Cap 6 - Maduros de mais (prévia)
2992 Palavras
— Zoe, seus pais deixaram irmos ver aquele filme hoje? — Sua melhor amiga a tira de seus pensamentos pela décima vez na aula.
Entre: tentar fazer seu pai viver mais, indo contra os costumes da época em que viviam, ter boas notas e seguir seus planos de reencontrar Francis; estava difícil conseguir ter uma vida social.
— S-sim. — Murmura ao tentar focar um pouco em aproveitar o fato de ter retornado a sua juventude. — Eu vou correndo pra casa me trocar e te encontro na frente do Shopping ok?
— Nos encontramos na praça de alimentação. — A garota sorri em resposta, já guardando seu material.
Com isso ela põe a mochila nas costas indo direto pra casa ao entrar no ônibus escolar, vendo que a amiga ia de carro hoje pois tinha de passar em uma consulta e sua mãe tinha vindo a buscar.
Chegando em casa, mais uma vez teve seu combate diário com a moda da época que já não lhe agradava mais nem mesmo para ver graça. Distraindo sua mente do maior problema que enfrentava: a falta de liberdade por conta de sua idade.
Lidando com essa situação ela respira fundo, ouvindo o monólogo interminável de sua madrasta sobre como se comportar com os garotos, como ser levada a sério e ter um bom marido. Se perguntava se também havia feito o mesmo, mesmo que sem querer com sua filha ou netas; se aquilo era alguma maldição passada de mulher para mulher.
E chega ao shopping, onde fica a observar as vitrinas locais; estava a tantos anos no passado. Mais de quarenta anos? Não. Mais que isso... Sessenta anos no passado? Que preguiça de fazer contas... "Ele já deveria ter feito todas" ela pensa ao rir. Tanta coisa havia mudado em si que não havia percebido.
Ainda pensava sobre o ato de violência contra Jade, mas também sobre como toda essa nova segurança que adquiriu com a idade mudava tudo ao seu redor.
Se sentia outra pessoa, não havia percebido como a vida a fez mudar. E pensava se ainda era ela mesma toda vez que alguém estranhava uma atitude sua; não por sua maturidade, mas por ter realmente mudado.
Não apenas seus gostos para roupas, mas opiniões sociais. Questionava coisas que no futuro já haviam sido debatidas, mas que nesta época eram normatizadas.
Tinha sua mesada entretanto nunca tinha vontade de comprar nada, até se deparar com um lindo salão que lembra sempre o admirar e nunca entrar ali. Por algum motivo o ambiente elegante a intimidava.
— Chegou! — Zoe tem os pensamentos novamente interrompidos pela amiga, que a abraça alegremente. Ela olha em volta estranhando o fato de não se sentir nada estranha ou intimidada com a súbita popularidade, ao serem chamadas para andar com outras pessoas e estar sempre conhecendo mais gente. — Esse é o Caled. — Apresenta toda alegre e no mesmo segundo Zoe se lembra se ser ele o desgraçado que acabou com sua amizade. — Ele é novo na cidade e chamaram ele pra andar conosco.
— A. — Tenta se conter, mas seu tom e expressão deduram seu asco.
— Que cara azeda é essa gracinha? — Brinca com o típico humor da época, tentando ser gentil ao elogiar pela aparência. Entretanto ela já possuía todos os preconceitos contra o rapaz bem aprumado.
— Nada. — Responde ao pegar o braço de sua amiga e ir em direção a cabine para comprar os ingressos do filme. — Lembra do nosso pacto? Quero exigi-lo agora. Você precisa confiar em mim e ficar bem longe desta mané!
— Mas por quê... — A garota corresponde indignada, mas havia algo no olhar da amiga.
— Só me promete. — A interrompe seria. — Pela nossa amizade. Fico te devendo a mesma coisa, você pode me pedir algo sem questionar depois.
A garota por sua vez fica a encarando sem entender, mas como diferente de quando a briga ocorreu, agora ela mal conhecia o garoto, apenas tinha o achado charmoso e não namoravam a um ano e meio. O peso era outro.
— Tudo bem. Mas está mesmo me devendo uma bem grande; por que ele é uma delicia.
— Eu sei. — Sorri aliviada.
Mal acreditava que havia conseguido resolver este problema tão facil.
Precisava ficar de olho, mais atenta ao presente e menos presa em seus planos futuros.
E assim o grupo segue o plano,
Zoe Maya estava com um sério problema, em tentar fingir ser ela mesma.
Fora o fato de não se lembrar da maioria daquelas pessoas, nome dos professores ou colegas e isso dar vários momentos complicados.
Havia esquecido como os jovens levavam algumas coisas muito a sério: como era a coisa mais importante do mundo namorar, sendo quase o assunto central que norteava a vida dos jovens, juntando com como se era visto pelos demais, no grupo social etc. Mas como ela achava tudo isso irrelevante perante aos verdadeiros assuntos sérios da vida, acabava não conseguindo mais ter interesse nas pessoas de sua idade como tinha.
Seus amigos eram chatos, pois eram imaturos.
Pensava que seria fácil e que tomaria as melhores escolhas agora que era madura, e não tinha o cérebro bombardeado por etapas que já passou; mas o problema era que não conseguia acompanhar os papos e assuntos deles e achava tudo chato ou ou completamente irrelevante, além de se importar com coisas que para eles eram chatas e desnecessárias.
Estava com problemas.
— Brigou com sua única amiga? — A madrasta diz ao ver a garota chegar em casa.
Estava irritada por perder espaço como dona da casa, vendo que a afilhada cozinhava muito bem. Na verdade, muito melhor que ela.
Fora que deixava a casa limpa como uma profissional, já que criou três filhos e ainda trabalhava fora diferente desta época onde as mulheres se limitavam a mãe e dona do lar, para Zoe fazer isso sendo jovem e sem problemas para resolver era fácil.
— Não... só to sem papo. O único assunto que ela gosta é falar de garotos, e o único garoto que eu tenho é o dos sonhos... — Diz ao tirar os sapatos e trocar por pantufas. Mania que pegou depois de morar um tempo no japão; e mantinha por achar a coisa mais prática do mundo para deixar a casa limpa. Mesmo que cronologicamente isso ainda não tivesse ocorrido. — Me diz. Por que não pega um fim de semana e vai viajar com o papai? Ter um tempo de casal? — Comenta ao tirar a jaqueta e por no cabideiro junto das demais e a mulher a olha surpresa.
A garota sempre pareceu odiar a ideia de a ver com seu pai. Como se fosse uma intrusa ali.
— De onde veio isso? Já sei. Você quer a casa para fazer uma festinha. — Acusa revoltada.
— O pai precisa descansar e seria bom. Com os amigos eles vão beber. Com você no máximo ganho irmãos que nunca tive. — Da de ombros.
A forma madura da jovem, estava incomodando muito a mulher que não sabia reagir. Mas era bom ter um pouco de paz em casa e não ter tanto trabalho para cuidar de casa.
— Com você ajudando assim até posso pensar em ter filhos. — Ela brinca provocando esperando ver a garota bufar ou fazer cara de nojo; mas não. O olhar maduro da jovem demonstra não se importar. — O que você tem?
— Maturidade. Espanta né. — Diz ao subir as escadas. — Eu falei com o pai de me matricular em uns cursos e estou testando esses dias. To morta de tanta aula teste... Vou tomar banho e capotar.
— Tá certo...
E mais uma vez ela não tem o que falar da afilhada perfeita e esforçada.
— Zoe. Podemos conversar? — Diz mansa ao entrar no quarto da afilhada se deparando com um lugar arrumado e muito diferente da última vez que entrou ali.
As pelúcias fofas estavam no canto sobre um puf, as fotos do mural davam lugar a recortes, desenhos e anotações, a mesa de cabeceira tinha três livros e a escrivaninha arrumada possuía maquiagem e um canto de estudos.
A cama estava em outra posição de lado dando mais espaço ao quarto e ganchos haviam surgido na parede para organizar alguns casacos e bolsas; além de um tapete tricotado em retalhos de roupas velhas e adornado com fuxico no formato de um lindo coração.
— Isso está lindo.
— Obrigada. — Zoe corresponde ainda de costas.
Estava organizando o armário, vendo as roupas que combinavam com seu corpo e cores que lhe davam desvantagens; havia aprendido muito disso com sua nora, e agora podia por em pratica com tanta facilidade que se espantava.
Separando para doações e o que não iria ficar. Organizando looks etc.
— Estou preocupada. Você mudou muito do nada.
— Mas fiz algo ruim? — Diz ao parar e olhar a mulher. Nunca esperava a ver preocupada assim. Pareciam rivais. — Fora bater na Jade.
— Fora bater na Jade nada. — Ela sorri. — Só estou preocupada se aconteceu algo. O que te deu este estalo
— Se eu contar ninguém acredita. Mas foi um sonho. — Diz ao se sentar na cama. — Eu sei que sempre fui babaca com você. Mas entenda que pra mim você veio tomar o lugar da minha mãe na vida do meu pai... Eu sei que ela morreu e ele merece continuar, mas eu não queria que ela fosse esquecida.
— Ela nunca vai ser. Porque você é a cara dela... — Diz ao se escorar no umbral da porta. — E foi por isso que acabei não pegando leve com você... Eu... acho que acabei me sentindo na sombra dela.
Ao ouvir a mulher assumir e abrir o coração, Zoe sorri e vai até ela pegando sua mão. Com a idade e tudo que passou na vida, vendo outras mulheres; ela tinha noção de que eram outros valores que existiam nesta época e que ela cresceu sendo obrigada a aceitar e normatizar.
— Uma família é parceria. Você não é definida por ser a mãe e dona da casa. Me deixa ajudar aqui e tenha seus momentos mais livres; sai com o papai um pouco ou seja mãe.
— Eu não sei qual é a pegadinha. Se você foi possuída ou se foi trocada por um clone robô. — a mulher lacrimeja usando de humor para manter firme.
— Eu fui trocada por uma versão mais velha de mim em um corpo jovem. — Revela rindo. Impossível alguém acreditar.
Enquanto isso na casa de Francis as coisas iam para o lado oposto.
— Eu só quero entender o que houve com o meu filho.
Aquelas palavras o atingiram com certo vigor.
Ainda possuía uma vida de mágoas contra sua família.
Mas havia recebido a chance que ninguém nunca teve, a de fazer de novo; mudar e tentar resolver de outra forma ao invés fugir como fez.
Desta forma reflete em como estava criando um caos em casa, ao invés do que havia feito que foi apenas se afastar. Pois isso não estava ajudando, na verdade estava piorando tudo.
Com isso ele tenta falar com um por um separado:
Primeiro o colega de quarto que não considerava um irmão, ele "manda o papo sério" que incomodava ter de dividir um espaço sabendo que tinha como cada um ter seu quarto a esta altura do campeonato, mas que por culpa da mãe dele tinham de ficar juntos.
O garoto responde que era um mico ser irmão dele, porque ele era ridículo; e ele não queria ser comparado ou rebaixado por causa disso. Ele próprio assume que estava sim sendo ridículo ao refletir como era e se comportava nessa época os dois eram ridículos; e pensa formas de ir construindo uma linha de diálogos com ele, nem que fosse bem aos poucos.
— Olha. Logo nós dois vamos nos mudar ter nossas vidas. — diz ao parar em frente a porta a fim de sair para sua aula. — Podemos "tentar" não nos odiar tanto? Por que você pinta os cabelos se odeia os meus? Não vejo sentido em nada que você faz.
— Unf. — o rapaz magro e esguio bufa ao por uma touca. — A galera pinta assim pelo esquema. Mas tu tem essa cabeleira estranha e geral da família fica falando como é legal...
— Ser diferente só me da problemas. — Da de ombros ao pegar na gaveta do irmão a tinta que usou para pôr em seu shampoo. — Talvez não seja de todo mal.
Por um segundo fraquejou.
Se esconder atrás de uma tinta, poderia fazer com que Zoe não o reconhecesse; afinal já havia perdido peso e mudado seu corte...
Estava mudando muito sem perceber.
E se ela também mudar? Se não conseguir a reencontrar?
Sentiu o peito doer.
— O que ouve? — o jovem vai até ele preocupado notando ter empalidecido de medo. Mas ele não tinha condições de revelar seu temor.
Precisava focar no que importava.
Seu futuro.
E seu futuro era ela, seus filhos suas conquistas juntos.
Não podia perder tudo, por tentar arrumar algo que não tinha concerto.
— To bem. — Diz ao sair do quarto deixando o "irmão" preocupado, nem mesmo se dando conta da mudança de emoção do ex rival.
E desta forma vai diretamente falar com sua madrasta, contrapondo-a por ter dominado um quarto e os espremido em outro sem razão, como ela foi egoísta nesta atitude.
Ela não verbaliza, mas sua expressão demonstra que se deu conta, de que entendeu como comeu bola, pois na cabeça dela eles eram dois garotos e dividir o quarto com um irmão seria divertido como ela fez com as irmãs e sentia falta de as ter por perto.
Nunca se deu conta de que havia sido o motivo de suas brigas e criado tanto desconforto.
Também comenta como era nítido os comentários velados sobre sua aparência, não apenas por estar acima do peso, mas pelas características que herdou de sua mãe. E afirma com muito orgulho gostar delas; mesmo sabendo que nesta época só queria ser "normal", aprendeu a se amar como era com os anos.
A mulher esboça que sim ele era menos preto por ter características de branco, era um anormal por ter origem de uma tribo afastada ao invés das origens que todos os pretos tinham passando pela escravidao e a dor. E ele tinha de entender que era um privilegiado.
Não tinha como mudar a cabeça de quem não quer pensar...
Finalmente havia compreendido o que tal frase significava. Sempre esteve do outro lado dela, sempre foi o velho atrasado, o teimoso vendo sua época como melhor; julgando seus filhos e netos por sua rebeldia.
Sorriu ao perceber sua própria evolução.
Essa nova vida era um presente a final.
Por último ele vai falar com o pai.
Apesar de o homem desconversar ele o olha sério, e o pai percebe o tom do filho e o revela toda a verdade sobre sua mãe:
Como havia mentido sobre ela ter os abandonado por que estava com muita raiva e não queria que o filho gostasse dela; revela que o divorcio ocorreu pois ela o descobriu que estava traindo; mas como ele ainda era muito novo e estava começando na escola seria prejudicial ir morar com ela que não teria residência fixa por um tempo, e foi um acordo ele devolver o filho depois que ela estivesse estabilizada. Entretanto foi ele quem fugiu e se mudou para ela não ter como encontrá- los.
Ele fica horrorizado, grita e questiona se ele ainda tem algum contato que poderia rever sua mãe, mas o homem apenas faz que não.
A porta bate com tamanha força que os quadros próximos despencam no chão, e o homem apenas pega recolhendo a moldura quebrada e o vidro, como se aquilo representasse o que havia ocorrido. Olhando a foto de um passado tão mais tranquilo.
Francis por sua vez precisava caminhar para espairecer.
Sempre foi uma pessoa contida, mas em si era nervoso e violento; coisa que aflorou com a idade; mas sua amorosa esposa o havia ensinado modos de se controlar. De contar e entender o que sentia. Caminhar era uma delas, coisa que depois de mais velho era a única que conseguia manter.
— E aí maluco? Ta sumido. — como uma maldição sempre tinha alguém para lhe tirar dos pensamentos.
— Sumil mesmo. Tem bem menos você. — o outro zomba do fato de ele ter emagrecido. — Ta afim de comer alguem? Só pode.
— Isso não vou mentir. — responde ao negar o cigarro entregue pelo ex amigo. Lembrava como a esposa odiava tal hábito por ter levado seu amado pai, e tentava desta vez não cair no mesmo mal que quaase os separou.
— Ta até parecendo outra pessoa mano. Quem possuiu seu corpo? Alien ou fantasma? — o ultimo ri.
Mas ao mais uma vez ouvir isso ele sorri.
— Tentem adivinhar.
Passando para agradecer todo o apoio com esta obra. Suas ideias e opiniões estão sendo muito úteis para a melhoria.
Este cap sera revisado e alterado em breve, assim como retornarei com a continuação e o desfecho feliz desta trama de amor. \o pode deixar que eles vão se reencontrar kkk Mas não esquece que é um drama.
Faze de preparo acabou. Bjs.
Espero que tenha dado para notar os detalhes, como: Zoe tem uma melhor amiga que deseja manter e não se importa de interromperem seus pensamentos, na verdade prefere para não perder o foco no presente. Enquanto Francis odeia que o tirem de seus pensamentos, e deseja se afastar dos amigos e parentes de tudo. Foi ele quem sem querer influenciou ela a ser violenta, enquanto ela o ajudou a se acalmar.
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