Capítulo 26
— Amigos? Que tipo de amizade? — Melanie indagou, incrédula. Em seu íntimo precisava tomar conhecimento de quem estava lidando e seu esposo lhe deveria uma plausível explicação acerca de tudo o que se sucedia naquele instante. Enquanto isso, os minutos que permaneciam em tal local eram preciosos para o estudo que haveria naquela manhã.
— Amigos do tipo que já tivemos um contato bem íntimo. — Tal resposta fora o suficiente para Melanie respirar bem fundo a fim de se acalmar.
— Já chega! Vá embora, Layla, e nos deixe em paz. — Ryan bradou à medida que Melanie estava absolutamente nervosa e cada vez mais preocupada. As pessoas que passavam se atentaram para o que ocorria e miravam com curiosidade.
— Seu nome é Layla? Posso saber o que queres com meu esposo, aprendiz de Jezabel. — Melanie proferiu com tamanho desdém olhando-a de cima a baixo. Bem provável que Layla se sentira ofendida por suas palavras além de entender o que ela queria dizer. Contudo a alusão não deixava de ser uma verdade, mas seu meio de refutar deixou até mesmo Ryan espantado.
— Como ousas me insultar dessa forma? — Layla estava imensamente aborrecida e de punhos cerrados. — Você vai deixar sua mulherzinha falar assim comigo? — Tentou recorrer a Ryan, porém isso só piorou as coisas para o seu lado.
— O que você quer que eu faça quando ages de maneira indecorosa sabendo que sou um homem casado? Não sei se percebeu, mas estamos com duas crianças e um monte de pessoas observando toda esta sua encenação vulgar e desrespeitosa.
— Isso não vai ficar assim! — Mirou-o com ira enquanto segurava seu braço.
— Arranque suas mãos sujas de meu esposo antes que eu esqueça o bom senso e faça o que eu não quero fazer, sua Dalila do século 21. — Entre os dentes, Melanie proferiu esquecendo que Christian se encontrava em seus braços.
Ryan decidiu por um fim na confusão instaurada puxando o braço de Melanie e andando, passando por Layla que não apenas se sentiu rejeitada, mas humilhada. Os que se situavam nas proximidades a encararam com despeita, deixando-a numa situação ainda mais rebaixada. Ela se retirou em passos duros, certamente decidida a destruí-lo a todo custo.
Matt que tinha escutado tudo ficou triste com o que presenciara, porém abriu um sorriso ao lembrar da atitude de sua irmã a fim de ir contra a inquilina que surgira para atormentá-los.
Melanie ficou tão ansiosa para que Ryan lhe dissesse sobre o motivo pelo qual aquela mulher viera até ele que logo questionou quando já se aproximavam da igreja.
— Eu quero que me conte tudo sobre essa filha de Jezabel que disse ser sua amiga, Ryan; antes que eu tenha um ataque de nervos e faça uma besteira.
— Para quê, Melanie? Ela faz parte do meu passado.
— Mesmo? Então porque essa destruidora de lares surgiu agora, do nada, an?
—Por que ligar para isso? Só irá atrapalhar a nossa vida.
— Como não ligar? Aquela aprendiz de Dalila te abraçou e ainda teve a ousadia de me afrontar. Por acaso você me traiu com ela? — Concurvou a sobrancelha, fitando-o em demasiado, e quase parando de andar.
— Não... O quê? — Arregalou os olhos. — Não digas tal coisa. Eu amo você, Melanie! Jamais faria isso. — Ryan, já nervoso, e com os ânimos exaltados, alterou o tom da voz.
— E por que essa inquietação então? —Encarou e proferiu entre os dentes. Ele observou a sua expressão de indignação e sentiu seu coração apertar, porquanto não desejava discutir com sua amada. E foi então que ele se recordou: Muitas coisas tinham acontecido de modo que ele possuía a sensação de já ter vivido tais situações. E ele memorou o sonho que tivera. Uma prévia de um futuro que ocorreria dependendo de sua decisão na época. E sua escolha o fizera chegar até ali.
Em seu psiquê um filme se passava, fazendo-o memorar o que poderia vir a ocorrer. Então percebeu que havia chegado o tempo de esclarecer tudo a Melanie.
Contudo, eles já se situavam defronte a igreja. Ele fitou Matt que se encontrava cabisbaixo e calado, apressando os passos ao encontro dos amigos, então percebeu-se que haviam verbalizado demais na frente dele.
— Em casa conversamos. Tenho algo para te dizer — falou, por fim. O semblante de Melanie decaiu, pois ela cogitava inúmeras coisas a seu respeito. No fim das contas, escolheu a pessoa errada para estar ao seu lado? Matutava em seu psiquê.
Chegaram um pouco atrasados, mas a lição ainda não havia sido explanada. Saudaram os irmãos com a Graça e paz de Cristo Jesus, e depois Ryan mirou Melanie, que permanecia entristecida, conversando com a senhora Dafne, porém ela mal sorria.
(...)
Ao retornarem para casa, Melanie pensou em retrucar sobre o acontecido, contudo Ryan falou-lhe num sussurro para que não fizesse menção de nada devido a Matt e ela assentiu calada. O menino não precisava escutar tudo o que tinham para dizer e, depois, era apenas uma criança.
Ao chegarem à moradia, Matt correu para o sofá e ligou a TV a fim de assistir desenho animado. Melanie preferiu seguir para o quarto um tanto aborrecida. Ryan suspirou, com a criança no colo, e foi atrás dela.
Ele adentrou e a contemplou enxugando algumas lágrimas. Ryan se aproximou da cama e pôs a criança, que dormia, no centro do colchão. Em seguida, achegou-se a ela, mas Melanie tentou ignorá-lo.
— Amor... — Chamou-a, da maneira mais suave possível, a sua atenção, porém ela permaneceu cabisbaixa. Sendo assim, desvencilhou-se e volteou se acocando defronte a ela, tocando em seu queixo, para que ela o mirasse; e assim aconteceu. — Preciso muito te contar algo, mas eu quero que apenas me escute sem interrupções. — Melanie suspirou e assentiu desanimada.
— Tudo bem, Ryan.
— O nome dela você já sabe, porém não somos mais amigos há anos. Antes de eu me afastar de Deus, eu e ela cultuávamos na mesma congregação, a mesma que meus pais iam, e aconteceu que me apaixonei por ela...
— Preciso mesmo ouvir isso?
— Você me disse que não iria interromper. — E ela suspirou novamente.
— Eu achava, apenas achava que tinha encontrado a pessoa certa, mas na verdade ela somente partiu o meu coração quando quis me deixar por algum motivo que nunca entendi — esboçou uma careta — além de que ela foi a primeira pessoa em todos os sentidos. — E Melanie abriu a boca para proferir algo, porém Ryan não deixou. — Não terminei. Enfim, isso nos afastou um do outro. Minha amizade só continuou com Kevin, aquele que foi um dos padrinhos, o moreno alto, você deve lembrar. — Havia um tempo, que Ryan não tinha contato com Kevin desde que casara. E Melanie assentiu, recordando-se dele. — Mas essa não é a questão onde eu quero chegar. De alguma forma eu já tinha noção que ela voltaria e que o que ela fez hoje foi com o objetivo de causar problemas em nosso casamento.
— Já sabia? Como assim?
— Lembra que uma vez perguntastes como eu poderia te amar com tão pouco?
— Sim, eu me recordo.
— No dia em que me acidentei, ao sair de sua casa, e fiquei em coma, eu tive um sonho que me parecia uma outra realidade, afinal eu não vivia nada daquilo na época. Nele você era a minha esposa, estávamos casados, Christian havia nascido e eu tinha perdido a empresa para Otávio, por incrível que pareça. — E ele riu.
— Um sonho... — Permaneceu meditativa. Talvez um pouco incrédula com o dito. E ele assentiu. — Então... devido a um sonho você se apaixonou por mim?
— Sim! — proferiu com tamanha empolgação.
— Espera! — Melanie arregalou os olhos enquanto Ryan sorria. — Você me enchia o saco dizendo que teríamos um menino e ele se chamaria Christian devido a esse seu sonho então?
— Sim, mais uma vez, sim. — E ele riu.
— Okay. Preciso absorver tanta informação para uma só manhã. — Melanie começou a gargalhar também e o clima dantes pesado se tornara leve e agradável.
— Passei por uns maus bocados, sabia? Você me tinha como um louco.
— Do jeito que eu sou, não tenho dúvidas disto. Mas tenho que admitir que isso é espantoso e incrível. — Sorriu.
— Ah, minha esmeralda! Como eu sou louco! Por Jesus e depois por você. — E a beijou, no entanto ela queria saber mais e então ele continuou a retratar absolutamente tudo até chegar na parte de Layla.
— Se no sonho a vistes mais de uma vez então você a viu antes de hoje e não me contou?
— Foi. — E ele se levantou encabulado enquanto Melanie fechou o semblante.
— E por que não me disse que a vistes antes?
— Eu não queria te preocupar, Mel.
— Então achou por bem esconder da sua esposa sobre uma megera que parece te cobiçar a todo custo. Bom, Ryan, muito bom. Pergunto-me se já escondi alguma coisa de extrema importância de você!
— Mas ela não era importante!
— Sério? E quem os visse, an? Poderia pensar o quê? "Quem é aquela mulher com o senhor Ryan Kent?" — Melanie retrucou até onde podia. Não conseguia se conformar com toda aquela situação. — Ah! Mas você não sai dessa casa hoje só para garantir que ela não vai tramar nada com você. Porque se eu pegar um beijo entres os dois eu não sei do que sou capaz de fazer — bradava, gesticulando. Tentava se acalmar, porém quando mais imaginava a cena mais se aborrecia. — Não me traia, Ryan. Não se deixe levar por ela, prometa-me. — Deixou verter uma lágrima.
— Eu lutei tanto para te conquistar, orei tanto por nós, chorei para alcançar seu coração. Acha mesmo que eu colocaria em risco a nossa relação? Que eu iria querer te perder?
— Lembra das vezes que oramos juntos por este casamento? Eu sentia que em algum momento isso poderia acontecer, mas agora não estou sabendo lidar com este problema.
— Porque somos um casal. E um casal não lida com um problema sozinho, mas ambos enfrentam a tempestade sob um mesmo guarda-chuva.
— Promete que um raio não nos atingirá então? — Tentou rir, mas debalde. As lágrimas eram mais fortes do que um riso que intentava se formar em seu rosto.
— Eu posso te prometer que não largarei sua mão e nem o guarda-chuva não importa o que aconteça. O resto deixemos nas mãos de Deus.
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E agora? O que vai acontecer entre eles? A história está mudando... e o fim deste livro está chegando!
Espero que tenham gostado!
Não se esqueçam de deixar seu voto e/ou comentário.
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