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[02] Um ponto de esperança resgatado

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- Senhor. - Uma voz rouca e próxima o chamou. Jimin abriu os olhos com dificuldade e percebeu que já era dia.

Seus olhos vagaram pela cabine e encontrou o semblante cansado de um funcionário que estava parado próximo a porta.

- Chegamos ao último destino, preciso que desembarque. - O homem anunciou e aguardou Jimin se espreguiçar e segurar Nari que tinha os olhos abertos olhando para Jimin sem dizer uma palavra.

Quando o ômega levantou sentiu sua visão girar e tropeçou segurando a parede à sua frente antes que caísse com sua filha. Ele arfou sentindo uma dor forte atingir todas as células do seu corpo. Jimin sentiu seu corpo começar a sua frio e parecia que todo o seu ar foi roubado. Ele havia esquecido de toda a dor, provavelmente de madrugada ele deve ter desmaiado e quando acordou não se lembrava mais do que seu corpo estava sofrendo.

- Você está bem? - O homem que era um beta segurou seu braço que apoiava Nari tentando o ajudar a se equilibrar. - Precisa que chame um médico?

- Não... Só me ajude a chegar lá fora, por favor - Jimin balançou a cabeça tentando manter sua mente equilibrada. Ele queria checar seu celular e ver se havia uma resposta da mensagem enviada ontem a noite.

O beta olhou sério para o ômega e não podia fazer nada se o outro não queria, ele apenas ajudou-lhe a chegar do lado de fora do trem. Não estava muito cheio o lugar, já que poucas pessoas viajaram no mesmo horário que ele. Seus olhos se moveram para todos os lados em busca de algum rosto conhecido. O funcionário do trem o ajudou a chegar até um banco que estava perto e depois trouxe sua mala, após as informações de Jimin.

Nari tinha o punho fechado segurando o casaco do ômega, seus olhos curiosos tentavam capturar todo o ambiente novo. Jimin com dificuldade pegou o celular e percebeu que a parte inferior do aparelho estava manchada de vermelho. Ele não conseguia mentalizar como poderia estar sua aparência. A dor em seu ventre estava cada vez mais forte, como as contrações que sentiu antes de ganhar Nari. Cada pontada fazia-o engasgar no próprio ar que puxava pelos lábios.

Não havia resposta quando checou as mensagens. Sua mão segurou o aparelho com força sentindo todo seu corpo tremer. Instintivamente apertou Nari contra si, com medo que ela escapasse de seus braços. Seu irmão não havia respondido e ele não sabia se foi porque ele não quis ou se aquele número não pertencia mais a ele. O desespero tomou conta da sua mente e ele começou a chorar sem se importar com as pessoas que passavam e olhavam aquela cena. Ele só tinha uma última alternativa e não queria recorrer a ela.

Se aquela pessoa descobrisse a verdade que o fez retornar a esse lugar, ele temia o que poderia acontecer. Ele poderia pegar Nari e o deixar na rua e quem sabe sua última alternativa fosse seguir o mesmo caminho que sua mãe. No fim tudo se resume ao mesmo destino. Uma parte de si agradeceu por Nari ser uma alfa, pois se aquela sina tivesse que acontecer consigo e depois com sua filha ele preferia morrer. Talvez era isso que iria acontecer.

Jimin deixaria Nari com a última pessoa que ele queria ver; Seu pai.

Depois disso ele sumiria e não estava muito longe de cair em uma vala e aceitar seu destino, afinal, seu corpo estava morrendo. Se ele fosse como um ômega comum, com certeza já estaria morto, mas apenas por seus status que ainda estava consciente e com pouca força ainda. Era esse pouco que iria se agarrar e não deixar Nari desamparada. Sua decisão foi tomada.

Quando tentou levantar, ele não suportou a dor e nem percebeu o grunhido agonizante que soltou. O ômega sentiu como se algo a mais tivesse se rompido dentro dele e antes que pudesse cair, colocou Nari no banco e seus joelhos bateram no concreto.

- Papai!

- Shhh... - Jimin tentou acalmá-la ao ver seus olhinhos se arregalar, ele tentava controlar a careta que queria se formar em seu rosto pela dor e falar era muito difícil. - Papai está aqui... Está tudo bem, minha florzinha.

Quando Jimin olhou para o chão e percebeu a poça de sangue que se formava, não conseguiu pensar mais em nada, pois tudo se tornou um borrão escuro e a única coisa que conseguiu fazer, foi segurar a mão de sua filha o mais forte que conseguisse. Então ele se entregou a um lugar onde não sentia mais aquela dor.

O som de algo repetitivo soava no lugar mais distante da mente de Jimin. Ele ouvia vozes, barulho de objetos chocando contra outros objetos e vídeos de celular mudando constantemente. Tentou abrir os olhos, mas pareciam mais pesados que o normal. Sentia seu corpo dormente e uma pressão em sua mão, tentou mover-se, mas sentiu algo mexer ali dentro, foi então que percebeu que estava tomando soro.

Quando conseguiu fazer sua visão focar e percebeu que estava em um quarto de hospital, tudo ficou confuso. Ele não se lembrava de ter chego até ali e muito menos quem poderia tê-lo ajudado.

- Beba isso - Jimin notou alguém colocar um copo de água com um canudo em direção a sua boca. Seus olhos se ergueram rapidamente para quem segurava o vidro e rapidamente seus olhos queimaram e ele sentiu que poderia chorar. - Não me diga que irá chorar, seu corpo ainda tem força para isso?

- E-Eu pensei... - O ômega balançou a cabeça tentando focar na sua situação, mas sentia-se ainda desnorteado e com sono.

- Não se esforce muito. Você ficou apagado por dois dias, então ainda não está muito forte.

Jimin apenas concordou e bebeu a água que seu irmão estendia para si. Sentir o líquido descer por sua garganta lhe causou um forte incômodo, como se estivesse arranhando, mas ao mesmo tempo foi refrescante senti-lo.

- Onde está Nari? - foi a primeira pergunta que Jimin fez olhando ao redor e notando somente sua cama naquele quarto.

- Então esse é o nome dela? - Aquiles colocou o copo de volta onde estava e cruzou as pernas se acomodando na cadeira ao lado da cama. - Você nunca me disse que tinha uma filha, na verdade eu nunca recebi nenhuma ligação de você desde que partiu.

Jimin abaixou o olhar e era notável a culpa consumindo seu corpo. Desde que foi embora, ele não ligou uma vez para alguém da sua antiga alcatéia. Uma parte de si fez isso porque sentia raiva da forma que foi obrigado por seu pai a ir embora dali, então estava decidido a cortar os laços. Isso durou um mês, depois ele não teve coragem de saber como os outros estavam, principalmente seu irmão e duas outras pessoas importantes.

- Desculpe, eu errei - Jimin esfregou os olhos. Já estava cansado de senti-los úmidos.

- Sim, mas eu entendo. Não é como se depois qualquer um de nós tenha tentado mais contato também - Aquiles acenou com a cabeça e apoiou a cabeça em seu braço descansando no apoio da cadeira. - Só para você saber, Jungkook e eu não existe. Nunca existiu.

Ouvir aquilo deu uma alavancada no coração do ômega. Seus olhos encararam os do irmão e ali só havia uma sinceramente genuína. Na manhã que acordou e encarou seu pai, além de receber a notícia que ele planejava casar Aquiles e Jungkook, ele havia sido informado do seu casamento já marcado. Ele se lembrava ainda de cada emoção que sentiu quando ouviu tudo aquilo. Jimin até questionou seu pai do porque Aquiles e não ele, mas tudo que recebeu foi que seria assim e pronto.

Aquiles negou-se a casar com Jungkook, mas isso só gerou mais discussão entre o pai e ele. Depois disso, Jimin já tinha suas malas sendo feitas e uma passagem de trem só de ida. Então nunca ficou sabendo como foi o casamento do irmão ou a reação de Jungkook quando ele partiu. Não houve um adeus, apenas as lembranças da noite que haviam passado juntos.

- Como você convenceu o papai... Ele nem sequer me ouviu - Jimin sentiu seu peito pesar uma tonelada e como se areia tivesse se formado em sua garganta.

- Eu e ele tivemos uma briga feia, então ele me deu duas opções - Aquiles contou se lembrando do dia e deu de ombros como se não fosse nada. - Uma era eu aceitar o casamento. A outra era que se eu não concordasse eu sairia de casa. Já faz 7 anos e meio que não moro mais com ele.

Jimin não conseguia acreditar no que ouvia, parecia que ainda estava desacordado. Então Jungkook nunca casou com seu irmão. O ômega não sabia como se sentir diante disso, mas também não havia motivos para esperança. Já se passaram 8 anos e nada era mais como antes. Jimin se casou e teve uma filha. Jungkook pode ter feito o mesmo.

- Você não se arrepende?

- Não. Você sabe que não gosto de Jungkook dessa forma e tinha você. Posso não ter a melhor personalidade, mas eu não faria isso com você mesmo estando longe.

Jimin enterrou seu rosto em suas mãos e seu corpo tremeu. Ele não queria ser tão emotivo, mas escutar que mesmo quando ele estava com raiva de tudo, seu irmão ainda pensou nele. Desde a infância quando Jimin foi morar com seu pai, após a morte de sua mãe ele se encantou em saber que teria um irmão.

Quando entrou naquela casa pela primeira vez e viu um garoto um pouco maior que ele e com um semblante fechado, ele gostou daquela pessoa. Aquiles tinha um jeito distante e ele não estava muito empolgado com Jimin, como o mais novo estava por ele. Mesmo às vezes sendo rejeitado por ele, Jimin não se importava, pois ainda assim o moreno era alguém que ele queria ter por perto.

No início da adolescência foi quando as coisas mudaram um pouco. Aquiles tinha perdido a mãe e Jimin sabia como era essa dor, mesmo sendo filho de outra, Héstia nunca o tratou mal ou ignorou sua presença naquela casa, pelo contrário, ela sempre tentou fazer Aquiles se dar bem com seu irmão mais novo. Jimin sabia que o que levou Héstia a morrer não foi só uma doença terminal, mas a dor dos laços enfraquecidos com seu pai. Afinal, eles eram ligados pela alma e coração, mas então Héracles passou um rut com a mãe de Jimin e aquilo destruiu Héstia. O ômega sabia que Héstia só não abandonou seu pai, por causa de Aquiles.

Desolado pela morte da mãe, Aquiles entrou em estado vegetativo, mas Jimin não desistiu dele um só dia, pois também foi o último pedido que Héstia fez a ele antes de morrer. Héracles havia aceitado Jimin como seu filho, porque Héstia não permitiu que ele abandonasse uma criança inocente pelo erro de um adulto irresponsável. Seu pai era fascinado pela classe de raças, ele era um Alfa dominante e Héstia era uma Ômega dominante, então obviamente Aquiles veio igual a sua mãe. Ele queria um alfa, mas já bastava que seu filho fosse da classe dominante.

Enquanto a mãe de Jimin era uma ômega comum, ele teve a sorte de puxar seu pai. Isso fez Héracles aceitar mais fácil Jimin. O loiro não podia dizer que seu pai o odiava ou apenas desgostasse de si, pois Héracles nunca deixou à vista que repudiasse Jimin, mas ele sentiu um pouco da diferença de como ele tratava seu irmão e como travava ele. A única vez que ele sentiu para si o amor de seu pai, foi quando ele adoeceu, pois teve seu primeiro cio. Foi a mesma coisa com Aquiles. Ele comprou todos os medicamentos que o médico receitou, já que pela sua menoridade ele não poderia passar com um alfa e também por não ter um compromisso.

Então, durante os cinco dias seu pai ficou em casa cuidando dele com a ajuda de Aquiles. Héracles por ser o pai, não era afetado pelo cio de seus filhos, por isso era o único alfa que poderia estar perto deles nesse momento. Não havia mais uma figura ômega materna para ajudá-lo nisso, então ele tinha que assumir toda a responsabilidade. Eles na época moravam em uma vizinhança tranquila, mas mesmo assim o primeiro cio de um ômega era algo que chamava a atenção de alfas a quilômetros de distância. Por esse motivo, Héracles não saiu de casa em todos os dias do cio de Jimin. Não podia arriscar entrar um alfa em sua casa e tomar a pureza e inocência de seu filho.

Então para Jimin, aquele dia foi o único que ele viu que seu pai realmente se importava consigo, foi isso que ele acreditou. Também foi a partir desse dia que Aquiles e ele se tornaram mais próximos.

- Você avisou ao papai que estou aqui? - Jimin perguntou ansioso.

- Não. Não avisei a ninguém - Aquiles afirmou. Então sua expressão mudou um pouco e ele se inclinou na direção de Jimin agarrando uma de suas mãos. - Jimin, o médico me disse que... você teve algumas fissuras ao redor do ânus, como se alguém tivesse feito uma introdução forçada. Ele também disse que há alguns hematomas internos nesta região e no colo do útero, por isso o sangramento. O doutor disse que pela agressividade que isso foi feito e pelo grande tempo que você ficou sangrando, você acabou... Abortando. Eu sinto muito.

Apesar de saber que aquilo era apenas a finalidade do que havia acontecido, Jimin não segurou as lágrimas que caíram em excesso. Ele cobriu seus olhos com uma de suas mãos e por alguns minutos só era ouvido seus soluços. Não era o primeiro filho que perdia, mas ainda era a mesma dor da perda. Se continuasse assim, ele não desejaria passar mais por aquilo. Também nem sabia se conseguiria se relacionar com outra pessoa depois do que Hyunki fez.

- Quem fez isso com você? Seu marido sabe? Foi no caminho para cá? - Aquiles fez uma pergunta atrás da outra, mas Jimin ainda não estava pronto para responder todas elas. - Você quer que eu entre em contato com ele?

- Não! - foi a única resposta que conseguiu dar com determinação. Seus olhos encararam Aquiles e tudo que seu irmão conseguiu perceber, era o medo e desespero ao mencionar aquilo. - Por enquanto, a única coisa que você precisa saber é que não tenho mais nada a ver com aquele alfa, então nunca mais contacte ele.

- Ele fez isso com você?! - Aquiles perguntou bruscamente. Seu corpo ficou de pé e ele não escondeu o quão nervoso estava. - Precisamos contar ao pai, ele fará aquele alfa se arrepender.

- Não, Aquiles. Você não pode dizer a ninguém. Eu irei lhe contar tudo, mas isso que aconteceu comigo, o que o médico disse ficará só entre nós. Está bem?

Jimin segurava a mão de Aquiles e não soltou quando o moreno levantou. Sua voz estava carregada de súplica e seus olhos mostravam o desespero pelo qual ele pedia aquilo. Mesmo contra a sua vontade, Aquiles apenas concordou com a cabeça.

- Quando você pretende dizer ao pai que você voltou?

- Não estou pronto para enfrentá-lo, sei todas as coisas que ele dirá quando souber a verdade do porquê voltei.

Aquiles ia refutar sua resposta, mas a porta do quarto foi aberta e uma enfermeira entrou com Nari no colo. Assim que a garota viu Jimin, ela gritou e tentou pular em sua direção.

- Você acordou - a mulher observou com um sorriso e assim que entregou Nari, chegou se estava tudo certo. - Você ainda está bem fraco, então por enquanto ficará aqui para tratar os ferimentos e se fortalecer pelo tanto de sangue que perdeu.

Jimin compreendeu sobre o seu estado e acenou com a cabeça concordando. A enfermeira saiu e Nari afundou seu rosto no pescoço de Jimin. O loiro queria aromatizá-la para confortá-la, mas ainda estava bem fraco. Tudo que podia fazer era retribuir o seu abraço. Após alguns segundos murmurando um para o outro, Jimin sentou Nari de frente para Aquiles.

- Meu amor, esse aqui é seu tio. Seja gentil com ele, tudo bem?

Nari olhou para o homem em silêncio. Ela se lembrava dele, pois foi o mesmo que chegou no momento em que sua mãe havia desmaiado. A pequena garota era uma alfa dominante. Seus sentidos eram um pouco atrasados, pois seu pai era um alfa comum e isso dificultava para ela aprender a desenvolver alguns dos seus sentidos de alfa dominante. Nari sempre foi uma garota quieta e de poucos amigos. Como na alcatéia que nasceu não havia muitos lobos dominantes, ela acaba se sobrepondo às classes dos seus colegas. Por isso sua força era um pouco desregulada para as crianças da sua idade.

- Ela parece mais minha filha do que sua - Aquiles comentou e se aproximou da alfa. Por características físicas, Nari tinha a mesma cor de cabelo e cor de olhos de Aquiles.

Ela se parecia mais com Jimin do que Hyunki, tendo apenas a cor do cabelo e olhos do pai.

- Não sei se vai querer arrumar um lugar para ficar ou voltar para a casa do papai, mas poderá ficar comigo o tempo que precisar - Aquiles afirmou e levantou. Ele precisava ir para casa para deixar tudo pronto para mais duas pessoas fazer moradia consigo. Tinha que levar as coisas de Jimin também. - Nari, vamos conhecer a casa do tio.

- As coisas dela estão na mochila, depois vejo se consigo comprar o que não consegui trazer.

Nari ao perceber que seria tirada de Jimin novamente, agarrou sua blusa em punho e enterrou seu rosto no peito do ômega.

- Meu amor, papai não poderá sair daqui agora e você não poderá ficar aqui - Jimin começou a explicar alisando suas costas. - Vai com o tio que depois eu irei. Você precisa ser boazinha, tudo bem?

Nari encarou os olhos da pessoa que mais amava, sua relutância em deixá-lo estava evidente em seus pequenos olhos. Jimin encarava aquelas orbes azuis e sempre ficou grato que apesar dela possuir a mesma cor dos de Hyunki, os da garota sempre foi como um oceano pacífico que lhe trazia calma e segurança.

Jimin teve pouco convívio com sua mãe antes dela morrer, mesmo que crescesse com Héstia ocupando aquela função em sua nova casa, ele sempre soube que não era a mesma coisa. Seu maior medo sempre foi errar e não saber como cuidar do seu filhote. Jimin jamais queria que sua história se repetisse com sua filha, mas ali estavam eles.

Héracles, mesmo quando soube que a mãe de Jimin estava grávida, não pode lhe dar o suporte emocional que um ômega precisava na gravidez. Ela teve que passar os 9 meses sozinha e com medo. A única coisa que ganhava do seu pai quando nasceu, foi uma quantia em dinheiro para que ele não morresse de fome e frio.

Hyunki esteve com Jimin em sua gravidez apenas fisicamente, emocionalmente talvez não tanto. O ômega era mais como um troféu que ele gostava de exibir ao mostrar para todos que havia se casado com um ômega dominante. No fim, Hyunki gostava da sua classe, não dele como pessoa. Foi isso que ficou claro para Jimin.

Nari mesmo contra a sua vontade e com muita dificuldade deixou Jimin e foi com Aquiles. Seu irmão avisou que passaria mais tarde naquele dia novamente para vê-lo. Sozinho no quarto, Jimin não permitiu-se segurar mais o que estava esmagando seu peito. Anos sendo obrigado a ouvir que ele teria o mesmo destino que sua mãe, para no fim isso ser verdade. Voltar onde suas raízes cresceram e ter que enfrentar todas as folhas que deixou caídas para trás. Esperando o momento em que alguém chutaria aquele monte e espalhasse todas aquelas palavras, para no fim ter que aceitar que foram todas verdades.

Sua ansiedade piorava sempre que pensava na reação de seu pai. Tantos anos desde a infância até a fase adulta querendo mostrar que mesmo tendo nascido de um erro, ele poderia compensar algo como se tivesse sido sua culpa.

Ele nunca poderia se dar ao luxo de se rebelar como Aquiles fez, pois Héracles tinha uma dívida com o filho pelo que fez com sua mãe. E quanto a Jimin? Ele tinha que pagar essa dívida.

Quatro dias se passaram desde que Jimin chegou e ele finalmente teve alta. Como prometido, Aquiles não disse a ninguém da volta do irmão. Era inevitável esconder isso, mas não é como se Jimin quisesse anunciar que estava de volta.

- Você ainda usa o mesmo shampoo de quando era criança - Jimin diz ao entrar na sala enxugando seu cabelo com uma toalha enrolada nos ombros.

- É o único que não me faz espirrar pelo cheiro. Você sabe que sempre fui sensível a cheiros fortes - Aquiles responde virando uma página do livro que segurava.

- Em Fairbanks não tinha muitas opções de cheiros, então fui obrigado a usar o mesmo por anos - Jimin sentou-se ao lado do irmão. - Hyunki amava rum, então todas as colônias e produtos para cabelo que comprava para mim, eram com esse cheiro. Eu não gostava, pois quando se misturava com meus feromônios se tornava algo enjoativo, mas ele disse que gostava.

- Que gosto mais... peculiar. Não sei como você suportou andar para cima e para baixo cheirando a bebida alcoólica - Aquiles negou com a cabeça, seus olhos ainda na página em suas mãos.

- Se você estivesse casado, entenderia que às vezes é bom ceder aos gostos do parceiro.

- Ele cedia algum gosto seu? - Aquiles ergueu os olhos para encarar o irmão. Jimin não teve o que responder, pois Hyunki nunca fez isso. - Foi o que pensei.

- Hoje me arrependo de todas as coisas que cedi a ele.

- Jimin, você pretende denunciar ele? - Aquiles foi direto pegando Jimin de surpresa.

O loiro tinha uma perna cruzada em cima do sofá, seu corpo virado para o ômega ao seu lado. Aquiles ignorou seu livro e virou-se para o irmão também.

- Mesmo que vocês fossem casados, ainda existe consentimento de ambas as partes. Ele não pode te tocar contra sua vontade - Aquiles agarrou os dedos inquietos de Jimin, que brincavam com a bainha da blusa. - O que ele fez com você merece uma punição. Vamos contar ao papai e ele irá resol-

- Hyunki descobriu sobre mim e Jungkook.

Ao terminar de dizer aquilo, Jimin ergueu os olhos na direção de Aquiles. O moreno ficou em silêncio processando o que o loiro disse. Jimin sentiu-se mais nervoso à medida que os segundos passavam e Aquiles ainda estava calado.

Quando perdeu a virgindade com Jungkook, Aquiles foi a primeira pessoa que Jimin contou. Na mesma noite que voltou para casa, ele encontrou seu irmão no seu quarto e então contou tudo. Na época, Aquiles quase desmaiou de choque, pois ele sabia o que esse acontecimento geraria se fosse descoberto. O moreno quis ir na mesma hora na casa de Jungkook e tirar satisfação, por ter feito aquilo com seu irmão mais novo.

Jimin não permitiu, pois tudo foi com o consentimento de ambos e que também Jungkook pediria ao seu pai no dia seguinte sua mão. O que aconteceu no dia seguinte, ambos ficaram em desespero, pois além de Jimin estar comprometido com outra pessoa que nunca viu, ele ainda tinha perdido sua inocência com outro homem. Se isso fosse descoberto, mancharia o nome da família.

Na época em que viviam, era comum que um ômega só perdesse sua virgindade após o casamento. Por esse motivo, os pais eram encarregados de manter a castidade de seus filhos e filhas ômegas. Caso um ômega casasse com um alfa e fosse descoberto que ele já não era mais virgem, isso levaria uma comoção enorme. Por direito, o alfa levaria 50% dos patrimônios do ômega. Além disso, o nome da família seria machado e por direito caso houvesse um filhote, a guarda ficaria com o pai.

Claro que era comum para ômegas perder sua virgindade antes do casamento, mas geralmente eles acabavam casando com a pessoa que se entregou e isso nunca era descoberto, mas isso não foi o que aconteceu com Jimin. Esse costume era mais comum em famílias aristocratas. Muitas vezes, quando os pais descobrem que seu filho ou filha cometeu esse erro, eles muitas vezes são expulsos de casa independente da classe que pertenciam.

Foi isso que aconteceu com a mãe de Jimin, Irene Park. Ela era uma ômega comum e amada por sua família, mas em uma noite acabou cruzando o caminho de Héracles e ele estava sob o efeito do rut. Irene desde a adolescência gostava do alfa, mas sabia que o mesmo gostava de Héstia. Héracles sabia dos sentimentos de Irene, mas nunca correspondeu ou deu esperanças.

Irene respeitou Héstia e nunca cruzou qualquer linha, sempre mantendo-se longe para não haver mal entendidos. Então alguns anos depois, ela encontrou Héracles caído na rua e pensou que ele havia sofrido um acidente, mas então ele acordou e seus feromônios tomou conta de tudo ao seu redor. Irene tentou ligar para Héstia, mas não conseguiu achar o celular do alfa. A ômega queria ajudar, mas sabia que não devia estar ali naquele momento. O medo de deixá-lo ali e acontecer algo pior, caso algum ômega fosse atraído por seus feromônios. Ele era um alfa dominante e por mais que ela enrolou o cachecol em volta do seu rosto para tentar bloquear o cheiro, sabia que era impossível.

Então caminhou até a esquina daquela rua e antes de tomar a decisão de ir para casa, avistou um pequeno hotel barato naquela mesma rua. Olhando para trás ela calculou que não seria uma distância muito grande e que talvez conseguisse. Levantá-lo era difícil, pois ele estava meio desacordado e meio acordado. Quando conseguiu deixá-lo em pé, notou um pacote de supressor caindo no chão e esse era o motivo dele parecer meio dopado, mas ele não havia inserido todo o conteúdo da seringa e por isso o efeito passaria bem rápido.

Irene então o arrastou como pode em direção ao hotel, ela sempre dizendo que Héstia o estava esperando ali para o estimular a andar e funcionou, apenas até Héracles perder os sentidos e agarrar seu corpo e puxá-la até um beco que passavam em frente. O desespero havia tomado conta da ômega e somente ali ela percebeu seu erro e em como foi estúpida.

Héracles a tomou ali mesmo, sem carinho e sem amor. Todas as vezes que ele chegava, era o nome de Héstia que ele gritava. Essa noite foi o pesadelo de Irene até o último dia de sua vida.

Quando voltou para casa naquele dia, ela fingiria que nada aconteceu, mas foi impossível passar por sua família e esconder o que havia acontecido. Ela já estava comprometida a se casar com um alfa de boa família, mas ao ser questionada por sua mãe se ela teria cedido ao seu parceiro, Irene negou em lágrimas e disse que não era o que a mãe pensava. Quando seu pai chegou e percebeu a situação, perguntou com quem Irene havia perdido sua inocência. Se ela contasse a verdade sobre quem teria lhe feito isso, tudo pioraria. Seu pai iria até Héracles e o forçaria a se casar com ela, mas ele já era casado e tinha um filho. Seria uma desgraça sem fim.

Então, por esse motivo ela mentiu e disse que cedeu aos desejos e se deitou com um cara aleatório. Ouvir aquilo destruiu toda a família e na mesma noite seu pai a expulsou de casa. Sua mãe aos prantos não podia fazer nada, mas Irene enxergava a decepção em seu rosto. Todo o futuro de Irene, ela havia o condenado naquela noite.

Uma semana depois, a notícia do que aconteceu a Irene veio à tona. Sua imagem antes imaculada, estava manchada e depois disso sua vida desceu a miséria. Quando descobriu que estava grávida, ela não tinha recursos para cuidar daquela criança, afinal, ela precisava vender seus favores para ter o que comer, vestir, onde morar e gastar com necessidades básicas. Por esses motivos, ela procurou Héracles e pediu que ajudasse seu filho, ela até mesmo concordou em entregá-lo assim que nascesse.

Héracles se lembrava da noite do seu rut e ele sabia que a vida de Irene estava em desgraça graças a ele, mas ele não fez nada, ele não podia fazer nada. Na época, ele apesar de não ser tão jovem, estava sob influência de sua família e por isso não podia assumir aquela responsabilidade. Então quando soube que Irene foi expulsa, ofereceu dinheiro para ela se cuidar, mas Irene não aceitou e pediu para que ele nunca mais procurasse por ela. Quando Jimin nasceu, Héracles financiou todo o tratamento dos dois no hospital e somente dessa vez, Irene aceitou um lugar melhor para criá-lo. Longe de uma vida de favores, ela precisava de algo digno para criar o filho.

Quando eles acharam que tudo poderia seguir como estava, filmagens do dia que Irene ajudou Héracles foi divulgado por todos os lugares. Nas imagens dava a entender que tudo havia sido consentido entre os dois, não havia áudio e por isso não tinha como provar que Irene está a ajudando Héracles. Tudo foi resolvido com dinheiro.

Como Héracles era de uma família influente e rica, conseguiram limpar seu nome, mas para isso a culpa tinha que pesar para um lado. Então foi quando tudo caiu novamente sobre Irene. O pai de Irene tentou obter uma justiça quando descobriu que sua filha havia perdido sua castidade com alguém poderoso, mas era tudo em pró de benefícios. Quando conseguiu uma quantia da família de Héracles, ele ficou satisfeito em não tornar tudo maior do que era.

Sofrendo perseguição na rua, com todos os nomes que podia ser chamada e muitas vezes quase sendo linchada, Irene aceitou receber dinheiro de Héracles para não precisar ter que sair e conviver lá fora com os outros. Todas as coisas que comprava para Jimin, ela fazia-o somente à noite em mercados 24h, pois assim evitaria encontrar pessoas na luz do dia. Até os seis anos, Jimin foi obrigado a viver dentro de casa com sua mãe. Ele nunca teve contato com outras crianças, nunca foi à escola e a única pessoa que conhecia era sua mãe.

Irene tentou o seu melhor para cuidar de seu filhote. Mesmo após anos se passando, ela ainda era conhecida como destruidora de lares, adúltera, prostituta e muitos outros nomes. Então um dia após voltar da rua com algumas sacolas, Jimin se lembrava perfeitamente da aparência de sua mãe naquele dia. Seu lábio inferior tinha um corte e sangrava, seu rosto estava vermelho como se tivesse levado uma pancada. O cabelo bagunçado e arranhões nos braços. Jimin era novo, mas ele reconhecia quando alguém estava bem machucado e sua mãe estava.

O olhar de sua mãe encontrou-se com o dele e mesmo sendo tão pequeno, ele conseguia enxergar uma tristeza enorme ali. Ambos se encararam por longos minutos, então Jimin sorriu e seu coração só se acalmou quando sua mãe sorriu de volta. Ele correu até a mulher e pediu para que ela o abraçasse. Irene chorou e acolheu seu filhote. A única pessoa que não tinha nojo dela. A única que amava-a independente do que ela pudesse ser.

Essa era a única certeza que ela tinha. Uma mãe poderia escolher se amaria seu filho, mas um filho a amaria sem escolhas.

Naquela mesma noite, Jimin recebeu o abraço mais apertado e as palavras mais doces de toda sua vida. Irene mais tarde fez uma ligação e quando terminou se aproximou de seu filhote e lhe deu um demorado beijo na testa. Jimin, vendo como sua mãe estava triste, arrancou uma folha do seu caderno com um desenho e entregou a mulher. Ele havia desenhado a flor preferida da mãe, um lírio. Irene agradeceu e dobrou aquele desenho colocando no bolso da blusa perto do seu coração. Quando se levantou de onde estava com Jimin, ela disse que iria resolver uma coisa no quarto e que o filhote não podia entrar ali até ela mandar. A última palavra que ouviu sair daqueles lábios antes dela fechar a porta, foi um pedido de desculpas.

Uma hora mais tarde, a porta de entrada da casa recebeu fortes batidas. Jimin se assustou e gritou por sua mãe, mas não havia resposta. Quando a porta foi aberta em um estrondo, o garotinho correu para trás do sofá e se abaixou ali. Ele espiou pelo canto que havia uma abertura e viu um homem alto de cabelo loiro. Jimin acompanhou com os olhos a forma que ele pisava de forma pesada em direção ao quarto de sua mãe. Mesmo quando a porta foi aberta, ele não ouviu a voz de sua mãe, então levantou-se de trás do sofá e caminhou para ir onde o homem estava, mas antes que pudesse ver qualquer coisa ele barrou seu campo de visão e fechou a porta.

Jimin se lembrava do olhar assustado e perdido daquele homem, que mais tarde descobriu que era seu pai. Naquela mesma noite, ele foi levado embora sem ver sua mãe novamente.

À medida que foi crescendo e quando frequentou a escola, era comum Jimin ouvir de algumas pessoas sobre ele ser filho da perdida, da prostituta e nomes piores. Ele nunca entendeu como as pessoas enxergavam sua mãe assim, quando a memória que ele tinha dela era tão doce quanto o cheiro dos lírios. Quando ganhou entendimento do assunto, ele nunca permitiu acreditar nas palavras daquelas pessoas e defendeu sua mãe sempre que pôde. Ele prometeu a ela que seguiria um caminho digno para honrá-la e seu nome.

Só que agora todas as promessas estavam sendo enterradas na cova que Jimin mesmo cavou para si. Só de imaginar receber todo o julgamento que sua mãe teve que suportar, pensar que Nari passaria por aquilo era o que lhe causava medo e desespero.

- Papai irá me odiar - Jimin murmurou com a voz trêmula. Ele esfregou sua testa nervoso. - No fim eu irei envergonhar mais ainda minha mãe.

- Quem se importa se aquele velho lhe odiar, quem é ele? - Aquiles puxou sua mão e segurou o rosto do irmão. - Que vergonha você trará? Até onde sabemos você se relacionou com Jungkook quando ambos estavam solteiros, não há o que temer.

- Aquiles, sabemos que não é assim. Não quero que ele me odeie, não quero manchar seu nome.

- Jimin, ele tem que agradecer por você não odiá-lo, mesmo tendo motivos para isso. Se eu fosse você teria o prazer de manchar, devolver tudo que ele fez com sua mãe e com a minha mãe.

Não era novidade para ninguém o péssimo relacionamento que Aquiles manteve com o pai depois da morte de sua mãe. Enquanto Jimin tentava não lhe causar nenhum problema, Aquiles fazia questão de se tornar um problema na vida do homem mais velho.

- Como Hyunki descobriu sobre vocês dois? - Aquiles ergueu uma das sobrancelhas e soltou Jimin.

- Alguém enviou um bilhete, dizendo que quando me casei com ele não era mais virgem e que Nari podia não ser filha dele e sim de Jungkook - Jimin segurou sua cabeça que começava a pesar novamente com tudo aquilo acontecendo.

- Espera, ele acreditou apenas em algumas coisas escritas em um papel?

- Sim... Só não entendo quem enviou aquilo para ele, as únicas pessoas que sabiam sobre aquela noite além de Jungkook e eu, é você.

- Não contei nada para ninguém - Aquiles prontamente se defende.

- Eu sei, em momento algum cogitei você ter feito algo assim - Jimin negou rapidamente com a cabeça e colocou a mão sobre o joelho do irmão. - Não sei se Jungkook pode ter contado para alguém.

- Não acho que ele tenha contado. A pessoa que ele mais confia é Seokjin - Aquiles recorda. - E mesmo que ele tenha contado a Jin, não é do caráter dele espalhar isso.

Jimin concordou e pensou mais um pouco. Ao se lembrar de duas pessoas, seu estômago se revirou, mas a possibilidade dessas pessoas terem descoberto e contado algo não faria sentido, já que para elas Jimin estar longe era bom.

- Não que seja tanto do meu interesse, mas Adônis conseguiu uma chance com Jungkook? - Jimin deu de ombros, enquanto encostava-se contra o apoio do sofá.

- Sério? Sua preocupação é Adônis? - Aquiles riu zombando. Ele cruzou os braços sob o peito e arqueou suas sobrancelhas. - Apesar dele ter pintado o cabelo de loiro como o seu, Jungkook não podia se importar menos.

- Ele pintou? - Jimin ficou surpreso e logo uma careta se formou em seu rosto. - E pensar que ele quando criança queria ser meu amigo.

- No fim, sempre foi inveja.

Jimin alisou seu cabelo, enquanto seus olhos desviaram para a janela perto do armário. A casa de Aquiles não era tão grande como a que ele cresceu, na verdade era bem simples, tirando poucas coisas que poderiam ter custado cinco salários mínimos.

Mesmo que o irmão tivesse saído de seu antigo lar, aquela nova casa era algo que havia saído do bolão de sua família. A mãe de Aquiles era bem rica e a herança que ela deixou para o filho quando morreu, daria para sustentar dez famílias pelo resto da vida. Seu pai era rico, mas Jimin nunca se atreveu a gastar muito. Ainda que na adolescência ele recebesse mesada, todo o dinheiro ia para um poupança que fez para o futuro. Pensar que todo aquele dinheiro iria para Hyunki lhe deixava bastante cansado. No fim, todo o dinheiro que recebeu em sua nova vida nunca lhe pertenceu.

A única herança que carregava consigo que não possuía um alto valor bruto, mas apenas valor sentimental era o colar que sua mãe lhe deu uma semana antes de morrer.

Antes que pudesse perguntar qualquer outra coisa a Aquiles, a campainha tocou. O moreno trocou olhares com o loiro e ficou de pé. Jimin levantou-se rapidamente, mas antes que conseguisse tempo para esconder-se a tranca da porta foi desfeita e alguém bem conhecido invadiu a casa.

- Jimin...?

🦋

Nos vemos em breve!

Próxima atualização: 02/06/24

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