capítulo 15
-Você não pode desistir de tudo assim. -Aaron diz me entregando uma cerveja, mas eu nego. Ele consegue ser tão convincente que quase que eu acreditei nas palavras dele. —Não tem porque eu continuar, tenho um bom dinheiro, uma casa, o suficiente pra mim.
Falo aproveitando o som baixo da festa, por incrível que pareça, ela está significantemente vazia, passei grande parte do dia pensando ontem no que fazer, mas eu definitivamente não consigo pensar em nada que me faça querer continuar no colégio se nem nessa cidade eu quero mais.
-Verdade cara, é uma verdadeira perda de tempo, se eu tivesse dinheiro, eu já teria metido o pé daqui. -Diz ele antes de levar a cerveja até a boca.
-Você se lembra daquela festa que eu fiquei doidão? -pergunto. -Claro cara, pegou geral e não se aguentava em pé.
Ele diz rindo em tom de zombaria.
-A Eva disse que o alex falou que eu me droguei, sendo que não me lembro de me drogar nenhuma vez, você acha que alguém me drogou? -pergunto eu, estudando cada reação dele.
-Você tem falando com aquela esquisita da Eva? - fala ele, com o desprezo nítido na voz.
-Ela estava preocupada e ela não é esquisita, ela definitivamente não tem nada de esquisita. -discordei, mas logo me arrependo quando vejo o semblante intrigado dele.
-Como assim cara? -ele pergunta desacreditado.
-Ela nunca me fez nada demais e eu acho ela normal, parece ser uma boa pessoa- Omito a parte na qual eu a beijo e a que ela vem constantemente nos meus pensamentos.
Ele sorri, pelo tempo que eu o conheço, aquele sorriso com certeza não é carregado de alegria e sim de pura maldade.
-Acho que posso descobrir se ela é mais que isso, talvez sem roupa? -Ele diz ainda com aquele sorriso estúpido nos lábios.
-Não acho que você conseguiria algo com ela. -falo o mais calmo possível, mesmo sentindo quase obrigado a tirar aquela porra de sorriso da cara dele a força.
-Eu acho que consigo, nem sou tão diferente de você, talvez eu possa até fazer ela te superar. - murmurou ele em discordância.
Respiro fundo e procuro algo pra mudar de assunto.
-Talvez amanhã eu vá na sua casa, saudades dos seus pais. -falo a primeira coisa que veio na cabeça, não que eu realmente não esteja com saudades, mas eu ainda não estou pronto pra isso, em encrar aqueles olhos cheios de pena em mim e provavelmente vou inventar uma desculpa de última hora pra não ir.
-Ta bom. -Ele diz finalmente tirando aquele sorriso idiota do rosto. -Acho que já vou indo.
Falo me levantando sem pressa, ele murmura algo que some antes mesmo de eu conseguir ouvir. A música estava mais alta e está começando a encher.
-Você vai embora na melhor parte? -ele diz levantando também, mas o olhar dele vai para as duas garotas se aproximando, ele me olha de meneira sugestiva e eu balanço a cabeça negativamente.
-Dessa vez não. -falo dando um tapa nas costas dele antes de eu me afastar.
As luzes da casa dela estavam todas apagadas, então provavelmente estão todos dormindo, observo a casa por longos segundos até começar a caminhar até a minha.
É impossível esconder de mim mesmo a dor que eu sempre sinto ao ficar aqui, em casa, onde um dia foi o meu lar, mas agora, mal quero ficar nela.
Minha mente ainda não acredita que eles morreram e que nunca mais irão voltar, as vezes eu acordo de madrugada quando penso ouvir o jogos irritantes do meu irmão, mas quando vou levantar pra gritar com ele, eu lembro que ele não existe mais.
As vezes fico olhando pra porta esperando meu pai chegar e de vez enquando espero minha mãe me acordar gritando. Por mais que eu tente ignorar tudo isso, ainda doi de uma forma esmagadora.
Subo as escadas da minha casa, mas paro lembrando do galão de água que estava na minha sala, sorrio ao lembrar da Eva dizendo que eu tenho que beber ele todo, imagina a cara dela ao descobrir que nem abri ele ainda.
Volto a subir as escadas, indo para meu quarto. Me jogo na cama ignorando meu estômago vazio, definitivamente não vou fazer algo pra mim comer.
Acordo com meu estômago doendo de tão vazio que estava, mas antes de descer pra fazer algo, descido tomar um banho antes.
Quando eu sento pra finalmente comer algo, escuto a porta bater e antes mesmo de eu xingar seja la quem fosse, eu escuto a voz da Eva.
Gosto do meu nome quando ela fala, largo meu prato de lado e caminho até a porta, mas acabo travando com a mão na maçaneta ao perceber algo.
-Pode abrir logo?! -diz ela bufando logo em seguida. -Eu posso ver a sua sombra.
Ela bate na porta de novo, e eu encaro a maçaneta. Não é normal pensar em alguém como estou pensando nela e muito menos ficar bem somente na presença dela, isso definitivamente não é normal, certo? Eu não quero nada além da amizade dela e muito menos quero magoar ela, é nítido os sentimentos dela por mim e mesmo assim não me faz sentir precionado como a cassandra faz.
A sensação de que se eu abrir a porta, eu vou perder tudo que tenho dela, por que eu também não quero nutri sentimentos por ela e se isso acontecer, eu vou magoa-la, então eu perderia a amizade dela.
E a coisa que eu mais quero é abrir essa porra de porta, mas eu simplesmente não consigo. Eu posso ser um idiota e muitas vezes babaca, mas as únicas pessoas que eu fui egoísta em toda minha vida foi a minha família e Deus sabe como me arrependo disso, não vou cometer o mesmo erro.
Por que no momento, não sou bom nem pra mim.
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