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59

— Amor, acorde. São 7h. — ouço a voz do Douglas em meu ouvido enquanto ele acaricia minha barriga. — Acorde você também, bebê — completa ele e logo sinto um pequeno movimento em meu ventre.

— Você acabou de acordá-lo — falo sonolenta com um fino sorriso no rosto.

— Como você sabe?! — pergunta encabulado.

— Porque eu senti um chute enquanto você falava — explico e ele franze o cenho chegando mais perto da minha barriga.

— Dá para me ouvir daí, bebê?! — indaga ainda mais confuso e sinto outro movimento.

— Mexeu de novo, Douglas! — digo surpresa e rindo sem controle.

— Então espere aí. — ele se levanta apressado da cama e vai em direção ao canto do quarto.

— O que você vai fazer?! — pergunto curiosa, mas percebo sua intenção assim que o vejo pegar o violão.

Apanho meu celular no criado mudo a fim de gravar esta cena para rirmos mais tarde. Enquanto ele começa os primeiros acordes, inicio a gravação. Ele nota que estou gravando e, nada tímido, dá uma piscadela. Sinalizo para que ele chegue mais perto e o bebê possa ouvir melhor. Sorrateiramente, removo o edredom por completo e levanto um pouco a blusa, deixando a barriga pouco saliente enquadrada na tela para registrar algum movimento repentino. Fico tentando identificar a música, mas isso não é mais tão necessário, pois a reconheço.

"Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho"

Logo uns pequenos chutes ou socos começam. Fico em um estado eufórico, louca para rir e gritar, mas se eu fizer isso, o vídeo vai ficar todo tremido. Me controlo e dou zoom na barriga para tentar capturar a movimentação enérgica do bebê. Devagar, mudo o foco da câmera para o Douglas. Ele está concentrado em tirar os acordes perfeitos e têm no rosto, um sorriso de alguém que está feliz por este momento. Algo que ele não desejou e estava fora de seus planos, mas que está aprendendo a amar cada dia mais. Sua voz sai limpa e vez ou outra, ele olha para a câmera transbordando intensidade.

"Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho"

Nos segundos seguintes, a melodia transcorre me preenchendo de alegria e trazendo algumas lágrimas em meu olhar.

— Outro dia o papai canta mais, bebê — diz ele com um sorriso bobo ao terminar a canção, e eu encerro a gravação do vídeo. — Vamos, amor?

— E se eu ficar em casa?! — pergunto na tentativa de descansar mais. Ele coloca o violão no lugar e se deita ao meu lado.

— Sozinha?! — indaga. — Eu vou sair, esqueceu?

— Não esqueci. Só que eu estou um bagasso, moída...

— Um bagasso moído? — pergunta deixando um rastro de beijos pelo meu pescoço.

— É, um bagasso moído e um pouco arrepiado, agora — falo e ele ri de mim. — Tranque a casa quando sair e vai estar do mesmo jeito quando você voltar, pois não vou levantar da cama tão cedo. — sinto sua respiração pesada acompanhada de um breve silêncio.

— Vou ligar para minha mãe e pedir que venha aqui — diz ele.

— Douglas — digo voltando meu olhar ao dele —, hoje é domingo e sua mãe deve estar na igreja. Não a incomode por tão pouco. — ele fica em silêncio por mais um tempo e eu resolvo acrescentar. — Eu vou apenas dormir.

— Se o que eu vou fazer não fosse tão importante, eu desistiria. Só que eu preciso saber quais são os próximos passos do Da Matta para poder estar perto e ver com meus próprios olhos.

— Eu queria que você não se preocupasse tanto — resmungo.

— Aí eu não seria eu. — ele beija meu rosto e em seguida se levanta indo ao banheiro.

• • •「◆」• • •

Ouço um ruído estranho em meio ao silêncio do quarto. A ausência de luz devido à cortina com blackout, me faz ter medo do bicho que pode ser um besouro. Ao mesmo tempo em que preciso vê-lo, sinto preguiça de levantar para acender a luz. O ruído faz pequenas pausas e parece vir de debaixo do meu travesseiro. Não é um besouro, é o meu celular vibrando. Coloquei-o no modo silencioso quando o Douglas saiu. Apanho o celular e com uma pequena irritação nos olhos, consigo ver "inquilina" na tela.

— Eu perdi a hora, me desculpe!!! — atendo assustada.

— Perdeu a hora? Mas ainda são 10h — diz ela e começa a rir.

— Ah, sim... — digo aliviada e me sentindo boba. — Parece que eu dormi por um dia.

— Entendo. Eu sei que você precisa viajar, mas meu médico quer adiantar o parto para hoje à tarde e só tenho esse período para ver a casa... Você poderia ir lá agora?

— Agora?! — indago em meio ao choque de sua pergunta.

— Sim, quero dizer, estou saindo do consultório do meu médico agora e chegarei lá por volta das 11h30... Se puder me ajudar com isso, ficarei imensamente grata. — fico em silêncio ainda com sono. — Meu marido fará a mudança enquanto eu ainda estiver no hospital, entende?

— Sim, claro — digo concordando. — Estarei lá te aguardando.

— Muito obrigada, Karen! Até daqui a pouco.

Ela desliga e mais uma vez perco a chance de perguntar seu nome. Bom, em pouco tempo a conhecerei e poderei perguntar pessoalmente. Fico feliz em poder ajudar essa moça em alguma coisa, uma vez que também estou grávida e entendo a agonia que dá quando temos um problema que afeta o bebê de algum modo.

Levanto da cama e visto as primeiras roupas que vejo pela frente. Uma blusa branca simples de alcinha e um short jeans mais largo do que costumo usar, já que minha barriga está mais saliente nos últimos dias. Coloco um cinto marrom e calço um chinelo de missangas. Passo um batom rosa claro para dar um pouco de cor e não parecer tão pálida por causa dos enjôos.

• • •「◆」• • •

Vim com tanta pressa, que acabei chegando bem antes do horário marcado. Estaciono o carro na rua mesmo, pois não pretendo demorar muito. Antes de entrar em minha casa, toco a campainha da Dona Marly para ver o Théo e saber como eles tem passado esse tempo. Toco pela segunda vez e não há resposta. Quando estou discando seu número, ouço uma voz me chamando. Olho na direção e vejo uma senhora baixinha e um pouco acima do peso que eu reconheço, mas não lembro seu nome.

— Bom dia — ela me cumprimenta.

— Bom dia, Dona...

— Vilma — ela diz sorrindo.

— Isso. Dona Vilma! — falo lembrando que ela mora duas quadras depois da minha casa. — Tudo bem com a senhora?

— Tudo bem — responde ela. — Você está querendo falar com a Marly?

— Sim, sabe se ela está em casa ou na igreja? — questiono.

— Na verdade, ela teve que passar uns dias na casa do filho, pois ele sofreu um acidente de moto — ela me explica.

— Oh, meu Deus!!! — exclamo preocupada. O filho dela só tem idade e nenhuma responsabilidade. Sempre que vinha aqui, ficava empinando a moto deixando a mãe à beira de um infarto.

— Mas ele já está bem e ela voltará hoje. Deve estar chegando por aí.

— Que bom — falo aliviada. — Sabe se alguém cuidou do cachorro enquanto isso?

— Ela o levou — diz ela. — Os dois devem estar a caminho.

— Ah, sim. Muito obrigada, Dona Vilma.

— De nada, querida.

Entro e logo o que sinto, é um leve cheiro de morfo. Esse é o resultado de uma casa fechada há mais de um mês. Tudo está do jeito que eu deixei, sem nenhuma bagunça aparente. Abro todas as janelas e ligo o ventilador de teto da sala para arejar o ambiente. Rapidamente, saio pelos fundos e abro o portão do Théo, assim, quando ele chegar vai saber que eu estou aqui e virá me ver. Estou com tantas saudades do meu filho de quatro patas que sou capaz de dar uma festa para comemorar nosso reencontro.

Os minutos passam e meu estômago começa a reclamar. Mais uma vez, não tomei um café da manhã que sustente uma gestante, comi apenas uma maçã no caminho. Abro a geladeira e me arrependo no mesmo instante. Além de estar vazia, está com um cheiro horrível por ter ficado desligada todo esse tempo. Nos armários, só tem produtos de limpeza ou comidas que juntas, não formam um prato muito bom, como farinha e macarrão, então, ligo do meu telefone fixo para um restaurante aqui perto e faço meu pedido. A comida de lá não é das melhores, mas me salvou várias vezes em que me deparei com meus armários vazios por falta de tempo para ir ao mercado.

Ligo a TV e me sento no sofá para relaxar um pouco. No instante em que coloco os pés em cima da mesa de centro, a campainha toca. Não é meu pedido, pois não faz nem dez minutos que liguei para o restaurante. Eu deveria ter pedido duas quentinhas, daqui a pouco a minha vai chegar e vou ter que dividir meu almoço com minha inquilina gestante.

Calço as sandálias gritando um "já vou" e me apresso. Antes de abrir a porta, vejo uma sombra embaixo dela e noto que esqueci o portão aberto. Giro a maçaneta e a puxo para mim tendo a pior visão da minha vida.

— Sentiu saudades de mim, chica?

Com o mesmo sorriso branco, covinhas nas bochechas, cabelos pretos e lisos levemente caídos por um dos olhos, o Ygor, ou Alejandro, me encara com o braço no batente da porta. Minha primeira reação é fechá-la. Empurro-a com toda força, mas ele a bloqueia com o pé.

— Espera, Karen! — ele pede surpreso com a minha atitude.

Devagar, ele abre a porta aplicando muito mais força que eu. Dou alguns passos para trás tentando manter distância dele.

— O que vo-você está faze-zendo aqui? — pergunto atropelando minha própria fala, sentindo o coração prestes a sair pela boca.

— Eu vim conversar com você, chica, me explicar. — ele se aproxima de mim e tenta passar a mão no meu rosto, mas eu a afasto por reflexo. Ele se mostra desapontado com o que eu fiz. — Sei que deve ter visto a notícia na televisão e ficou assustada. Eu não sou um monstro, bebê.

Minhas mãos começam a suar no mesmo instante em que ele volta alguns passos e fecha a porta, em seguida, passa a chave com dois giros e a guarda em seu bolso.

— Ygor, vá embora. Não temos nada para conversar e além disso, estou esperando uma pessoa interessada no aluguel da minha casa. — falo incerta se ele fará o que eu peço.

— Não é possível que você não tenha nenhum questionamento a me fazer, Karen — ele diz desconfiado e gesticulando impacientemente. — Eu vim aqui justamente para esclarecer tudo.

Há uma enorme confusão na minha cabeça. Milhões de sentimentos embaralhados. Alguns emergem parecendo que isso, é algo que eu desejei muito, só que agora, é tarde demais, pois não há nada que ele possa dizer que seja capaz de mudar o que aconteceu. Porém, quero que ele vá embora, então talvez seja uma boa ideia fingir interesse em suas explicações e deixá-lo falar o que quer, assim, ele pode se dar por satisfeito e ir embora.

Sento-me no sofá me esforçando para parecer calma e interessada.

— Tudo bem, Ygor — falo calmamente. — Vou te dar uma chance de se redimir.

Os cantos de sua boca se curvam em um sorriso e seu semblante expressa algo que se assemelha a alívio, mas não sei dizer ao certo. Ele permanece de pé em minha frente e inspira o ar antes de começar a falar.

— Eu queria muito ter contado o que eu fazia antes, mas sempre soube que você detesta coisas erradas e preferi esconder isso.

— Você me usou, Ygor! Ou melhor, Alejandro. — rebato automaticamente. — Usou minha casa para se esconder.

— Não! — diz ele, erguendo o dedo indicador. — Eu nunca me escondi. Sempre vivi livre e o que aconteceu entre nós foi real, eu só te preservei de todo o transtorno. — eu bufo em resposta, chocada demais.

— Me preservou?! — falo indignada. — Eu chorei o fato de ser deixada por duas vezes enquanto você estava por aí comandando seus negócios...

Ele se aproxima rapidamente e se senta ao meu lado. Pega em minha mão com delicadeza e eu fico em dúvida se puxo ou não. Estou cometendo uma série de erros ao responder cada argumento dele. Preciso me esforçar para calar a boca, do contrário, ele não vai sair daqui por nada.

Muchacha, estavam na minha cola. A última coisa que eu queria, era que você fosse afetada pelos meus erros.

Penso no quanto eu já estou encrencada por causa dele e quase contra-argumento, mas prendo as palavras em minha boca.

— Eu tenho me empenhado muito nos últimos meses para te dar o que você merece. — direciono meus olhos aos dele em busca de compreensão, pois não faço ideia do que isso significa.

— Do que você está falando, Alejandro?

— Não me chame assim, chica, é estranho. Me chame como sempre me chamou, por favor — suplica ele de forma lastimável, como se ouvir seu nome verdadeiro fosse uma tortura.

Olhando bem em seus olhos, noto suas pupilas dilatadas, sua respiração um pouco alterada e isso me dá a certeza de que ele está sob efeito de drogas. Ele mudou muito e eu também, agora sinto medo dele.

— Você está certo, vida. Isso é estranho para mim também. — ao me ouvir chamá-lo como em nossa intimidade, seus olhos parecem sorrir e ele relaxa um pouco os ombros.

— Você ainda me ama, Karen?

Uma sensação gélida toma conta de mim e perco contato visual com ele para pensar no que posso dizer.

— Amo, Ygor — pronuncio em dúvidas se faço certo ou errado.

— Não me convenceu — ele diz seriamente e intrigado.

— Eu te amo, vida! Eu ainda te amo! — falo com medo de sua reação caso perceba que não sinto mais nada por ele além de asco. Ele analisa minha expressão atentamente.

Minha maior preocupação, é ele descobrir que estou noiva de um policial federal. O mesmo que está, neste momento, colhendo informações sobre seu paradeiro.

— Estão querendo me pegar, chica — ele fala desviando o olhar pelo cômodo, parecendo sentir medo. Aproveito a deixa e, discretamente, tiro meu anel de noivado. Quero colocá-lo no bolso, mas ele vai perceber.

— Quais são os seus planos agora? — questiono.

— Meus planos? — ele me olha pensativo. — São os mesmos desde quando descobri que te amo muito mais que a mim mesmo. — fico perplexa, mas tentando conter meus questionamentos. — Quero voltar para a Colômbia hoje e te levar comigo.

— O quê?! — deixo escapar o impacto.

Muchacha — ele fala colocando a mão levemente sobre o meu rosto —, eu tenho um milhão de razões para ficar com você, mas sei que você não tem nenhuma para querer ficar comigo. Karen, tem um império em Medellín esperando por você. O que eu faço, nunca vai te afetar. O lugar é perfeito e lindo... Uma fortaleza. — fico apreensiva demais em responder e apenas observo-o. — Não quero te ver se matando de trabalhar em hospitais. Quero que você tenha o mundo aos seus pés, e eu vou fazer isso acontecer. O que me diz?

— Ygor... — falo buscando uma forma de responder. — Você sabe que eu amo a minha vida aqui, minha profissão...

— Sim, eu sei. Imaginei que você não fosse querer abandonar sua arte. Pode exercer medicina lá, mas pelo menos, ir comigo, você vai. Não vai?

Meu silêncio deixa claro que estou tentando ocultar minha posição à sua pergunta. Ele nota minha indecisão e pega em minha mão mais uma vez, a que esconde a aliança. Imediatamente a puxo de volta, mantendo-a protegida. Ele estranha o meu ato e me encara desconfiado.

— Desculpa, você me deixou nervosa.

— O que tem na sua mão? — ele inquire observando-a.

— Nada, não tem nada.

Com um pouco de brutalidade, ele puxa minha mão e abre meus dedos, fazendo meu anel ficar evidente.

— É um anel de noivado??? — questiona com um semblante horrorizado. — Você está... Noiva?!

Não respondo. Não sei se pronunciar em voz alta algo que ele entendeu por si só fará alguma diferença. Ele se levanta um tanto exaltado e passa as mãos pelos cabelos.

— Tudo bem, tudo bem — fala parecendo tentar convencer a si mesmo. — Eu sumi, mas você não poderia ter me tirado da sua vida desse jeito.

— Não te tirei da minha vida, VOCÊ saiu por conta própria, Ygor! Não me culpe.

Coloco o anel novamente, já que ele viu. Sua decepção fica visível e bem estampada em sua face. Ele parece estar possesso de um sentimento que eu nunca o vi sentir antes.

— Foi você, não foi?! — questiona me olhando de lado com os olhos cerrados e eu estremeço por dentro. — Fala!!! — ele grita se aproximando de mim, parecendo querer me agredir. Me esquivo instantaneamente enquanto ele se abaixa em minha frente.

De repente, um vulto grande e preto avança em cima do Alejandro. É o Théo. Ele morde seu braço esquerdo e não solta por nada ao mesmo tempo em que rosna de raiva. O Alejandro xinga, grita e se contorce no chão. Eu sei que preciso fazer algo, mas o medo e toda a adrenalina me deixam paralisada. Eles se embolam como se fossem dois adultos e eu resolvo me aproximar.

— Solta, Théo! — peço.

Ele olha para mim, mas não me obedece, até que um estrondo põe fim à luta deles. Minha blusa, antes branca, agora está exibindo várias manchas de sangue que acaba de respingar em mim.

— Eu sempre detestei esse cachorro — diz em tom baixo, porém horrivelmente triunfante.

Levo as mãos à boca em meio ao choque sentindo os pulmões queimarem por serem pequenos demais para acomodar todo o ar de que preciso neste momento. Meus olhos transbordam de tristeza ao ver o Théo sem vida tendo seu sangue espalhado pelo tapete. Eu nunca imaginei que veria o Ygor com uma arma na mão, nunca imaginei ver meu cão morto na minha sala, nunca imaginei ver o Ygor tirando a vida do Théo. Essa é a prova de que ele não é quem eu pensei que fosse, ou quem eu criei na minha imaginação.

Alejandro empurra o corpo do Théo de cima de si e levanta retirando a camisa suja de sangue. Sem me direcionar o olhar, ele caminha meticulosamente em direção à cozinha. Talvez essa seja a minha única chance. Pego meu celular no bolso com as mãos trêmulas e, sem querer, acabo clicando duas vezes no botão de chamada e acabo ligando para a tal moça que quer ver a casa. Ouço a porta da cozinha sendo trancada seguida dos passos do Ygor retornando. Minha pulsação é sentida por cada milímetro do meu corpo e o medo se torna a única coisa que eu sinto. Tento abortar a ligação, mas a tela apaga e não consigo. Rapidamente, coloco o celular no sofá e jogo uma almofada por cima. Ouço um toque de celular e, antes de chegar perto de mim novamente, Alejandro põe a mão no bolso e retira o seu próprio. Ele olha a tela e com os olhos cerrados, se volta à mim.

— Aonde está o seu celular?

Não consigo responder, apenas encaro-o enquanto minhas lágrimas quentes cortam meu rosto. Ele olha imediatamente para a almofada ao meu lado. Apressado, caminha em minha direção e a levanta, expondo meu celular.

— O único jeito de conseguir falar com você sem levantar suspeitas, era alguém querer ver sua casa. A irmã de um amigo meu se dispôs a me ajudar com isso — ele diz revelando seu plano maquiavélico, fazendo com que eu me sinta uma trouxa.

Me dou por vencida ao deixar os soluços escaparem e um desespero começa a me preencher. Meus próximos minutos de vida são totalmente incertos.

A campainha toca e com movimentos repentinos e abruptos, estou de pé com o braço do Alejandro contornando meu pescoço e a arma apontada para minha cabeça.

¿Usted llamó a la policía, chica? — questiona nervoso. Ele só fala em espanhol se estiver muito exaltado.

— Não, não chamei, Ygor — respondo amedrontada. — Eu só pedi uma quentinha... Estava com fome...

¿Es verdad? — inquire pressionando mais o cano da arma contra minha cabeça. — ¿No está armando para mí, está?

— É a verdade! — afirmo sentindo medo de que ele dispare por acidente. — Por favor, não atire!

Confiaré en ti — ele fala e me força a andar até a janela, ainda com a arma apontada para mim. — No importa lo que el entregador diga, hable que fue un error y que se vaya. — assinto sentindo as pernas bambearem.

— QUEM É? — pergunto bem alto já que há uma certa distância da casa até a rua. O muro alto impede que o entregador me veja.

— É O ROBSON, ENTREGADOR DO BOCCA NERVOSA. TROUXE SEU ALMOÇO.

— É UM ENGANO, EU NÃO PEDI NENHUM ALMOÇO.

Se está saliendo bien, chica — Ygor diz de forma assustadora em meu ouvido.

— MAS O NÚMERO DAQUI NÃO É 28?

— NÃO! AQUI É 190! 190!

Sinto o Alejandro me puxar para trás com força, me tirando do alcance da janela. Eu tropeço e quase caio, mas ele me segura dolorosamente pelos cabelos.

¿Quieres jugar a la adivinación, Karen? ¿Adivina lo que voy a hacer con usted si la policía aparece aquí?

Eu choro, mas tento fazer isso o mais baixo o possível para não alarmar ninguém. Este homem que me joga no chão agora, não se assemelha em nada com o Ygor que conheci uns anos atrás, ou ele sempre foi assim e vestiu um personagem na minha presença.

— Ygor, apenas vá embora enquanto há tempo — peço enquanto choro em desespero. — Alguém pode ter escutado o disparo e chamado a polícia.

La culpa es toda suya — diz ele e me desfere um chute na barriga.

Eu grito de dor e levo as mãos ao ventre, me contorcendo próxima ao corpo do Théo. Entro em desespero torcendo para que nada de ruim aconteça ao meu bebê.

Alejandro se abaixa ao meu lado e, com medo, me movo na intenção de me proteger de outro golpe e acabo esbarrando na mesa, derrubando um abajur direto no chão.

— Karen, me perdoa!!! — pede ele, com os olhos arregalados como se a fera que acabou de me agredir, tivesse ido embora. — No sé lo que me dio. Te machuquei?

Ele está visivelmente transtornado. Parece que teve um surto e está alternando os idiomas de tal forma que me faz achar que estar na presença dele, é ter uma bomba relógio na minha casa. Tateio o chão imperceptivelmente em busca do abajur.

— Não me machucou — respondo tentando ganhar tempo até conseguir pegar o objeto. — Doeu, mas eu estou bem.

— Me desculpa, muchacha — ele fala assustado com a própria atitude enquanto eu abraço o abajur com os dedos. — Eu não tive a intenção de te machucar.

— Tudo bem, vida. Eu sei — falo e uso toda a minha força para acertá-lo.

O golpe o faz perder a consciência e cair em cima de mim. O empurro com dificuldade e saio correndo até a porta, esquecendo que a chave está com ele. Corro até a cozinha na esperança de que a chave da porta dos fundos esteja lá, mas não está. Volto depressa e escorrego no sangue espalhado no chão, mas por pouco, não caio. Se eu gritar, posso despertá-lo, então pego meu celular sobre o sofá e tento manter a calma para discar o número correto desta vez.

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