Irmãos II
Chego em casa depois de um dia intenso com Smiley... e que final de tarde maravilhoso que eu tive... só de lembrar me faz sentir borboletas no estômago. Abro a porta e encontro Rindou deitado no sofá da sala, concentrado no videogame. Ele pausa o jogo assim que me vê entrar, olhando para mim com curiosidade.
— Ei, Ran. Onde você estava? Você sumiu o dia todo. — ele pergunta com sua voz carregada de interesse.
Penso rapidamente, sabendo que não posso dizer a verdade.
— Ah, só estava andando de moto por aí. Precisava desestressar um pouco.
Rindou levanta uma sobrancelha, ainda desconfiado, mas não pressiona mais. Ele sabe que eu gosto de andar de moto para clarear a mente, então minha desculpa parece plausível o suficiente.
— Entendo. — ele diz, relaxando de volta no sofá. — Bom, espero que tenha ajudado.
Assinto, sentindo um alívio por ter escapado de mais perguntas.
— Sim, foi bom sentir o vento no rosto e esquecer dos problemas por um tempo. — me seguro para não rir, afinal vento não foi única coisa que eu senti no meu rosto.
Ele sorri levemente, voltando a atenção para a tela do jogo.
— Quer jogar um pouco?
Pondero a oferta por um momento, sabendo que uma partida pode ser uma boa distração.
— Claro, por que não? — respondo, me sentando ao lado dele no sofá.
Enquanto pegamos os controles, me sinto grato por essa interação normal e sem complicações. Mesmo com o segredo que estou guardando, momentos como este com Rindou me lembram que nossa amizade é sólida. Por agora, isso é o suficiente.
— Que jogo você está jogando? — pergunto enquanto me acomodo ao lado dele.
— Juiced. Aquele de corrida que lançou no ano passado. — ele diz enquanto escolhe o seu carro nas opções do jogo.
— Saquei. — falo e escolho o meu carro. — Passou o dia bem? Mesmo sem mim?
— Bem totalmente não foi, porque sem você não tem graça, mas passei o dia todo em casa. Dei uma arrumada nas minhas coisas e depois vim jogar videogame. — ele diz enquanto escolhe a pista. — Estava pensando em nós comer um lanche hoje no jantar.
— Se você quiser, posso pedir para nós dois mais tarde, o que acha?
— Acho perfeito, Ran.
Passo o resto da tarde jogando com Rindou na sala. Rimos, competimos e nos distraímos, deixando o tempo passar sem preocupações. Quando o sol começa a se pôr, olho para o relógio e percebo que já está ficando tarde.
— Vou tomar um banho. — digo, me levantando do sofá e esticando os braços para aliviar a tensão dos músculos.
— Beleza, Ran. — Rindou responde, ainda focado na tela do videogame.
Caminho até o banheiro, fecho a porta atrás de mim e começo a tirar minhas roupas. Quando finalmente estou nu, entro no chuveiro e deixo a água quente escorrer pelo meu corpo. Me sinto relaxar quase instantaneamente. Ensaboo o cabelo, fechando os olhos para tirar o shampoo.
De repente, sinto uma presença se aproximando de mim. Antes que eu possa reagir, um rosto se encosta no meu peito. Minhas mãos sobem instintivamente e tocam os fios de cabelo da pessoa. Mesmo de olhos fechados, reconheço a textura e a sensação dos fios.
É Rindou.
Um sorriso surge nos meus lábios enquanto continuo a enxaguar o shampoo do meu cabelo.
— Rindou, o que você está fazendo aqui? — pergunto suavemente, a água do chuveiro abafando um pouco a minha voz.
Ele levanta o rosto e me olha, um sorriso travesso nos lábios.
— Posso tomar banho com você?
Ainda sorrindo, abro os olhos e encontro os dele.
— Claro, você pode tomar banho comigo.
Rindou sorri mais amplamente e se posiciona ao meu lado sob o chuveiro. A água quente continua a cair sobre nós, criando uma sensação de conforto e intimidade. É uma situação inesperada, mas estranhamente natural. Nós ficamos ali, aproveitando a companhia um do outro, sem precisar de palavras para comunicar o que sentimos.
Enquanto lavamos o cabelo e ensaboamos o corpo, trocamos olhares e sorrisos. O momento é carregado de uma proximidade tranquila, uma conexão que transcende qualquer explicação simples. Apesar de tudo o que está acontecendo em minha vida, este instante compartilhado com Rindou é uma pausa bem-vinda, uma lembrança de que não estou sozinho.
Depois de alguns minutos, desligamos o chuveiro e nos secamos, ainda rindo e conversando sobre coisas triviais. Voltamos para a sala, onde a normalidade do nosso cotidiano nos espera. No entanto, esse breve momento de intimidade no chuveiro ficará gravado na minha memória, um símbolo do vínculo especial que compartilhamos.
— Vou pedir um lanche para nós. — falo e me sento no sofá com o celular na mão. — Vai querer o que?
— Um duplo cheddar.
— Ótima escolha Rin. — falo com um sorriso e digito os números da rede de fast food.
Assim que termino a chamada, sinto Rindou se aproximar. Ele se deita no meu peito, se acomodando ali e me abraçando com carinho.
— Senti sua falta, Ran. — ele murmura com sua voz carregada de sinceridade e afeto.
Passo meus braços ao redor dele, retribuindo o abraço com igual ternura. Mas, ao fazer isso, sinto uma pontada de culpa. Rindou sempre foi transparente e honesto comigo, e aqui estou eu, escondendo algo importante dele.
— Também senti sua falta, Rindou. — respondo, tentando manter minha voz estável enquanto aperto um pouco mais o abraço. A familiaridade e o conforto do gesto são reconfortantes, mas não conseguem afastar completamente o peso da minha consciência.
Rindou suspira, relaxando ainda mais contra mim.
— Foi um dia longo, precisava disso. Do seu abraço. — ele diz com sua voz cheia de alívio.
— Eu também. — admito, me sentindo dividido. A alegria de estar perto dele contrasta fortemente com a tristeza de estar guardando um segredo.
Enquanto esperamos os lanches chegarem, fico ali, segurando Rindou e tentando aproveitar o momento. Sei que eventualmente terei que ser honesto com ele, mas por enquanto, decido aproveitar essa paz temporária. O calor do seu abraço e a tranquilidade de estar juntos são preciosos, mesmo com a sombra da verdade pairando sobre nós.
Depois de terminarmos nossos lanches, nos acomodamos na sala para assistir a um filme de suspense. A trama está se desenrolando e estou completamente absorto na tela, especialmente na parte mais emocionante. Sinto uma onda de animação e cutuco Rindou para que ele veja também. No entanto, ele não se mexe.
— Rin? Rindou?
Olho para baixo e vejo Rindou adormecido no meu colo, o rosto repousando no meu peito. Seus fios loiros com mechas azuis caem suavemente sobre seu rosto. A cena é tão fofa que não consigo evitar sorrir. Apesar dele ser um lutador feroz nas batalhas, em casa, ele é apenas uma criança.
Com cuidado, deslizo minha mão por debaixo dele e me levanto devagar, pegando ele no colo. Ele é surpreendentemente leve e parece relaxar ainda mais nos meus braços. Caminho até o quarto dele, me certificando de não esbarrar em nada pelo caminho.
Chegando lá, coloco ele gentilmente na cama e puxo o edredom para cobri-lo. Ele se mexe levemente, mas continua dormindo profundamente. Inclino para frente e deposito um beijo suave em sua testa.
— Boa noite, Rindou. — murmuro, mesmo sabendo que ele não pode ouvir.
Saio do quarto, deixando a porta entreaberta para qualquer eventualidade. Volto para a sala, sentindo um calor reconfortante no peito. Ver Rindou assim, vulnerável e tranquilo, me lembra do quanto eu me importo com ele.
Fico na sala até o filme acabar, e assim que ele acaba, me deito na minha cama. Ainda sem sono devido ao dia agitado, mas sei que dormir é necessário.
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