Capítulo 24
Nova York
5 de Maio de 2008
Assembly of God Church - united in Christ
Em poucos meses, Ryan e Melanie se casaram. O tempo de preparo foi o mesmo para se conhecerem ainda mais. As manias de Ryan e seu pouco talento na cozinha assim como o cantarolar de Melanie e sua destreza nas refeições, entre muitas outras coisas como jeito para os negócios na qual Melanie não era tão afiada e dificilmente compreendia tudo o quanto ele explicava sobre. O que faltava em um, o outro tinha de sobra e assim ambos se completavam.
As bodas foram simples e só estiveram presentes os amigos mais chegados, irmãos de igreja e alguns que tiveram tamanha simpatia por eles como o taxista de nome Anthony Carlaio. Sim, ele fora o convidado da parte de Melanie. Ela saiu em busca de sua pessoa, afinal lembrava-se de como fora gentil a ela e seu irmão além das palavras de incentivo que já lhe proporcionara. Ela desejava que ele fizesse parte daquela nova etapa de sua vida mesmo que nada que o senhor fizera fosse com esta intenção. Apenas era alguém que se deixava ser guiado por Deus e usado por ele.
— Melanie, você aceita Ryan Kent Frost como seu esposo, para amá-lo e respeitá-lo; estar com ele na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza, nas tempestades que surgem em um casamento, andando juntos e unidos até que a morte os separe? — As palavras do Pastor tomaram um rumo que não era esperado, e Ryan observou isso com atenção e entendeu que apesar de um casamento não viver só de flores ou de mel, havia algo que poderia exigir união da parte deles. Não seria apenas um espinho, mas uma agulha bem afiada com o objetivo de destruir o que Deus ajuntou.
Matt ficou encarregado de entregar as alianças aos noivos naquele dia.
— Sim, eu aceito! — E ela sorriu timidamente enquanto admirava o homem à sua frente.
— E você, meu jovem, aceita Melanie Owen Beckham Kent como sua esposa, para amá-la e respeitá-la por toda a sua vida independente do porvir? — Ryan ouviu isto e olhou para o pastor que sorriu enquanto esperava a resposta.
— Com toda certeza, eu aceito. Esperei por muito tempo este momento. — E os convidados riram assim como Melanie.
— Sendo assim, eu os declaro marido e mulher. E como todos já imaginam, o noivo pode beijar a noiva — disse.
Nesse momento, Ryan se aproximou calmamente e viu o nervosismo estampado no olhar dela. Melanie nunca havia beijado ninguém antes, não daquela maneira. Ryan se aproximou de seu ouvido e falou-lhe num sussurro para que ela não se preocupasse quanto a isso. O primeiro beijo deles havia de ser ali no altar; e, de maneira bem simples, Ryan selou seus lábios de forma apaixonada, mas que demorou somente alguns segundos. Contudo, foram segundos que fizeram muitos suspirarem. Deus tinha abençoado aquela união que, mesmo com tantas dificuldades, chegaram no mesmo propósito. A pureza e a singeleza que a fé tanto pede também se encontrava ali de frente ao altar.
Conseguinte, todos bateram palmas e assobios e gritos se ouviram pelo ambiente.
— Eu te amo, Melanie. Eu te amo. — Ryan proferiu para que apenas ela escutasse. E a sua alegria fora tanta que, por um instante, perdeu a vergonha que sentia e saltou nos braços de Ryan e o beijou novamente. Por essa ele não esperava.
— Eu também o amo imensamente, meu esposo. — Seu dito o fez sorrir largamente. Não via a hora se apartar daquela multidão e estar a sós com sua amada a quem com tanta peleja e principalmente paciência conseguira alcançar seu coração.
Sua felicidade era tamanha que não se arrependia de passar pelo que passou para tê-la em seus braços.
Já Melanie achava que aquilo era um sonho. Nunca havia passado pela sua mente que algo assim poderia acontecer a ela. O sentimento veio de maneira inesperada, mas que cresceu tanto que bastava um olhar para o homem que permanecia lhe encarando para que se derretesse por completo.
— Minha Tulipa preferida. — Ryan assim a chamou e ela sorriu.
— Meu persistente preferido. Obrigada, Ryan, por insistir em alguém como eu. — E ela o abraçou permitindo uma lágrima verter em sua face. Enquanto as pessoas se reuniram para festejar junto aos comes e bebes, ali se situavam eles junto ao aro de abertura da cerimônia tendo um momento só deles.
— Sabe, Melanie... As tulipas não crescem em qualquer lugar. Precisam de um solo muito específico para brotar e a melhor estação para isso é o outono. Como qualquer flor, para gerar precisa de cuidados, cuidados até no manuseio de seu bulbo; caso contrário pode trazer danos à saúde de quem estar lidando com ele. Ademais, elas se adaptam facilmente ao clima frio, contudo florescem na primavera de maneira única. — E a beijou na fronte. — Você é como uma Tulipa, difícil de se lidar, mas também única. É linda à sua maneira e simples. E isso me atrai de sobremaneira que não me preocupo como irei cuidar de você, porque sei que com a graça de Deus o farei bem. E acho que já passei da fase de ter danos por aprender a lidar com seu temperamento. — Ryan riu e ela fez o mesmo.
— Eu gosto da sua sinceridade ao meu respeito. — Sorriu. — E vejo que lhe dei muito trabalho, mas se tudo fosse fácil talvez não me amasse como me amas hoje.
— Verdade.
— Ainda admites?
— Tenho que concordar que um casamento por contrato não nos traria tamanha felicidade como agora.
— Tenho que concordar que seria até mais difícil de tu regressar a Deus e ainda mais complicado de eu te amar.
— Não duvido disto.
— Em meu coração, sempre desejei alguém que amasse a Deus acima de tudo. Se fizesse isso saberia eu que me amaria também como Cristo amou a igreja. Por isso não confiei tanto em você; devido a isso quis me afastar de você, Ryan. — E o olhou nos olhos. Porém não se arrependia de ter sido uma pessoa de atitudes ríspidas a seu respeito, porquanto a sua persistência e convicção do que queria e acreditava que o incentivou a conquistá-la. Contudo se alguém está escondido em Deus, precisa estar em Deus para achá-lo.
— Mas isso já passou. E olha onde estamos agora, abraçados e dialogando de forma adorável.
— Sim.
— Agora vamos nos juntar aos demais antes que achem que fugimos de nossa própria festa e ver o que Matt está fazendo — disse Ryan.
Quando foram ao salão de festas da congregação, fora um alívio para todos inclusive para mim. Eu estava presente com a minha família e já me encontrava casado, fazia três anos, com minha amada katy, mas ainda não tínhamos filhos. Enfim, achávamos que os noivos tinham dado uma escapada para adiantar a lua de mel. E, se fosse o caso, metade das coisas que havíamos combinado iriam por água abaixo, pois nem fotos com os padrinhos e madrinhas haviam sido tiradas ainda para que tivessem que correr para as núpcias. Aliás, fui um dos padrinhos junto a Otávio, Kevin e Carlton que também fora convidado. Sua família ficara feliz pelo convite e Melanie amou conhecer sua esposa e filhos aliás. Essas tornaram-se grandes amigas no futuro.
— Os noivos chegaram, pessoal! Ora da valsa deles juntos aos padrinhos e madrinhas!
— Agora sim, deu vontade de fugir daqui. — Ryan sussurrou para Melanie. Valsa não era o seu forte e, por mais que tivesse ensaiado na preparatória do casamento, ainda sim continuava sendo um pesadelo naquele momento. Nem nos bailes de formatura fora um ótimo dançarino, conforme ele mesmo declarou.
— E deixar de dançar comigo? — Melanie riu de seu comentário.
— Por você eu fico até o fim — declarou.
(...)
Hospital Central de Nova York
5 de Fevereiro de 2009
Aproximadamente um ano de casados, e a tão esperada chegada de Christian a família Kent trouxera mais emoções aos corações dos jovens apaixonados. Pouco tempo depois da lua de mel, veio a notícia que um bebê estava a caminho para alegria de Ryan que já tagarelava aos quatros cantos que iria nascer um homem e se chamaria Christian. Melanie nem teve mente para discordar de seu esposo. Preocupava-se com os gastos, com as dores que iria suportar e isso lhe dava calafrios. Depois, queria uma menina. Ansiava por ter uma filha a quem pudesse cuidar e ensinar a expulsar os garotos oferecidos, assim pensava. Todavia se alegrou com a chegada de mais um homem na família. Iria zelar dele com muito amor e carinho. E tratava de proferir que ele não seria como Ryan que tentou casar com ela por um contrato, mas o dito tinha um tom de brincadeira. Contudo Ryan revirava os olhos com isto.
— Meu Christian, meu pequeno Christian — dizia enquanto segurava o bebê no colo, ainda enrolado na manta cirúrgica. As fortes contrações valeram a pena afinal. — Obrigada, Senhor. — Melanie agradecia a Deus pelo presente dado. Não obstante, as Escrituras já afirmam que "os filhos são um presente do Senhor; eles são uma verdadeira benção." ¹
E, para completar, Ryan decidira vender o carro a fim de ter mais dinheiro para por em sua reserva. Tinha gastos com Matt e agora um bebê para cuidar. Logo, precisavam de ter uma quantia para emergências; e assim fez. Melanie não contestou, mas achava que não precisava abrir mão do único carro que tinham para isso. Ademais, ele havia pedido para se demitir de seu emprego mesmo que dirigisse bem as finanças da empresa, pois o seu chefe exigia por demais dele na corporação e isto começou a impedir de passar mais tempo em casa, junto a família. Sendo assim, aprouve o Senhor que ele fosse admitido numa loja de acessórios diversos e que gerenciasse o mesmo. E Melanie se agradou disso, pois não mais veria o esposo apenas no tardar das noites.
(...)
Passou-se três meses desde então, chegando junto o aniversário de casamento, mas que não tiveram muito espaço para comemorarem esse dia especial; e os dias foram tranquilos, ora turbulentos e que deixavam Melanie, Ryan e Matt com as escleróticas de seus olhos avermelhadas por não conseguirem dormir com o choro do pequeno Christian por incontáveis noites. Melanie despertava quase toda a madrugada a fim de alimentar a criança.
Houve um certo dia, em que Ryan desejou buscar a Matt na escola, próximo das duas horas da tarde e, no meio do percurso, encontrou alguém que até então havia desaparecido de sua mente, nem sequer lembrava mais de sua existência. Estava feliz demais para se preocupar com pessoas que pudessem lhe trazer desgosto até na alma. E ele se esbarrou a ela quando havia terminado de atravessar a rua.
Ele a encarou, observou seus cabelos desgrenhados e com algumas sacolas em mãos. Mas ela também não esperava por isso, no entanto parou e o mirou, passando a mão sobre os poucos fios que ficaram em seu rosto, retirando-os do mesmo. Já Ryan, apenas fitou-a e suspirou. Pensava que seu dia tinha começado a ficar tenebroso com sua presença. No entanto, tal situação não deixou de ser familiar para si. Ele já vivenciara aquilo ou não? Questionava a si mesmo.
— Ryan! — proferiu meio risonha enquanto ele concurvou a sobrancelha e encarou-na. — Como é bom vê-lo! Faz tanto tempo desde minha visita surpresa a sua empresa.
— Não sei se posso dizer o mesmo de sua pessoa, mas o que você quer Layla? — Ryan, mantendo suas expressões enrijecidas, questionou.
— Nossa, Ryan! Não precisa ser tão rude. — Permaneceu aparentemente entristecida por sua maneira ríspida de dirigir-se a ela. Ela fitou sua mão esquerda e a segurou, contemplando a aliança no dedo, e proferiu de modo zombeteiro. — Você se casou?
— Sim, como vês.
— Fiquei tanto tempo longe assim para que alguma outra mulher se apoderasse de você?
— Sua ida foi a melhor coisa que me aconteceu. — E ela se sentiu rejeitada. Sabia que fora covarde em suas atitudes, mas algo dentro de si falava mais forte e quando o olhava se sentia mais atraída a ele.
— Então estás feliz?
— Como nunca estive. — E ela riu.
— Eu sei que lá no fundo ainda deves guardar algum sentimento por mim. E tudo o que tivemos, o que sentimos...?
— Não são mais nada. Eu era apenas um jovem imaturo que se deixou levar pelas emoções — disse e acrescentou: — Layla eu não sei o que queres com tudo isso, mas nada que fizeres irá mudar alguma coisa. Fostes tu quem escolhestes chegar a esse rumo e dou graças a Deus que não estou com você porque senão nunca encontraria o verdadeiro amor.
— Palavras tolas. Duvido que ela seja metade do que eu sou! — Seu olhar era de raiva, mas Ryan não se deixou intimidar com sua expressão.
— Com toda certeza ela não é, ela é muito melhor do que você e, aliás, não vou perder meu tempo discutindo com sua pessoa. Tenho algo mais importante para fazer. Passar bem — proferiu e prosseguiu o seu percurso até a escola de Matt à medida que Layla o observava a distância e sentia o sangue ferver. Amaldiçoou-o internamente por cada palavra dita a ela. Se ela não pudesse tê-lo de volta, ninguém mais o teria. E, para ela, esse casamento era só mais um de tantos que se desfaria tão rápido quanto se iniciou, assim cogitava.
Esse foi uma das poucas coisas que conseguir saber ao deparar-me uma determinada vez com Layla, após sua remissão. Há quem pense que foi fácil fazê-lo, mas não foi. Layla foi extremamente relutante em querer me declarar algo acerca de sua obsessão por Ryan. O fato incontestável era de que, espiritualmente falando, ela estava sendo coagida a fim de ser pedra de tropeço para Ryan, e isso era visível por qualquer cristão com discernimento. Mas até mesmo para um descrente, era notório que sua postura era errônea e descabida. O passado deve ficar no passado e todos devem seguir seus rumos e construir suas vidas da melhor forma possível. Tentar destruir a vida de outrem só mostra que a sua própria vida está desgraçada. Um conselho que deixo para meus caros leitores: Façam o certo, queiram o certo, tomem o caminho certo. Fujam do erro, das más decisões e não tragam infortúnios para si. Vivam com dignidade na esperança de um futuro descente e honroso. Portanto, meditem nisto: "(...)Quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma, a discrição te preservará, e o entendimento te guardará;² e te livrará de fazer o mal. Assim você ficará longe das pessoas que vivem dizendo mentiras, pessoas que abandonam uma vida direita para viver na escuridão do pecado; pessoas que têm prazer em fazer o mal e se alegram quando o mal é praticado³ (...)".⁴
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Nota:
[¹] Salmos 127:3
[²]Versão King James 1611
[³] Versão NTLH
[⁴] Provérbios 2:10-14
Espero que tenham gostado!
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