09 | antes | idiota
BOSTON, USA
METADE DA PRIMAVERA
Movo o guidão entre meus dedos, trocando a marcha, acelero. As luzes de Boston passam como borrões por mim, assim como os carros e as pessoas, apenas os semáforos me detém.
Meu caminho era certo, meu destino era mais definido ainda. Após passar seis dias longe daquela pele clara, cabelos de amêndoas, aroma de flores, me sentia como um viciado perto de tomar seu primeiro copo de cerveja após dias de abstinência. O motor rangia como um canto para os meus ouvidos, enquanto o capacete protegia a minha cabeça, meu coração galopava ansioso diante da diminuição da distância.
Aqueles lábios não saiam da minha mente.
Seus beijos inquietavam minha boca.
Seu aroma após gozar ainda estava intacto em minhas memórias.
O calor da sua pele ainda queimava em na minha.
Como eu necessitava aquela mulher. Eu a necessitava mais do que deveria. Por mais vezes que poderia. Jamais havia me sentido daquela forma. Mas não conseguia mais ignorar aquela sensação, aquele sentimento que cresceu com os últimos dias distante só trocando mensagem: aquela mulher jamais poderia sair da minha vida.
Como um soro vital para minha sobrevivência a necessitava, a ansiava. E estava ficando maluco. Louco. Perdendo a razão, o controle dos meus próprios pensamentos, porque na maior parte do dia me pegava pensando nela.
E sabe o que foi mais torturante em toda essa distância? Ficar três dias sem notícias suas.
Três malditos dia sem uma mensagem.
Três malditos dias que passavam como o andar de uma tartaruga.
Três dias que tive minha sanidade testada.
Só mais uma quadra
Penso, virando a última esquina do meu destino final. E finalmente poder envolve-la em meus braços, drenar tudo o que seus lábios tinham para me dar. E talvez espalhar aquele corpo perfeito em alguma cama.
O ronco da Dyna diminui, silenciosa como uma amante preste a fazer uma surpresa, ela percorre os metros distantes em direção a um beco iluminado e largo. A saída dos fundos do Leminski. Normalmente Lennon saia por ali nas noites de trabalho.
Dyna para. Não desligo o motor, apoio um dos meus pés contra o asfalto. E encaro o espaço retangular. Como um espectador involuntário encaro um casal que conversa proximamente. O homem é alto, magro, cabelos bem aparados e seu corpo oculta o da moça logo atrás de si.
Ela gesticula mais do que o normal, indicando que a conversa era agitada. Meus tímpanos curiosos ignoram os murmúrios, por não conseguir compreender o suficiente.
Dobro o cotovelo, encarando o relógio de caixa metálica e pulseira de couro preso no meu pulso direito. Meu pé apoiado no asfalto balança impacientemente. Enquanto meus músculos oculares tentam alcançar a porta quase ocultada pelo casal.
Não consigo ignorar. O homem passa as mãos pelos braços desnudos da mulher, pousando no cotovelo, colando seus corpos, seus lábios se colam, selam. Meu coração para, estilhaça em mil pedaços, quando identifico a cor dos cabelos da mulher: amêndoa.
Meu coração palpita sem ritmo, com espaçadas, em pulsadas doloridas. O ar é tragado do meu pulmão.
Lennon
Minha mão acelera o motor – não sei se é um ato voluntário ou não – enquanto cada centelha do meu ser deseja fugir, escapar daquele lugar. O ronco da Dyna separa o lábio dela e do cara. Seus olhos castanhos me encontram, seu corpo se desvencilha do homem desconhecido.
Arranco. Acelero. Percorro sem rumo. Enquanto sinto algo quente escorrer pela minha bochecha. Desvencilho minha mão do guidão. Seco a gota fujona.
— Não — rosno entre os dentes — Nenhuma mulher vale uma lágrima se quer.
Nunca Johnny Cash foi um melhor amigo. O ruidoso vinil tocava dentro da cabine inferior. Enquanto o veleiro balança com o chacoalhar da água. Suave, ritmado.
— I hurt myself today — cantarolo com o vinil — To see if I still feel.
Arrumo as cordas ajeito conforme o vento. Sentindo a cálida brisa daquela manhã de sábado. Agarro a garrafa de vidro esquecida ao meu lado. Beberico o liquido de cevada, tentando afogar a amargura que pulsava junto com as batidas do meu coração.
Idiota
Penso me colocando em pé. E ajeitando as velas do meu velho amigo, na verdade o meu lar. Nunca esteve em meus planos morar em um veleiro, mas depois de passar um ano viajando nele e atracar, pareceu tão difícil escolher um porto seguro. Até cheguei a visitar alguns apartamentos, mas me sentia preso, sentia falta do balançar da água, da brisa marítima, da liberdade de poder acordar no final de semana e partir sem rumo.
Foco em ações rotineiras: amarrar corda, ajeitar vela, checar tudo.
Não pense
A cada respirar dos meus pulmões é a ordem que emano para o meu cérebro. Enquanto a sensação de vazio era inevitável em cada centelha do meu ser.
— Eu percebi que não sabia onde você morava — e a única voz que não queria ouvir invade meu sossego.
Empertigo meu corpo reclinado. Encontrando a última figura que desejava ver naquela manhã. Resumir minha noite como uma droga seria eufemismo. Regada a cerveja e finalmente o tão esperado desmaio na cama, era como podia resumi-la para os mais apressados. Enquanto tentava afogar as magoas, cicatrizar as feridas.
Maneio negativamente a cabeça, enquanto remexo a mandíbula para o lado. Giro os calcanhares, dando as costas para a mulher de cabelos castanhos, soltos e esvoaçantes com o vento.
— Fiquei surpresa quando sua avó me contou que era em um veleiro — comenta, parada no deque de madeira ao lado do barco a vela.
O deque de madeira com sustentação no fundo do mar era um meio de circular por aquele lugar. De cada dono de barco ou veleiro adentra-lo. Não era o único morador daquele lugar, era incrível ver quantos homens e até casais moravam naquele cais.
— Vai me ignorar? — questiona em um tom sério, um tom desconhecido para os meus tímpanos.
A ignoro. Puxo a corda para esticar o tecido que fazia aquela estrutura de madeira deslizar sobre a água.
— O que você está fazendo aqui? — meus bíceps se contraem, enquanto o emaranhado de cordas se envolve entre minhas mãos e a amarro no suporte.
— Você é um idiota — ela comenta — Sabia?
Dou de ombros, enquanto uma risada sem humor resfolega por entre as minhas narinas.
— Conte-me alguma novidade — falo algumas oitavas mais alto.
Uma lufada sonora de ar alcança meus tímpanos. A ignoro. Mas o perturbador silêncio me inquieta. Me viro. Encontrando aquela figura feminina, trajando calça jeans, botas de salto quadrado e uma camisa branca, tentando pular para dentro do veleiro.
Cruzo os braços. Observo. Sem conseguir ignorar o desejo de que ela caísse na água – uma vingança infantil -, mas Lennon tem êxito. E invade meu porto seguro.
Ela empertiga seu corpo, enquanto seus pés se acostumam com a estrutura pouco estável. Ela fixa seus olhos nos meus. Curvando os lábios vitoriosos, assim como seus cenhos que dançam.
— Por que você está aqui? — questiono imóvel.
Em passadas firmes e lentas ela diminui a distância entre nós com alguns passos. Enquanto seus olhos passam por mim, pelo meu corpo, pela minha vestimenta de final de semana: camiseta e calção.
— Porque você é um idiota — rebate, curvando os lábios em um sorriso presunçoso.
Solto uma lufada de ar por entre minhas narinas, descruzando os braços, passo os dedos da minha mão por entre minhas madeixas bagunçadas, descendo pelo meu rosto, sentindo os pelos ralos da minha curta barba.
— Você estava beijando outro cara — a acuso.
— Era o Todd — ela revela.
Reviro os olhos. Todd: o noivo traidor. Estavam em um flashback?
Droga
Eu não queria fazer parte daquilo. Não queria estar naquela confusão. No meio de um casal mal resolvido. Com o meu coração em jogo.
— Já entendi tudo — resumo a ópera que aqueles ardilosos lábios estavam prestes a me cantar.
Meu corpo reage dando um passo para trás. Ela se aproxima, parecendo confortável por caminhar naquela embarcação de saltos. Sua mão se estende em minha direção, seus dedos envolvem o tecido da minha camiseta, puxando meu corpo contra o seu. Estreitando os olhos em um olhar profundo, Lennon inclina a cabeça para encarar meus olhos.
— Você é um idiota — rosna entre seus lábios — O Todd é um idiota — seus lábios se crispam, enquanto seus dedos continuam envolvendo com força o tecido — A diferença entre vocês dois é que você é o meu idiota — ela silaba as duas últimas palavras da sua frase.
A encaro de cima para baixo, seus lábios entreabertos são um convite. Junto aquelas palavras que abalam todas as minhas estruturas. Por um momento toda a raiva se esvai. E me permito mergulhar naqueles belos olhos castanhos.
Cada musculo do meu corpo se inquieta. Cada parte do meu ser anseia por beija-la, por apagar aquele beijo da noite anterior, por apagar tudo. Mas o rancor ainda se faz presente.
— Você o beijo — cuspo aquelas palavras por entre meus dentes, fechando meu punho ao lado do meu corpo.
Meu corpo solavanca. Ela torce o tecido entre seus dedos com força. Enquanto seu olhar penetra nos meus. Seu aroma floral penetra nas minhas narinas.
— Ele me beijou — murmura cheia de desgosto — Você acha que eu beijaria outro homem? — seus olhos se estreitam como se tentasse ler a minha mente — É esse tipo de mulher que você acha que eu sou? Me diga.
Aperto minhas pálpebras, quebrando nosso contato visual. Enquanto cada parte do meu ser grita uma ensurdecedora resposta: não.
Seus dedos começam a se afrouxar do tecido cinza da minha camiseta conforme os segundos correm e meus lábios continuam calados. Por fim seus dedos abandonam a tarefa de me agarrar. Em um impulso voluntario minha mão agarra seu pulso, o sustentando próximo a mim, abro minhas pálpebras, encontrando aqueles ferozes olhos castanhos confusos.
— Não — murmuro, ela se desarma — Não acho que você seja desse tipo.
Estava ferido. Machucado. Irritado. Mas parte de mim me inquietava, porque a Lennon que conhecia. A minha Lennon era séria. Era uma garota séria, precisa e confiável. Era a garota certa para mim. Ela vai se tornado a minha garota.
E sabe como a minha garota era? Ela era:
Sorridente
Cozinhava como ninguém
Tinha um beijo quente
Cheirava flores
Gentil, delicada e que sabia se defender, como uma rosa vermelha: com suas pétalas frágeis e espinhos afiados
Uma corajosa medrosa
Lutadora
Realista
Ela não era mentirosa, nem traidora. Seus olhos castanhos me encaram, invadem cada pedaço de mim, me desarma.
— Ele me beijou — sem perguntar nada, ela repete — Foi horrível e nojento — sua face se contorce — Eu não queria aquilo. Eu bati nele Avery.
O misto de frustração e ódio em sua face é perceptível para os meus olhos. Ela solta o tecido da minha camiseta, junto com uma rajada de ar que escapa por entre seus lábios. Ela passa a mão em seu rosto, penteando as madeixas para trás.
— Ele ficou sabendo que levei alguém para o encontro em família — revela, apoiando as mãos no seu quadril e jogando o peso do corpo para uma das pernas — E resolveu que tinha o direito de me cobrar explicações — suas palavras saem atropeladas por entre seus lábios — De que deveria saber a quanto tempo nos conhecíamos — suas mãos dançam no ar, seus punhos se fecham — Ele achou que ainda tinha algum direito sobre mim. O idiota me traiu e reaparece achando que fiz o mesmo, como se isso fosse resolver tudo. Como se eu com outro fosse o suficiente para ele perceber que me ama.
Seus lábios cerrados se inflam, enquanto finamente o ar escapa, como uma bexiga de festa. Ela inclina a cabeça para trás, expelindo o ar por entre os lábios e logo os tragando.
— E daí você — seus olhos castanhos com o cenho franzido repousa sobre mim, seu dedo indicador se choca contra o meu peito — Seu idiota, que entende tudo errado e acha que estava beijando outro homem por vontade própria. — seus lábios se crispam, na sua mais fofa versão de irritada — Ainda foge.
Dizer que toda a minha raiva havia se esvaído era o mínimo. Fito aquela bela mulher dos pés à cabeça. Tão bela, tão arrumada. Ali a um passo de distância de mim. Com aqueles lábios carnudos me chamando.
Em um impulso, diminuo a distância entre nossos corpos com um passo. Passo meu braço por sua cintura, seu corpo se choca contra o meu, arrancando um gemido dos seus lábios, suas mãos agarram a gola da minha camiseta, enquanto meus olhos almejam meu objeto de desejo.
— Eu fui um idiota — sussurro — Um idiota que ama você — aquelas palavras saem do meu coração.
Roçando as pontas dos nossos narizes. Roçando meu lábio inferior no seu lábio superior. Sentindo sua respiração quente se misturar com a minha.
— Foi — em um tom mais amigável, ela concorda — Pode não fugir da próxima vez? E provar que me ama, assim?
Curvo os lábios com aquele pedido. Entreabrindo seus lábios com o meu inferior.
— Posso bater no próximo cara que tentar te beijar?
Ela dá de ombros, curvando os lábios com dificuldade.
— É uma possibilidade aceitável.
Finco meus dedos contra o tecido fino da sua camisa, sentindo todo o sangue que corre no meu corpo se concentrar na minha pélvis. Estava duro. Excitado. E o fino tecido do meu calção de nylon não ajudava a esconder aquele estado. Esfrego meu membro contra sua pélvis. Ela ofega. A maça do seu rosto fica rubro.
— Ótimo.
Finalmente meus lábios tomam o da morena entre meus braços. Minha língua invade sua boca sem cerimônia, encontrando um hálito de menta fresco e excitante. Seus dedos puxando o tecido da minha camiseta, colando nossos corpos. Ela esfrega seu corpo no meu. Enquanto meus dedos ansiosos arrancam a parte de trás da sua camisa de dentro da calça jeans, abrindo espaço para que os meus dedos pudessem encontrar a sua pele.
Ela geme em meus lábios, quando meus dedos frios tocam sua cálida pele. Uma de suas mãos passeia por meu pescoço, fincando as unhas da minha nuca.
Seus lábios rejeitam o meu.
— Preciso de você — murmura, enquanto seus dedos abrem caminho entre a minha madeixa. — Meu idiota.
Curvo os lábios com aquele pedido.
— Vem comigo — murmuro, afastando nossos corpos.
Agarro sua mão, a guiando em direção a entrada do veleiro. Desço a íngreme escada de madeira na sua frente. Deixando minha mão livre para ajudá-la. E finalmente ela está dentro do meu mundo.
Seus olhos curiosos vagam pelo pequeno ambiente, mas meus lábios têm pressa e voltam a colar nos seus. Enquanto meus dedos se dedicam a abrir os botões daquela camisa, em outra situação adoraria saborear aquela tarefa, mas não tinha paciência.
Meus pés guiavam os seus, nossos lábios se devoravam, minha língua envolvia a sua em uma dança erótica, enquanto minha boca consumia seus murmúrios ofegantes.
Desço minhas mãos até altura de suas nádegas, obrigando seu corpo a colar no meu, suas pernas envolvem a minha cintura, enquanto o tecido do seu jeans roça no membro pulsante dentro da minha cueca. Em passadas largas alcanço a pequena habitação, um ambiente pequeno, com apenas uma cama de casal.
Delicadamente repouso seu corpo sobre o colchão de espuma, apoiando meu corpo pelos meus joelhos e mãos, nossos lábios se afastam brevemente.
— Avery — ela geme meu nome, enquanto suas pernas permanecem em torno do meu quadril — Me fode.
Droga
Finco os dedos no lençol azul marinho da cama desarrumada.
—Lennon — gemo seu nome com meus lábios colado na curvatura do seu pescoço — Eu não vou conseguir ser gentil — confidencio, enquanto tento abrir o botão de sua calça com uma mão — Droga — rosno ao olhar a curvatura do seu seio apertado em um sutiã rendado — Eu vou gozar na cueca se demorar nas preliminares.
Podia sentir meu membro pulsar com força na cueca apertada. Seus dedos abrem caminho por minha cabeleira, enquanto seus lábios entreabertos soltam gemidos ritmados.
Droga. Esse botão não abre.
Resmungo mentalmente, conseguindo apenas abaixar o zíper daquela apertada calça que separava nossos corpos.
— Já estamos nas preliminares há sete dias — seus dedos puxam os fios dos meus cabelos, me obrigando a encarar seus olhos — Não aguento mais me masturbar pensando em você — confidencia.
Não goza. Não imagina. Para.
Aperto as pálpebras tentando afastar a imagem daquela mulher deitada em uma cama, com as pernas abertas e seus dedos delicadamente acariciando sua parte intima.
— Deixa que eu faço isso — seus dedos afastam os meus do botão da sua calça.
Meus pés tocam o revestimento de carpe daquele ambiente. Enquanto minhas mãos se ocupavam em arrancar a camiseta por entre a cabeça e abaixar o calção junto com a cueca, deixando escapar meu membro ereto. De soslaio observo Lennon arrancar as botas e abaixar as calças jeans.
Não ignoro seus olhos repousados sobre meu membro. Mas minha atenção está na bela cena da mulher com o corpo esparramado em minha cama, trajando aquele belo sutiã branco rendado, ainda com a camisa vestindo seus braços e a calcinha semelhante a parte de cima.
— Tudo isso para mim — brinco, me debruçando sobre seu corpo.
Afasto suas pernas, apoiando meu joelho na espuma do colchão, sinto seus dedos tatearem meu pescoço me puxando e minhas costelas, tocando delicadamente.
— Tudo para o meu idiota — ela sussurra, roçando os lábios no lóbulo da minha orelha.
Aproximo meu joelho da sua vagina, roçando sobre o tecido molhado. Estico meu corpo para alcançar uma pequena gaveta embutida na cabeceira, meus dedos tateiam vários objetos, até sentirem o plástico característico de um preservativo.
Agarro o plástico, enquanto Lennon roça no meu joelho, molhada, quente, com as maças da bochecha rosadas, os lábios inchados de tanto serem sugados pelos meus, e as pupilas dilatadas.
Coloco entre os dentes a pequena embalagem quadrada, a rasgo, tirando o objeto frio e lubrificado. Rapidamente o envolvo no meu pênis. Aqueles olhos castanhos não perdem um detalhe, enquanto seus dentes mordiscam seu lábio inferior
Pronto
Delicadamente passo meu dedo indicador sobre o fundilho da sua calcinha. Ela estava ensopada. Com a ponta do dedo afasto o tecido rendado. Queria penetra-la, mais do que tudo queria senti-la, estar dentro dela. Mas precisava ter a certeza de que ela estava preparada.
Passo a ponta do dedo no seu clitóris. Seu corpo reage, arqueando o quadril e rebolando, suas pálpebras se fecham, enquanto seus dedos envolvem o lençol em torno de si.
— Então você teve que brincar sozinha, por seis longos dias? — a provoco, tentando desviar a atenção da minha excitação para não gozar quando a penetrasse.
Dedico atenção a aquele pequeno pedaço de carne, fazendo pressão em movimentos circulares ritmados. Seu corpo se arqueia.
— Sim — geme — Assim — não sabia se era uma resposta a minha pergunta ou se eu estava no caminho certo.
Estou ferrado.
Estava ferrado. Mas precisava vê-la gozar. Meio dedo do meio entreabre seus escorregadios lábios vaginais, enfiando o dedo delicadamente. Enfio. Tiro. Enfio mais fundo. Tiro. Enfio. Ela geme. Ela se contorce. Enfio e delicadamente acaricio seu interior.
Seus músculos internos se fecham contra o meu dedo. Ela geme. Grita. Se contorce. Seu peito sobe e desce. Suas pálpebras se apertam. Seu corpo se debate. Ela goza.
Ela está pronta.
Me debruço sobre o seu corpo, apoiando o cotovelo na espuma, enquanto ela parece se recuperar, enfio lentamente meu membro em seu interior escorregadio. Enfio lentamente. Chego no fundo e fico parado. Afundo minha cabeça na curvatura do seu pescoço.
Lennon reage, ficando suas unhas no meu pescoço. Enquanto sua mão livre explora minhas costas, até minhas nádegas.
Entro. Saio. Entro rápido. Ela geme. Saio devagar. Ela suspira. Suas pernas envolvem a minha cintura. Entro e saio. Seus dedos puxam meu cabelo. Mordisco a curvatura do seu pescoço. Ela rebola agarrada no meu corpo.
Entro e saio do seu interior mais algumas vezes. Minha respiração se torna pesada, meu coração pulsa rapidamente. Uma fina camada de suor recobre nossas peles.
— Isso — ela geme, com o pescoço arqueado para trás.
Seu musculo interno prende meu membro. Intensifico os movimentos. Seu corpo convulsiona embaixo de mim. Enfio meus lábios no seu pescoço gemendo. Seus braços se desprendem de mim, caindo do lado do seu corpo desfalecido. Enquanto tento sustentar meu peso para não cair sobre ela.
Recosto meu corpo na passagem entre o quarto e o restante do ambiente – a cozinha e a sala eram juntas – curvo os lábios, apoio meu ombro na madeira ao meu lado, enquanto contemplo e obrigo meu cérebro a guarda a cena mais linda da minha vida: Lennon circulando na minha pequena cozinha, com os pés descalços tocando o piso de madeira, trajando uma velha camiseta minha dos Red Sox e com os cabelos de amêndoa presos em um rabo quase no topo da cabeça.
Ficava melhor nela do que em mim aquela camiseta. Era lindo ver ela misturando temperos, abrindo ingredientes, provando e sorrindo quando estava do seu agrado. O Sol já tinha deixado o céu de Boston a algum tempo. Enquanto resolvemos passar o dia rolando nos meus lençóis.
Mas tínhamos que comer. Sugeri uma pizza, era mais rápido. Mas Lennon recusou e correu preparar algo.
Estalo a língua no céu da boca, anunciando minha chegada. Ela gira o pescoço, me fita e delineia um belo sorriso nos lábios inchados e vermelhos. Me desapoio da madeira, enquanto me aproximo.
— O que temos para o jantar? — questiono, aproximando meu corpo do seu apoiado na pequena pia do veleiro.
— Tem um peixe no forno — ela aponta para o pequeno item doméstico escondido praticamente embaixo da pia — E estou fazendo uma salada com um molho para acompanhar.
Envolvo sua cintura com a minha mão. Apoio minha cabeça no seu ombro, enquanto ela mistura alguma coisa em uma pequena vasilha de inox. Ela pega o molho meio esverdeado com uma colher e leva em direção aos meus lábios.
— Prova — seu pedido soa quase como uma exigência.
Minhas papilas gustativas dançam com o frescor do molho, algo cremoso, nada líquido, um mixe de ervas com algo que não conseguia identificar.
— Hum — dou voz a satisfação do meu paladar — Delicioso.
Ela curva os lábios. Meu coração palpita mais do que deveria, muito mais do que deveria e o ar me é consumido dos pulmões. Enquanto uma certeza não sai da minha mente: não podia viver sem aquela mulher.
Não mais
Pouso meus lábios da curvatura avermelhada do seu pescoço, culpa minha e dos meus lábios famintos por sua pele. Sua cabeça se reclina em direção onde eu toco, evidenciando uma sensibilidade que me agrada.
— Só falta esperar o peixe — ela anuncia, largando a colhe dentro do recipiente arredondado de inox.
Ela gira o corpo entre as minhas mãos, quase roçando a ponta dos nossos narizes. Suas mãos se espalmam em meu tórax desnudo. Enquanto seu olhar foge do meu.
— Estamos bem? — ela questiona, tencionando alguns músculos.
— Você me pergunta isso depois de tudo que fizemos naquela cama? — questiono maneando a cabeça em direção ao quarto logo ao meu lado — Será que preciso te levar de novo para lá? — ameaço.
Ela dá um tapinha no meu ombro.
— Não seu bobo — seus olhos se fixam nos meus, seus cenhos se estreitam formando um vinco de preocupação no topo do seu nariz.
Afasto uma das minhas mãos da sua cintura. Passando a ponta do meu dedo na ruga no topo do seu nariz.
— A que se deve isso?
Ela contorce os lábios e seus ombros dançam.
— Não quero que você duvide de mim — seus lábios ficam entreabertos, seus olhos fogem de mim, enquanto a ponta do seu dedo indicador desenha uma linha no osso da minha clavícula — Do que eu sinto.
Solto o ar pelas narinas, me sentindo um bobo, idiota. Brevemente fecho as pálpebras e maneio negativamente a cabeça, um gesto mais para mim mesmo, em uma autoreprovação.
— A pior sensação da minha vida foi ser traída — seus olhos vagam para o osso próximo ao meu ombro, enquanto seu dedo desenha uma linha continua que vai e volta, quase como um rabisco — Doeu — sonoramente ela traga a saliva, como se buscasse engolir junto a memória daquela dor.
Analiso cada detalhe da sua feição. Seus olhos castanhos claros. Suas pálpebras bela, com um fino traçado preto sobre, um pouco borrado, mas ainda presente. Seus carnudos e convidativos lábios, sua pele clara, delicada. Meus olhos esbarram em uma mexa fujona do seu cabelo preso. Delicadamente, com a ponta do meu indicador, apoio a mexa castanha atrás da sua pequena orelha.
— Eu sei — murmuro distraído com a ação do meu dedo — Eu estava lá — seu olhar encontra o meu. Seus lábios delineiam um sorriso delicado — Sei lá — sopro o ar para fora das minhas narinas — Ficar longe de você me deixou maluco.
Seus lábios crispam uma contida risada. Dou de ombros, estalando a ponta da língua no céu da boca. Recordando da sensação de me sentir sufocado. Nem focar no trabalho me ajudou naqueles três dias em que ela não me respondeu.
Sabe o que é olhar no celular a cada minuto? Eu sei. O tempo não passa. Você dorme e acorda tateando a superfície ao seu lado em busca de algum sinal. Enquanto sua mente traiçoeira fantasia, te coloca para baixo.
— E a senhorita parou de responder as minhas mensagens — a censuro, passando a ponta do meu indicador na curvatura do seu nariz — Durante três longos dias.
Uma risada resfolega em seus lábios. Enquanto seus olhos dançam nas orbes divertidos.
— Eu sei — afirma ainda com os lábios sorridentes — Meu celular caiu no vaso sanitário — revela junto com um suspiro, contorcendo seus lábios e seus cenhos em uma expressão de nojo — Tive que usar meu pegador de macarrão predileto para tira-lo de lá.
Ela lamenta a inutilização do utensilio doméstico querido. Gargalho. Jogo a cabeça para trás e gargalho só em imaginar a cena dela toda medrosa e cheia de nojo tentando pegar o aparelho submerso por água.
— Sério? — rio
— Sério — ela aperta suas pálpebras frustrada — E ainda ele morreu — lamenta — Tive que comprar outro e só hoje que a operadora transferiu minha lista telefônica.
E lá estava o resumo da ópera. Trágico? Cômico? Certamente Shakespeare teria previsto uma sucessão de acontecimentos trágicos assim, capaz de separar um casal.
— Você sofreu — afago seus ombros.
— Sofri — concorda, com a pele dos seus dedos irradiando ondas de corrente elétrica no meu corpo ao pousarem na minha cintura — E você ainda entendeu tudo errado — seus dedos se afundam contra a minha pele.
Solto o ar entre as narinas, repouso minha testa na sua.
— Desculpa — murmuro.
Ela maneia negativamente a cabeça com uma expressão de inocência.
— Dá próxima vez eu não vou vir atrás de você — ameaça.
Entreabro os lábios indignado. Ela comprime os lábios para disfarçar um sorriso.
— Você não vai vir atrás do seu? — a frase morre na minha mente e em meus lábios, afasto minha testa da sua, arqueando um dos meus cenhos, enquanto seu olhar analisa minha face — Eu sou seu o que mesmo?
Ela ri. Dando de ombros.
— Não sei.
Balanço a cabeça, ponderando as possibilidades: namorado, ficante, noivo, trepa trepa [...]
Afasto a ponta dos meus dedos dos seus bíceps, afastando os dedos dela também do meu corpo, dou cinco passos para trás, recostando meu corpo na pequena mesa quadrada logo atrás de mim. Cruzo os braços, estreitando o olhar em sua direção.
— O que nós somos, Lennon? — questiono.
Seus ombros dançam sob a camiseta azul escura com um emblema vermelho do time de beisebol da cidade. Suas mãos se apoiam na beirada do inox da pia logo atrás de si. Enquanto o barulho da água batendo no casco é a trilha sonora para aquela conversa.
— O que você quer que nós sejamos, Avery? — seus lábios ficam entreabertos.
— Namorados? — sugiro, crispando minha testa ao elevador os cenhos.
Ela retorce suas expressões, maneando negativamente a cabeça.
— Namorados? — ela repete pensativa — Eu fiquei três anos namorando o Todd antes dele me pedir em casamento — revela uma parte da história que eu não conhecia ou não fazia questão de conhecer — Não quero ficar presa a outro namoro — um tremor percorrer seu corpo, que rejeita a ideia.
Uma risada resfolega por entre as minhas narinas.
— Droga, Lennon — resmungo — Amigos com vantagens? — sugiro uma vaga ideia que passa na minha cabeça.
Seu olhar se estreita em minha direção.
— Essa é uma forma de ficar comigo e com outras — seu indicador me acusa — Querendo ficar com outras John Avery? — seus dentes rangem um nos outros.
— Jamais — aumentando algumas oitavas afasto aquela acusação.
Refaço meus cinco passos, passando minha mão por seu corpo e repousando em uma curvatura cômoda das suas costas, colo nossos corpos.
— Eu só quero você, Lennon Clarke — sopro aquela certeza em sua direção.
Ela me encara desconfiada.
— Acho bom — murmura ainda se fazendo de difícil — Então o que seremos?
— Noivos? — sugiro, arqueando o cenho.
Ela imita meu gesto e arqueia o cenho.
— Muito cedo para um pedido de casamento — sua mão espalmada se choca contra a pele a mostra do meu tórax — Contenha-se.
Bom
Não foi uma recusa. Uma possibilidade para o futuro. Aquela ideia me agrada. Enquanto minha mente gira em busca de uma definição. O que eu e Lennon poderíamos ser?
Ela era minha. Eu era dela.
Ela me fazia feliz. Inquietava meu coração. Deixava minha respiração pesada. Provocava borboletas na boca do meu estômago. Ela se encaixava em mim. Comigo e na minha vida. Ela me fazia rir. Me fazia beber.
Inevitavelmente ela era a minha garota. A garota da minha vida. Sabe quando te perguntam se você já teve a mulher da sua vida? Ou se já teve aquela garota do colégio que era tudo? Era isso que Lennon representava para mim.
Uma certeza eu tinha: minha vida se resumia em antes e depois de Lennon.
— Você é a minha garota — anuncio, seus olhos se arregalam confusos.
— Sua garota? — seus cenhos franzem confusos.
— Minha garota — eu silabo lentamente a última palavra — E eu sou seu idiota.
Ela ri. Meu ar é tragado dos pulmões. Meu miocárdio galopa. Enquanto a certeza de que aquela mulher diante de mim era minha, minha garota, a garota da minha vida, se espalha pelo meu interior, consumindo qualquer dúvida.
— Gostei — os lábios carnudos e limpos da ruiva murmuram.
E a maratona chegou ao fim! Quero agradecer as meninas que me acompanharam nesses dias.
OBRIGADO
Spoiler diários e posts aleatórios nas minhas redes sociais.
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