Mulher de branco que vens
Com teu véu arrastando o chão
Tu que arrancas-te a alma de um corpo
E que queres levar meu coração

Tu que não entendes a vida
Ou a dor que a morte espalha
Tu que só conheces o fim
Da vida que te calha

Esse foíce que tu trazes
O tempo inteiro contigo
Carrega o peso das almas
Foiçadas pelo destino

Esse destino cruel
A que tu as impingiste
É tão amargo e azedo
Que tu ao menos sentiste

Não te colocarei flores
Ou te farei um altar
És impiedosa, Santa Morte
Essas mortes fazem chorar

Mas não a ti, Santa Morte
Para ti é profissão
És cumpridora do que fazes
Não tens sequer emoção

Para ti um nome riscado na lista,
É menos um item a fazer
Quero ser a última,
Mas eu sei que não vou ser

Pois só tu és imortal
E por muito que te evite
Na hora final
Tu virás sem convite