1 - CATLEN NARRANDO
Catlen narrando... (Oito anos depois)
Há algumas semanas, eu havia enviado meu currículo para uma agência. Ouvir a sineta da bicicleta do carteiro, para mim, era motivo de correr até a porta, e ficar na expectativa de que chegasse algo. Por uma semana, eu não recebi nada. Mas aquele dia, eu sentia, que chegaria alguma coisa.
Me posicionei entre a fresta da porta entre-aberta, e fiquei o observando. Ele jogava cuidadosamente cada jornal nas portas das casas. E as coisas mais delicadas como encomendas pequenas e cartas, ele colocava na caixinha de correio.
Faltava uma casa, para chegar até a minha, meu coração acelerava descompassadamente. Era sempre assim, para no fim, não dar em nada toda a empolgação. Ele chegou em minha casa, diante dos meus olhos tudo estava em câmera lenta, a ansiedade era gritante. Vi quando o mesmo, colocou algo dentro da caixinha.
Corri até lá. O carteiro se assustou quando comecei a dar pulos empolgada.
-Dia bom?. -Ele me perguntou.
-Dia maravilhoso! E olha que ainda nem peguei as cartas, mas estou confiante.
-Abre, e confirma!. -Ele sorriu. Eu nunca tinha reparado em como ele era bonito.
Empolgada, enfiei minha mão dentro da caixinha e tirei de lá um maço de cinco cartas. Arregalei meus olhos, impressionada com a quantidade de cartas ali.
A primeira era uma carta da mamãe, que aliás, nunca mais havia entrado em contato. A segunda e a terceira, eram apenas as contas. Na quarta, meu coração pulou fora. A quinta, era a comprovação da quarta.
-Eu tenho uma entrevista amanhã!. -Balancei-me de um lado para outro, rodando o meu vestido godê, esquecendo-me que ali, me encarando estranhamente com uma gargalhada presa, estava o carteiro, que nem ao menos o nome eu sabia.
-É... parabéns.
-Obrigada, deixe-me, que me apresente, me chamo Catlen. -Estendi a mão, ele a apertou.
-Um prazer enorme conhecê-la. Me chamo Mariano.
-O prazer é meu. Obrigada por trazer a felicidade. -Balancei a carta.
-É o meu trabalho. -Sorriu. -A gente se esbarra.
Acenei para ele, que saiu logo em seguida, em sua bicicleta.
No dia seguinte, um sorriso estampava meu rosto. Quando finalmente estava pronta, peguei o meu carro velho, -ganhado por meu pai, que já o possuía há anos- e segui direto para a agência.
Ao chegar, adentrei.
-Bom dia!. -A recepcionista me deu um sorriso.
-Bom dia.
Ela me levou até a sala em que a entrevista aconteceria. Uma mulher ia saindo, e ordenou para que eu entrasse.
-Bom dia!. -Disse ao entrar.
-Bom dia... Catlen Meireles não é?
-Isso mesmo. -Sorri.
-Então Catlen, eu me chamo Guilherme, sou o gerente da empresa. Vamos começar?. -Disse sim. Ele se ajeitou na cadeira. -Quais são seus pontos fortes?
-Bem, eu sou muito pontual. Eu sigo firme, sempre. E sou muito competente!
-Por que, saiu do seu emprego anterior?
-Porque, eu comecei a cursar a faculdade de secretariado.
-Tem alguma pergunta para mim?. -Guilherme me encarou.
-Por que, a antiga secretária executiva foi demitida?
-Bem Catlen, a antiga secretária, foi despedida, porque, descobrimos que ela estava desviando dinheiro da empresa. -Suspirou. -Então espero, que a senhorita, mantenha sigilo, ordem, e decência!
-O senhor, pode aguardar o melhor de mim. Porque eu darei o meu melhor!
-Se é assim, Catlen Meireles, bem vinda a agência Clothi.
-Sério mesmo Senhor Guilherme? Fui a escolhida?. -Ele balançou a cabeça positivamente. -Muito obrigada, não sei como agradecer pela oportunidade.
-Amanhã, você começa!
Me despedi do gerente e segui para a saída, eu estava sobre as nuvens.
-Foi contratada?. -A recepcionista, perguntou animada.
-Fui. -Ela segurou minha mão e deu um sorriso largo. -Não tivemos tempo de se apresentar, me chamo Catlen.
-Eu me chamo Julse. Precisamos comemorar. -Ela falou empolgada.
-Hoje a noite, por minha conta, me passa o teu endereço, que eu te pego em casa.
Julse me passou seu endereço, marcamos de sair as nove da noite, iriamos até um restaurante, comer pizza e beber vinho. Eu havia acabado de conhecê-la, mas ela me transmitia sensação de felicidade.
No caminho de casa, resolvi ir visitar a mamãe, a partir do dia seguinte eu não teria tanto tempo, e já fazia muito tempo que não a via, nem ao papai.
Eu havia saído de casa aos dezoito anos para morar no alojamento da faculdade. Desde então, decidi continuar com a minha independência. Eu morava a cem km de distância dos meus pais, para ir até lá, tinha que enfrentar horas no volante, e nem sempre eu estava com coragem para isso.
Ao chegar, as portas da casa, estavam abertas, o que era bem comum, já que eles moravam no campo, adentrei a casa, avistei mamãe de frente com o fogão, provavelmente, preparando um almoço delicioso para papai, que se encontrava dormindo no sofá.
-O cheiro está ótimo, irei me acabar. - Falei a surpreendendo.
-Catlen! Minha filha, você ainda nos mata! Esqueceu-se de nós. Que saudades.
-Desculpe-me mãe, prometo que mandarei sempre notícias atualizadas.
-Assim espero. Vai chamar o seu pai para almoçar conosco.
A obedeci. Balancei papai que estava em um sono profundo.
-Cat querida! Seu pai estava morrendo de saudades.
-Eu também estava papai. Vamos almoçar!
Almoçamos sentados a mesa, como nos velhos tempos, relatando lembranças antigas, e coisas sobre o presente.
Meus pais me abraçaram e me desejou positividade ao descobrir que no dia seguinte, eu me tornaria secretária executiva da agência Clothi.
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