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Revelações II

Rodeado pela atmosfera tensa e familiar da sede da Tenjiku, estou concentrado em fazer minhas tranças no cabelo quando Mochizuki, com seu jeito direto, quebra o silêncio casualmente.

— Você parece estar muito sorridente nos últimos meses, Ran. Tem algo a ver com esse anel de compromisso no seu dedo? — ele pergunta e sorri.

Meu coração bate um pouco mais rápido ao ouvir a pergunta direta. Assim, com um sorriso suave, confirmo:

— Sim, tem a ver. Estou feliz porque estou namorando o Smiley.

Mochizuki me encara com seriedade, enquanto Sanzu, que até então estava cuidando da sua katana, volta sua atenção para mim com seus penetrantes olhos azuis.

— Eu ouvi direito? — ele pergunta com uma voz calma, mas intensa.

Assenti, sentindo o peso da confissão.

— Sim, estamos juntos novamente. — reforço, sabendo que essa revelação poderia despertar várias reações entre os membros da Tenjiku.

Os principais membros da gangue se aproximam, curiosos e interessados em ouvir mais. Pedem para que eu explique melhor a situação. Respiro fundo antes de começar, escolhendo minhas palavras com cuidado para contar nossa história.

— Smiley e eu namoramos no passado, mas terminamos por causa do Kisaki. Aquele fodido poderia explanar tudo.  — começo, vendo Muto, sempre mais reservado, mostrar um sinal de interesse. Ele pergunta com cautela se Rindou aceitou a situação. — Sim, Rindou e Angry estão se dando bem. Como irmãos eu diria. — respondo com gratidão, sabendo o quanto isso é importante para nós dois.

À medida que compartilho nossa jornada com eles, sinto uma mistura de alívio e ansiedade. A Tenjiku é uma família complexa, mas saber que eles estão ouvindo e considerando nossa história é um passo importante. Estamos reconstruindo nossas vidas juntos, mais fortes do que nunca, e tenho esperança de que isso seja compreendido e aceito por todos.

— Eu sabia que essa Coca era Fanta. — brinca Mochizuki. — Ran quando senta cruza as pernas, faz tranças no cabelo e é todo delicado de vez em quando. Era suspeito, mas namorar o Smiley, é uma surpresa.

— Eu gosto de mulher também, Mochi. Mas o meu par romântico é o Nahoya.

Mochi ri e em seguida olho para Sanzu, que está olhando para Muto com uma intensidade que não passa despercebida. É como se houvesse algo não dito entre eles, algo palpável no ar.

— Não me olha assim, Haruchiyo. Não é porque eu estou interessado em saber sobre esse romance inesperado do Ran que quer dizer que eu queira fazer o mesmo com você. — diz Muto e Sanzu cruza os braços.

Ele e Sanzu têm uma dinâmica própria, uma tensão palpável que todos notam, mas que poucos comentam. Às vezes, o silêncio fala mais alto do que palavras. Eles se amam, mas por algum motivo não se assumem.

Comigo já é o contrário: eu assumo mesmo.

Depois de um longo dia na Tenjiku, Rindou e eu finalmente voltamos para casa. Estacionamos nossas motos na garagem e caminhamos juntos até a porta de entrada. Ao chegarmos lá, algo inesperado me espera: um buquê de rosas violetas, elegantemente disposto em um pequeno vaso.

Curioso, pego o buquê e encontro um bilhete anexado. É a caligrafia familiar do Smiley. Ele escreve que sou tão lindo quanto as rosas violetas, e que meus olhos são tão bonitos quanto elas.

Rindou não consegue conter um sorriso ao ver a cena.

— Shippo você e o Smiley. — ele brinca, me provocando levemente.

Eu rio suavemente e entro em casa, levando o buquê até o quarto. Caminho até a cômoda e coloco as rosas violetas encima da cômoda apreciando a beleza das flores e o gesto carinhoso do Smiley. É reconfortante ter alguém que entende e valoriza a beleza de pequenos momentos como este.

— Você gosta de flores? — pergunta Rindou.

— Adoro. Principalmente rosas.

— Bem romântico. — ele diz e olha para o buquê. — É um belo buquê.

— Ele é incrível não é?

— Sim. Ele te ama muito. E nem esconde. — ele diz e sorri brincalhão. — Fico feliz por vocês.

Abro um sorriso e caminho até o banheiro, fecho a porta atrás de mim, me isolando dos ruídos do mundo exterior. Retiro o uniforme da Tenjiku e sinto o cansaço pesar sobre meus ombros, e tudo o que desejo é sentir a água quente lavando a tensão acumulada.

Ligo o chuveiro e deixo a água escorrer por alguns segundos antes de entrar. O vapor começa a encher o ambiente, criando uma névoa reconfortante. Quando finalmente deixo a água me envolver, um suspiro de alívio escapa dos meus lábios. A sensação é indescritível, cada gota parece levar embora o estresse do dia.

Esfrego o shampoo no cabelo, com os dedos massageando o couro cabeludo enquanto a espuma se forma. A água quente escorre, levando consigo a sujeira e a fadiga. É um momento de silêncio absoluto, onde posso refletir e relaxar.

Termino o banho e me enrolo na toalha, enquanto a água ainda escorre pelos azulejos, sinto que, apesar de todos os desafios, esses momentos de simplicidade e autocuidado são o que me mantém equilibrado.

Deixo o banheiro e vou até o meu quarto, me vestindo com uma roupa confortável e larga. Penteio o cabelo e o deixo solto, com os fios ainda meio úmidos.

Decido ir até a cozinha para preparar algo simples e reconfortante: pipoca. O estalar dos grãos é um som familiar e agradável, algo que sempre me traz um certo consolo.

Enquanto a pipoca estoura no micro-ondas, escuto passos leves atrás de mim. Sem precisar me virar, já sei quem é. Rindou se aproxima silenciosamente e logo está ao meu lado, observando cada movimento meu com curiosidade.

— Fazendo pipoca? — ele pergunta, com um sorriso brincalhão.

Assinto, retribuindo o sorriso.

— Sim, achei que seria uma boa ideia para relaxar um pouco.

Ele se encosta no balcão, com os braços cruzados, e juntos esperamos enquanto o micro-ondas termina seu trabalho. O som dos grãos estourando preenche o silêncio de maneira reconfortante, e a presença do Rindou ao meu lado só torna o momento mais especial.

Quando a pipoca está pronta, despejo ela em uma tigela grande e ofereço a ele.

— Vamos aproveitar isso juntos? — sugiro.

Rindou pega um punhado de pipoca e sorri.

— Claro. Nada melhor para encerrar o dia.

Caminhamos para a sala, lado a lado, com a tigela de pipoca compartilhada entre nós. Esses pequenos momentos de conexão e simplicidade são o que realmente fazem a diferença em nossa rotina agitada.

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