Capítulo 16 🖋️
Nick Sinclair
Semanas depois...
As maravilhas do casamento.
Algo mudou nas duas últimas semanas e eu não sabia o quê. Mia estava trabalhando no restaurante do meu amigo e ontem tinha acabado de ser promovida, de ajudante de cozinha para cozinheira. Viram potencial nela e eu estava muito feliz por isso. Acontece que Mia não, ela continuava emburrada, não me dizia o que era e eu estava de mãos atadas sem saber o que era.
Estava pisando em ovos com minha esposa e não sabia mais o que fazer.
Mia saiu do closet com um pijama de vestido, esse não era de seda, tinha um ursinho na frente e era uma de suas roupas antigas que trouxe do antigo apartamento. Um alerta claro para mim que não queria sexo hoje também.
Em um dia da semana passada, ela pulou em mim na garagem dentro do carro quando a trouxe para casa, eu digo que foi o seu dia de surto. Estava com tanto fogo que não queria esperar a gente entrar em casa, então transamos dentro do carro e dessa vez eu que recebi a enforcada.
Pensando melhor agora, acho que ela quer me ver morto de fato, pois anda mais grossa que casco de cavalo. Penso que está estressada com o trabalho, mas também já disse que não é isso. E obviamente falei com meu amigo que disse que nada aconteceu entre funcionários e que achou que ela era desse jeito mesmo.
Observo ela agora subindo na cama, o cabelo preso em coque e a cara emburrada. Não diz nada, senta ao meu lado e liga a TV, largo o livro que eu estava lendo de lado e me aproximo de novo, espalmando sua barriga.
— Amor, eu fiz alguma coisa de errado?
— Ai, Nick, para com isso! — dá um tapa na minha mão e eu puxo a mão de volta. — Você está paranóico com isso, e quer saber? Deve ser a minha menstruação prestes a descer.
— Está atrasada?
— É assim mesmo, como tomo remédio a anos, às vezes demora a descer — ela está passando pelos canais sem parar, engulo em seco e desço da cama. Também não digo mais nada, vou até a cozinha e pego uma barra de chocolate para ela.
Quando entrego a barra, os olhos dela brilham, mas nem me agradece, só pega a barra e baba antes de enfiar dois quadrados na boca. Subo uma sobrancelha, achando graça da sua gula, mas nem ouso dizer nada. Ainda vou ao banheiro e pego umas toalhas de papel úmidas para ela se limpar depois que comer.
— Vai comer tudo? — eu questiono quando vejo a última fileira de chocolate no pacote, ela comeu surpreendentemente rápido.
— Está me achando gorda? Eu estou gorda, não estou? — ela me olha indignada e juro que está prestes a chorar. Joga o pacote na mesinha e começa a limpar os dedos.
— Não! Pelo amor de Deus, não diga isso, você está maravilhosa como sempre esteve, amor. Eu amo o seu corpo.
— As minhas calças estão ficando apertadas — ela começa a chorar, mas não me encara, continua limpando os dedos já limpos.
— Amor, meu Deus — estou assustado, me agacho perto dela do seu lado da cama. — Vamos comprar calças novas, não tem problema nenhum nisso. Por favor, não chora.
— Eu não quero ficar perto de você — ela se afasta e eu fico ali, pasmado. Mia chora e não sei mais o que fazer, penso em chamar alguém, mas ela não parece querer plateia, então só fico quieto do seu lado.
Passo a noite toda acordado, tenho medo dela me chutar pro chão e acordar chorando porque estou ao seu lado. Minha cabeça está rodando em mil e uma possibilidades para justificar seu estado. Tenho quase certeza que ela está atrasada, mas aparentemente é isso que está fazendo seu humor ficar assim. Elas chamam de TPM (tensão pré menstrual), eu nunca tinha passado por isso, até quando mais nova ela não me afastava, só me dava uns socos de vez em quando.
Não acordo ela para trabalhar, talvez seja melhor que fique em casa hoje. Deixo remédios no potinho na cabeceira da cama, e água também. Peço pro motorista para dirigir pois não estou com cabeça para isso. De nada adianta, pois me distraio andando pela vinícola da família, que meu tio deixou pra mim e eu expandi muito mais em todos esses anos. Átila está do meu lado, falando sem parar, outras funcionários também falam coisas, mão não presto atenção. Logo que estamos sozinhos, Átila me faz parar.
— Senhor, qual é o problema? Será que posso ajudar em algo?
— Acredito que não.
— Mas pode me dizer? Quem sabe...
— Minha esposa me odeia e não me quer perto dela.
— Como? — ele engasga com a minha sinceridade. Olho sério para ele e Átila dá um sorriso amarelo. — Não é brincadeira, certo?
— Eu não brincaria com isso.
— Mas o senhor quer conversar? Isso aconteceu de uma hora para outra?
— Não, pelas minhas contas já se foram duas semanas de estresse dela. Antes a gente transava todos os dias, e agora uma vez a cada duas semanas.
— Nossa, algo a está incomodando. O que o senhor fez? — ele me olha desconfiado.
— Nada, caralho, sou um marido amoroso, tá legal?
— Será que ela não está te achando muito pegajoso?
— Ela nunca reclamou disso. Disse que pode ser aqueles dias.
— Aaah, então ela está "naqueles dias" — ele simulou aspas com as mãos e sorriu como se tivesse resolvido todos os meus problemas.
— Não, eu acho que está atrasada.
— Oh.— Átila fez uma cara estranha, reprimindo o sorriso.
— O que? Não entendi essa sua cara de paspalho.
— O paspalho acaba de descobrir o problema, senhor.
— Impossível — mas eu chego mais perto dele, cruzando os braços e duvidando. Espero ele desimbuchar qual o problema da minha esposa que eu mesmo não sei.
— Bom, tudo leva a crer que sua esposa está grávida, senhor.
— Ficou louco? Ela não está... — grávida. Céus! Ela estaria grávida? — Mas o que diabos eu teria a ver com isso?
— Algumas mulheres pegam raiva dos maridos na gravidez, como se estivessem com nojo, sabe? Não querem ver nem pintados de ouro.
— E como você sabe disso?
— Ah, eu gosto de ler algumas revistas de caráter duvidoso.
Eu o olho estranho, mas nem consigo dizer mais nada. Grávida? Mas se eu fizesse as contas das vezes que ela esqueceu na viagem, seriam só duas semanas, nem um mês, era impossível. Então só podia ter sido semanas antes da viagem, mas isso seria as primeiras vezes que transamos...
Ela disse que tomava remédio na nossa primeira vez, mas realmente foram raras as vezes que a vi tomar o remédio naquela primeira semana.
Vou para casa pensativo, acho que ninguém está preparado para ser pai, mas com certeza é bem mais difícil ser mãe, e fiquei com medo até de abrir a boca quando cheguei, pois Mia estava na sala com um balde de pipoca enorme e me olhou com cara de poucos amigos quando me viu. Mesmo assim me aproximo cautelosamente e dou um beijo rápido em sua cabeça antes de subir para tomar banho.
Quando desço, Mia já está dormindo e o balde está vazio. Pego ela no colo e levo pra cama, então me deito do seu lado e dormimos juntos. De manhã ela parece normal, como a Mia de antes, me beija antes de sair do carro quando a deixo no hotel que fica o restaurante que trabalha. Também me manda uma mensagem dizendo que me ama e pedindo desculpas por não ter me dado boa noite ontem. Parece que estou convivendo com duas mulheres diferentes, falo isso para Átila quando estamos sozinhos no meu escritório.
— Ah, os hormônios da gravidez — Átila suspira e junta as duas mãos. Enquanto eu começo a surtar, bagunçou meu cabelo e pego uma garrafa de vinho da prateleira atrás de mim.
— Ótimo, descobri que minha mulher está grávida antes dela.
— Você descobriu, não, eu descobri que sua mulher está grávida antes de vocês dois. Como podem ser tão irresponsáveis? — ele tenta me dar bronca, mas meus sentimentos estão confusos e eu dou risada.
— Mas foi uma irresponsabilidade muito gostosa, tenho que confessar.
— Acho que o senhor passou do ponto da intimidade, senhor.
— Foi você quem começou. Agora me ajuda, como eu vou dizer para ela que está grávida? — me aproximo da mesa depois de virar todo o conteúdo da taça na boca.
— Simples, chega para ela e diz: amor, tem uma grande possibilidade de você estar grávida.
— E se ela ficar braba e me por pra fora de casa? — encho a taça de novo.
— É sério, senhor? — desdenha.
— Muito sério, agora quem manda naquela casa é ela. Acredita que convenceu minha mãe a jantar conosco toda noite?
— Nãoooo, mentira! A dona Nikola lembrou que tem família?
— Mia fez ela lembrar, e eu estou feliz com isso. — olha pra taça e balaço o líquido, pensativo.
— Claro que está.
— O que você acha dessa ideia, eu poderia levar um teste de gravidez e dar a ela?! — meu rosto acende com a ideia fantástica.
— Ela pode te achar maluco também, já que pensa que vai menstruar a qualquer hora. Mas você pode roubar o xixi dela.
— Está de sacanagem?
— Não, você pode dizer que é um exame lá pro restaurante e que o seu amigo pediu para todos fazerem e como ela é nova, esqueceu de avisar a ela. Aí você compra aqueles potinhos e um teste de gravidez, tem uns que até mostram as semanas.
— Nossa, você é um gênio! Mas minha mulher é esperta, ela vai desconfiar.
— Tenta, depois me fala.
Acontece que Mia acreditou na minha mentira e ficou até um pouco magoada porque esqueceram dela. Me senti mal pela mentira, mas era por uma boa causa, ela foi logo ao banheiro e fez o xixi, disse que poderia levar ao médico, mas menti dizendo que era caminho meu. Esperei ela se distrair e fui para o banheiro com o teste, e foi os minutos mais demorados da minha vida. Agora eu sabia como as mulheres se sentiam ao esperar os resultados desses benditos palitinhos. Na caixa dizia que dois risquinhos era positivo, e eu quase caí no chão ao ver os dois ricos no palito.
Pronto, estávamos grávidos.
Volto pro quarto ansioso, com as mãos pra trás, segurando o teste. Mia parecia bem, normal, e ela assistia uma série que gostava muito. Quando me vê saindo banheiro, me olha desconfiada, então pausa a série e fica me olhando.
— Amor, tenho algo muito importante para te dizer.
— Para me dizer? E o que está escondendo aí atrás?
— É uma surpresa que não estávamos esperando, que eu acho que você vai surtar, mas que no final vai ser muito bom pra gente.
Quando eu tinha me acostumado com a ideia de ser pai que nem me lembro?
— Está me deixando nervosa com essas palavras enigmáticas, o que é, amor? — ela se senta ereta na cama e joga os pés pra fora. Me sento ao seu lado e entrego o teste em suas mãos.
— Um teste de gravidez? Quem está grávida, Nicolas?! — Mia me olha com os olhos pegando fogo e aponta o teste pra mim, quero rir, mas não quero morrer.
— Você, meu amor, você está grávida! — levo a mão até suas costas e acaricio para ela se acalmar.
— Eu não fiz teste nenhum!
— Eu que fiz, amor. Acabei de fazer agora com o xixi que me deu.
— Como assim? Eu não acredito nisso! — ela murcha o rosto e continuo com o carinho.
— Comprei dois testes, quer fazer o outro agora? O potinho ainda está lá.
— Sério? Amor, não brinca comigo! Por que você decidiu isso? Como um marido descobre que a mulher está grávida primeiro do que ela? — seus olhos enchem de lágrimas e puxo seu corpo pra mim, pego ela no colo e caminho para o banheiro.
O segundo teste já está lá, faço o procedimento de mergulhar e depois coloco o palito em cima da caixinha. Mia está sentada no meu colo, nós dois não tiramos os olhos do palito, quando as duas listas rapidamente aparecem, ela se vira e abraça o meu pescoço, chorando.
— Amor, não chora, está tudo bem.
— Como está tudo bem? Você não queria ter filhos, eu também, mas sou uma cabeça dura que esquece de tomar o remédio, parece que enganei você.
— Quem te falou que não quero ter filhos?
— Você lembrava mais do meu remédio do que eu.
— Achei que era uma coisa que o casal fazia junto, já que somos casados e meus interesses e não interesses são os mesmos que os seus. Eu não queria ter filhos agora porque achei que você não estivesse preparada ainda, que quisesse focar na carreira, e também porque casamos recentemente. Mas quer saber de uma verdade?
— Qual? — ela seca os olhos se afastando e espero me encarar para falar novamente.
— Eu amei saber que você está grávida. Não me sinto enganado nem um pouco, me sinto sortudo. Eu convivo com você a pouco tempo e sei como é esquecida, e que bom que foi esquecida nisso, me sinto o homem mais feliz do mundo agora.
— É sério? Não está bravo?
— Como poderia? Estamos gerando um bebê, quem fica triste com bebês? Eu te amo, Mia, e agora vamos amar esse bebê — coloca a mão sobre a barriga que não é mais plana, e agora sabemos porque suas calças estão ficando apertadas.
— Eu sinto muito por estar tão estressada ultimamente, eu brigo com você e só sinto vontade de chorar, mas não consigo evitar. — ela fez um bico lindo e a beijo, sorrindo. — Eu te amo tanto! Você não tem ideia do quão feliz me faz, meu amor.
— E você não faz ideia do quão feliz estou. Tudo por sua causa, por isso quero sempre te tratar como uma boneca de porcelana.
— A porcelana quebrou e agora você juntou todos os cacos e colou. — me emociono quando ela segura meu rosto e me beija, depois coloca a mão por cima da minha que está sobre a sua barriga. — Eu tenho estado insuportável, não é?
— Eu fico feliz agora por saber qual foi a causa.
— E você pensou que era o que?
— Nem queira saber, amor.
Nem queira saber...
Aaaah mds eu amo tanto!! 😭😭
O que vocês acharam do marido descobrir que a mulher está grávida antes dela? Hahaha (na verdade foi o Átila, né? Principezinho) 💜
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro