Era nove horas da noite e as ruas de São American estava com pouca movimentação mas não era para se enganar pois aonde teria a multidão seria dentro dos becos e principalmente no dos Johnson e hoje era sexta e pelo que me lembro, toda sexta e sábado e domingo tem uma pequena festa rolando na casa de quem ? Do Marcos, não sabia se era sorte ou se era azar para minha pessoa mais ajudaria bastante. Eu estava usando uma calça jeans preta e uma jaqueta da mesma cor , eu usava um óculos para esconder meus belos olhos e uma touca para ajudar ainda mais no disfarce que por sinal, tava uma porcaria mais creio eu que ninguém iria me reconhecer, pra finalizar, preso em um cinto em minha cintura estava a " Ritha " a pistola de Mark que eu esperava não usar ela hoje.

De frente ao beco,  poderia escutar muito bem uma música eletrônica vindo de lá, eu enviei um SMS para a Ana dizendo que iria entrar no beco e após isso eu deixei meu celular no modo silencioso e rezando para os deuses novos e os velhos eu entrei no beco que jamais achei que regressaria ali.

A música que antes era eletrônica tinha sido trocada por uma que eu amava chamada " you're gonna go far, kid " da banda The Offspring " , estava com uma vontade da porra de dançar essa música mais eu me segurava alias, não queria estragar meu disfarce. Eu já estava dentro do beco e não era qualquer beco daqueles apertados, era bem espaçoso por dentro mais os caminhos era bem estreitos mas de fácil locomoção. De frente estava a bela casa do Marcos e era de lá que vinha a música, tinha bastante pessoa de frente a casa, curtindo e bebendo, eu não queria chamar a atenção de ninguém, tão pouco levar um tiro então me afastei dali que por sinal tinha bastante rostos conhecidos. Ajeitando minha touca e colocando minhas mãos dentro dos bolsos de minha jaqueta, eu caminhei para outro beco que nesse tinha estabelecimentos como bar e algumas lojas , isso parecia uma comunidade na real era tipo isso mais comandado pelo Marcos. Me camuflando na escuridão eu ouvi algumas risada feminina vindo de trás de uma loja e logo em seguida acompanhado por uma voz masculina que era bem familiar, me escondendo eu me aproximei do muro da loja e comecei a escutar a conversa.

- Você faz bem gostoso docinho, queria que o Marcos fizesse assim também - lamentou a garota de um jeito manhosa.

- Ele pode passar um ar de homem durão, mais na cama ele não é bom, a sua sorte é que o papai aqui sabe dar conta do recado.

- Isso mesmo amor.

Eles falaram apenas isso e comecei a ouvir os gemidos dos dois, me afastei dali pasmo com aquela situação pois eu conhecia o dono daquela voz, era meu amigo o Adrian que pelo visto, não era só eu que estava com problemas com o Marcos, se o Marcos descobri que o Adrian é amante da mulher dele, puts...não queria estar na pele dele agora. Longe dali eu caminhei normalmente até chegar no outro beco, tinha algumas pessoas conversando mais não as conhecia, passei por elas normalmente como uma pessoa normal e o minimo que fizeram foram só olhar. Em meu bolso, eu senti o vibramento do meu celular, com toda certeza era a Ana. Olhei os dois lados do beco para ver se não tinha ninguém por perto, me encostei na parede e peguei meu celular , tinha mensagens da Ana.

" Vicent sai dai agora, a mulher não está ai "

A respondi..

" Como assim ela não está aqui ? O que quer dizer com isso ? "

Olhei novamente os dois lados para ver se não tinha ninguém.

" Acabei de ver ela pela janela do meu quarto, ela estava lá em baixo ao telefone enquanto olhava pra janela, ela não está ai, aborta o plano agora "

" Que droga, eu pensei que ela estaria aqui "

Dei uma resmungada

" Eu também, só que nós dois sabíamos que ela estaria na minha cola, infelizmente, temos que saber quem é ela juntos, preciso de você aqui "

" Pensei que não quisesse se envolver nisso pois seu padrinho está ai e ele não pode desconfiar de nada "

Passei a mão em meus cabelos olhando para os lados novamente enquanto aguardava a mensagem dela..

" Ana ? "

Porque ela estava demorando pra me responder ?

- 🎶 Eu nunca fiz questão de estar aqui. Muito menos participar. E ainda acho que o meu cotidiano,Vai me largar🎶 - cantou atrás de mim, me virei e ele me prensou na parede e colocou a faca afiada dele perto do meu pescoço - 🎶 Um dia eu vou morrer, Um dia eu chego lá, E eu sei que o piloto automático Vai me levar 🎶 - cantou novamente e riu - Sua música para essa situação, a quanto tempo, Vicent Valles.

- Josh Anderson - cuspi, ao pronunciar o nome dele - Ainda é lacaio do Marcos ? - ele me prensou ainda mais na parede e meu olho direito acompanhava aquela faca pontuda que estava agora em meu rosto.

- Sirvo a ele , depois que você o traiu eu virei o braço direito dele, pro seu azar.

- Não o trai , apenas fui " roubado " - sorri e ele me olhava como se eu fosse um prêmio.

E eu era...

- Seu jeito sinico ainda permanece em você não é mesmo Valles ? O chef vai ficar tão feliz quando eu entregar a ele a sua cabeça, imagina a promoção que irei receber ?

- Me entregando a ele, você seria bem reconhecido mas o problema é que sou meio difícil de se pegar.

- Não parece tão difícil agora, está comigo e não tem como fugir. - sorriu vitorioso

- Não me subestime - devolvi o sorriso.

Pra me livrar dele eu dei uma joelhada em sua barriga, ele gritou o meu nome e eu com a arma na mão comecei a correr mais no sentido oposto de onde eu vim, não poderia voltar pois eu seria pego e pra minha sorte, eu sabia muito bem aonde ficava  cada canto desse beco. Corri em direção norte aonde tinha as escadarias , desci aquelas escadas como um foguete humano, passei algumas entradas empurrando as pessoas que me xingavam , eu não queria ser pego e eu tinha que sair daqui a qualquer custo, até derrubando quem tivesse em meu caminho. Eu finalmente cheguei a outra entrada dos Johnson , sorri ao ver que eu tinha me livrado dessa , mais não demorou muito pra eu desfazer o meu sorriso , logo quando eu iria passar Josh surgiu na entrada , não pensei duas vezes e saquei a arma em sua direção e disparei só que quando fiz isso a arma falhou.

Porque me abandonou em um momento desse em Ritha ?

- Parece que a sorte não está ao seu favor , eu pensei que você se safaria dessa mais não foi dessa vez - ele continuava de frente a entrada.

- Ágil que nem foguete - disse por ele ter chegado mais rápido do que eu aqui - Estou vendo que mapeou muito bem a área.

- Como mão direita de Marcos, eu tenho que saber aonde fica tudo caso aconteça " Coisas " por aqui.

- Preciso passar.

- Sei que precisa, mais é uma pena que não poderá passar, não vou deixar o meu presente escapar , não senhor.

- O que você quer pra poder deixar eu passar ? - sabia que era inútil isso mais não custava tentar.

- Nada além de você - ele esticou as mãos dele e ficou olhando suas unhas - Antes de levar você pro Marcos, eu tenho que fazer uma coisa que sempre quis fazer mais nunca tive a chance.

- Olha aqui amigão - olhei pra Ritha e apontei pra ele - Cansei de ser bonzinho, ou deixa eu passar ou eu atiro em você.

- Todos nós sabemos que você é incapaz de matar alguém, Valles.

- Ninguém sabe nada sobre mim! Eu sinto muito - quando eu ia apertar o gatilho, eu recebi uma pancada em meu pescoço por trás e isso me fez cair no chão.

- O porco receberá o abate que merece - disse ele ajoelhado e olhando pra mim - É Valles.... Você perdeu - minha visão ficou turva e acabei apagando bem ali.

Não sabia quantas horas se passou desde aquele ocorrido. Eu me sentia péssimo e meu corpo estava frio e trêmulo, era como se eu tivesse recebido um banho de água fria mais acho que recebi isso. Eu estava sentado em uma cadeira e meu corpo estava amarrado a ela e minhas mãos estavam algemadas. Onde eu estava eu não sabia, mais tudo ao redor estava em silêncio e bem escuro.

Se o Marcos me ver aqui, ele vai me matar e nunca mais vou ver a luz do dia. Nunca mais vou beber a minha bebida favorita e o pior de tudo... Nunca mais vou ver a Ana, ver aquelas duas esmeraldas em seus olhos e aquele maravilhoso e perfeito sorriso que ela tem... Eu deveria ter me declarado pra ela mais de um jeito mais romântico e quem sabe eu teria chances com ela, no que eu tô pensando ? Ela nunca iria me amar, tô sozinho nisso mais foda-se. Sei que não sou uma boa pessoa mais me ajuda Deus, me da uma chance pra viver mais um pouco, me dá uma chance pra eu ver a Ana outra vez..

Uma luz led de refletor iluminou em cima de mim, rezava para ser um Et que pudesse me abduzir e me levar daqui, mas isso era bem fantasioso. Uma risada macabra surgiu na escuridão e logo deu as caras quando ficou presente a luz que me iluminava. Com um sorriso vitorioso naquela cara feia estava o Josh, maior filho da puta que já conheci.

- Está sentindo frio senhor Valles ? - perguntou se divertindo com o estado que eu estava.

- Faltou tirar a cueca, pro meu estado ficar melhor - ironizei e ele sorriu mais por dentro.

- Mesmo na pior você mantem o seu bom e velho sarcasmo, vamos ver quanto isso dura - ele se agachou em minha frente e sorrindo me mostrou a faca dele - Ela é linda não é ? Perfura que é uma beleza.

- Sua melhor amiga ?.

- Digamos que sim - ele alisou os dedos dele na faca - Foi o Marcos quem a me deu de presente quando eu roubei umas mercadorias importantes que seriam entregues ao irmão - sorriu mostrando os dentes amarelados dele - Espero que não tenha ferrado você naquele dia, o Mark não deve ter gostado de receber a péssima noticia de que seu irmão mais velho o roubou.

- Mark ficou furioso mais logo se recompôs, ele perdeu a mercadoria mais ganhou outras coisas no decorrer do mês, ele não tem do que se lamentar.

- Hum... - ele ficou me olhando.

- O que pretende fazer comigo ? Sexo ? Foi mal, eu curto mulheres.

- Engraçadinho você - ele forçou uma risada e apontou a faca em minha direção - Vou acabar com sua gracinha hoje, vai sofrer tanto que vai pedir pra morrer.

- Porque não se poupa disso e me entrega logo pro Marcos ? Ele vai amar me ver sem um arranhão pois o mesmo vai querer me machucar....

- Marcos ainda não sabe que você está aqui , mais não se preocupe , vou te dar uma surra e entregar para ele, vou falar que tivemos uma briga e acabei ganhando e capturando você, ele vai entender - ele se levantou - Sabe...eu sempre tive a curiosidade de saber se dói abrir uma cicatriz já feita.

- Você é louco, porque vai fazer isso ? - ele ficou mais próximo de mim me olhando com olhar de fúria.

- Você sempre foi o preferido do Marcos, sempre foi aquele que fazia as coisas de um modo que o impressionava e eu ficava putaso - ele começou a andar envolta de mim - Eu era aquele cara que me dedicava para ser notado por ele mais ele estava ocupado com as conquistas de outro , então me diga Valles, o que você faria se movesse o céu e a terra pra chamar a atenção de quem você admira mais tem um outro filho da puta que tira todo o esforço dele - ele gritou me encarando - Me responde seu imundo! O que você faria ?.

- Não tenho culpa se eu tenho meu brilho próprio - ele não gostou de minha resposta e com seu pé ele deu um empurrão em meu peito que me derrubou da cadeira fazendo eu cair junto com ela para trás, aquilo doeu muito.

- Isso não é uma brincadeira - gritou, ele estava bem surtado - Você vai sofrer como eu já sofri uma vez e por sua culpa - ele começou a me chutar de lado.

- Para com isso cara - gritei mais ele continuou a me chutar - Me solta pra gente poder brigar que nem homem !.

- Não sou burro para fazer isso - ele deu uma pisada em minha barriga e eu me segurava pra não gemer de dor - É muito bom te ver assim , sofrendo - ele esfregou aqueles pés com a bota em meu peito aonde tava minha cicatriz - Sem nenhuma chance de defesa, como eu disse Vicent Valles, você vai pedir pra morrer.

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