𝓟𝓻𝓸𝓵𝓸𝓰𝓸
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Camila Cabello
13 anos
Point of view
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9 anos atrás
Sayulita, México
─ Você promete nunca me abandonar? ─ Pergunto segurando em suas mãos, enquanto estávamos sentadas em nosso quarto, ela sorri e acaricia meus cabelos que estavam em um perfeito rabo de cavalo no alto da minha cabeça.
─ Claro que prometo, Karla. Somos irmãs e eu jamais iria te deixar só. ─ Sofia diz com um sorriso brilhante entre seus lábios vermelhos sangue. Sua maquiagem pesada a fazia parecer ser bem mais velha do que é.
Sofia Isabella, uma garota de dezessete anos que se vestia de forma quase vulgar, com saltos altos e saias curtas. Seus cabelos castanhos um pouco mais claros que os meus chegavam ao seu cotovelo, ela tinha um sorriso tão lindo e eram perfeitamente alinhados e brilhantes. Sofia era conhecida em Sayulita pelas suas curvas acentuadas e bem desenhadas. Papai ficava uma pilha de nervos atrás de Sofia, com garotos e festas depois da meia noite, já podíamos ver os cabelos brancos de meu pai aparecerem no meio dos fios negros. A idade estava chegando para o papai e isso me preocupava.
Eu não era uma garota que acreditava em melhores amigos ou parentes próximos, as pessoas que eu tinha eram apenas meus pais e minha irmã. Depois de perder minha bisavó, uma das mulheres que eu mais amava no mundo e foi passada pra trás por um maldito câncer. Ela foi embora mas me deixou lembranças, seu sorriso e seus olhos azuis sempre aparecem em minha mente, assim como todas as broncas que me dava por eu correr pela casa. Não gosto nem um pouco de me sentir vulnerável dessa forma, todos um dia irão embora e quanto mais gente eu deixar entrar, mais pessoas podem ir embora. Com a idade de meu pai chegando e as dores nas costas da minha mãe começando a se revelar aos poucos, esse medo apenas cresce mais ainda. Sei que poderei contar com a minha irmã para tudo, mesmo depois que todos se forem, sei que ela estará lá para segurar na minha mão e cuidar de mim, como uma boa irmã cuidaria.
─ Vamos meninas, peguem as caixas do quarto e as levem para baixo. ─ Minha mãe diz com seu belo sotaque latino passando na frente do meu quarto com duas caixas grandes, a debaixo escrita " roupas de cama" e a de cima dizia "travesseiros".
Além de ter esse grande receio de perder as pessoas que eu amo, meus pais estão dispostos a mudarem mais uma vez. Deixamos Cuba e vinhemos para o México quando eu ainda tinha oito anos, meus pais decidiram que poderíamos ter algo melhor em outro lugar e o escolhido foi o México, país de origem de meu pai. Os meus avós tinham a casa e estavam prestes a alugar antes de chegarmos, mas assim que meu pai fez a ligação dando a notícia da nossa mudança, a casa era nossa.
Meu pai, Alejandro, trabalha como chefe de cozinha em uma loja de comida perto da praia. Ele trabalha com o que gosta, adora cozinhar e acaba sendo melhor na cozinha do que minha mãe que também fazia pratos incríveis. Minha mãe, Sinuhe, se formou em arquitetura mas nunca conseguiu atuar na sua área de formação. Ela trabalha como babá de algumas crianças da vizinhança e eu adoro o seu emprego, depois da escola sempre encontro com alguma criança e acabamos brincando de boneca ou até assistimos algo até os pais deles chegarem.
Não tenho uma melhor amiga, apenas minha irmã. Eu não sou muito de fazer amizades e gosto sempre de ficar na minha com o meus livros no meu quarto, alguns dizem que eu sou uma doente por não sair e brincar na rua mesmo tendo a permissão dos meus pais. Ao contrário da minha irmã, que adora estar cercada de pessoas e adora uma atenção extra. Deve ser coisa de adolescentes, um dia posso me tornar assim como uma adolescente que apenas quer curtir a juventude que como tanto dizem, passa em um sopro.
─ Vem, Karla. Precisamos sair daqui alguns minutos. ─ Sofia diz ao se levantar da cadeira que havia sobrado em nosso quarto. Ele estava tão vazio, aparentava ser maior do que realmente era, as prateleiras dos meus livros, agora vazias, a penteadeira de Sofia que vivia bagunçada e suja agora está com a sua cor branca original e nem um batom vermelho foi deixado para trás. Assim que Sofia saiu do quarto tive uma sensação de querer ficar por mais tempo, aquele era o meu lar e iríamos embora para um lugar onde não conhecemos ninguém.
O sul de Miami era o nosso próximo destino, eu não estava pronta para aquilo e milhares de vozes gritavam para que eu ficasse, me diziam que algo nada bom se aproximava, talvez o dono do restaurante que ofereceu o emprego para o meu pai poderia mudar de ideia e nos mandasse de volta para o México. E já era tarde para voltar, meus pais venderam a casa semana passada e uma nova família virá para cá pela manhã.
Pego as caixas que restaram no meu quarto e desço as escadas com cuidado, também sou conhecida por destrambelhada, por sempre estar caindo e tropeçando em meus próprios pés. Acho que era algo normal quando eu tinha quatro anos mas agora, é vergonhoso. Lembro do meu primeiro dia na escola de Sayulita, tinha mais de trinta alunos na sala e eu cai, sem motivo algum indo para o meu lugar, lembro das minhas pernas estarem tremendo, minha mente repetia sempre a mesma coisa "não caia" e eu tropecei nos meus próprios pés. Quebrei meu óculos de grau nesse dia.
─ Querida, precisa de ajuda para descer? ─ Meu pai diz se aproximando de mim e pegando uma das minhas caixas e minha mochila amarela das minhas costas. ─ Divertido, não?
─ Não estou tão animada como eu esperava estar. Vou sentir saudades daqui papai. ─ Digo enquanto descemos as escadas da casa e a aquela sensação me invade novamente. ─ Não acha melhor pensarmos melhor dessa vez.
─ Meu anjo, você sabe que precisamos ir. Papai precisa desse emprego para que você se torne aquela artista famosa que você quer ser. ─ Ele diz com um sorriso no rosto enquanto olha para mim.
Eu sou louca por leitura e escrita, mas também acho incrível quem atua como, podem decorar tantas falas em tão pouco tempo, gostaria de saber desenhar ou ter alguma coragem de cantar em público. Mas ainda tenho esse sonho de ser alguma artista de sucesso, ganhar milhões e dar uma vida incrível para a minha família. Apesar de que eu saiba a realidade, é um sonho quase impossível.
─ Ambos sabemos a verdade sobre esse sonho. Mas estou torcendo por você papai, tenho certeza de que terá seu emprego como chefe. ─ Digo indo em direção ao Monza vermelho 1982 herdado pelo meu pai. Meu avô sempre me contava histórias diversas sobre esse carro, ele consegue ser mais velho que Sofia. E vem passando de geração em geração, dizem que no próximo ano será de Sofia e daqui cinco anos será meu.
Assim que entro naquele carro, no banco de trás, procuro o cinto de segurança menos gasto que eu costumo usar. Seguro o livro de "Harry Potter" entre minhas mãos e o abro tentando ao máximo enxergar as palavras escritas em cada página, apesar de ter lido tanto aqueles livros que me lembro de cada frase escrita naquelas páginas desgastadas. Viajo por "Harry Potter e a Pedra Filosofal", meu pai conversava com minha mãe que parecia estar sonolenta, não à julgo pelas respostas curtas, mamãe trabalhou muito em casa para adiantar tudo. Ela merece um descanso.
─ Papai, moraremos em um apartamento ou em uma casa? ─ Pergunto fechando o meu livro e o guardando em minha pequena mochila.
─ Provável que em um apartamento, mas precisaremos de uma casa para colocar tudo o que temos, não acha? ─ Ele responde, eu me animo com a ideia de ter duas casas e ele ri. Gosto de ouvir a risada dele, é alta e gostosa para os ouvidos. Conversamos até o momento em que eu pego no sono, papai dirige por vinte e duas horas até pararmos em uma pequena lanchonete.
Jantamos enquanto ele tira um cochilo rápido para que continuemos o trajeto. Eu dormi em parte do caminho mas, ainda continuo cansada, o banco do carro não é nada comparado ao meu colchão macio e minhas cobertas de cor azul, meu pescoço está dolorido e minhas costas também doem. Nossa consolação era de que apenas faltava quinze horas para chegar em Miami.
Volto as viagens de Harry Potter, espero que a Hogwarts Express seja mais confortável do que esses bancos horríveis. Não sou de reclamar das coisas, quase não me imponho contra as coisas, não me considero uma garota mimada, até porque nunca fui mimada pelos meus pais, tudo o que tenho fui eu quem consegui pelo meu esforço. Então não sou como as "nariz empinados" da minha antiga escola. Tento me concentrar ao máximo nas palavras do livro, escuto Sofia reclamar da demora e minha mãe começar a falar no telefone com a minha avó, meu pai continua calado, observo pelo retrovisor interno os seus olhos piscarem e lagrimejarem deixando bem claro de que papai estava cansado e o cochilo tirado mais cedo não foi o suficiente para que ele ficasse disposto para dirigir.
Uma luz branca invade o interior do carro, a luz vinha de algo parecido com um caminhão. Minha mãe solta um grito fino, Sofia se cala e meu pai tenta fazer com que as rodas do carro e suas mãos obedecessem seus comandos. A luz ficava ainda mais clara e se aproximava ainda mais.
─ Papai! ─ O chamo alto suficiente antes de sentir algo forte colidir contra o carro. É tudo isso que consigo dizer, a luz branca era a última coisa que havia visto antes do imenso preto e o som estridente da voz de minha mãe se repetir na minha cabeça. Mas tudo o que eu tinha era apenas um imenso nada negro e vazio.
p
ostei e saí correndo
─ Hey!!
Até que enfim Señorita está oficialmente no ar, eu estou super feliz pelo feito.
E a nossa saga começa aqui em uma grande tragedia, tadinha da Camila :((
Espero que estejam gostando,
Votem e comentem, señoritas, adoro a interação de vocês!!
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