CAPÍTULO 5 - Pedido de socorro
Cassandra arrastou o dedo pela tela do celular sentindo o desgosto inundando sua mente. Kim Roxy era, com toda certeza, uma pessoa flop.
E ela tinha total conhecimento para declarar isso sobre a pseudo blogueira/atriz/socialite... Enfim, nem ela e nem Cass sabiam dizer exatamente o que ela era de verdade além de rica. Bem rica!
Ela havia feito um filme que saiu na internet, sendo a musa de um estudante de cinema que estava tentando emplacar o novo 50 Shades of Grey e acertou em um quase pornô nonsense. Ainda havia fotos dos peitos dela circulando na internet, mas ninguém realmente sabia dizer se aquilo era um nude vazado ou se realmente era um filme. Não fazia muita diferença, de todo modo.
A realidade era dura para Kim: ela era uma total desconhecida que não chegava a ter 50k de seguidores. Teoricamente, Cassie tinha que reverter essa situação.
Não sabia muito bem como fazer isso, já que Kim era a pessoa mais insuportável que havia conhecido. Quer dizer, até conhecer Travis Havilliard, mas ele não entraria por enquanto na equação.
Ela era podre de rica, como uma Paris Hilton flopada, que passava o dia todo falando da sua vida conturbada sem sair do próprio quarto e mandando recebidos para si mesma como se fossem marcas que tivessem lhe enviado.
Ela tinha o total de 0 talento, 0 carisma e 0 graça.
A única coisa que ela era, com certeza, era bonita. Ela era tão bem diagramada, por assim dizer, que era difícil encontrar algum defeito nos seu rosto com seus olhos verdes, cabelo loiro e corpo perfeito. Ela provavelmente se daria bem na carreira de modelo, mas Cass achava que ela não tinha mais idade para isso.
Cassandra jogou o celular sobre a mesa do computador e começou a olhar para a folha em branco aberta em sua tela com as ideias que iria abordar com Kim. Iria mandar que ela tirasse algumas fotos, fizesse algum conteúdo para editar e postar em suas redes, e deixá-la com a câmera ligada o dia todo a fim de conseguir ajustar seus próximos stories e conseguir um pouco de visualização.
Seria muito mais fácil se ela tivesse algum mísero carisma, mas, já que não conseguia nada de forma natural o photoshop faria isso por elas.
Esteban gargalhou de algo no celular enquanto apoiava uma xícara de café na mesa da irmã e se jogava no sofá a suas costas. Seu irmão mais novo era um adolescente muito inteligente, mas que era preguiçoso demais para desenvolver características realmente marcantes para fazer dinheiro, então ela deixava de o importunar até que se decidir sobre o que faria na faculdade.
Ele tinha a pele morena, os olhos pretos pequenos e os cabelos grandes até pouco abaixo dos ombros. Esteban era alto, musculoso e tinha um sorriso de lado que fazia qualquer — qualquer — mulher cair de amores por ele.
Deveria ser incrível ter uma aparência como aquela e Cassandra o invejava por ser tão "malemolente" em qualquer situação que se metesse. Esteban sabia muito bem como se virar, independente de onde se metesse, quase como um instinto natural.
Ele gargalhou jogando a cabeça para trás enquanto assistia algo no celular e a irmã o encarou com as sobrancelhas em pé. Ele mantinha os fones no ouvido e tirou assim que notou sua atenção voltada para si.
— Se liga nesse cara! Ele só faz merda! — disse enquanto entregava o celular para que ela pudesse ver a tela onde rolava um vídeo que ele havia botado no começo. Cass teve de afastar a cortina de fios compridos que ele tinha para o lado para conseguir enxergar a tela.
— Esse não é Fred Bones? — perguntou apontando para a tela enquanto tentava entender a imagem tremida que a garota histérica e chorona gravava.
— Não, ele não atende mais por esse nome — Esteban a encarou com um sorriso debochado. — Agora ele é Fred "Mercury" Bones, meu bem — informou fazendo aspas com os dedos.
Cass voltou a observar a imagem enquanto de repente uma garrafa de água voou em Fred e a menina virou o celular para frente da grade da divisão. Cass levou a mão a boca encarando a cena vexatória que passava na tela.
Nada mais e nada menos do que Travis Havilliard jogando uma garrafa de água em Fred passava naquela pequena tela.
Meu Deus, que vexame!
— Dios mío... — arfou, negando com a cabeça. — Esse cara é um babaca sem igual. — Desviou os olhos, voltando-se para o celular.
— Babaca sem igual? O cara se autoproclamou Fred "Mercury" Bones, falou na cara do cara que a banda dele finalmente iria alcançar o estrelato e você acha que ele que é o babaca por dar uma garrafada no outro? — Cass se voltou para Esteban, surpresa por ele estar o defendendo
— Lembra que eu te disse que na reunião que eu fui e fiquei presa no elevador e um cara vomitou em mim? — Ele confirmou com um aceno e ela apontou para a tela. — Foi ele.
Esteban arregalou os olhos, quase em êxtase.
— Travis Havilliard vomitou em você?
— Sim. Eu deveria ficar lisonjeada por isso? — Franziu o cenho enquanto o irmão pareceria estar em colapso.
— Sim! Ele manda muito! Snake Eyes é uma das melhores músicas do milênio, isso sem contar que Beauty of Darkness é de explodir a cabeça! Crossfire ficou três semanas seguidas... — Ela o interrompeu com tédio.
— No topo do ranking da Billboard. É, eu já sei.
— Você vai trabalhar com ele? Por favor, pede um autógrafo pra mim? — Cass empurrou sua cabeça, o jogando para longe.
— Larga de ser idiota! O cara é um tremendo babaca que acabou de assinar o atestado de óbito da carreira. Ele só faltou me chamar de charlatã e ainda insinuou que eu havia gravado o surto dele de claustrofobia e estava pedindo que ele me pagasse para deletar o vídeo, sendo que ele mesmo arrancou o meu celular da mão enquanto estávamos no elevador. — Ficou em pé, seguindo até a cozinha.
Eles moravam em uma casa confortável graças ao trabalho de Cass. Apesar de sua mãe ter um emprego estável e que a pagava bem, ser enfermeira não tinha um piso salarial assim tão alto, logo, foi o trabalho de Cass que os proporcionou aquilo.
O pai deles havia sumido, os abandonado nos EUA quando ela tinha uns oito anos e nunca mais olhou para trás, além de ter levado consigo todas as economias da mulher, as quais ela havia guardado para comprar a casa.
Bom, Cassandra havia comprado a casa da sua mãe e agora ela poderia gastar o próprio dinheiro com o que quisesse, sem se preocupar em guardar nada para nenhum homem a roubar. Cassandra gostava de saber que a mãe poderia trabalhar para seus caprichos depois de tanto que havia os dado.
A casa tinha dois andares, era bem arejada e tinha até um quintal com um balanço. Na sala, de onde eles estavam, as paredes eram de vidro e ela podia ver a árvore que sustentava o balanço e o banco que tinham colocado do lado. Dentro, a sala era ampla e a mureta dividia a sala da cozinha. Ela havia optado por fazer seu escritório ali mesmo, já que tinha espaço e era arejado o suficiente para não ficar o dia todo enfurnada no quarto.
No andar de cima tinham os três quartos dos três integrantes da casa.
— É claro, uma coisa dessas poderia acabar com a carreira dele — Esteban respondeu e Cass o encarou.
— Que carreira? Você ouviu o que eu disse? Ele destruiu qualquer possibilidade de ter uma carreira. Tenho certeza que até o vídeo do ataque de pânico poderia o ajudar mais do que ter jogado uma garrafa no novo integrante dessa bandinha aí. — Fez um gesto de desdém com a mão enquanto lavava a caneca.
— Bandinha não! Bandona! Crossing Bones é uma das melhores banda do século! Tenha um pouco mais de respeito, Cassandra. — Ela se limitou a ignorá-lo.
— Fred Mercury original está se revirando no túmulo com uma confissão dessas. — Esteban deu os ombros.
— Mas você vai trabalhar para ele? Apesar de o achar o máximo, ele é realmente um pouco difícil de lidar. — Cassie riu.
— Não é um pouco difícil, é muito difícil! Eu saí daquele escritório fedendo a vômito e quase fui humilhada. Esse idiota é o tipo de cara que acha que está acima de todo mundo por ser famoso. E nem é tão famoso assim.
— Nem todo mundo sabe que o nome do vocalista do Maroon 5 é Adam Levine — tentou defender.
— Mas todo mundo conhece o Maroon 5! Existe uma diferença abissal entre as duas coisas, então, nem tente fingir que não. Eu sei que você é fã, mas precisa ser realista.
— Vai trabalhar com ele sim ou não? — questionou de novo enquanto Cassandra se aproximava e se jogava a seu lado.
— Não — respondeu com pesar. — E mesmo se eu fosse, o que poderia fazer depois que ele jogou uma garrafa de água no novo vocalista?
— Jogou uma garrafa de água, foi tirado de lá de dentro com uma promessa de processo, se embebedou, quebrou o vidro de uma viatura da polícia e foi preso — explicou baixo fazendo-a arregalar os olhos.
— E você tem a coragem de chamar esse cara de ídolo? — perguntou o olhando nos olhos. Ele deu de ombros.
— Estão o comprando com a Britney Spears em 2007 e nessa época você era fã dela. — Ela teria lhe respondido como deveria, mas a campainha tocou e ela se ergueu para atender.
Seguiu pelo corredor, agradecendo por ter se livrado daquele problemaço e atendeu a porta com um sorriso, encarando o entregador.
— Encomenda para a senhorita Castillo — disse ele ao que Cassandra franziu o cenho, mas aceitou o pacote, levando a encomenda para dentro, sentando-se ao lado de Esteban.
— O que é isso? — ele perguntou enquanto ela abria a caixa e encontrava nada mais e nada menos que um par de botas Gucci. — Botas? Você já não tem 30?
— Sim, mas essas não fui eu quem comprei — revelou enquanto puxava as botas de dentro da caixa, notando que faziam parte da última coleção. Aquilo, com toda certeza, era muito caro!
— Tem um bilhete! — Esteban apontou e ela puxou o papel grudado a um envelope.
— Querida Cassandra, espero que receba esse presente como nosso pedido de desculpas pelo último inconveniente. Suas exigências foram ouvidas e seguem nos apêndices listados abaixo. Ao assinar, mande uma cópia para o nosso e-mail. Que nossa jornada seja esplendorosa. Com amor... — Ela gargalhou antes de puxar o envelope e tirar o contrato ali de dentro. — Lincoln e Travis.
— Mentira! — Esteban exclamou arregalando os olhos e puxou o bilhete enquanto ela retirava o contrato e observava as cláusulas, tomando atenção que no valor realmente tinha sido acrescentado pelo menos mais dois zeros.
— Verdade! Travis Havilliard acabou de me pedir socorro.
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