[12] Invulnerável
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Desde que havia chegado no sul e encontrou com seu pai, ele não havia se encontrado com Nari, na verdade, Jimin nem saberia dizer se seu pai sabia da existência da garotinha. Aquiles também não havia dito nada sobre, então vê-lo tão perto dela o deixou confuso sobre como agir, não era pra ser assim, mas ele não sabia explicar porquê desse sentimento de receio. Nari era sua filha, seu pai não tinha nenhuma autoridade sobre ela, então não havia motivos para essa ansiedade.
— Papai! — Nari gritou e correu em sua direção. Agarrou a perna do pai e apertou com medo de soltá-lo e ele desaparecer. — Nari estava procurando você.
Jimin acariciou a cabeça da filha, mas seus olhos ainda estavam pregados em seu pai. O homem não mostrava o que estava sentindo, então não havia nenhuma suposição do que ele poderia estar pensando. O ômega já havia repetido em sua cabeça que não se submeteria mais ao seu progenitor, mas estar em sua frente era bem mais difícil do que apenas dizer sozinho em seus pensamentos.
Quando seu pai foi embora da casa de Aquiles após sua confissão, eles não trocaram mais palavras. Sua cabeça ainda martelava na atitude de seu pai, como poderia ser doloroso sofrer por ações de alguém que não é bom para si, mas ainda assim buscar algumas migalhas que fosse de atenção mínima.
Sempre que estava longe era fácil nutrir o sentimento de negação, de aceitar que aquela pessoa que deveria ser seu protetor, seu amigo e principalmente seu pai, não gostava tanto assim de você. Era fácil lembrar das coisas ruins que ele fez você passar, de gerar mais mágoa e prometer não se importar mais. Agora vendo aquela pessoa, era tão difícil até de respirar, pois todas suas decisões que levaram tanto tempo para formar e levar adiante, pareciam tão insignificantes.
Porque doía quando ele olhava para os olhos cansados e com rugas da idade. A barba sempre parecia um pouco mais alta que a última vez que o viu, o cabelo com pouco resquício do mesmo loiro em sua cabeça. Doía tanto ver essa imagem e imaginar o quão quente deve ser o abraço, sentir o mesmo feromônio que sentia quando ele soltava para acalmar Aquiles pela morte de sua mãe. Talvez fosse isso, a imagem sofrida que gravou dele quando Héstia morreu, era essa imagem que sempre projetava.
Eles haviam acabado de chegar do enterro, a casa parecia mais escura e o céu cinza lá fora parecia de luto, era quase tão parecido de quando sua mãe morreu. Jimin olhava os adultos da casa andarem de um lado para o outro, os empregados tinham um semblante sério e triste, muitos adoravam Héstia e para eles também foi uma grande perda. Aquiles havia subido para o seu quarto, ele ainda vagava na imagem triste e chorosa do mais velho.
Já estava perto da hora do jantar, mas Jimin sabia que ninguém estaria com ânimo para comer naquele momento. Quando viu a mesa pronta e aguardando somente as ordens, Jimin subiu na expectativa de tentar ajudar seu pai e irmão. Quando se aproximou do quarto de Aquiles, seus passos tornaram-se mais cuidadosos, como se muito barulho pudesse deixá-lo mais triste. A porta estava entreaberta e antes de entrar, Jimin escondeu-se para olhar para aquela abertura. Seu pai estava lá dentro, ele estava ao lado de Aquiles o abraçando tão forte, enquanto o garoto chorava sem parar. Foi a primeira vez que Jimin viu seu irmão se agarrar tão desesperado ao seu pai.
Héracles segurava o filho balançando-o e o confortando-o. Seu pai tinha o rosto enrugado, como se tentasse evitar chorar mais alto que o filho, suas mãos ao redor de Aquiles tremiam e seu cabelo estava bagunçado. Foi também a primeira vez que o viu tão desarrumado. Ele parecia tão cansado e triste, tão indefeso e totalmente diferente da figura impotente com o olhar sério e autoritário. Aquela imagem ficaria gravada profundamente em sua cabeça, aquilo o lembraria que seu pai não era tão indiferente e tão forte a tudo como ele imaginava, ele também podia chorar. Jimin pensou que se o alfa conseguia ser sensível, era só ele tentar cativar esse lado do seu pai, talvez assim conseguisse comover a ponto de mostrá-lo para o ômega também.
Naquela época seu pai ainda era jovem, mas não importa o quanto ele envelhecesse, Jimin sempre projetaria essa memória no homem. Mesmo vivendo sob a indiferença de carinho e amor, Jimin não conseguia manter toda a raiva quando olhasse para aqueles olhos. Era tão injusto, ele não queria que fosse assim.
— Nari, você não pode fugir dessa forma, fiquei tão preocupado — Aquiles havia se abaixado ao lado da garota e com as mãos acariciando suas costas ele a repreendeu. — Imagina se algo acontecer com você, seu papai e eu vamos ficar muito tristes.
— Desculpa, tio — A garota pediu, seu rosto enterrado na perna do seu pai. — Papai!
Jimin saiu do transe e desviou os olhos do pai, ele abaixou-se para estar do tamanho da pequena. Ele examinou todo seu rosto e corpo e antes que deixasse a menina dizer algo, apertou seus braços ao redor do pequeno corpo.
— Fiquei tão preocupado, não assuste mais o papai assim.
— Desculpa papai, Nari só queria encontrar você — Nari esfregou seu rosto contra o de Jimin, buscando mais conforto. O ômega deixou uma trilha de beijos em seu rosto.
— Papai já estava indo encontrá-la, mas você deixou seu tio e eu tão preocupados.
— Por que voltou cedo? — a pergunta foi feita por Aquiles, que agora estava de pé novamente e encarando Héracles. — Pensei que a reunião demoraria mais.
— Foi adiada devido alguns imprevistos, então decidi voltar e adiantar outros assuntos — Héracles respondeu e aproximou-se mais dos dois ômegas e da filhote. — Então… Essa é a Nari?
Jimin olhou para seu pai, ainda era difícil adivinhar o que o homem estava pensando, mas seu olhar estava na garotinha nos braços do ômega, eles transmitiam algo que era difícil do loiro desvendar ser o que. Pelo tom da voz do alfa, ele já sabia da existência da garota.
— Apesar dos olhos não serem da mesma cor, o olhar é o mesmo que o seu Jimin — o alfa divagou enquanto analisava Nari.
Essa observação deixou o ômega confuso, ele nunca soube como ele era ao olhar do seu pai ou que tipo de olhar o alfa via em seu filho em todos esses anos. Para Héracles, quando ele encontrou a menina perdida olhando assustada ao redor, era o mesmo olhar de quando ele encontrou Jimin no dia que Irene morreu.
— O que está fazendo aqui? — a pergunta foi para Jimin. O ômega ergueu-se com Nari agora em seu colo, a menina abraçava o pescoço do progenitor e enterrava o rosto em seu ombro, sentindo-se acolhida pelo cheiro do pai.
— Por quê? Ele não pode vir aqui? — Aquiles respondeu ao invés do loiro, logo recebeu um olhar reprovador do alfa.
— Soube que está procurando um emprego — Héracles ignorou Aquiles e aproximou-se mais de Jimin. — Eu disse que pagaria a quebra de contrato.
— E eu lhe pagarei todo esse valor brevemente.
— Mesmo assim, você pode voltar para casa, dessa forma não precisará trabalhar. Posso pagar uma boa escola para sua filha e…
— Você tem merda na cabeça? — Aquiles colocou-se entre o pai e o irmão. — Que tipo de propostas são essas? Até pouco tempo você não se importava com o que acontecia com ele e agora quer ser tão bom? A troco de que? Ah, já sei. Arrumou um novo pretendente para Jimin e quer ter total poder sobre sua vida novamente e assim conseguir um bom negócio dessa vez. E eu papai? Não conseguiu nenhum para mim? Desse jeito vou pensar que você tem algum favoritismo.
— Aquiles! — Héracles bradou em advertência para as falas do filho.
— E como você descobriu que ele estava procurando emprego? Contratou alguém para segui-lo? — Aquiles riu sem emoção alguma. — Que pai diligente você é.
— O que você está fazendo? — Héracles perguntou incrédulo para o mais velho.
Jimin suspirou e virou-se para sair. Ele não queria estar no meio de mais uma discussão deles, não queria submeter sua filha a palavras tão ofensivas. Seus passos faziam o caminho pelo qual veio e antes de chegar até o elevador, a voz do seu pai estava atrás de si o chamando.
— Jimin! Espera!
Jimin queria fingir não ter ouvido, mas seu pai segurou seu braço o puxando, fazendo-o tropeçar, mas parar. Por alguns segundos ele assustou-se por pensar que cairia com sua filhote no chão.
— Não faça isso — sua voz foi repreensiva quando encarou seu progenitor. Ele ficou surpreso consigo mesmo por ter falado dessa forma ao homem, mas não se arrependeu. — Eu agradeço a sua proposta, mas rejeito ela.
— Eu quero conversar com você.
— Não temos muito assunto para compartilhar, pai.
— Precisamos falar sobre aquilo, eu não devia ter saído daquela forma naquele dia…
— O quê?! — Jimin interrompeu sem acreditar. — Você só pode estar brincando.
— Não estou. Quero que me diga o que levou isso a acontecer, preciso entender porque chegou a esse ponto. O que você fez para que ele agisse assim?
Jimin sentiu seu lábio inferior tremer involuntariamente, ele nem sabia que uma vontade absurda de chorar estava já pronta para estourar de dentro de si. A mão do alfa ainda estava segurando seu braço e ele sentiu-se tão insignificante e sensível pela forma que lhe foi perguntado aquilo, como um homem com o poder que seu pai tinha podia ser tão estúpido.
— Você quer saber o que eu fiz? O que você acha que é tão ruim a ponto de alguém se vingar dessa forma? — Seus olhos já estavam tão unidos e nublados, seus braços segurando Nari tão apertado que temia machucá-la.
Não era esse Jimin que o ômega queria que estivesse na frente do seu pai, ele queria sentir-se forte o suficiente para agir como fez com Hyunki, mas aquelas perguntas o afetou tanto que só podiam perfurar sua alma.
— Por que a culpa é minha? — Jimin perguntou entre dentes, as lágrimas escorrendo por seu rosto. Ele tentou soltar-se do aperto do pai, mas não conseguia.
— Eu não quis dizer isso, não estou culpando ninguém, apenas quero saber o que aconteceu — o alfa olhou de lado para as pessoas que transitavam ali, não gostando da atenção que estava chamando. — Vamos conversar na minha sala.
— Eu não quero — Jimin tentou manter-se firme em seu lugar, mas não tinha forças para competir com alguém da estatura de seu pai. — Você não está culpando ninguém? Só existe um culpado, mas você não enxerga porque fez o mesmo com minha mãe.
Aquela acusação fez o alfa apertar seu maxilar. Não permitindo que aquilo o atingisse, continuou a puxar Jimin. Uma mão agarrou a que o alfa puxava o loiro, tentando impedi-lo de avançar mais e soltar o ômega.
— Solte-o agora, pare com isso — Aquiles grunhiu, suas mãos forçava a de seu pai soltar o irmão, mas aquilo tornava o aperto mais forte. — Você está o machucando!
— Saia Aquiles, depois converso com você — Héracles advertiu, inabalável com a pressão que seu filho mais velho fazia em sua mão. Mesmo sendo dois, o alfa ainda era mais forte. — Pare de tornar as coisas difíceis.
— Você não tem o direito de fazer isso! Pare de ser um idiota! — Aquiles gritou enfurecido. Ele parou na frente do pai e proibiu ele de avançar mais.
Todos os funcionários ao redor estavam surpresos e assustados com a cena, mas como pertenciam a cargos bem abaixo de quem causava aquele tumulto, não poderiam fazer muita coisa. Héracles era um alfa dominante, então isso era mais um motivo para manter-se longe e todos ali sabiam que Aquiles era filho dele, então era uma discussão familiar que não seria bom se intrometer. As pessoas que estavam ali eram divididas entre alfas comuns, betas e ômegas. Ninguém seria louco de desafiar o homem.
— Estou farto da forma que você fala comigo, sou seu pai e não vou mais aceitar sua falta de respeito — Héracles bramiu, mesmo que fosse seu filho o desafiando ali, seu alfa não quis ceder. — Saia da minha frente.
— Pai, pare com isso — Jimin pediu ainda tentando soltar-se, ele estava com receio do homem mais velho perder a cabeça com o irmão.
Nari apertava Jimin, aquilo dificultou que conseguisse respirar. Seu braço já estava dormente e ardia pelo aperto, estava insuportável. Sua filhote queria o proteger, mas se contorcia de forma que acabava dificultando as coisas para Jimin, mas mesmo assim ele não a soltou com medo que ela caísse.
Não era esse tipo de situação que ele queria se envolver, ele estava tão desesperado e com medo desse tumulto. Ninguém parecia querer ajudar e isso o deixou mais angustiado.
— Héracles, o que está acontecendo aqui? — Athena surgiu entre as pessoas ao redor, parando ao lado do alfa.
— Não se intrometa, Athena. Isso é um assunto familiar.
A alfa olhou para Aquiles que tinha um olhar enfurecido e depois olhou para Jimin que parecia tão mal a ponto de desmaiar. Seus olhos voltaram para o rosto impassível de Héracles. A mulher foi acionada após a situação chegar aos seus ouvidos. Na mesma hora ela subiu para o andar que tudo acontecia, mesmo sendo mais nova que Héracles e sendo uma alfa comum, ela como uma superior acima dos outros que estavam assustados ali, foi resolver sem hesitar.
— Solte Jimin, você está o machucando, ele está com uma criança assustada nos braços — Athena avisou, mas aquilo parecia inútil, pois qualquer lado racional do homem havia sumido, deixando apenas seu lobo sobressair na situação. — Héracles!
Os olhos do alfa deslizaram quase suavemente para a alfa que usou seu tom de advertência. Ele estava tão enfurecido pelas classes tão baixas da sua lhe dando ordens.
— Não lhe avisarei novamente, então pare de se intrometer.
— Você é tão tosco que não vê a situação que está criando — Aquiles esbravejou tentando se aproximar do pai, mas Athena o parou. — Solte-me!
— Não dificulte mais as coisas, Aquiles — Athena exigiu olhando séria para o ômega. A situação já estava indo para a beira do descontrole, o ômega não podia dificultar mais. Athena não era alguém que conseguia repelir uma pessoa como Héracles, então tinha que usar a cabeça e persuadir.
— Ele está machucando Jimin, eu quero que ele o solte agora!
— Héracles, primeiro solte Jimin, depois conversamos em um lugar mais privado. Você não precisa de uma cena dessa…
— Estou farto de ser desrespeitado por esse moleque. Não devia ter sido tão frouxo com você, Aquiles, mas nunca é tarde para ensinar o certo — Héracles avançou empurrando Athena para o lado, aquela ação fez Jimin ser puxado em um solavanco. O ômega choramingou pela dor, sua filha escorregando de seus braços.
— Pai, não faça isso! — Jimin berrou ao ver ele erguer a mão para Aquiles.
Um tapa foi dado, mas não no rosto de Aquiles. Seus olhos se arregalaram ao encontrar-se com os de seu pai, quando o rosto do alfa virou forte com o impacto. Qualquer névoa que tivesse cobrindo os olhos do alfa, dissipou-se rapidamente, trazendo racionalidade. Jimin quase sentiu-se mal pela força que aquele tapa foi dado, mas não teve tempo para nutrir pena. Um golpe certeiro e exato foi dado no braço que possuía a mão que segurava Jimin, esse gesto fez imediatamente Héracles soltar o braço do loiro. Jimin sentiu seu braço perder a força, mas não soltou Nari.
— Jungkook! — Athena vociferou aliviada ao ver o alfa parado em frente ao outro dominante.
Todos ao redor puderam respirar aliviados novamente, a situação parecia ter sido contida em segundos após o alfa aparecer. Jimin não estava acreditando que Jungkook estava ali, ele estava tonto, pois Nari ainda o apertava com medo.
Jungkook estava com o semblante sério e se pudesse ser visto, faíscas estariam pulando de suas orbes. Seu corpo estava tenso, como se estivesse se contendo o máximo que pudesse. Quando Héracles ergueu-se do tapa, seu rosto estava vermelho e ele estava incrédulo.
— Como você ousa me bater?
Jungkook não desviou ou sequer piscou os olhos que estavam fixos no do outro alfa. Seus passos curtos o aproximaram até estar a centímetros do pai de Jimin e Aquiles. Sua voz estava baixa, mas o tom era vindo da sua voz de alfa.
— Você vai sair daqui e esfriar a cabeça ou então não serei tão compreensivo. A escolha é sua, saia agora e pense nos seus erros ou irei lhe dar uma lição que não será necessário pensar.
Héracles abriu sua boca para protestar, mas não disse nada. Seus dentes se apertavam tão forte uns contra os outros, que parecia alucinação ouvir o som deles trincando. Mesmo que fosse um dominante como Jungkook, seu lobo ainda sentia-se inferior ao do moreno. Héracles respirou fundo e encarou Aquiles atrás de Jungkook e depois Jimin que nem olhava em seu rosto. Contra sua vontade, seus pés viraram-se e ele saiu a passos largos dali.
Jungkook olhou para Athena que estava parada a poucos metros e isso foi o suficiente para que a alfa chamasse a atenção de todos que estavam parados olhando, retomar aos seus trabalhos. Aquiles passou por Jungkook e ficou com receio de tocar em Jimin, seus olhos preocupados tentavam olhar para o rosto baixo do irmão.
— Jimin… — Aquiles chamou o loiro, mas Jimin não respondeu. O moreno estendeu a mão, mas parou imediatamente ao ver como o local que seu pai apertava no loiro estava vermelho com pigmentação violeta. — Me de Nari, seu braço deve estar doendo.
Jimin apertou mais sua filhote contra si e não quis fazer o que o irmão pediu. Aquilo deixou Aquiles mais receoso sobre o que dizer ou fazer. Jungkook parou ao lado de Aquiles e uma de suas mãos gentilmente tocou com dois dedos o queixo do ômega, erguendo-o.
Os olhos de Jimin estavam tão vermelhos e as duas orbes violetas pareciam tão irritadas, aquilo fez Jungkook franzir o meio de suas sobrancelhas angustiado pelo estado do ômega. Jimin comprimia muito suas expressões, com leves tremores, o que deixava sua imagem mais perturbadora para se olhar.
— Jungkook, vou levá-lo embora…
— Não. Ele vai ficar comigo.
— O quê?! Mas por que essa decisão? Ele é meu irmão. Vou cuidar dele.
Jungkook não olhou para Aquiles, mas seu tom foi firme quando disse só ômega.
— Você não vai tirá-lo de perto de mim.
Sem esperar outro argumento, o alfa pegou Jimin com Nari, no colo. O loiro escondeu seu rosto contra o pescoço do alfa, enquanto embalava Nari contra seu peito. Para o moreno eles não pesavam nada, então foi fácil carregá-los até o último andar do prédio, onde ficava sua sala. Aquiles não veio atrás, ele queria interferir, mas pelo modo como viu Jimin se aninhar ao alfa, decidiu esperar que o irmão voltasse a si para ajudá-lo. Preocupado que seu pai fosse até sua casa, ele percebeu que era melhor por enquanto não levar Jimin para lá, na verdade, suas próprias emoções estavam conflitantes. Nunca viu seu pai agir de forma tão agressiva com eles assim, então não sabia o que pensar sobre.
— Vamos tomar algo, Aquiles. Você parece bem nervoso — Athena aproximou-se do ômega e sem contestar ele deixou que a ruiva o puxasse para longe.
Quando o elevador passou do térreo e seguia para a garagem no subsolo – onde apenas carros dos membros do conselho estacionaram ficava –, Aquiles quis questionar porque estavam indo ali, mas ele nem conseguiu abrir sua boca. Era a primeira vez que sentia seu corpo estranho, ele estava assustado por mais que não dissesse isso em voz alta. Suas mãos tremiam e as cenas dos acontecimentos de antes passavam aceleradas por sua cabeça.
Suas atitudes sempre com ações firmes e impotentes havia sumido, ver a forma como seu pai tratou Jimin e depois o tratou quebrou a bolha que havia criado em sua mente. Ele sempre achou que fosse capaz de confrontar Héracles e que nunca teria medo dele, mas a situação de hoje o deixou sem ações. No fim, ele era apenas um ômega e não importa o quão dominante ele fosse, ele era inferior ao seu pai.
Athena segurou a mão do moreno quando o elevador abriu-se e o puxou até seu carro. Quando ia abrir a porta do passageiro, o ômega retraiu seu braço.
— O que foi?
— O que está fazendo? — Aquiles perguntou atônito. Suas ideias estavam se misturando, estava em choque com os acontecimentos de antes.
— Vou levá-lo para tomar um ar e beber algo. Achei que fosse melhor sair um pouco daqui.
— Não quero.
Athena suspirou e encarou Aquiles por alguns segundos. Aproximou-se do ômega e colocou suas mãos sobre os ombros do moreno.
— Estou vendo que você não está bem, sei que aquela situação lhe deixou abalado. Não precisa mentir para mim.
— Não estou assustado…
— Aquiles, eu te conheço — Athena afirmou. A alfa puxou Aquiles contra seu corpo e o abraçou. — Seu pai nunca gritou com você, nunca encostou um dedo em você e por isso sei que vê-lo daquela forma foi um choque para você. Sua personalidade pode dizer o contrário disso, mas seu ômega não pode mentir. Sou sua amiga e sei melhor que ninguém que estar naquela situação te deixa invulnerável.
Aquiles sentiu sua respiração travar quando escutou aquela palavra. Invulnerável. Isso era a última coisa que gostaria de sentir entre todas as coisas, pois era a mesma coisa que sentiu quando perdeu sua mãe. Esse sentimento sempre lhe deixaria transtornado pelas memórias que abriram portas fechadas a muito tempo. Suas mãos agarraram o tecido da roupa de Athena, raiva e angústia preenchiam seu peito. Mesmo estando a ponto de soluçar, ele não queria chorar. Seu rosto havia afundado na curva do pescoço de Athena e o cheiro ali era o que ele precisava para distanciar tudo que invadia sua mente.
Ninguém sabia, na verdade esse era um lado que Aquiles queria guardar só pra ele. O vício que criou para afastar os problemas e memórias ruins. Naquele momento ele não estava se importando com quem estava ali, ele apenas afastou seu rosto o suficiente para encarar a alfa.
Seus olhos tinham lágrimas presas, seu rosto que mostrava a raiva, mas com certa vulnerabilidade que faria qualquer um confortá-lo nos braços e querer afastar aquele semblante triste. Aquiles aproximou seus lábios trêmulos e antes que Athena se afastasse, sua boca encontrou-se com a do ômega. As mãos trêmulas do moreno seguravam o rosto da ruiva e entre o beijo o gosto salgado se misturou. Aquiles estava com os olhos fechados, enquanto várias lágrimas deslizavam por sua face. Sua expressão sofrida, se forçando aquilo. Tudo que Athena fez foi apoiar suas mãos por cima dos dedos do ômega e retribuir o beijo.
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Imagino que leitores antigos podem ficar surpresos por essa última cena, mas estou curiosa sobre o que vocês pensam sobre hahahaha.
Foi tão corrido pra mim esse início de semana que fiquei biruta achando que ontem era dia da atualização.
Espero que todos que estejam sofrendo com essa onde de calor se hidratem bastante. Vamos fazer o possível para não ficar em baixo do sol, pois só o mormaço está derrubando todos.
Vejo vocês em breve!! Byee 🦋🧡
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