seus lábios, provando do seu sabor.
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