20 - Mansão Herrera - 2PV
PV Alex
Por que eu estava apaixonado por uma puta? O que ela teria para me oferecer que qualquer outra puta não poderia me dar talvez até melhor que ela e sem me dar as dores de cabeça que ela me dá, quantas outras não dariam tudo para estar no lugar dela e me obedeceriam sem reclamar ou desafiar minha autoridade. Vocês devem estar se perguntando para que arriscar a reputação da minha família, dinheiro, relacionamento com meus familiares e potenciais parceiros de trabalho comprando uma briga, que aliás eu sei que vou perder, viajando para fora do país para procurar uma prostituta que me deu um pé na bunda. Primeiramente comecei isso justamente para irritar minha família..., mas isso foi longe demais, agora eu estou perdidamente louco por ela... Uma puta de beira de estrada que se prostituía num ponto de drogas, repetente, burra, sem futuro, moradora de favela de um país de terceiro mundo com uma família completamente fodida e sem grandes expectativas, aliás, sem expectativas nenhuma apenas vivendo um dia após o outro tentando colocar comida na mesa.
Afinal de contas, ela valia todo esse esforço? O que afinal determina se alguém vale a pena ou não?
A Ketlyn valia.
Ah e como valia.
Não por ser inteligente, ou por ter dinheiro, ou potencial para um futuro aquisitivo, pois de fato ela não era nada disso, ela simplesmente valia a pena. Pelo simples fato de ser ELA, de ser verdadeira, de ser amável de um jeito rebelde, inocente apesar de safada e sincera com todos e consigo mesma.
O que você é e o que você vale não vai depender do que você tem, de que cargo você ocupa, do que trabalha, afins... Vai depender unicamente daquilo que você faz, de como age, é isso que determina quem você é e se você vale a pena.
Até Miami era um voo relativamente rápido em um avião particular, portanto, sem escalas, mas cada segundo era uma eternidade sem saber se ela estava bem, e me sentindo absolutamente culpado por toda essa situação na verdade Ketlyn não precisa de ninguém para se manter em encrenca e eu não sabia ao certo o que eu havia feito de errado, mas eu mesmo assim me sentia culpado.
Eu só tinha certeza de uma coisa, não aceitaria de jeito nenhum deixa-la com o Herrera sem ter certeza de que ela está bem e não voltaria para casa sem ela, sinceramente nada mais faz sentido sem ela, não consigo comer, beber ou dormir sem ela, sinto um vazio no peito que com certeza não é saudável devo estar sofrendo de um alto grau de dependência emocional relacionado a essa garota e se eu passasse em algum psicólogo e com certeza eu deveria, ele certamente diria que eu associei a minha sobrevivência da tentativa de suicídio à ela, e que não deveria me apoiar tanto, colocar tanto sobre os ombros da Ketlyn, afinal não devemos condicionar nossa vida ou nossa felicidade deixando-a mercê de outra pessoa seja ela quem for. Só nós podemos dar sentido a nossa própria vida própria existência mas que existência pífia seria a minha se eu nunca a tivesse conhecido, uma mera marionete guiada pelos fios invisíveis controladores da minha família, o luxo, o dinheiro, a bebida, o sucesso, cercado de pessoas falsas e vazias, tudo isso preenchia a minha alma como isopor, eu parecia cheio, completo, mas estava vazio, simplesmente não tinha um propósito, um porque viver, se não amava verdadeiramente nada nem ninguém... Talvez este seja o sentido da vida, com ou sem dinheiro você não é nada se não amar algo, algo para dar proposito a sua vida.
Ora, mas que controverso não é mesmo? Primeiro eu digo que não devemos deixar a vida depender de ninguém e depois digo que se você não ama nada você não tem proposito na vida...
Quer saber, eu vou parar de pensar nisso por um momento... Agora nesse avião indo para Miami eu só quero pensar na minha Kety e em que encrencas ele já deve ter se metido.
POV Ketlyn
Chegamos em Miami. O avião pousou na areia da praia.
NA AREIA DA PRAIA.
Eu demorei um pouco para perceber que era apenas o quintal da outra mansão dos Herreras...
Ok, acho que agora sim essa era a casa do Seu Ramón, pois não tinha o enorme H na frente e apesar de muito grande parecia menos chamativa, ficava a beira de uma praia e não tinha muros era toda... aberta? Eu não sei como descrever... a autora vai por uma foto ai.
Mas tava estranhamente frio, não tipo nevando, mas não era o calor que fazia no Brasil sabe... enfim... Será que eu iria pra praia nesse frio? Hmmm talvez...
Estou deitada olhando para o teto, me recuso a olhar em volta e me sentir ainda mais pobre, jamais imaginei o Seu Ramon em uma mansão assim.
Nem me lembro na verdade de como cheguei nesse quarto, era um dos quartos do sobrinho do Seu Ramon, tinha uma decoração sem sal, cores mortas, apesar de tudo parecer muito bonito e bem organizado era de muito mal gosto. Assim como todo o resto da mansão tudo era lindo, visivelmente caro, com cores neutras, meio monocromático, empregados para todos os lados, Seu Genaro era um senhorzinho muito legal, porque ele não veio com a gente? Quando cheguei eu passei por umas mulheres que pareciam ser empregadas do seu Ramon antes de chegar ao quarto onde eu ia dormir, acho que elas não falavam minha língua e nem olhavam na minha cara, não que eu me importasse em cumprimentar ou saber o nome delas... O que pode ter sido um erro, pois em algum momento tenho certeza de que vou comer a comida feita por elas então não sei se seria muito seguro fazer inimizades entre os empregados do Seu Ramon...
Olha só... Eu me preocupando com inimizades...
Tô a cada dia mais me parecendo com o Alex...
Coloco o braço sobre os olhos quando o escuto alguém se aproximar da porta do quarto. Continuo deitada na cama onde eu confortavelmente dormi na última noite - na verdade não dormi, apenas capotei, dormi no jato a viagem toda, desci do jato provavelmente com ajuda e fui guiada para uma cama onde estou agora - Seu Ramón chega à porta e bate na porta 3 vezes.
- Kety, está acordada?
- Não! - respondo resmungando.
- Bem eu preciso... - ele diz entrando no quarto, faz uma breve pausa ao notar que estou só de calcina e um lençol sobre os seios - te apresentar seu professor particular... - ele continua como se nada estivesse acontecendo.
Sento-me na cama segurando o lençol sobre os meus seios.
- Eu não tô legal...
- É o jet lag, logo você melhora...
- Que jet-ski? Quem é esse?
- Nada... Bem... surgiu uns imprevistos e eu não vou poder receber os investidores aqui, então vou deixar você com o seu professor, mas logo eu volto pra ver como você está indo...
- Então eu vou mesmo ter aulas particulares?
- Sim, o senhor Gutyerres está lá embaixo e vai acompanhar você durante essa semana que eu vou tratar de uns assuntos, ele foi professor dos meus sobrinhos... uns merdinhas mimados iguais aquele tal de Alex... Mas enfim... - Reviro os olhos ao ouvir ele falar do Alex - Ele já tem certa idade, mas tenho certeza de que será muito paciente com você.
Eu poderia surtar e fazer uma cena me negando a ter aulas, mas ele já me colocou num avião, já me trouxe até aqui, eu tô meio que indo na onda... será que eu estou começando a ser uma maria vai com as outras tipo o Alex? Será que eu estou perdendo minha essência para agradar o seu Ramón? Ou será que eu estou usando das oportunidades que estou tendo para fazer a faculdade que eu sempre sonhei?
- Ok tio... Vou me esforçar.
- Ué? - ele estranhou - É isso? Sem xingar sem fazer birra sem mandar ninguém tomar no cu?
É eu também estranhei essa Ketlyn apática... É culpa do jet-ski?
- É tio... Vou tentar ser melhor daqui pra frente tio... - forcei um sorriso falso, que era nitidamente falso.
- Essa é minha garota de futuro. - ele beijou minha testa e se retirou do quarto dizendo - Volto em uma semana, estude bastante!
Lá estava eu, querendo agradar o senhor Herrera...
O que eu estava fazendo?
Quem eu estava me tornando?
Andei até o armário de roupas do sobrinho mais velho do tio Ramón, o nome dele era Estevam, ele tinha uns 22 anos e aparentemente 120 quilos, as roupas dele eram enormes e ridículas, umas cores mortas e sem graça, algumas listradas, quase todas com uma gola polo estúpida... Quem diabos guarda uma roupa assim numa casa de praia? Encontrei umas sociais que me lembravam o Alex, uma preta de um pano muito gostoso e leve, dane-se se nós estávamos no inverno, aquela mansão inteira era mantida por aquecedores e estava uma temperatura agradável suficiente para andar de calcinha descalça no carpete de madeira.
Coloquei a camisona social e suas infinitas abotoaduras de manga cumprida que era 5 vezes o meu tamanho e segui para as escadas do piso inferior...
Bem... Vamos descer e conhecer esse véio que vai me dar aula.
Caminho descalça e avisto uma moça preparando um café da manhã na cozinha.
- Buenos dias, senhorita. - Uma das mulheres que trabalham na casa me cumprimenta, o sotaque dela é claramente espanhol, será que eu vou ter problema em me comunicar com elas?
Ela tem uns 30 anos, é gordinha, aparentemente simpática, um sorriso carismático uma pele bronzeada...
- Ah, bom dia. Cadê o tal professor?
- El profesor te está esperando en el salón de clases al lado, desayuna primero. - ela dizia sorrindo.
- Não moça eu não falo espanhol.
- Puedes estudiar después. Desayuna. - ela insistia enquanto arrumava a mesa de café da manhã.
- O professor tá onde? - perguntei confusa.
- Desayuna! - ela me empurrava uma cestinha de pães.
Acho que ela queria que eu comece primeiro.
Ok, melhor espanhol que inglês..., mas ainda assim eu não entendia nada...
Me sentei e comi, e vocês sabem, eu sou magra de ruim, porque eu não como pouco.
Bem, depois de comer eu insisti.
- Então, o ... - antes de eu perguntar do professor ela disse:
- Cómo te llamas?
- Acho que você quer saber meu nome certo? - ela balançou a cabeça que sim - Ketlyn.
- Es un nombre muy bonito. Mi nombre es Samantha. Puedes ir el salón de clases al lado. - Ela começou a tirar a mesa depois do meu café.
- Puede o que? Onde? Eu não entendi o que puede e o que não puede moça, eu não falo espanhol. - tentei me comunicar, e ela apenas apontou para um corredor. Acho que eu devo ir para onde ela apontou.
Abri uma porta de madeira no corredor que dava em uma sala parecida com uma biblioteca... Quem teria uma biblioteca em uma casa de praia? Eu acho que devo estar enganada sobre essa ser uma casa de praia... talvez essa fosse uma casa de moradia permanente? Será?
Escuto um barulho de algo caindo. Seria um livro?
Entro na biblioteca e vejo um homem bem vestido, menos de 40 anos, tem estatura mediana e físico atlético, levemente grisalho e me olha com certo espanto e um sorriso que primeiramente não soube decifrar, é vergonha? Desdém? Safadeza? Eu nem sei o que caralhos significa desdém...
- Olá é o senhor Gutyerres?
- Hola, es la chica a la que enseñaré? - ele pergunta com um tom aveludado e gentil, porém eu não entendi uma palavra... - Eres muy hermosa...
- Ah vai se fuder... Você também? - eu exclamo alto
- Não se preocupe eu falo a sua língua. Só quis te elogiar...
- Ah... - eu me sinto corar na hora, puts eu não pensei que ele iria entender o palavrão... - Desculpa... - a palavra sai meio estranha da minha boca, quase como se eu não soubesse falar ela - Olha eu não quero te desencorajar, mas o tio Ramón acha que isso vai dar certo, mas eu sou burra e por isso estou aqui.
- Você não é burra.
- Você nem me conhece. - Avistei uma poltrona e me sentei toda largada - Eu sou um caso perdido de muitos professores, de muitas escolas, de muitos anos de repetência...
- Você é apenas uma vítima de um sistema de ensino arcaico que visa te culpabilizar pelos fracassos ao invés de buscar a verdadeira causa da sua dificuldade.
Nossa como ele falava bonito, e num português perfeito... Mas com palavras tão difíceis quanto se estivesse falando espanhol.
Ele se senta elegantemente na poltrona a minha frente, e volta seus braços e pernas para a mesinha onde há livros e cadernos.
Ele estava querendo me impressionar? Porque conseguiu. Por um instante eu pensei: Esse vai ser o professor com quem finalmente eu vou conseguir aprender alguma coisa, só a postura dele já me diz isso.
Estranho, agora que eu o respeito me sinto envergonhada de estar seminua, só com uma camisona folgada sem sutiã nem calcinha, que senso de pudor estranho.
- Vou me vestir.
- Claro, eu vou organizar os materiais e vou subir com você. - ele recolhe seus materiais.
"Ué, ele vai para o quarto comigo?" pensei. Ele me vê imóvel e entende instantaneamente.
- Ah o senhor Herrera me disse para não tirar os olhos de você nem por um segundo... Era sobre isso também que estávamos falando antes dele sair agora há pouco...
- Você vai ver eu me trocar?
- Não se preocupe, isso é o de menos... Vem vamos subir. - ele caminha para fora da sala e sobe as escadas bem mais rápido do que eu esperava, quase como se estivesse fugindo ou se escondendo de algo.
Não tenho curiosidade para ver outras partes da biblioteca, havia umas estantes movidas e uns livros caídos, pois é provavelmente ele estava procurando algo especifico para alguém tão burra quanto eu... não quis ficar para averiguar nada e logo subi para o quarto.
Quanta inocência a minha, se eu tivesse ficado naquela biblioteca mais um pouco, se eu tivesse olhado atrás da estante movida...
Mas não... Eu subi atras dele. Troquei de roupa na frente dele, com uma vergonha que eu não sabia que tinha.
Mas ele pareceu tão profissional arrumando os livros e cadernos na cama enquanto eu me trocava, eu nem pude sentir o seu olhar sobre mim.
Eu o achava realmente confiável.
- Por onde vamos começar? - ele pergunta sorrindo.
- Tudo! - eu disse rindo e me sentando na cama ao lado dele.
- Ok, vamos do básico, primeiro nas disciplinas de maior foco, e vamos aumentando a dificuldade depois.
Eu vou admitir que estava gostando desse cara.
E assim passamos o dia ali, uma das empregadas nos serviu almoço ali mesmo. Ele era legal simpático e explicava de um jeito que eu realmente entendia. Ele me disse que eu tinha um problema mental, ele não chamou de problema mental, obvio, ele falou uma sigla q eu esqueci, mas foi mais ou menos isso que eu entendi, parece que eu tenho dificuldade de focar e sem um professor particular seria muito difícil mesmo eu aprender.
- Então eu sou retardada?
- Claro que não, mi chica, a verdade é que você é tão atenta a tudo a sua volta que as coisas acabam te distraindo. Isso na verdade é um sinal de inteligência e de altas capacidades e potencialidades do seu cognitivo.
- Devo ser retardada porque não entendi nada do que você disse, já falei para não falar em espanhol?
Ele ria, era um riso calmo e tranquilo, calmo.
- Você tem potencial, mi chica, só precisa de ajuda.
Eu? Potencial? Se fosse algumas horas atrás eu diria que esse cara é louco, mas até que eu fiz algumas atividades então talvez ele não estivesse tão errado.
Ficamos ali o dia todo, os empregados traziam comida no quarto e era sempre eu que atendia, eles tentavam se comunicar comigo, mas eu não entendia nada. Pedi para o Gutyerres vir atender, mas ele disse que era melhor não pois ele não se dava muito bem com os empregados do senhor Herrera. A ultima vez que um empregado veio no quarto, foi a Samantha:
- Los empleados ya se van a sus casas, que tengan buenas noches.
- Pelado do que? - eu demoro para carregar o que ela está falando - Buena noche? Vocês estão indo embora, é isso? - ela balança a cabeça que sim, "E eu vou ficar sozinha com o professor?" achei estranho. Mas se o Seru Ramón queria que ele ficasse de olho em mim que nem uma babá então fazia sentido - Então buena noches pra você também Samantha! Muito obrigado.
Depois de jantar ele disse:
- Eu tenho alguns livros em casa sobre essa matéria, e como o senhor Herrera ainda vai demorar uma semana para voltar acho que você pode ficar lá por um tempo. Aposto que vamos avançar bastante se pudermos trabalhar com os materiais certos.
- Ah sim, aposto que a biblioteca do senhor Herrera não te agradou muito neh...
Ele pareceu empalidecer quando eu disse aquilo.
- Ah é... - ele ri sem graça - Porque diz isso?
- Ah você bagunçou a biblioteca procurando alguma coisa neh... Provavelmente aqueles livros são de um século atrás... - eu ria.
- Ah é... - ele ainda parecia pálido e sem jeito - Bem o que me diz, vamos?
Ora se era para o senhor Herrera ficar feliz com os nossos resultados, porque não? Eu já vim pra Miami, ir pra casa do professor não iria ser tão ruim neh.
- Claro. - respondi.
E segui ele...
Entrei no carro dele...
Adormeci no banco do carona...
Cara, como eu ia adivinhar que eu seria sequestrada.
DE NOVO?
ASSIM NA CARA DURA?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro