Capítulo 3 🖋️
Mia Gallardo
Acordei assustada, pois assim que despertei, percebi que não estava na minha cama. A fronha do travesseiro parecia de seda e o colchão era tão confortável que eu parecia afundar nele juntamente com uma coberta grossa e quente.
Me sentei rapidamente, o quarto estava um pouco escuro, mas pela claridade das persianas eu podia me situar mais ou menos no horário. Estava de manhã, bem cedo, meu estômago roncou alto e eu pulei da cama quando percebi que não estava mais usando meu vestido.
Puta que me pariu, eu estava com um baby doll muito bonito e caro, era rosa com corações vermelho e do mesmo pano da fronha. Cenas da noite passada começaram a aparecer na minha mente enquanto eu olhava em volta naquele quarto enorme que parecia tirado de revista. Tinha quadros grandes na parede com imagens de natureza, um closet de portas de vidro com roupas masculinas e muito bem organizadas. Uma poltrona escura estava em um dos cantos e um recamier aos pés da cama.
Me sentei lá enquanto me situava melhor, apesar de estar com muita fome, precisava lembrar do que Nick e eu fizemos quando me trouxe para casa. E se eu estivesse sonhando com ele ao invés de ter vindo parar aqui, onde eu não fazia ideia de onde aqui era? Podia ser muito bem a casa do ficante novo de Paola e essa roupa podia ser dela que ele comprou, e Nick; o meu Nick do passado, tinha sido apenas um sonho.
Ao ouvir uma batida na porta, minhas mãos gelaram e eu fiquei de pé, um pouco trêmula agora com a visão de uma cabeça loira sendo colocada entre o vão da porta aberta. Ai meu Deus, Nick não era um sonho, ele era real. E agora era um Nick mais velho, com um corpo musculoso que estava entrando no quarto com uma regata molhada de suor e muitos centímetros a mais do que antes. Ele estava tão alto que eu precisava olhar pra cima para ver seu rosto.
— Nick — consegui dizer.
— Mia. Você está bem? Dormiu bem?
— Ah, sim, dormi. — olhei para trás de mim, pra cama bagunçada.
— Não se preocupe, você dormiu sozinha ali. E foi minha mãe quem trocou sua roupa, eu lhe dei de presente, mas ela não gostou. Então nunca foi usada.
— Sua mãe? — voltei a olhar para ele, surpresa. A mãe dele morava com ele?
— Sim. — ele balançou a cabeça, porém não entrou em mais detalhes, além de confirmar que não tinha acontecido nada entre a gente.
— O que aconteceu ontem a noite? Não lembro de quase nada — cruzo os braços sobre o busto.
— Joaquim, meu amigo, pediu para eu buscar a amiga da... amiga dele, mas não sabia que era você. Só te reconheci quando cheguei lá, você não mudou quase nada... — vi seu pomo de adão subindo e descendo e abaixei a cabeça, era tão triste pensar no passado. — Enfim, você não estava muito bem, vomitou e desmaiou, te trouxe pra casa e chamei minha mãe para ajudar.
— Eu vomitei?! — praticamente gritei, os olhos mais arregalados possíveis e uma mão tapando a boca.
— Sim, no meu carro — encolheu os ombros largos.
— Meu Deus, eu sinto muito! Posso larvar eu mesma...
— Não! Que isso, não precisa se preocupar, hoje cedo já foi mandado para uma lavagem.
— Nossa, estou muito envergonhada — me virei de lado, para ele não ver meu rosto desesperado e franzido.
— Não tem porque disso. Quer ir para casa? — acrescentou. Infelizmente, para aumentar minha vergonha, meu estômago roncou alto. — Ah! Talvez seja melhor te alimentar antes.
— Não precisa, é sério, já incomodei demais. — eu estava tão envergonhada!
— Não é incômodo, é sério, fica para o café da manhã. Estarei esperando no andar de baixo, seu vestido está no banheiro, com licença.
Ele saiu apressado e me deixou sozinha. Nem parecia que éramos tão amigos quando mais novos, só parecíamos dois estranhos. Ele nem parecia lembrar que foi meu primeiro, e que a gente transava constantemente.
O banheiro dele era enorme, tinha banheira, um box com porta de vidro — daria pra ver tudo quem tivesse do outro lado. A privada devia ser da china, eu tinha visto uma dessas no catálogo de uma revista, ela tinha botões, que loucura. Meu vestido estava pendurado em um cabide, seria vergonhoso usar algo tão extravagante quando não eram nem 9h da manhã.
Como eu não tinha outra opção, coloquei o vestido, arrumei o cabelo e conferi se o banheiro estava do jeitinho que estava quando entrei; também deixei o pijama dobrado por cima da bancada seca da pia de mármore. O espelho era tão grande que dava pra umas três pessoas se arrumarem tranquilamente ali.
Saí do quarto pelo corredor luxuoso, tudo parecia brilhar, até o carpete preto do chão. Desci rapidamente as escadas e o encontrei ao telefone, a casa estaria silenciosa se não fosse por uma moça usando um aspirador de pó na sala ali perto.
— Por aqui, por favor — Nick indicou um corredor largo de paredes de porcelanato, assim como quase toda a sua casa. Ficamos em um momento constrangedor para ver que ia primeiro, então ele foi, já que sabia o caminho, e eu o segui de perto para não me perder.
A sala de jantar era clara, com uma mesa grande de cadeiras fofas, já estava repleta de guloseimas para o café que fez meu estômago roncar novamente, mas por sorte Nick cumprimentava a governanta e ninguém percebeu. Depois de me apresentar como uma conhecida, ele puxou uma cadeira para mim e se sentou na cabeceira, duas cadeiras depois. Percebi que, para ele, eu era uma total estranha, ainda mais depois de ter se tornado um rico e provavelmente esnobe.
A última vez que nos vimos ele morava em uma casa com 1 quarto com duas camas para ele e a mãe, sala pequena, cozinha e um banheiro. Agora, ele morava com a mãe em uma mansão que devia dar 20 apartamentos iguais ao meu e de Paola.
— Paola está bem? — perguntei, ao me recordar de que tinha ido junto com o amigo dele.
— É, eu acho que sim. Ela perguntou se você tinha chegado bem, eu avisei que estava dormindo. Isso foi de madrugada — ele soltou um pequeno sorriso e começou a comer. Me servi de um pedaço pequeno de bolo, algumas uvas roxa e café. Com a fome que eu estava, comeria também os pães, queijo e mais frutas, mas não queria parecer mal educada.
Comemos em silêncio, foi tão constrangedor que talvez eu realmente não conseguisse comer mais do que tinha comido. Fiquei esperando ele terminar, evitando encarar muito seu rosto, mas foi quase impossível. O cara estava um gostoso de marca maior, como diria uma amiga na época da faculdade. Os cabelos loiros escuros na luz daqui estavam bem penteados e brilhosos, como se ele frequentasse um salão de beleza toda semana. A pele do seu rosto era impecável, os ombros largos, o corpo que dava inveja em qualquer um, agora arrumado com uma roupa elegante e cheirando a perfume caro.
Ele devia ter todas as mulheres da cidade aos seus pés, era impossível não olhar para Nick Sinclair hoje e não desejar estar em sua cama. Ele era bonito antes, mas hoje estava um deus grego e devia ser muito bom de cama, seus desempenho deve ter se aperfeiçoado e a pegada dele provavelmente...
— Está tudo bem? — fui pega no flagra, Nick estava me olhando também com uma sobrancelha erguida.
— Me desculpa, estava olhando para a planta atrás de você, é muito bonita.
— Ah, sim — ele olhou pra trás, disfonfiado, pois seu corpo estava na frente do vaso de porcelana com uma linda planta de flores verdinhas. — Você está pronta?
— Estou. Obrigada pelo café. — procurei a governanta para agradecer, mas ela não estava por perto.
Nick se levantou largando o guardanapo por cima da mesa e fiz o mesmo. Sem dizer nada, esperou que eu o seguisse e eu fui atrás igual uma cadelinha. Passamos por alguns corredores até chegar em uma porta que nos deixou em um ambiente escuro, mas Nick ligou uma luz iluminando uma garagem com uma frota de carros. Tinha Jeep, Ferrari, Mercedes, Bugatti, Rolls-Royce e Lamborghini, que foi a chave que ele pegou pendurada e me esperava com a porta do carona aberta.
Se eu sabia o nome desses carros todos? Nenhum, mas na parede atrás de cada carro tinha a insígnia de cada um, de uma forma luxuosa, como se fosse tirado da traseira dos carros, só que maior.
— Desculpa, mas você faz algum trabalho ilícito? — não consegui segurar a língua, ainda parada no mesmo lugar e olhando para cada carro e suas cores exóticas. Tinha um Rolls-Royce dourado, um Jeep verde escuro brilhoso, uma Lamborghini prata, uma vermelha e a roxa, que ele ainda estava esperando eu entrar. Nick soltou um riso curto e deu de ombros.
— Não. Vamos? — disse, indiferente.
— Claro — eu tentei fingir que não estava impressionada tanto quanto já demonstrei e entrei no carro luxuoso. Depois que o vi prender o cinto de segurança eu fiz o mesmo. As portas da garagem abriram pro alto e ele saiu rapidamente, com o motor roncando suavemente pela estrada da casa até os portões grandes da frente, onde dois homens de terno estavam.
— Qual endereço da sua casa?
— É apartamento — informei a ele onde morava com minha amiga e Nick seguiu pelas ruas da cidade sem dizer nem mais uma palavra.
Eu queria perguntar muitas coisas, lembrar dos nossos momentos felizes e, sei lá, falar alguma coisa para ele. Porém, algo na sua postura me impedia, o novo Nick me intimidava, sentia que eu não tinha mais o direito e nem idade para colocar ele contra a parede e questionar do porque ele tinha ido embora sem se despedir de mim.
— Bom, está entregue — Nick estacionou em frente ao prédio e se virou pra mim, o semblante estava tranquilo, e os lábios levemente erguidos. Podia pensar que ele estava nervoso, mas com certeza era vontade de se livrar logo de mim.
— Obrigada — soltei o cinto e abri a porta.
— Foi bom rever você, Mia...
Fechei a porta do carro e não fiquei esperando ele ir embora igual uma boba, me virei e segui na direção da entrada do prédio. Parecia loucura ter reencontrado ele depois de tantos anos, nossa vida tinha mudado tanto, a dele principalmente. Nick era rico e provavelmente não achava legal andar com uma pessoa igual eu, o amigo dele tinha cara de rico também e minha amiga era filha de pais com bastante dinheiro. Me sentia deslocada no meio deles todos, mas eu não tinha para onde ir, ganhava muito pouco para conseguir pagar um aluguel sozinha.
Deitei na minha cama, era fim de semana e eu estava de folga hoje. Olhando pro teto, ainda absorvia tudo que tinha acontecido comigo nas últimas horas, eu estava em uma casa luxosa, tomei um café da manhã com um cara rico que curiosamente era o meu amigo de infância.
Meu amigo com benéficos, que sabia dos meus traumas e me conhecia tão bem de corpo e alma.
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Oiii, como vocês estão???
Comentem aí o que vocês acham que está se passando pela cabeça do Nick!
Também compartilhem nas suas redes, manda para um amigo(a) que gosta de ler umas coisas picantes e divulga muito que solto mais um capítulo no sábado.
Vamos que vamos! 💕
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