Quatro
No dia seguinte recebi um e-mail com um orçamento completo para reformar a casa e uma lista dos materiais que precisaria comprar. Esse Alec estava me saindo melhor do que a encomenda, tinha até sugestões das lojas que eu podia encontrar tudo que ele pediu. Respondi o e-mail concordando com o orçamento e pedindo que ele começasse o quanto antes, pois sairia hoje mesmo para comprar tudo. Alguns minutos depois recebi a resposta, ele não viria com a rapidez que eu desejava, era sexta e ele precisava encontrar alguns ajudantes para tirar todos os móveis da parte de baixo da casa e levar para cima, antes de começar a tirar o piso de madeira desgastado e antigo. Não fiquei satisfeita, mas eu entendia, sabia que apesar da maioria dos móveis terem sido doados para instituições de caridade, os que restaram dariam um trabalho para sair do lugar.
Aproveitei o tempo extra para comprar os materiais que Alec me pediu na cidade vizinha, já que não encontraria nada aqui e passei o dia todo fora. Passei a manhã nas lojas de construção e comprei tudo que precisava, mas o gerente decidiu enviar aos poucos assim não ficaria com materiais desnecessários na obra que ainda estava no início. O restante do dia visitei algumas lojas de roupas e acessórios femininos, não comprei muita coisa, mas queria algo mais simples e prático, afinal também colocaria as mãos na massa e não imaginei fazer isso com as roupas sociais que trouxe na mala. Quando decide vir para essa reforma, não imaginei que teria que estar tão presente, achei que colocaria alguém para coordenar tudo e ficaria na praia observando de longe, mas não encontrei essa pessoa e ainda assim preciso finalizar essa reforma, por isso preciso mudar a minha estratégia e fazer algo mais parecido com o que fazia quando ainda era uma simples estagiaria.
Voltei para a casa ao final do dia, almocei e jantei fora, por isso quando tirei os sapatos que ainda insistia em usar estava exausta e cansada. Peguei uma garrafa de vinho que deixei na geladeira antes de sair, para minha sorte minha avó tinha uma adega que causava inveja em qualquer amante de vinhos, começou com meu avó que colecionava vinhos das suas viagens e depois sabendo da sua paixão meu pai começou a trazer vinhos das suas viagens também e alguns anos depois eu passei a fazer o mesmo, resumindo essa casa tinha vinho para todas as gerações da família. Acendi as velas aromáticas ao redor da banheira, abri a torneira e deixei que a água fizesse sua mágica. Quando estava quase cheia, coloquei o sabonete de alecrim e entrei, mergulhando de cabeça, quando emergi novamente já estava mais aliviada. Permanecei por tanto tempo naquela banheira com água quentinha e o aroma tranquilizador do alecrim que meus dedos dos pés e das mãos ficaram enrugados, só sai mesmo depois de beber duas taças de vinho. Estava levemente embriagada e pronta para dormir, nem tive o trabalho de colocar o pijama dessa vez era uma sorte morar sozinha e poder se sentir livre assim.
Acordei com batidas bruscas na porta, olhei pela fresta da janela e descobri que já tinha amanhecido, mas decidi ignorar as batidas, cobri a cabeça com o cobertor quentinho, fechei meus olhos e me obriguei a dormir novamente. Todavia a pessoa que me perturbava num sábado de manhã parecia não entender que eu não estava disposta a receber visitas e continuou a bater, enfiei-me embaixo de um dos travesseiros tentando abafar o barulho e por instante achei que tinha funcionado, mas logo depois as batidas retornaram e não podia mais ignorar. Levantei-me ainda sonolenta com os cabelos tão embaraçados que parecia que um rato tinha feito uma festa por ali a noite toda, sem contar que estava nua, isso mesmo dormi como vim ao mundo e olhando em volta não conseguia nada para cobrir as partes importantes pelo menos. Passei os dedos pelos cabelos tentando amenizar o estrago e procurei nas sacolas que trouxe ontem algo que poderia usar agora, enquanto as batidas voltava com força total, fiquei tão nervosa com essa visita inoportuna que vesti uma camiseta que encontrei e desci as escadas correndo para acabar com aquele barulho de uma vez por todas.
— Será que pode parar de bater essa porta — pedi abrindo no exato momento que o Alec iria bater mais uma vez sua mão ficou suspensa no ar e ele fixou os olhos em mim.
— D-d-desculpe incomodar essa hora da manhã — gaguejou envergonhado se dando conta só agora que não apareceu num bom momento.
— Você deve ter um sexto sentindo para me pegar nos piores momentos, mas já que está aqui e eu já acordei, pode dizer o que quer?
— E- eu pensei em começar a tirar os móveis hoje, já que ainda não consegui ninguém para me ajudar.
— Essa cidade não tem trabalhadores mesmo — murmurei insatisfeita, essa reforma demoraria meses se continuasse nesse ritmo.
— Não, por isso decidi começar o quanto antes e desculpe se estou atrapalhando.
— Não se sinta culpado por me ajudar, entre fique a vontade que vou procurar algo decente para vestir e já volto.
— Claro fique à vontade, afinal a casa é sua — brincou deixando o ar mais leve.
Subi as escadas correndo de volta ao meu quarto enquanto o Alec permaneceu no andar de baixo. Tranquei a porta assim que entrei não queria ser pega de surpresa enquanto tirava roupa, era só o que me faltava. Entrei no banheiro e fiquei alguns minutos admirando meu rosto sem maquiagem, se fosse outro cara eu teria ficado preocupada por aparecer tão desarrumada, mas ali naquele fim de mundo, e aquela hora da manhã eu não tinha nenhuma pretensão de agradar. Vesti um short jeans e um suéter por cima de uma blusinha branca, escovei os dentes e penteie os cabelos desfazendo os ninhos de ratos que tinham se formado durante a noite quando dormi com eles molhados e sem pentear.
— Acho que agora estou pronta para recebê-lo Alec — murmurei em voz alta na frente do espelho.
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Dois capítulos seguidos, espero que possa ter um comentário agora! Contem aí quais as suas expectativas com a história?
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