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05| antes | elas

BOSTON, USA
COMEÇO DA PRIMAVERA

Em que momento você percebe que quer alguém em sua vida?

Segundo Nicolá, estou encrencado se pensar em alguém por mais de dez segundos. Para Dick, é quando você menos espera, você sente que o ar que respira já não é o mesmo sem aquela pessoa, que talvez você quer aquela mulher usando suas camisas, rabiscando seus rascunhos, deixando a louça suja na pia e se espalhando pelo seu corpo de noite – palavras dele.

Cada um tem um sentimento diferente, não é uma matemática exata. E eu estava lá, com a única mulher que não saia da minha cabeça pelos últimos meses.

Meses que passei temendo por ser tarde demais e ela estar casada. Meses que fantasiei com uma desconhecida, que abordei várias castanhos pela rua, apenas para encontrar os mesmos olhos castanhos que não saiam da minha cabeça e inquietavam cada molécula do meu ser.

E lá estava eu, perseguindo minha tentação, melhor não perseguindo, apenas ganhando uma deliciosa refeição, já passado da meia noite, na cozinha do bistrô Leminski.

Minhas papilas gustativas dançam loucamente quando o frango indiano toca minha língua, não era de ter orgasmos fáceis, mas poderia ter um.

— Hum — involuntariamente aquele som escapa por entre meus lábios.

Apressados meus olhos chegam a tempo de contemplar os lábios pálidos da bela morena se curvarem pretenciosos. Ela não diz nada, apenas se limitar a terminar de servir água com gás em dois copos. Trajando uma camiseta cinza, jeans lavados e um tênis baixo, além dos cabelos presos em um rabo.

Definitivamente me convidar para aparecer em alguma noite qualquer e lhe dar uma carona, tinha sido uma boa ideia.

— Gostou? — finalmente aquela voz feminina ecoa, palpitando meu coração mais vezes do que o permitido.

Agracio meu estômago com a deliciosa comida, soltando o ar pelas narinas, a observo ocupar o pequeno banco em minha frente, com uma bancada nos separando na enorme cozinha de inox, com equipamentos que nem imaginava para que serviam.

— Casa comigo? — jamais aquela pergunta soou mais sincera.

Ela maneia negativamente a cabeça, com seus olhos fujões, ela agarra um garfo e rouba um pouco de comida do prato que dividíamos.

— É só comida — ela diz, apoiando seu dedo em frente aos lábios, ocultando a mastigação dos seus dentes.

— Poderia passar a vida comendo bem assim — revelo um desejo, quase uma necessidade — Só ficaria um pouquinho gordo — fito meu abdômen sob a camiseta, encontrando seus olhos fitando na mesma direção — Você ficaria incomodada?

Seus lábios se curvam, não da forma que eu esperava, não com a resposta que cada molécula de mim ansiava. Sua cabeça se reclina para baixo, seus olhos tombam sobre o prato branco em nosso meio, enquanto seu garfo remexe a comida sem um objetivo especifico.

— Avery — meu nome salta por entre seus lábios — O que você quer comigo?

Ela me encara, suas bochechas brancas, perfeitamente pálidas, olhos castanhos, profundos e com um contorno preto, poderia passar a vida fitando aqueles olhos, tocando aquela pele e comendo aquela comida.

Talvez fosse esse o meu apito, o momento em que deveria ter certeza que aquela mulher, aquela morena diante de mim, era a mulher da minha vida.

Apoio o garfo no prato circular diante de mim. Cuidadosamente meu dedo indicador e médio caminham sobre o tampo de inox, simulando uma caminhada, resfolego minha pele na sua, dessa vez ela não se afasta, apenas traz seu olhar de encontro ao meu.

Meus dedos delicadamente tocam os seus, ele desvia o olhar para observar a cena e não apenas sentir o contato.

— Tudo — murmuro.

Seus lábios tremem para o lado, talvez um sorriso vacilante, sua cabeça balança, como se afastasse alguma ideia.

— Isso não é especifico — seus dedos reagem ao meu toque, brincam com os meus dedos, produzindo uma corrente elétrica que inquieta minhas moléculas

Estou ferrado

Tenho a certeza.

— Se for mais especifico posso te assustar — revelo, ela assente.

— Isso me assusta — seus lábios se entreabrem o suficiente para dar aquela resposta.

Seus olhos não me encaram.

— Lennon — a chamo, necessito desvendar seus pensamentos, ela me encara e o que encontro é medo — Sou a melhor coisa que vai acontecer na sua vida.

Seus lábios finalmente esboçam um sorriso. Seus olhos fujões somem, enquanto seus pulmões expelem o ar.

— Então — ela empertiga seu corpo — Como se chama a sua revista?

Seus dedos se afastam dos meus, enquanto que aquela mudança repentina de assunto parece deixa-la mais confortável. Poderia parecer estranho, mas isso também me deixou confortável.

Ainda mais falar sobre BG – Bearded Gentleman — meu filho, meu primogênito, um projeto com os colegas da universidade: Benedict e Bucky. Uma ideia absurda, em uma noite no Maurice's Bar, sobre escrever de homens para homens de uma forma diferente, divertida e doméstica, trazendo problemas e homens reais.

Acho que na maior parte daquela noite falei mais de mim do que ouvi sobre ela, mas Lennon pareceu tão confortável ouvindo sobre as matérias absurdas que já tinha escrito, que me senti propenso a falar, falar e falar. 

Minha bota range a madeira do degrau da escadaria de madeira antes alcançarmos o terceiro andar, do prédio de cinco andares, com uma bela fachada de tijolos amostra e janelas altas de metal.

A mulher diante de mim caminha em passos largos, alcançando sem demora uma porta branca, com o número 3B.

— Chegamos — murmura.

Girando os calcanhares, enfiando a chave com um fofo chaveiro de pelúcia na fechadura, é sonoro a barulho da porta ao se abrir, mas a porta permanece fechada, ficando para a minha imaginação o que tinha lá dentro.

Recosto meu corpo na parede, bem próximo ao batente, seu ombro sustenta uma bolsa grande e certamente cheia, cruzo os braços na altura do peito, jogando todo o peso do meu corpo para uma perna, enquanto seus olhos castanhos me analisam.

— Uma pergunta — profiro.

Seus cenhos se elevam, pela primeira vez percebo que já consegui definir aquele olhar como o seu olhar de curiosidade.

— Faça — as silabas resfolegam em seus lábios.

Curvo os lábios, sabendo que seria estupido o que iria dizer, sabendo que não deveria perguntar, mas mesmo assim eu queria saber, queria muito saber.

— Quantos homens chegaram até aqui, nos últimos meses?

E assim que meus lábios se calam um calafrio percorre meu corpo, um tremor estranho, uma inquietação pelas palavras que poderiam ser proferidas por aqueles lábios carnudos e pálidos.

Ela disfarça uma engasgada, tosse suavemente, seus lábios maneiam em silêncio, enquanto sua mente parece procurar uma resposta.

— Quer mesmo saber? — ela não responde.

Maneio positivamente a cabeça, enquanto seus ombros pulam em desdém.

— Um — e da forma mais casual possível aquela informação chega até a mim.

Um?

Sinto meus pulmões soltarem o ar. Percebendo que estava contendo o oxigênio todo aquele tempo. Mas aquela informação me tranquiliza ao mesmo tempo que inquieta. Quem era esse um?

— Um? — sopro a informação.

Um alto ou baixo? Um loiro ou moreno? Um gordo ou magro? Um quem?

Ela diminui nossa distância com um passo, seu corpo se recosta no batente da porta, posso sentir seu aroma – flores – posso sentir o calor da sua pele, ela está tão próxima que posso toca-la sem muito esforço, mas não o faço. Apenas a observo, analiso cada detalhe da sua face, cada marca, cada gesto, sigo cada movimento do seu olhar.

— Você — ela sussurra aquela informação que me quebra.

Seu peito infla. Não vejo sua mente, não leio seus pensamentos, mas consigo perceber que aquele passo para ela foi quase um salto, um salto em direção ao desconhecido, um salto para longe do passado, de um noivo e um casamento, um salto em minha direção. E aquilo a assustava.

E eu não queria que ela se sentisse assim.

— Lennon — descruzo meus braços.

— O que? — seu olhar se prende ao meu.

Enquanto o silêncio naquele corredor bege era quase uma melodia perfeita para aquele momento, não poderia pedir trilha sonora melhor.

— Se estiver indo longe demais — minha língua umedece meus lábios, se preparando — Me pare.

— Uhum — ela assente.

Com um passo elimino a distância que nos separava. Reclino suavemente a cabeça para baixo, me permitindo mergulhar naqueles olhos castanhos claros, quase uma pedra preciosa, com um belo contorno preto.

Seus lábios se entreabrem. Ela traga a saliva, eu trago a saliva. Em um movimento lento, encaixo minha mão na sua bochecha, meu polegar afaga a fresca pele do seu rosto.

— Estou falando sério — sussurro, quase como uma suplica.

— Eu sei — ela murmura.

E como uma permissão silenciosa, um arrepio inapropriado percorre o meu corpo, assim que sua mão toca meu corpo na altura da minha costela. E em um impulso súbito, meus lábios colam no seu e sem permissão minha língua invade sua boca, colando nossos corpos em uma sintonia perfeita.

Sinto as mãos de Lennon agarrarem a gola da minha jaqueta, forçando o tecido contra meu pescoço, deslizo a mão da sua face até sua cintura, a envolvo, colo nossos corpos, enquanto nossas línguas dançam.

O ar falta, uma onda de excitação percorre meu corpo se alojando na altura da minha pélvis. Seus lábios se afastam, seus olhos permanecem fechados, enquanto os meus não querem perder nenhum detalhe.

Involuntariamente ou não ela mordisca seu lábio inferior.

E involuntariamente ou não uma questão paira em minha mente. Afasto uma das minhas mãos da sua cintura e toco seu lábio inferior, seus castanhos olhos me encaram.

— E quantos chegaram até aqui? — meu indicador acaricia a pele úmida e macia do seu lábio.

Seus olhos a traem, ela fita meu dedo, voltando ligeiramente para de encontro dos meus olhos.

— Três — murmura, envolvendo com mais força o tecido da minha jaqueta.

Três

Absorvo aquela informação que inquieta meu interior.

— Sou um deles? — busco aliviar aquela tensão inapropriada, quase uma fúria que necessito afastar ao imaginar outros lábios tocando os que acabara de tocar.

Ela apenas assente.

— Ótimo — esboço não tão aliviado como gostaria — Preciso do nome e endereço dos outros dois.

Seus olhos se estreitam, formando um perfeito vinco no topo do seu nariz, inquietando suas sobrancelhas ruivas e bem aparadas. Definitivamente não queria perder nenhum detalhe daquela mulher.

— Preciso ter uma conversinha com eles — revelo — Faze-los esquecer você.

Seus lábios dançam, parando em um sorriso, enquanto sua cabeça se movimenta e seus dedos continuam contra o couro da minha jaqueta, como se fosse cair ao me soltar.

— Seu bobo — seus lábios silabam aquelas palavras, enquanto o sorriso some dos seus lábios — Avery — meu nome escapa, enquanto seus olhos se fixam aos meus— Só não parta o meu coração.

Aquele pedido é sincero, quase uma suplica, mais que um pedido. Tombo minha testa na sua, voltando minha mão para sua cintura, tendo apenas uma certeza na minha vida. Sabendo que aquele era o momento que tudo mudava e você tinha certeza disso, daquilo, de tudo, aquele momento que estava esperando, quando tudo desmorona e seu mundo não é mais somente seu.

— É você quem vai partir o meu — dou voz a única certeza que tinha naquele momento.

Ela aperta as pálpebras, balançando a cabeça ao discordar das minhas palavras, enquanto suas mãos forçam a gola do couro no meu pescoço, como se me quisesse mais perto.

— Não brinca comigo.

Estávamos compartilhando o mesmo ar, o que tornava difícil permitir que meu cérebro realizasse sua habitual função de pensar. Afasto minha testa da sua, dou um passo para trás, suas mãos se desvencilham da minha jaqueta, enquanto minhas narinas sugam o oxigênio necessário para o meu cérebro.

— Eu vou te provar que estou falando sério — curvo os lábios, quando a melhor ideia de todas invade a minha mente.

Seus olhos se estreitam desconfiados, enquanto suas mãos perdidas se refugiam no bolso da frente da sua calça.

— Como?

— O que você vai fazer na quinta-feira à tarde? — e as engrenagens do meu plano começam a rodar.

Seus lábios se contorcem, enquanto sua mente que parece trabalhar, antes de elevar os ossos dos seus ombros.

— Nada.

— Ótimo — efusivas aquelas palavras escapam por entre meus lábios — Eu te pego no restaurante?

Seus olhos continuam desconfiados, mas seu pescoço faz a singela função de se movimentar positivamente.

—Aonde nós vamos? — questiona.

— Surpresa — curvo os lábios — Só preciso que você me arrume uma sobremesa.

— O que você está tramando? — ela insiste.

Maneio negativamente a cabeça. Dando dois passos para frente, sentindo a falta de ar inquietar meus pulmões, enquanto minhas narinas eram invadidas pelo seu aroma floral. Alojo minha mão na curvatura do seu queixo, meu polegar afaga sua bochecha, encaro seus lábios, minhas papilas gustativas se inquietam necessitando provar novamente aquele sabor, enquanto minha mente tinha a certeza que se o fizesse iria querer passar a noite a beijando.

— Confia em mim — murmuro, preferindo apoiar meus lábios em sua testa — Você vai se divertir.

Encaro seus olhos desconfiados.

— Está bem— seus deliciosos lábios murmuram.

E para não devora-los, me afasto.

— Até quinta — murmuro, dando mais um passo para trás.

Dando outro e outro passo para trás, até conseguir fugir do meu mais novo objeto de desejo.

— Esse é o Avery com três meses — a senhora com cerca dos seus setenta anos, aponta para a foto colada em um álbum.

Minha foto, pelada, deitado de bruços, com a bundinha branca e fofa a mostra. Reviro os olhos, cortando como garfo mais um pedaço da deliciosa torta de chocolate e levando até meus lábios.

Enquanto a jovem morena, sentada ao lado da minha avó abre um largo sorriso, fitando interessada cada foto da minha vida e ouvindo as histórias tolas de um menino sapeca.

Confesso que tinha sido uma jogada arriscada apresentar Lennon para dona Lola Avery, minha avó, a mulher que havia me criado desde sempre, pelo menos desde que me lembrava. Não era fã de histórias tristes, nem gostava de protagonizar uma, mas o que uma criança pode fazer quando seus pais morrem em um acidente de avião? Não me lembrava muito deles, quase nada, tinha dois anos quando tudo aconteceu, então minha família se resumia a aquela mulher sentada no sofá de estampa floral, ao lado da mais nova mulher da minha vida.

Eu precisava que Lennon confiasse em mim, em minhas palavras, na minha sinceridade, que ela não era uma aventura, que eu não era um aventureiro e que seu coração seria tratado como a pedra preciosa que era.

— E essa? — a morena pergunta, apontando para o momento eternizado em um papel de eu vestido de astronauta.

— Foi no Halloween — dona Lola rememora sem dificuldade alguma — Ele queria ser astronauta quando era criança — revela a senhora de cabelos grisalhos curtos, na altura dos ombros, trajando uma blusa de fio.

— E quando decidiu ser jornalista? — ela especula, enquanto eu sou ignorado na poltrona do lado oposto.

A mulher mais velha para, se empertiga, revira os olhos, curvando os lábios finalmente.

— Foi quando compramos essa cara — ela conta, estreito os olhos curiosos, não me recordando dessa história — Ele achava o jardineiro estranho, dizia que o homem fazia covas em excesso e algumas crianças andavam sumidas do bairro.

Os olhos de Lennon se arregalam, enquanto minha avó conta a história. Apoio o garfo na delicada louça sustentada em minhas mãos, enquanto minha mente traz fragmentos daquele verão.

— E o jardineiro era um assassino? — Lennon questiona curiosa.

Minha avó maneia negativamente a cabeça, enquanto uma risada suave e familiar escapa por entre seus lábios.

— O homem estava apenas tentando acabar com ninhos de cupim — ela ri — E teve um surto de sarampo na rua, por isso as crianças não estavam saindo na rua.

Ambas riem, me ignoram, e voltam a pousar os olhos nos momentos capturados da minha vida. Me reclino para apoiar o pequeno prato sobre a mesa de centro de armação de madeira com um vidro no meio. Apoio meus braços no encosto da poltrona com a mesma estampa flora, me limitando a contemplar aquela cena: as duas mulheres da minha vida conversando intimamente.

O sorriso de dona Lola era genuíno, confortável, satisfeito e alegre, enquanto Lennon parecia pertencer a aquele lugar, a aquele cenário, sem preocupação ela conversava, seu corpo se movia relaxado.

— Avery sempre foi muito espontâneo — os olhos claros da mulher que tinha como mãe cruzam com os meus, me acolhendo.

Curvo os lábios, ignorando os olhos castanhos que furtivamente pousavam sobre mim.

— Culpado — murmuro, jogando as mãos no ar.

Os olhos claros de dona Lola passeiam entre mim e o da mulher ao seu lado, que a ignorava, entretida em fotos que normalmente me envergonhariam. Detalhadamente observo sua mão com a pele fina repousar sobre a jovem mão de Lennon, a detendo.

— E como você se conheceram? — seus lábios se curvam ansiosos por uma história.

Desesperados e arregalados os olhos castanhos da mulher morena alcançam os meus. Arqueio meu cenho de forma desafiadora em direção a jovem do lado oposto. Seus olhos se estreitam curiosos.

— Foi em uma das

— Em uma das reportagens dele — ela se antecipa, ocultando que ela já tinha sido presa.

Abaixo a cabeça, mordiscando meus lábios para conter uma suave risada que ameaçava escapar.

— Já faz tempo? — e a inquirição continua.

Encaro Lennon, lhe dando a chance de responder. Ela sustenta meu olhar, enquanto seus pulmões sobem e descem de forma desconfortável.

— Algum — ela resume, com seus olhos fujões.

Dona Lola entretida, se inclina em direção a pequena mesa, sustentando entre seus dedos a suave alça de porcelana da xícara de chá, bebericando um pouco do delicioso liquido de hortelã.

— Esse é o nosso sexto encontro — revelo, arqueando o cenho em direção a castanho que me encara desentendida.

— Sexto? — Lennon esboça surpresa.

— Sexto — assinto, apoiando meu tornozelo no meu joelho, trago a saliva desviando o olhar para a outra mulher naquele lugar — Teve o dia que nos conhecemos, depois saímos em algo rápido, tipo de cinco minutos — resumo, ignorando as íris castanhas que queimavam em minha direção — Teve ainda aquele em que fomos comer um sanduiche de rosbife, no quarto fomos jantar um delicioso frango indiano e no quinto a levei para casa como o cavalheiro que a senhora me ensino ser — dona Lola esboça um sorriso orgulhoso sobre a xícara desenhada — Hoje é o sexto.

A mulher de certa idade repousa a porcelana entre seus dedos no pequeno pires apoiado na mesa, a atenção do seu olhar volta a passear entrem mim e Lennon.

— E como foi o primeiro encontro de vocês? — um suspiro apaixonado escapa por entre suas narinas — Adoro histórias de primeiros encontros — sua atenção se foca na mulher ao seu lado — Principalmente porque o meu com o meu falecido Boris foi lindo.

Um irritante e invasivo barulho nos interrompe, calando nossos lábios, apenas para ouvir o telefone intrometido tocar repetidamente.

— Vou atender — minha avó passa o álbum de fotografias para o colo de Lennon, se colocando habilmente em pé — Avery — ela me encara — Continue mostrando as fotos para Lennon, ou a leve para dar um passeio pela casa — seus passos se detém — E depois vocês me contam a história do primeiro encontro de vocês, quero saber tudo.

— Sim senhora — respondo, assentindo.

E em passos largos e firmes dona Lola desaparece em direção a sua saleta particular – um ambiente próprio de casas antigas -, ela some. Sinto um par de olhos queimarem em minha direção, com o braço apoiado no braço da poltrona e o calcanhar no meu joelho, encaro a jovem que me observa de uma maneira diferente.

— Você não vai contar que fomos presos? — ela dispara em um sussurro entre os dentes.

Observo seus ombros tensos, seu olhar temeroso, mas desafiador ao mesmo tempo, meu coração palpita mais vezes do que deveria, meus lábios formigam ainda com a lembrança do nosso primeiro e último beijo. Meus olhos vagam sobre a mesa que nos separa, uma pequena mesa com uma bandeja, com um bule de chá, três xícaras e uma torta com quatro fatias a menos.

Definitivamente seria desastroso atravessa-la. Analiso o longo e estreito caminho em torno da mesa, parecendo seguro, se não fosse brusco. Certamente não poderia joga-la contra aquelas almofadas de crochê e tomar seus lábios furtivamente, pois talvez os meus pés ou os dela iriam esbarrar em algo da mesa.

— Avery — aquele chamado obriga meus olhos a caminharem para cima — Você está prestando atenção?

Entreabro meus lábios, capto o ar, os fecho novamente, apenas maneando positivamente a cabeça.

— Você pode inventar uma versão fofa — curvo os lábios, dançando minha mão no ar — Contando que fui um péssimo aluno, queimei alguma coisa, você cuidou da minha ferida e uma coisa levou a outra — resumo em poucas palavras a primeira coisa que passa em minha cabeça — Ela vai adorar saber que uma mulher me obrigou a entrar em uma cozinha.

Ela me encara, com os lábios contorcidos, enquanto seus dentes pareciam se roçarem de forma sutil ajudando sua mente a processarem tudo. Ao mesmo tempo que esfrego minhas palmas das mãos nos braços da poltrona de encosto alto e confortável.

— Gostei da ideia — finalmente seus lábios se curvam em aprovação.

Aquelas palavras fazem minhas mãos impulsionarem meu corpo, que quase esbarra na pequena e trágica mesa cheia, em direção ao sofá do outro lado, alojo meu corpo do lado do seu, esticando meu braço sobre o encosto do sofá.

— E gostou de conhecer a dona Lola? — questiono aleatoriamente, arqueando meu cenho.

Seu cenho se arqueia desconfiado.

— Essa é sua forma de me mostrar que é sério— ela dispara, sentada com os joelhos juntos e o grosso álbum em seu colo.

Curvo os lábios. Encaro seus lábios, recordando o gosto do nosso beijo.

— Existe maneira melhor? —encaro minhas fotos de infância, apenas por olhar — Você conheceu a mulher que me criou, nenhuma outra mulher a conheceu — minhas palavras eram verdadeiras, jamais tinha apresentado uma garota para dona Lola, as vezes ela esbarrava com meus relacionamentos em lugares públicos, mas nunca as tinha levado até aquela casa — E ainda — ignorando qualquer reação que podia vir com seu olhar, aponto para o objeto a sua mão — Você já me viu pelado.

Ela ri. Eu sorrio. Ela não me encara. Eu observo cada expressão sua, como o sorriso marca sua face, como suas bochechas comprimem seus olhos. Analiso seus lábios, hoje vermelhos, perigosamente pintados de vermelhos.

— Posso ser mais sério que isso?

Seus olhos me encaram, sinto lufadas da sua respiração, nossos rostos estão próximos, seus lábios estão próximos, mas seus olhos se fixam nos meus inquietando meu coração, roubando minha respiração e inebriando minha mente.

— Não — ela sussurra como um segredo.

Ela morde seu lábio inferior, a ponta do meu dedo indicador toca a perfeita curvatura do seu nariz, até a ponta.

— Agora é a sua vez de provar que está me levando a sério.

Suas pupilas se contraem assustadas.

— Era a Merci — e aquelas palavras ditas pela mulher que retorna ao ambiente mata nossa conversa — Queria saber sobre o próximo chá beneficente. 

O que estão achando da história deles antes ?
Gostaram ?
Reencontro no próximo!
ATENÇÃO
MARATONA DE SEMPRE SUA GAROTA
QUARTA
QUINTA
SEXTA
SÁBADO
CAPÍTULOS INÉDITOS
2 DO PASSADO
2 DO PRESENTE
VÃO PERDER?

Ps: CAPÍTULO DEDICADO PARA BrunaLuiz0 lobodiana claralenta TauanaSoares123
Obrigado pelo apoio meninas

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