Capítulo 86 II - As condições do resgate
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@nia_escarlate
A primeira coisa da qual eu fiz quando retomei a consciência foi colocar a mão na cabeça. Doía e queimava, eu abri os olhos após tocar em alguma coisa pegajosa. Era o meu próprio sangue, eu me levanto sentido dor na minha perna esquerda e acabo caindo no chão, mas minha mão fica presa e eu vejo que estou algemada na cama.
Eu tento puxar, mas a cama era pesada demais e acaba deixando o meu pulso avermelhado. As lembranças rapidamente vêm, me deixando zonza. Eu lembro do parque, de Valentina e James que são os meus... pais. De Felipe atirado em Valentina que é jogada no chão por James que toma o tiro caindo no chão.
Eu fecho os olhos repreendendo as lágrimas e torcendo para que ele esteja bem. Valentina estava em choque pressionando o ferimento e Felipe aproveitou para me tirar dali sem que eles percebessem para onde ele estava me levando.
Observo devagar o quarto com paredes cinzas descascadas, uma janela aberta bem ao fundo do quarto que era possível ver o céu de onde eu estava, isso só significava que eu estava de um lugar alto e fugir por ali não daria certo sem auxilio.
Só tinha a cama ali e uma cadeira perto da porta, sem outras mobílias, sem quadros, sem qualquer outra coisa além da cama e cadeira. Logo a porta pesada de madeira é aberta fazendo um ruido alto que me faz tampar os ouvidos.
— Que bom que acordou, fedelha...
A voz dele não me causava mais calafrios, me causava uma raiva explosiva, mas eu me mantive serena. O desespero alimentava ainda mais Felipe e eu não ia dar tão facilmente o que ele queria, seja lá o que fosse.
— Nós tínhamos um combinado...
— Disse bem, tínhamos — ele coloca cadeira próximo à onde estou. — Você não me disse sobre Isabel...
— Eu não sei do que está falando, ela está morta, você mesmo me disse isso.
— Me fez de idiota! — ele joga a cadeira na parede que se quebra toda e eu apenas fecho os olhos pelo impacto. — Você me fez procurar por uma mulher morta por causa de um câncer!
— Eu não sabia...
— Mentira.
— Eu juro que não sabia! Tínhamos um acordo sólido, por que acha que eu ia quebra-lo por uma Tia que eu nunca vi na vida?
— Mentirosa igual a sua mãe!
Meu rosto se vira ao ser golpeado por sua mão. Eu jogo os cabelos para trás com a minha mão livre e me levanto.
— Como soube que eu era o Felipe?
— Eu lembrei do dia do Aquário... De você perseguindo o meu pai e a mim... eu lembrei dos seus olhos e de quão medo e raiva eu senti.
Ele passa a mão pelo queixo, na sua barba já grande. Eu continuo respirando fundo, eu precisava manter essa versão, e esconder a qualquer custo a verdade. Eu sabia pelo seu olhar raivoso e frio que eu não sou mais tão importante. Ele vai me matar na primeira oportunidade, assim que descobrir o que quer.
— Eu lembro da sua cara assustada, você ficou com tanto medo que se mijou inteira. Porque é uma fraca...
— Eu era fraca. Uma criança inocente e que não tinha nada a ver com as loucuras dos adultos que me rodeavam. Isso só te torna mais perverso, maltratando e assustando criancinhas.
Outro tapa é deferido contra a minha face, eu solto uma risada e cuspo o sangue em seu rosto.
— Eu não tenho mais medo de você! Você é um merda e eu tenho pena de você. Pena.
Ele ia bater outra vez, mas uma sombra o faz olhar para trás. Ela Alyssa, eu sabia que ela estava por aqui, eu imaginei que ela agora não ia desgrudar dele.
— Acabei de descobrir que não somos irmãs, que pena.
— Do que ela está falando, pai? — Alyssa pergunta confusa.
— Oh Meu Deus, você não contou a ela titio?
— Cala a boca...
— Esse aqui, não é o Fábio. É o irmão merda dele...
Dessa vez ele me dar um soco e eu caio sentada na cama. Ele fica em cima de mim com as mãos no meu pescoço, me apertando. As veias de sua testa começaram a saltar, ele estava vermelho e eu arranhava o seu braço com as duas mãos mesmo uma delas estando presa.
— O que está fazendo, precisamos dela! — Alyssa o tira de cima de mim e eu só consigo rir.
Minha gargalhada soa alta e eles dois me olham.
— Você é um merda mesmo! — eu debocho da sua cara. — Você não consegue admitir que eu finalmente estou a um passo na sua frente.
Eu cuspo o sangue que restava na minha boca e arrumo o cabelo abrindo um sorriso, o mais falso e destemido que eu conseguia dar no momento.
— Agora que já descontou um pouco da sua raiva, vamos concentrar no que importa — ele me encarava com ainda mais raiva. — Eu sou quem precisa, e também sei onde estão os diários que tanto quer. Mas se encostar o dedo em mim novamente, eu não falo mesmo que me torture. Agora me solta.
Eu balanço a mão que estava um pouco machucada. Alyssa olha pra Felipe que apenas concorda e vira as costas passando a mão pelos cabelos nervosamente. Depois que ela me solta eu aperto o meu pulso dolorido e encaro suas costas.
— Sou eu quem tem as informações, mas ninguém sabe. Eu garanti isso. Então se me machucar, nunca vai colocar as mãos sujas nele.
— Vadia...
— Obrigada pelo elogio. Estou com fome, e me traz também uma caixa de curativos.
Ele me encara e até dar um passo na minha direção, mas recua saindo. Não antes de dizer para Alyssa providenciar tudo e não tirar os olhos de mim.
— Você é burra ou o que? — eu pergunto a ela assim que eu alcanço a porta. — Você é só mais uma peça no jogo sórdido dele, o que ainda está fazendo ao lado dele?
— Não me venha com esse papinho, Antonella. Sou tão necessária quanto você.
— Você viu o que ele faz com pessoas que acham necessárias né?
— Ele nunca encostaria o dedo em mim...
— Ele ainda não fez, mas vai fazer. É da natureza dele. Espero que esteja preparada para a apunhalada que vai tomar nas costas do seu papaizinho.
Eu me sento na cama e ela me observa e diz que vai buscar as coisas. Assim que ela sai eu fecho os olhos repreendendo as lágrimas de caírem. Meu corpo doía, minha perna doía, meu pescoço e o meu pulso doía. Mas eu precisava fingir que era tão durona quanto ele.
Até eu consegui fugir daqui. Que não podia demorar tanto.
Eu olho para o meu pulso, Felipe tinha tirado o relógio que Bernardo tinha me dado. Eu suspiro vendo que tudo mudou. Eu estava bem ao seu lado, o amando sem nenhuma amarra. Eu toco a minha barriga, eu ainda posso estar grávida e com Felipe sendo agressivo desse jeito eu posso... o perdê-lo.
Precisava fugir, o mais rápido possível.
***
Depois que Alyssa trouxe tudo que eu pedi e eu comi e me limpei. Eles me trancaram no quarto e era impossível fugir pela janela. Comecei a andar de um lado para o outro, eu precisava sair dali, mas não conseguia pensar em nada.
A única forma de sair dali era se Alyssa acordasse desse sonho de princesa e me ajudasse. Mas como? Não tinha nenhuma maneira de isso acontecer sem que Felipe a traísse, ou a machucasse.
Quando anoiteceu, Felipe retornou ao quarto visivelmente mais controlado, mas ele era como uma bomba. Qualquer mínima perturbação explodiria.
O bom é que ele sabia que eu não o temia mais, ao menos mostrei isso de uma maneira bem convincente. Vai levar uns dias para que essa farsa se disfarça e estou contanto que ou eu saia antes ou alguém me tire daqui.
— Vou te dar uma única chance de me dizer a verdade.
Eu encarei seus olhos, querendo ou não eu saber de coisas que ele provavelmente não sabia, o incomodava. Tudo que eu tinha que fazer era continuar um passo à sua frente.
— Vou te dizer tudo que eu sei, porém tenho certeza que o pouco que eu sei, você também sabe. Esse era o nosso acordo.
— Você é tão mentirosa quanto sua mãe...
— Quando descobriu isso? — eu o questiono, mesmo essa história não me agradando, era tudo que eu tinha no momento para o enrolar.
— Eu tenho um informante muito bem informado. Ele me contou e eu só usei na hora certa.
Eu fico em silêncio, não me interessava quem tinha o dito. Só que Valentina escondeu isso de mim, isso me magoava, me machucava.
— Antônia estar viva.
Eu me fiz cara de raiva, eu precisava explodir como os velhos tempos. Eu precisava protegê-la. E eu ia.
— Não... Eu a vi morrer! Ela morreu nos meus braços porque você a matou!
Eu ia avançar para cima dele, mas ele me trava pelos ombros me segurando firme.
— Ela está sim viva!
— É mentira sua! Não bastou o que fez? De como a machucou e a matou? Ainda precisa me ferir com isso?
— Eu não a matei...
— Você só está se sentindo culpado! Você a matou, Felipe. Você a matou. Você não vai violar a imagem da minha mãe, não vai!
Ele se levanta nervoso, então eu tinha sido convincente. Menos mal.
Ele pega o celular no bolso, eu acompanho os seus movimentos e ele disca um número e se vira para me encarar. Eu o olhava confusa, até ele dizer o nome.
— Olá, genro. Vamos negociar o resgate agora?
Eu sentia todo o meu corpo pálido. Ele abre um sorriso tenebroso para mim. Ele vem caminhando na minha direção, ele agarra o meu cabelo forte.
— Fala alguma coisa, querida.
Eu o encaro, eu sentia os meus olhos cheios de lágrimas ao ouvir a voz de Bernardo ao celular quando Felipe coloca no meu ouvido o aparelho.
— Meu amor, me diz por favor que você está bem?
— Eu to bem. Não faz nada que ele...
Ele me empurra e eu caio derrubando a bandeja que Alyssa me trouxa a comida.
— Se você encostar em um filho de cabelo dela seu filho...
— Deixe os elogios para o dia do resgate, genro — ele diz frio e pressiona o meu machucado da perna com sua bota e eu grito de dor. — Vamos negociar agora ou você quer ouvir ela sofrer mais?
— O que você quer? — eu ouvia a voz brava dele.
— É até simples. Me traga Antônia que eu devolvo a Antonella. Me enrola e eu a machuco. E você viu como eu não meço esforço quando o assunto é machuca-la.
— É impossível trazer uma pessoa morta...
— Boa tentativa, mas eu sei que ela está viva. E eu vou te dar um mês. Se não me trazer Antônia, vou começar a te ligar com os gritos de dor dela. Já ia me esquecendo, aquele gps, foi uma boa ideia. Mas eu sou mais esperto. E nem adianta rastrear a chamada, vamos sair desse... local, ainda hoje. Faça o que eu mandei, sem gracinhas e todos saíram felizes nessa situação.
Ele desliga antes mesmo de ouvir a resposta de Bernardo. Eu me levanto tentando correr para a porta, mas ele me pega pelo braço e me empurra pra a parede forçando meu rosto contra a parede fria.
— Se tentar me controlar de novo, eu mato a Ananda — ele ameaça.
Eu me mexo novamente, me debatendo e ele pressiona ainda mais o meu rosto contra a parede.
— Se ousar mentir para mim de novo, eu mato a Valentina. E se tentar fugir, vou adorar machucar o seu amado na sua frente. Estamos entendidos, fedelha?
Eu rosno com raiva e ele agarra firme o meu pescoço.
— Você entendeu, Antonella?
— Entendi.
Ele me larga e ajeita a jaqueta.
— Que bom que conversamos, filha. Não ia gostar de mudar os meus planos só para te colocar na linha de novo. Agora vamos, estamos de saída.
— Para onde?
— Um lugar bem mais seguro que esse até que o dia do resgate aconteça. Agora vamos, teremos uma longa viagem de família. Eu, você e Alyssa.
Ele me empurra em direção a porta, eu respiro fundo. Ele estava blefando, eu sabia bem disso, mas não colocaria a vida de ninguém em risco. Eu ia escapar sozinha, eu ia tentar até conseguir.
Não Revisado.
Será que Antonella vai consegui fugir sozinha?
A tensão só aumenta.
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