Capitulo 51 III - Baile luxuoso
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Sinto que tudo saiu o meu controle. Eu deveria mesmo ter ido embora. Ficar só deixa ainda mais Ella confusa e sufocada em seus sentimentos. Ainda estou me arriscando. Se eles descobrir que eu voltei, que me aproximei dela novamente...
As palavras de Antonella machucaram. Tentei ignorar, tentei fingir que não havia escutado, mas ela falou em alto bom tom. Eu sou a coleira do espírito livre dela? E depois de tudo aquilo, todas as mágoas que estão presente entre nós dois, que não nos deixa andar para lado algum. Ela ainda me deu um tapa.
Um tapa pesado, forte, mas não foi isso que machucou. Foi a atitude que ela teve. Ela preferiu me afastar, invés de se entregar ao sentimento que eu sei que ainda há nela, porque ainda há em mim. A Ella que eu conheci não faria isso, mas é errado me manter apegado a Antonella do passado.
Eu não posso me descuidar com minhas inseguranças. Vim aqui com um objetivo claro, não posso deixar que isso mude.
Ela está diferente e não há dúvidas. Bem mais louquinha do que antes, admito, mas está com um diferencial. Não sei explicar como é a nova Ella. Mas estou feliz, em partes ela está no caminho certo. Mas ela não evoluiu, ainda tem os mesmos medos de antes.
É difícil ver que um de nós ainda é acorrentado a algo no passado que doi. Todo o meu tempo no exército, me ensinou inúmeras coisas. Tanto antes quanto depois do acidente que me fez escolher a terapia.
Eu quero que Ella se liberte de toda sua dor. Porque isso é a única coisa que a impede de ser ela mesma, ou de seguir em frente ou somente virar a próxima página com facilidade.
Não dúvidas que a amo. Eu nunca parei de pensar nela, de amar ela. Eu me agarrei as memorias que tinha com ela para me manter vivo. Aquele lugar tira todos os sentimentos, deixa todas as memórias distorcidas. Você fica frio, rude, seco... Mas toda a minha história com ela era clara e eu sentia que um dia voltaria para ela, eu precisava voltar.
Coloco uma das mãos no bolso da calça social, a outra no copo de whisky que não bebi até agora. Fico rodando a bebida com o gelo já quase inexistente, apenas esperando.
— Não vai beber? — Ananda me pergunta, enquanto bebe sua água.
Eu encaro minha irmã. Ela sorrir doce para mim, seus cabelos escuros estão presos em um coque bem arrumado. Seu vestido é delicado como ela, na cor verde que deixa seus olhos ainda mais iluminados.
— Estou sem vontade. — Eu digo olhando em seus olhos azuis. — Acho que vou pro quatro e amanhã de manhã vou embora...
— Você precisa ficar. Você e Antonella precisam conversar, se resolverem. — Ela diz com o semblante triste e preocupado.
Eu queria dizer a ela, novamente, que sinto muito por te a abandonado. Mas as palavras simplesmente não saiem. Ananda é uma das melhores pessoas em minha vida. Eu a amo como irmã de verdade, nunca senti a diferença que Gina gosta de impor.
Tomei pra mim o dever de proteger aquele ser indefeso, aquele bebê tão calmo com olhos suaves e doces. E aquele amor de irmão nasceu sem minha percepção. Quando eu vi eu era o maior defensor de Ananda, sinto que ainda há muita mágoa da parte dela, e eu entendo.
— Ela não quer conversar Ananda, muito menos se resolver. — Eu digo a ela me levantando. — Ela nem apareceu. — Eu digo frustrado virando de uma vez só todo o líquido do copo.
— Falou cedo demais. — Ananda diz apontando para o topo da escada.
Me viro para onde Ananda aponta. Meus olhos simplesmente não querem piscar para não perder esse momento. Ela está com os cabelos soltos jogados para seu ombro direito. Veste um vestido longo, vermelho e que diz bem qual é a personalidade de Antonella.
Ela hipnotiza a todos enquanto desce suavemente as escadas. Meu corpo anda, sem minha permissão. Eu paro no final da escada, ignorando todos os flash das câmeras. Quando ela me ver, abre um sorriso.
— Você está linda. — Eu digo sorrindo cordialmente.
— Eu sei. — Ela solta um risinho. — Você também está lindo. — Ela pisca para mim que solto uma risada.
Eu ofereço a minha mão quando ela chega no último degrau. Ela pega minha mãe, apertando suavemente. Meus olhos brilham para os dela que estão radiantes também. Eu a conduzo para o salão de dança. Uma música romântica começa a tocar pela sanfonia ali presente.
Uma das minhas mãos agarram as dela, enquanto a outra prende o seu corpo ao meu pelas costas. Ela solta um risinho baixo, surpreendida e deixa que eu a conduzo, segura firme a minha mão enquanto a outra fica livre para ela movimentar como quiser.
Começo a nos guiar pela melodia. Encaro seus olhos amendoados, que estão encarando os meus suavemente. Ela abre um sorriso, e eu sorrio para ela também. Eu a rodo, ouvindo sua risada que arrepia todo o meu corpo. Ela volta para mim, colocando agora as mãos em meu pescoço, enquanto eu seguro sua cintura.
— Lembra quando fomos rei e rainha do baile da escola? — Eu pergunto a ela e seu sorriso cresce ainda mais.
— Foi naquele dia que...
— Nos amamos. — Eu digo pra ela que fica vermelha.
— Aquele dia foi tão incrível. — Ela diz com lágrimas nos olhos. — Queria tanto que o tempo não tivesse nos alcançado. — Ela diz triste e eu abro um sorriso.
— Podemos viver tudo isso ainda, Ella. —Eu digo a ela que me encara. — Eu... sinto muito por não ter voltado. — Eu digo a ela com sinceridade. — Fiquei com medo que tivesse me esquecido...
— Eu nunca esqueci você. — Ela diz abrindo um sorriso tão lindo.
Eu paro de nos guiar pela música. Ela me encara confusa. Eu a afasto um pouco para oferecer minhas mãos para ela, igualzinho fiz naquele dia.
— Só me deixa te guiar, Ella.
— Eu...
— Você confia em mim? — Eu pergunto ainda com as mãos estendidas e com um sentimento de esperança que não cabe no peito.
Ela olha para as minhas mãos, e suavemente coloca as dela sobre as minhas sussurrando a resposta que aquece o meu coração. Eu abro um sorriso e a puxo pro lado de fora. Eu me lembro perfeitamente bem, de tudo que aconteceu na noite em que entreguei meu coração para Ella. E hoje não estava sendo diferente.
Estava caindo uma chuva forte, ela para um pouco na porta, olhando a chuva cair. Não podia ser coincidência, porque naquele dia também chovia muito.
— Só se permite sentir, Ella. — Eu digo olhando em seus olhos.
Ela concorda com a cabeça e descemos os degraus de trás da casa que dava ao jardim e fomos correndo, nos molhando no processo. A risada de Antonella era alta, divertida e feliz. Eu a rodopio na chuva, enquanto admiro o seu sorriso.
Eu vou a puxando para chegar onde tem cobertura, é uma casinha enfeitada, onde tem alguns equipamentos de jardinagem guardados. Ela olha para mim, esperando que eu fale algo, eu vou até a porta, fecho e respiro fundo.
— Você queria saber o porquê que eu voltei... — Eu começo sentindo todo o meu nervosismo correr pelo corpo.
— Antes, deixa eu falar. — Ela pede, se aproximando de mim com um sorriso fraco. — Eu sinto muito com o que eu te disse. Tudo está tão confuso... Eu me sinto acorrentada ao escuro, e isso dói demais. Não era para ter falado com aquelas palavras, em tom de ironia... Me desculpe. — Ela diz, respirando fundo com lágrimas nos olhos.
— Tá tudo bem, Ella. — Eu digo a abraçando.
Sua cabeça repousa no meu peito, minhas mãos acariciam suavemente suas costas. Ela chora baixinho, mas ainda consigo escutar. Eu sempre escuto.
— Não precisa dizer se não quiser, Gabriel. — Ela diz voltando ao assunto tentando ignorar a curiosidade.
Seus olhos encaram os meus, ainda agarrada a mim. Eles dizem tudo. Ela quer mesmo saber, ela quer perguntar, mas acha que não cabe a ela.
— Eu não sei se quero saber. — Ela diz por fim se agarrando ainda mais em mim, escondendo o rosto na única parte seca que tem na minha roupa.
— Depois que eu me recuperei, fui apresentado a um homem do governo. — Eu digo e ela me encara, se afastando um pouco, mas ainda agarrada a mim. — Ele me deu uma proposta, e eu aceitei. — Eu digo, sabendo que não posso dizer mais do que isso.
— Que proposta? — Ela pergunta e eu respiro fundo.
— Eu não posso dizer. — Eu digo a ela que solta um risinho debochado e sai dos meus braços.
Sinto um vazio, um frio quando seu corpo sai de perto do meu. Mas, infelizmente eu não posso falar muita coisa sem a envolver e tudo que eu estou fazendo é para não envolver ela.
— É claro que não. — Ela diz passando por mim, e eu preciso que ela para, então eu falo.
— É sobre Fábio e Hugo. — Eu digo a fazendo parar.
Ela pensa um pouco, talvez absorvendo a informação. Ela se vira para me olhar com o semblante preocupado.
— Eles são perigosos, Gabriel! — Ela diz alarmada. — Se está fazendo isso por mim...
— Eles estão ferindo mais pessoas, Ella. Se alguém pode fazer eles pararem, sou eu. — Eu digo a ela que ainda está assustada. — Fábio me feriu, feriu a Ananda... Não estou fazendo isso só por você.
Eu já estou decidido. Já venho investigando eles dois a um bom tempo. Fábio me mandou um recado, dizendo que se eu não pararem, ele ia me fazer parar. Machucou Ella novamente por causa disso, e eu me sinto culpado. Porém não vou recuar agora, e então resolvi voltar.
Eu posso proteger Ella. Ela é o alvo dos dois, eu sinto que é e não vou deixar que nada mais aconteça a ela. Eu fiz essa promessa e não vou recuar.
— Vejo que já está decidido...
— Sim, estou. — Eu digo a ela que envolve os braços um no outro.
— Você pode... morrer! Eu não consigo nem imaginar sentir tudo aquilo novamente...
— Ei... — Eu digo a envolvendo nos meus braços enquanto ela chora. — Eu vou ficar bem, Ella...
— Você não pode me garantir isso! — Ela diz tentando me empurrar, mas eu seguro o seu corpo mais forte.
— Eu sei que não. Mas eu sou cuidadoso. Fui treinado para isso, tenho uma equipe, planejamento, dias certos para agir... Não estou indo atrás de vingança, Antonella. — Eu digo a ela que me encara com os olhos opacos.
— Quanto tempo?
Eu sabia muito bem do que ela estava falando. Eu suspiro me afastando um pouco dela. Passo a mão pelos cabelos molhados, fechando os olhos sentindo que não deveria falar.
— Quanto tempo você pode ficar? — Ela volta a perguntar.
Eu sinto ela atrás de mim, sinto o calor do seu corpo e me viro para encara-la.
— Três meses. — Eu digo e ela fica estática, sem mexer um músculos.
— Três meses... — Ela repete tentando se conformar.
— Eu ia embora no hospital, antes mesmo que você acordasse... Mas eu sentia que te devia um adeus decente. — Eu digo a ela enquanto me aproximo. — Nossa relação merece um adeus decente, Antonella. — Eu digo puxando o seu queixo para cima, para ela me observar bem. — Eu não ia conseguir ficar bem sabendo que você sente esperanças que eu volte e que tudo fique tão bem quanto era antes. — Eu digo a ela enquanto ela chora silenciosamente.
— Eu...
— Eu quero te ajudar. Te ajudar a se curar, e quando você estiver nos trilhos certos, eu vou embora. Satisfeito, sabendo que terminamos bem. — Eu digo e ela abre um sorriso diferente.
— Então você voltou mesmo por mim? — Ela diz com a voz embargada.
— Eu sempre voltaria por você, Ella.
Eu acaricio o seu rosto, enquanto ela fecha os olhos para sentir o meu toque. Em volta dos seus olhos e seu nariz estão avermelhados pelo choro. Eu beijo cada um de seus olhos, enquanto ela rir. Eu desço minhas mãos para as laterais do seu pescoço, e beijo o seu nariz.
Seus olhos se abrem. O brilho neles é lindo. Eu encaro a sua boca avermelhada, e volto a encarar seus olhos. Nossas respiração entram num ritmo tranquilo. Eu me aproximo dela, sentindo todos os sentimentos que já tivemos.
Toda a nossa história passa por minha mente quando nossos lábios se encostam. Eu seguro de leve seu pescoço, me aproximando mais dela enquanto todo o ar fica leve, levando embora toda a nossa mágoa e tristeza, deixando apenas o nosso amor.
Nossas línguas se encostam devagar, sem nenhuma pressa. Sei que só temos três meses, mas parece que temos todo o tempo do mundo.
Suas mãos vão para o meu peito, ela procura o meu coração como sempre fazia. Ela dizia que gostava se sentir como o meu coração reagia a ela.
Nos separamos bem devagar, ela ainda tá com os olhos fechados. Ela abre um sorriso e quando seus olhos se abrem eles também estão sorrindo e eu sorrio também.
Porque ela foi e ainda é a maior felicidade que eu já tive em toda a minha vida.
Não revisado.
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