Prólogo
Aquela data ficaria para sempre marcada como o dia da sua morte.
Grilhões a prendiam no lugar, apenas aguardando a hora certa em que seria abatida. A cada passo a sensação de espinhos perfurando vagarosamente a sola de seus pés. Os vermes a sua volta sorrindo prontos para se lançaram ao seu corpo morto e roer a fria carne até que não restasse nada além dos ossos.
Dentro do peito um coração pulsando sangue para uma casca que a muito já estava vazia, tomada por angústia e decepção. Olhos frios, nebulosos até inexpressivos – se dizem que são a janela para alma, quem encarasse aquela vitrine não enxergaria nada além de um denso breu.
Calafrios se arrastavam por sua espinha, o gosto nauseante de bile chegando até seus lábios pintados de carmesim. A própria senhora do fim vindo a receber de braços abertos disposta a guiar para sua ruína, uma eterna prisão de rochas.
-Vamos – lhe tomaram pelo braço a tirando da pequena cela – Os preparativos já foram finalizados.
Dariam uma festa para comemorar seu enterro, sua destruição. O momento crucial onde o último sopro de vida deixaria de existir e se tornaria apenas uma oferenda, tudo aquilo não passava de um sacrifício disfarçado de um belo casamento.
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