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[06] O frio mais quente

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Quando chegou ao andar solicitado, Jimin olhou para o celular confirmando o número da sala que ele estaria com Nari. O andar em que estava era grande e espaçoso, algumas poucas pessoas transitavam com papéis, copos de café e pastas de um lado para o outro. Pequenos olhares curiosos eram lançados para si, mas Jimin manteve-se calmo, afinal ninguém ali saberia quem era ele.

Virando a primeira esquina, ele achou a sala, mas Aquiles saía dela dando um último aceno para a pessoa do lado de dentro.

— Nari já está bem distraída — O moreno avisa quando encontra com seu irmão. 

— Ela está com quem? — Jimin pergunta e tenta alcançar a maçaneta para abrir e verificar, mas Aquiles segura sua mão e o puxa para longe.

— Com alguém muito responsável. Não temos muito tempo para gastar agora — O ômega coloca o braço sobre os ombros do loiro e o guia para o lado oposto de onde saiu. — Athena é insuportável com horários e já estamos uns segundos atrasados.

Jimin agradecia por estar de óculos escuros, pois sentia-se mais confortável ao notar, dessa vez mais olhares para ele e Aquiles. 

— O que você foi fazer lá embaixo, enquanto eu subia com Nari.

— Nada tão importante — Jimin deu de ombros e então um pensamento surgiu rápido em sua mente. — O processo de contratação, quem o faz?

Aquiles olhou de relance para Jimin e tirou o celular do bolso, respondendo uma mensagem que havia acabado de chegar.

— Bem, geralmente é o pessoal do RH. Esse departamento pertence ao Jin — Aquiles fez uma careta ao ler a resposta que chegou rapidamente para si. — Muitas pessoas trabalham lá, mas Seokjin apenas entrevista pessoas que concorrem a cargos altos. Outras funções são seus subordinados que o fazem.

— Entendo — Jimin deu um suspiro de alívio. Jin era alguém calmo e sério, nunca teve muitos problemas ou conflitos com o mesmo.

Na verdade, o alfa de cabelos escuros não se importava muito com assuntos irrelevantes, ele era objetivo e isso sempre foi desde criança. Mesmo que na infância, Jimin e ele não tiveram tanta aproximação, Seokjin nunca o tratou mal ou com muita indiferença. Eles apenas não tinham nada em comum que valesse compartilhar. Era bem irônico, levando o fato que ele era parceiro de Taehyung, alguém de um pólo totalmente oposto ao seu.

Talvez suas nuances eram vistas apenas por aqueles que ele gostava. Jimin de certa forma ficou grato por alguém como Jin pertencer a aquele departamento.

— Por que a pergunta? — Aquiles questiona, dessa vez seus dedos apertando fortemente a tela do celular, enquanto digitava. — Esse projeto de pai quer arrancar meu coro, quem ele pensa que é?!

— O que aconteceu? — Jimin tenta espiar o que o irmão tanto escrevia com uma expressão raivosa.

— Seu pai, aquele folgado. Ele vai se atrasar para a próxima reunião e quer que eu vá no lugar dele — o ômega quase rosna e Jimin sabia que se o temperamento do irmão explodisse, ele com certeza jogaria o celular para os ares. — Ele deve estar achando que eu sou a secretária dele. Eu acho que se nós dois se juntar e organizar direitinho a gente consegue internar ele em um asilo.

— Prefiro ficar de fora dos holofotes dele — Jimin riu.

— Sorte sua que não precisa mexer com essa papelada toda. Só não saio daqui, porque eu teria que arrumar outra vocação e não tenho mais nenhuma — Aquiles bufou e desligou o celular.

Caminhando mais alguns metros, eles finalmente entraram na sala que seria resolvida toda a papelada. Jimin pensou que poderia haver mais pessoas envolvidas nesse processo, mas só tinha Athena ali. A ruiva estava totalmente diferente do que Jimin se lembrava. O uniforme que a alfa usava, era parecido com o de Aquiles, a diferença sendo uma saia longa um palmo abaixo do joelho. Seu cabelo ficava dez vezes mais brilhante com a cor preta em contraste.

A mulher usava um óculos que apoiava-se na ponta do nariz, enquanto ela escrevia algo em uma prancheta. Seu olhar desviou para o relógio de pulso e finalmente encarou os dois novos convidados na sala.

— Pelo seu desespero, eu esperava que fosse adiantado e não atrasado — Athena advertiu, seu olhar indiferente à presença dos dois ômegas.

Athena Petri, era uma alfa dominante. Sua personalidade era muito dura e inflexível, causando um certo desconforto nas classes mais baixas ao seu redor. Ela não precisava de muito para impor algo, sua áurea fazia isso por si própria. Desde a adolescência ela foi alguém bem visível onde passava, apenas sua personalidade que era mais de uma “moleca” do que a que se parecia agora.

A alfa sempre foi dona de uma beleza difícil de superar quando se via pela primeira vez. Era difícil não atrair qualquer pretendente à sua porta, até mesmo orgulhosos alfas dominantes rastejavam aos seus pés se ela desse uma oportunidade. Ela poderia ter quem quisesse, mas a mais difícil era por quem sua alfa era atraída.

Mesmo que não fosse de domínio geral, algumas pessoas sabiam que Athena só se interessava por uma pessoa específica. Jimin se lembrava vagamente de como toda a postura da alfa mudava, quando uma certa ômega estava no mesmo ambiente que ela.

— Você não está fazendo isso de graça, então não seja tão exigente — Aquiles resmungou e antes de sentar-se, Jimin puxou ele para mais perto.

— Você está pagando para ela fazer isso? — O loiro perguntou sussurrando no ouvido do irmão.

— Não, bem, não é dinheiro se é isso que te preocupa.

— O quê… 

— Depois, Jimin — Aquiles cortou a fala do irmão. — Como você sabe Athena, Jimin voltou e ele precisa de novos documentos com seu nome de solteiro.

— Isso eu já entendi, mas não temos os papéis do divórcio dele, então isso é o que dificulta tudo — Athena explicou, seus braços cruzando sobre a mesa. — Jimin, você também quer tirar o sobrenome de Hyunki de Nari. Tirar o sobrenome dele de você é fácil, mas tirar dela é o que torna tudo um obstáculo. A não ser que possa ser comprovado que Nari não seja filha biológica dele ou quando a garota completar 18 anos e entrar com esse pedido, não será fácil acatar a esse pedido.

— Athena, pensei que você já estaria com todos os papéis prontos para mim, por que está tornando mais difícil, sendo que temos um combinado? — Aquiles arqueia as sobrancelhas em direção à ruiva, suas pernas cruzadas uma sobre a outra, mexendo de forma impaciente.

— Eu concordei em ajudar, mas não posso passar por cima da lei — Athena explicou soltando um longo suspiro pela boca. — Seguindo a lei todo esse procedimento pode demorar e envolve muitos outros procedimentos, mas… Se você, Jimin, trouxer um documento assinado por Hyunki, onde ele abdica de todo direito paterno sobre Nari, posso tornar isso um processo rápido e nada burocrático.

Jimin sabia que teria que enfrentar Hyunki novamente para assinar os documentos do divórcio, ele gostaria de retardar isso o máximo que conseguisse, mas a chave para sua liberdade era esse maldito matrimônio escrito sobre um papel. 

Seu peito pesava só de imaginar voltar para a outra alcatéia, por mais que fosse em um curto período de tempo. Ele não queria ir, só de imaginar estar rodeado por todas aquelas pessoas que estariam o julgando, embrulhava seu estômago. Por mais anos que se passassem e repetissem para si mesmo, era difícil ignorar aqueles olhares que marcavam sua alma.

Seja na alcatéia em que nasceu ou na que viveu nos últimos anos, ele estava manchado em ambas pelo resto de sua vida. 

Apenas por um dia, seu maior desejo era ser alguém comum sem qualquer histórico passado. Isso era algo impossível, pois sempre no fim do dia ele seria a sombra de uma pessoa que estava morta. 

— Entendo. Tentarei conseguir isso o mais rápido possível.

Athena olhou sob os cílios para o loiro, seu olhar não dizia nada do que estava pensando, mas não precisaria Jimin pensar muito para adivinhar.

—  Aqui, peça ele para assinar esses papéis — Athena estendeu três folhas grampeadas para o ômega. Jimin agradeceu e deu uma leve conferida no que estava escrito, antes da alfa continuar. — Jimin, seu irmão me disse o que Hyunki fez consigo… Se você quiser, posso conseguir uma medida protetiva para você e Nari, dessa forma ele não poderá chegar mais perto de vocês e nem querer reivindicar sua filhote novamente.

Jimin olhou assustado para o irmão. Ele não esperava que Aquiles contasse para mais alguém aquilo, mas cá estava ele sendo questionado por algo que gostaria de esquecer para sempre.

— Por mais que eu adorasse que ele fosse proibido de se aproximar de Nari, o que aconteceu… foi sob as leis de Fairbanks. Eu ainda sou casado com ele no papel e carrego sua marca, então tudo que ele fez perante a lei de lá, ele tinha o direito como meu alfa.

— Ele não tem o direito e nem o poder de abusar de alguém, Jimin — Aquiles esbravejou com raiva. — Nenhum parceiro tem esse direito.

Esse era o motivo maior de Jimin querer deixar tudo embaixo dos tapetes e apenas esquecer. O que lhe aconteceu, aconteceu sob as leis de Fairbanks e nenhuma lei de Ketchikan poderia lhe dar justiça. Era assim que funcionava as alcateias. Levar isso para um julgamento só causaria desgaste e mais exposição, Jimin já estava cansado de ser exposto.

— Aquiles tem razão. Eu posso encontrar uma forma de reverter. Se condená-lo por abuso não for suficiente, posso condená-lo por assassinato — Athena explicou. Uma de suas mãos ergueu o óculos até acima da cabeça. Suas mãos se cruzaram sob as pernas de forma confortável. — Mesmo que o feto não tenha tido uma formação completa, a sua morte foi causada por aquele alfa e isso poderia ter te levado a óbito caso fosse negligenciado por mais tempo o socorro. Pela nossa lei, se um lobo de outra alcatéia atenta contra um lobo da nossa alcatéia ele será levado a julgamento pelo nosso tribunal.

— Athena tem razão, podemos pedir para a médica que te tratou para testemunhar sobre o seu estado e…

— Não vai adiantar — Jimin diz entre dentes nervoso. Sua cabeça começou a doer e ele começou a sentir uma raiva enorme crescer dentro de si. Não raiva de Aquiles ou Athena, mas de toda essa situação e de como fazia parecer fácil. — Eu me casei com ele em Fairbanks. A partir do momento que papai concordou em me casar com ele, eu já estava sob as leis daquele lugar. Eles assinaram um documento que permitia Hyunki ficar com tudo que fosse meu, caso eu não fosse realmente… virgem. Em troca da minha castidade, eu seria um elo de negócios entre meu pai e meu marido. Papai achou que o matrimônio lá seria igual o daqui, mas lá, o ômega deve submissão total ao seu alfa e enquanto estiverem unidos pelo matrimônio, eu terei que aceitar tudo que meu alfa ordena ou faz comigo. — Jimin fez uma pausa para conter sua voz que já estava embargada. — O bebê que eu perdi… Ele foi concebido lá, então ele pertencia mais a Hyunki que a mim. Lá, eles permitem que o alfa mate seu filhote se ele não for seu filho biológico. 

Jimin não conseguiu mais segurar e lágrimas quentes escorriam por seu rosto. Ele não queria ser emotivo agora, mas era impossível quando se lembrava do medo que sentia por ainda estar sob aquelas leis.

— É por isso que preciso tirar o nome dele de Nari. Não posso levantar essa acusação contra ele e nem ir ao tribunal. Se ele se irritar com isso, poderá matar Nari e depois eu — Jimin explicou, suas mãos tremiam se atrapalhando em enxugar as lágrimas. — Até eu assinar o divórcio, não quero fazer nada que possa irritá-lo. Só preciso aguentar mais um pouco e pagar a quebra de contrato que eu cometi. Depois que eu resolver tudo isso, quero apenas esquecer disso tudo.

Aquiles estava com uma mão nas costas do irmão, tentando confortá-lo, mas elas tremiam mais que as do loiro. Ele sentia uma fúria enorme subir por seu peito, tudo que queria era matar Hyunki e principalmente castigar seu pai da pior maneira possível. A cada dia que passava, ele descobria que era possível detestar aquele homem mais e mais. Uma parte de seu consciente, queria culpá-lo. Se ele tivesse impedido Jimin de ir, ao invés de ficar em sua birra debatendo com seu progenitor, talvez e apenas talvez, muito sofrimento teria sido poupado.

— Mesmo que vocês quisessem alegar que ele tentou contra minha vida, eu não era um cidadão de Ketchikan quando aconteceu e até assinar os documentos, ainda não sou — Jimin fungou e enxugou seus olhos, seus lábios rebocaram um sorriso triste. — Eu fico grato por estarem dispostos a me ajudar, mas por enquanto não há nada a ser feito.

— Faremos como você deseja, Jimin — Athena concordou com a cabeça e após mais alguns segundos perdida em seus próprios pensamentos, a alfa junta suas coisas. — Estarei no aguardo dessas folhas assinadas. Qualquer outra dúvida, você pode me procurar.

Athena se despediu dos dois ômegas e levantou-se, deixando a sala em seguida. Aquiles não havia dito mais nada e Jimin mexia em seus dedos nervosamente. Faltava apenas um pouco mais para se livrar desse pesadelo. Depois que tudo se ajeitasse, não haveria mais ninguém que pudesse prender ou ditar suas escolhas. Seria apenas ele e Nari. 

Quem sabe após alguns anos de trabalho e juntando um bom dinheiro, ele possa se mudar para uma outra alcatéia. Longe de todo o sofrimento que teve que conviver por anos. Um lugar onde ninguém saberia quem ele é ou sobre seu passado. Um lugar para Nari crescer e poder viver sem pesos em suas costas.

— Que tipo de negócios o pai tinha com aquele homem, para que um casamento fosse a chave para oficializar? — Aquiles perguntou depois de um tempo. Seu olhar estava perdido em um canto da sala.

— Eu não sei, nunca me disseram. Na verdade, só fui saber sobre isso uns meses depois de casado — Jimin fungou mais algumas vezes. Seu nariz e bochechas estavam vermelhos. — Você não imagina como me senti ao descobrir que fui tratado com mercadoria. Eu sabia que ele podia não nutrir qualquer sentimento afetuoso por mim, mas mesmo assim nunca esperei ser vendido dessa forma.

— Eu já vi vários contratos do pai, mas eu nunca vi qualquer um feito com Fairbanks. Ele nunca mencionou isso, apenas dizia que havia achado uma família boa para você em outro lugar — O moreno sentiu sua mandíbula ranger pela pressão que apertava. — Ele faz parte do conselho de Ketchikan, todo o seu trabalho é voltado a esse prédio. Eu sou responsável por analisar vários contratos e participar de várias reuniões, mas nunca vi nada que estivesse relacionado a outra alcatéia. 

Jimin olhou perdido para o irmão. Ele não entendia muito bem sobre coisas diplomáticas e por esse motivo nem quis entrar em detalhes quando descobriu sobre o acordo que seu pai fez com Hyunki.

— Aquele velho idiota não pode estar fazendo algo escondido de todos… Não me surpreenderia, afinal, ele fudeu seu próprio cérebro com toda merda que ele fez a sua mesmo — Aquiles apertou suas mãos em punhos e levantou-se indignado. Ele sentia tanta raiva que não sabia como ou para onde liberá-la.

— Isso não é mais importante agora, afinal, eu quebrei o contrato e a única coisa que ele receberia é uma quantia alta em dinheiro — Jimin acompanhou o irmão e se levantou também. 

— Hyunki exerce qual cargo em sua alcatéia?

— O pai dele é o líder de lá. Acho que ele cuida de pequenas negociações em seu lugar. Não sei muito bem, a única coisa que sei é que ele tem vários amigos no meio político. Já o acompanhei a alguns jantares.

— Hyunki então é alguém com bastante dinheiro — Aquiles analisou, sua mão esfregava o queixo pensativo. — É muito estranho que a única compensação que ele peça seja dinheiro. 

Jimin não entendia onde seu irmão queria chegar, mas antes que perguntasse, Aquiles mudou de expressão e uma mais suave apareceu em seu rosto, como se todas as suas dúvidas anteriores tivessem evaporado.

— Que tal irmos fazer a matrícula de Nari? — Aquiles agarrou a mão do irmão e o puxou para fora da sala, sem tempo para argumentar sobre o assunto anterior. — Vamos apenas esquecer tudo isso. Vamos fazer do seu jeito, sem mais dores de cabeça.

— E você aceitou assim tão fácil? — Jimin arqueou uma das sobrancelhas em desconfiança para o irmão.

— Temos que nos dar por vencidos em algumas batalhas.

Por mais que não fosse do feito de Aquiles deixar assuntos inacabados, Jimin resolveu apenas concordar e não tocar mais nesse assunto até o dia que assinasse os papéis.

Hyunki havia lhe dado um mês para voltar e assinar os papéis, então não haveria muita escapatória. Em breve ele não teria mais nenhuma ligação com o pai de Nari e poderia esquecer o pesadelo que foi todos os anos que passou ao seu lado.

Quando voltaram para a sala que deixaram Nari, a garota estava a um fio de chorar, mas foi só ver Jimin que ela não segurou-se mais. Desabando em lágrimas enquanto corria em direção do pai, deixando uma mulher com os olhos aflitos para trás. Ela quem estava cuidando de Nari, enquanto Aquiles e Jimin resolviam as coisas com Athena. Nos primeiros minutos foi fácil entreter a garotinha, mas depois a pequena alfa começou a questionar onde estava seu pai a cada dois minutos. E ameaçando chorar a cada pergunta, a mulher temia que Nari começasse a chorar até secar.

Jimin abraçou a filha, que agarrou fortemente sua roupa para que o pai não fugisse. A mulher tentou explicar o motivo do choro, mas Aquiles apenas negou com a cabeça como alguém que dizia “não precisa”. 

Quando voltou para casa, Jimin estava exausto, pois Nari não quis desgrudar nem um segundo dele. Aquiles tentou carregá-la para ajudá-lo, mas a pequena não queria mais ninguém. Depois que saíram do prédio do conselho, o moreno dirigiu até uma escola próxima e que era muito elogiada. A diretora já estava esperando Aquiles na entrada, quando o mesmo anunciou que estava a caminho.

Retornar para aquele lugar trazia muitas lembranças para Jimin, desde os olhares curiosos e entusiasmados de algumas crianças em seu primeiro dia, até os olhares de desprezo que começou a receber quando todos descobriram sobre ele. Estava tudo diferente de quando ele estudou ali, novas cores, brinquedos e funcionários. 

A diretora mostrou-se alguém muito simpática e saciava todas as dúvidas de Jimin. Ela não parecia saber quem era Jimin ou pelo menos não se importava. Era notável a forma como ela tentava fazer seu melhor em frente a Aquiles e ao saber que a matrícula era para sua sobrinha, a mulher escorria mel pela boca. Jimin não se importou, contando que tratasse sua filha bem. O ômega mais velho fazia várias perguntas e a forma séria como ele estava lidando com as coisas, quase fazia Jimin esquecer-se do seu lado implicante. 

Aquiles sempre foi alguém com excelentes notas e de uma oratória perfeita, todos visavam um futuro brilhante para ele quando eram crianças. Ele era o garoto de ouro da família Owen. Era irônico em como nos dias de hoje nenhum dos filhos usava o nome do pai.

Jimin até tentou entender depois de alguns anos que o pensamento de seu pai de unir Aquiles e Jungkook, fosse algo bem pensado. Os dois eram brilhantes e eram vistos bem por todos. Seria um casal que as pessoas sonharam em ser. Tudo isso era apenas esteticamente falando, pois quem os conhecia pessoalmente e como era seus convívios, iriam gargalhar com uma sentença dessas.

Ambos eram muitos amigos, mas suas personalidades eram bem opostas. Jungkook uma vez deixou claro que jamais se interessaria por Aquiles, pois se fosse para gostar de alguém seria uma pessoa doce, fofa e que não tivesse um vocabulário tão agressivo. Aquiles riu quando ouviu o mesmo dizer isso e apenas reafirmou que jamais se interessaria por um alfa meloso. 

Ao saírem da escola no fim da tarde, depois que Aquiles teve a certeza que ali seria bom para Nari, Jimin teve que ouvir o caminho todo de volta para casa, o quanto a diretora era uma tagarela de assuntos inúteis. 

Depois de dar banho e jantar com Nari e o irmão, Jimin buscou mais um pouco no notebook vagas de emprego. Aquiles estava sentado no mesmo sofá que o loiro e mexia no celular com uma cara séria. O moreno assim como Jimin, usava óculos de grau e isso o deixava com o ar de alguém mais intelectual. 

— Depois que você conseguir os papéis assinados por Hyunki, eu mesmo mudo nos registros da escola os documentos de Nari — Aquiles informou enquanto digitava algo. — Amanhã quando estiver voltando do serviço, passo em alguma papelaria e comprarei alguns materiais para ela começar. 

— Eu agradeço muito tudo que está fazendo por nós — Jimin sorriu sem graça para o irmão. — Assim que conseguir um emprego e quitar minha dívida com Hyunki, irei lhe reembolsar.

— Não quero seu dinheiro, estou fazendo isso, pois agora tenho uma sobrinha para gastar dinheiro — Aquiles resmungou e deu um empurrão fraco com pé no braço do irmão. — Você sabe que sempre quis ser tio e também iria demorar muito até que o bebê de Taehyung crescesse para eu gastar com ela. 

Jimin acabou com a cabeça, concordando sobre a verdade de que Aquiles adorava crianças apesar do seu jeito que parecia espantar elas. Apesar de saber do carinho que o irmão tinha por pequenos filhotes, nunca soube ao certo se o ômega desejaria ser pai um dia. 

Quando deitou a cabeça no travesseiro aquela noite, levou minutos para pegar no sono. Seus pensamentos corriam por todos os acontecimentos e todas as situações que precisava resolver. Ser adulto era muito difícil, mas a verdade é que cada fase da vida era muito difícil. Por mais que houvesse apoio de pessoas ao seu redor, todas as decisões que levavam a caminhos certos ou errados, dependiam apenas de si. As consequências de escolhas erradas se espalharam como fogo e só estavam sendo apagadas com gotas d'água. Não sabia quanto tempo levaria até que toda fumaça se esvaísse, mas esse processo o sufocava cada vez mais.

Seus pensamentos vagaram para o lugar que havia passado em frente hoje. Ele nem havia sonhado que encontraria aquela loja exatamente do jeito que ele se lembrava. Tanto tempo havia se passado, mas as paredes ainda tinham a mesma cor.

Aquele lugar era uma pequena loja de conveniência. Sua aparência era antiga, comparada a algumas que pareciam ter evoluído. Jimin ainda se lembrava de quando ficou horas parado em frente a ela, após a escola. 

Era uma tarde de inverno, alguns colegas de classe haviam o convidado para assistir um filme novo que tinha lançado. Nessa época, muitas pessoas já o ignoravam e sua presença era como parte da decoração nos lugares. Então, quando recebeu aquele convite ele sentiu algo ascender dentro de si. Combinaram de se encontrar em frente aquela loja e o ômega foi o primeiro a chegar. Ele colocou sua melhor roupa e pegou toda sua economia. À medida que as horas se passavam, ficava mais frio, seu nariz estava dormente pelo vento gélido e mesmo quando o sol já estava se despedindo daquele dia, ele continuou a esperar.

Ele havia deixado uma mensagem para seu pai que sairia com os colegas de classe, mas já não sabia o que dizer quando chegasse em casa e fosse questionado sobre o dia. No fim, ele foi o único que esperou e ninguém apareceu. Suas mãos se apertavam sob o bolso da jaqueta que usava, seu nariz escondia-se por baixo do cachecol e quando começou a cair os primeiros flocos de neve, Jimin percebeu que já estava muito tarde para esperar mais.

Ficar triste com esse tipo de situação já era comum, então tudo que Jimin pode fazer foi soltar um longo suspiro, essa seria mais uma etapa que iria superar. Quando estava pronto para ir embora, seus olhos focaram no par de sapatos que parou em sua frente. Seus olhos se ergueram e a pessoa que estava ali, era quem ele menos esperava encontrar nesse momento. 

Jungkook estava parado em frente ao ômega, ele segurava a alça de sua mochila com uma mão, enquanto a outra segurava uma bebida quente. Ele estava voltando de suas aulas de reforço e por coincidência no caminho, um grupo de pessoas parou ao seu lado e começaram a falar sobre terem enganado alguém e em como essa pessoa era ingênua por achar que eles se tornariam amigos. Somente depois que citaram o nome do ômega, que Jungkook fez o caminho oposto ao da sua casa.

Estava frio demais para alguém estar transitando pelas ruas, então quando avistou um pequeno corpo encostado e encolhido em frente a loja de conveniências, Jungkook sentiu uma enorme raiva subir por todo seu corpo. 

Sua respiração estava pesada e era visível a fumaça que escapava por seus lábios, enquanto ele tentava controlar seu temperamento. Ele não sabia quanto tempo o loiro estava naquele frio esperando por aqueles idiotas e isso o deixava mais furioso.

Determinado, ele caminhou até a loja e entrou na mesma comprando uma bebida quente. Quando saiu o ômega ainda estava na mesma posição e só quando Jungkook parou em sua frente que seus olhos se encontraram.

Era um erro o alfa ter achado o quão belo o rosto do ômega estava naquele momento. Seus olhos pareciam jóias transparentes, as nuances violetas que a noite mostrava o fez lembrar de quando o céu era invadido pela aurora. A pele estava com pontos rosados e seus lábios vermelhos e molhados pela saliva fez o corpo do alfa esquentar. O frio que sentia, não penetrava mais sua pele, pois aquele olhar foi suficiente para derreter toda camada de gelo que circulava ao seu redor.

Eram poucas vezes que algumas situações deixavam Jungkook desconcertado, mas todas essas poucas vezes apenas Jimin foi capaz de lhe causar esse efeito. Toda imagem que pudesse construir, seria destruída sempre que estivesse perto daquele ômega. 

“Jungkook…” Ouvir seu nome sair pela voz fraca e ao mesmo tempo contente por ver o alfa, fez suas batidas alcançarem sua cabeça. Nada parecia mais fazer sentido e toda a determinação que havia criado para vir até ele, havia se perdido. 

“O que está fazendo aqui no frio?” Foi a única coisa capaz de pronunciar, a voz saindo mais rouca do que queria.

“Eu… Hm… Estava com fome, então vim até aqui para comprar algo.” A desculpa que Jimin deu nunca teria sido convincente, mesmo que Jungkook soubesse que era mentira. “E você?”

“Estava na aula de reforço e bem… resolvi passar para comprar algo para beber.” Mal sabia o alfa que ele era tão péssimo para mentir quanto o ômega. Jimin riu.

“Suas aulas ficam do outro lado desse bairro, veio de tão longe apenas para comprar bebida aqui?” 

“Eu gosto da bebida que eles vendem aqui.” Jungkook coçou a garganta desviando os olhos para os lados.

“Não sabia que você era tão seletivo.” Jimin sorriu com essa nova descoberta. Na verdade, toda a tristeza que sentia há um tempo atrás, agora tinha sido evaporada com a presença do alfa. “Qual bebida é?”

Jungkook levou um tempo para raciocinar, estava perdido demais no sorriso que o ômega mostrava para si. Somente quando Jimin acenou em frente ao seu rosto chamando sua atenção, que o alfa reagiu. 

“Pode ficar com essa.” Ele estendeu a bebida que desde o início havia comprado para o ômega. Jimin ficou surpreso, mas aceitou muito contente. “Vem, vou te acompanhar até em casa.”

“Mas, sua casa fica ao lado oposto da minha.”

“Que tipo de alfa eu seria por deixar você ir sozinho.” O garoto resmungou. 

Sem esperar por uma resposta do ômega, a neve começou a cair mais rápido e em maior quantidade. Vendo que seria impossível ir no momento, ambos encostaram-se contra a parede e ficaram em silêncio enquanto se protegiam da chuva. O plano de ir embora estava adiado, mas Jungkook estava mais tranquilo em saber que estava com Jimin nesse momento.

“Jungkook, pode me contar sobre um filme que você gosta muito?” Jimin pediu. O alfa não entendeu o motivo disso tão de repente e olhou curioso para o ômega. “Na verdade, eu não saí para comprar algo para comer. Eu fui convidado para ir ao cinema com alguns colegas de classe, mas acho que eles tiveram algum imprevisto e não puderam me avisar. Se meu pai ou Héstia perguntar como foi, eu não vou saber o que dizer.”

Jungkook ouviu sua confissão e sentiu seu peito pesar pelo que havia ouvido do grupo mais cedo e em como o ômega ainda achava que poderia ser um imprevisto. O alfa não era muito de sair e muito menos assistir muitos filmes, então nesse momento ele se arrependeu de não ter aproveitado as oportunidades. Seus olhos caíram em Jimin que tinha um olhar perdido, enquanto captava a luz de um poste do outro lado da rua. 

O alfa sabia que jamais deveria ultrapassar limites com os ômegas, mas naquele momento ele queria fazê-lo. Seus braços querem contornar-se para aconchegar o garoto de fios loiros, mas não queria que o ômega tivesse alguma ideia errada sobre ele. Jungkook sabia mais do que ninguém o quanto Jimin sofria pelas coisas que diziam sobre ele, sobre sua mãe. Ele jamais gostaria de deixar o ômega em uma situação que pudesse dar a ideia errada. 

Pensando nisso, a ideia que teve a seguir foi sua melhor opção. Puxando o celular do bolso e pegando seu fone no bolso lateral de sua mochila, Jungkook desenrolou todo o fio e em seguida pesquisou algo em seu celular. Conectando o fone no aparelho, ele deitou a tela para o lado e ofereceu um lado do fone para Jimin. O ômega ficou confuso com essa ação, mas aceitou mesmo assim.

“Taehyung me recomendou esse filme uma semana atrás, achei que seria uma boa assistir com alguém agora.”

“Você quer assistir comigo?” Jimin perguntou desacreditado, mesmo que todas as ações do alfa mostre sua resposta. 

Por alguns segundos, ambos ficaram se encarando. Jungkook esperava uma resposta do ômega, seus lábios entreabertos puxando o ar e soltando a fumaça fria. Jimin piscou lentamente, querendo que o tempo parasse mais um pouco e em seguida um sorriso grande desenhou em seu rosto. Aquilo deixou as bochechas de Jungkook quentes e rosadas, para Jimin talvez fosse por causa do frio, mas para o alfa nem mesmo o frio causaria aquele efeito.

No fim, Jimin conseguiu ver um filme e Jungkook não deixou aquela oportunidade passar mais uma vez. Se alguém notasse, a única pessoa que estava focada na tela do celular era o ômega, enquanto o alfa preferia assistir outra coisa. 

Um dia frio pode ser mais quente, tendo alguém que possa aquecê-lo apenas com sua presença.

🦋

Nos vemos dia 14/07.
Até breve, meus amores! 🦋🧡

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