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Faz apenas alguns dias que comecei a morar com Douglas, e isso foi realmente o melhor a se fazer. Uma gravidez, na maioria das vezes, faz o casal se unir muito mais e é exatamente o que está acontecendo. Não imaginei que seria tão intenso quanto está sendo. Ele é atencioso, carinhoso e faz tudo para me agradar. Ainda não tive nenhum desejo absurdo no meio da madrugada, mas tenho certeza de que se tivesse, ele teria feito qualquer coisa para realizá-lo.

Embora entre nós dois esteja tudo bem, há algo que me incomoda. Várias vezes durante a semana, acordei no meio da noite e me deparei com ele acordado. Às vezes, está simplesmente desperto deitado ao meu lado. Outras, na sala com aqueles mesmos relatórios da investigação. Me preocupa vê-lo tão tenso dessa forma. No começo, eu tinha medo de que ele me trocasse por trabalho, como fez em seus antigos relacionamentos, mas ele tem dado um jeito de conciliar tudo.

A tal da Vivian ainda liga de vez em quando, contudo, parece apenas assunto de trabalho mesmo e não peguei mais nenhuma mensagem dela em seu celular. Não que eu tivesse espionado, pois acho que preciso confiar em suas palavras para que isso dê certo.

Seus horários de trabalho ainda estão uma bagunça. Ele diz que, mesmo odiando me deixar sozinha, tem que seguir a demanda e, onde as evidências estiverem, precisa ir, não importa a hora. Morei sozinha durante cinco anos, ficar algumas horas sem ele em casa não é um problema para mim, só estou grávida e sentir alguns enjoos de vez em quando, não é estar doente.

Já coloquei uma placa de aluguel na fachada da minha casa. Não retirei quase nada de dentro dela, exceto algumas das minhas roupas. Caso alguém se interesse em alugá-la, trago só o que for pessoal e deixo ocuparem a casa estando mobiliada mesmo. O Douglas disse que seria bem melhor eu procurar um corretor para cuidar disso, mas como não tenho pressa, cuido disso eu mesma. O Théo ainda está com a Dona Marly e estou devendo uma visita à eles, porém, ando muito cansada e tudo o que consigo fazer quando chego, é tomar banho, comer, namorar e dormir. Nesta ordem, quase sempre. Às vezes eu como de novo antes de dormir e já estou quase patenteando essa sequência para a rotina de uma gestante cansada e esfomeada.

É manhã de sábado e ainda não levantamos da cama. Eu, por ainda estar exausta e o Douglas, porque não o deixo sair de perto de mim. Gosto de sentir seu cheiro enquanto acaricio sua cicatriz. Ainda a dedilho exatamente como fiz na primeira vez e sua reação é sempre a mesma: um longo arrepio acompanhado de um arfar sereno. Adoro isso. Ele me acaricia e beija o topo da minha cabeça.

— Quando vamos contar para sua mãe? — indago ainda sentindo sua marca sob meus dedos.

— Amanhã — responde. — Passei na casa dela ontem à noite e a convidei para almoçar com a gente.

Fico em silêncio sentindo um sorriso se formando em meus lábios. Ela vai adorar. Tenho a sensação de que estou carregando um presente para ela.

— Eu queria que fosse assim com os meus pais — digo em voz baixa.

— Assim como?! — pergunta ele.

— Tenho certeza de que sua mãe vai adorar saber que vai ser avó — respondo um pouco desanimada.

— Seus pais também adorariam — diz. — Se o seu ex-chefe não tivesse feito a minha caveira.

O problema, na verdade, nem é este. Aos poucos, meu pai estava vendo que o Douglas não é um cara perigoso. O que estragou tudo, foi aquela discussão em frente à clínica.

— As coisas podiam ser mais fáceis — falo enquanto tento pensar em uma solução.

— E podem — afirma ele. — É só você deixar eu levantar para tomar um banho e ir trabalhar — diz com sarcasmo e eu sorrio. — Seu pai não vai gostar de ter um neto de um cara que chega atrasado no serviço.

Em meio a risos, monto em cima dele e o envolvo em um beijo. Quero até mais, no entanto, se eu também não levantar agora, nós dois chegaremos muito atrasados em nossos trabalhos.

Nos levantamos e nos aprontamos na velocidade da luz. Vesti um jeans skini e uma blusa preta com decote em "V". O Douglas veste a farda da polícia e em seguida, nos sentamos à mesa para o café.

— Pequena, não sei se hoje vou conseguir te buscar às 14h e depois voltar ao trabalho — diz ele com pesar. — Você vai voltar bem para casa sozinha? — franzo o cenho enquanto passo uma boa quantia de requeijão na torrada.

— Mas é claro. Só não sei se quero vir para casa tão cedo — respondo.

— Onde você quer ir? — pergunta instintivamente.

— Pensei em ir ver minha mãe, mas tenho medo de que ela desconfie de alguma coisa — justifico pensando na gravidez.

— Se você ficar alisando a barriga como está fazendo agora, ela vai perceber — diz ele me fazendo notar que já estou com manias de grávida.

— Como você viu?! — indago surpresa, pois a mesa está entre nós.

— É mais fácil perceber do que você imagina — responde sorrindo. — Karen, o que acha de passar a tarde lá e quando eu sair do trabalho, te busco?

Aproveito o fato de estar de boca cheia para avaliar a situação. Meu pai não tem me ligado e nem passado mais na clínica. Não sei se ele vai estar lá, mas caso esteja, serei obrigada a interagir com ele. Eu já acho que será desastroso, contudo será pior se o Douglas aparecer lá. Pensando nisso, resolvo contar o que aconteceu.

— Viram nossa discussão na rua da clínica e contaram para o meu pai. —
seus olhos se arregalam e ele para a xícara no meio do caminho antes de levar à boca.

— Sério?! — indaga ele e eu confirmo em um gesto positivo. — Por que você não me falou isso antes??? — pergunta surpreso e preocupado.

— Não quis te preocupar... Sei lá — respondo em meio à confusão de pensamentos. De repente me sinto muito mal por ter escondido isso dele.

— Amor, não precisa chorar por causa disso — fala carinhosamente.

— Não estou chorando — respondo limpando as lágrimas. — Os hormônios é que estão. — ele ri da minha resposta.

— Okay — concorda. — Os "hormônios". — ele faz uma pausa me observando. — Agora eu sinto que realmente preciso ir lá e, de repente, ter uma conversa com o seu pai.

— Tá maluco?! — indago intrigada. — Não há nada que você vá falar com ele que eu já não tenha tentado. E não deu certo.

— Tem sim — fala seguro. — Deixa comigo.

• • •「◆」• • •

Passei quase toda a manhã me policiando para não tocar na minha barriga e acho que fiz um bom trabalho. Está valendo a pena estar aqui com minha mãe conversando sobre os últimos acontecimentos enquanto ela bate a massa de um bolo. Ela está tão animada com o trabalho, que mal sobra tempo para nos vermos. Papai ainda não chegou, mas isso pode acontecer a qualquer momento.

— Como está a vida de professora? — pergunto entusiasmada.

— Um desafio e tanto! — diz ela. — Não sei se esses alunos realmente querem se formar em alguma coisa, pois ficam o tempo todo grudados no celular, no "zap-zap". — sorrio com o comentário dela. — Preciso chamar a atenção deles toda hora. Por outro lado, lecionar está me trazendo uma nova energia, está me revigorando.

Mamãe começa a gesticular contando outras coisas sobre a nova experiência. Tento me manter antenada no assunto, mas me distraio sentindo um enjoo desconfortável. Coloco a mão na boca me concentrando para não correr para o banheiro.

— Eu sabia que você ficaria chocada com isso — fala ela.

Não faço ideia do que acabei de ficar chocada. Ela continua a falar sobre o assunto e o enjoo vai aumentando à medida em que eu tento ignorar. Toco meu estômago imaginando que isso possa afastar o enjoo repentino, mas só faz piorar.

— O que houve, minha filha? — pergunta e eu desfaço a careta que estava fazendo.

— Nada... — respondo.

— Você não me engana, Karen — diz ela. — Por que não me conta logo o que está acontecendo?

Fico em dúvidas do que dizer, pois não posso contar que estou grávida, não agora. Pode ser que ela conte para o papai e ele não está preparado para saber. Inclusive, isso é uma das coisas que me preocupam no momento. Ele não costuma compartilhar as coisas com minha mãe, acha que não tem necessidade de preocupá-la. Só que eu tenho vontade própria e acho que preciso conversar com ela sobre toda essa situação que está rolando por causa da minha discussão com o Douglas.

— Mãe — começo a falar um pouco apreensiva —, o papai te falou sobre algo que aconteceu entre mim e o Douglas?

— Não — responde com o cenho franzido. — O que aconteceu?!

Resumo tudo sobre a confusão na rua da clínica e os motivos pelos quais chegamos ao ponto de uma discussão aos quatro ventos. No primeiro momento, ela fica chateada por eu não ter dividido isso com ela. Depois, com o papai, pelo mesmo motivo. Por fim, escolhe um lado.

— Você precisa se preparar, Karen. Agentes federais vão em tudo quanto é tipo de lugar e pode ser que, depois de casada, você até encontre números de telefone dessas piranhas nos bolsos dele.

Estranho seu comentário e fico sem palavras. Primeiro porque já estou morando com ele sem que ela saiba, estamos tecnicamente casados. Não quero encontrar guardanapos com marcas de beijo em batom vermelho e números de telefone.

— É verdade, filha! Ele chama muito a atenção e você precisa confiar nele — argumenta e eu continuo muda.

Escutamos a porta da sala bater. É o meu pai. Ele caminha pelo corredor até a cozinha mencionando algo sobre o congresso de medicina e, quando chega de fato, para de falar nos encarando.

— Não sabia que você estava aqui — diz ele.

— Eu quis fazer uma surpresa — respondo com um sorriso tímido.

Papai vira as costas e volta pelo corredor. Mamãe fica surpresa com a atitude dele e fica paralisada, em choque. Isso me atinge de uma forma tão dolorosa, que eu não consigo engolir. Levanto e ando apressada atrás dele.

— Pai, por que está me tratando assim, me desprezando com toda essa frieza? — pergunto segurando o choro e ele para no caminho, virando-se à mim.

— Porque eu te fiz um único pedido, Karen: que quando encontrasse um sinal de perigo, largasse aquele cara! — exclama gesticulando. — E você não me deu ouvidos.

— Oli — diz mamãe —, não trate a nossa filha assim!

— Pai, o senhor deveria tentar enxergar as coisas pelos seus próprios olhos, e não pelos olhos dos outros — explico. — O Douglas pode ter quase 2m de altura e portar uma arma, mas não é um monstro! Ele me trata bem e é muito carinhoso comigo.

— Não foi o que eu fiquei sabendo — argumenta ele.

— O senhor fica sabendo de tudo o que acontece na clínica e na rua, não é?! — indago em tom irônico. — Não ficou sabendo que fiquei doente? Não lembro de ter recebido uma ligação sua querendo saber se eu estava bem. Mas o Douglas passou a semana toda cuidando de mim, sabia?! — ele fica em silêncio e encara a mobília, pensativo.

— O que você teve, minha filha?! — mamãe pergunta preocupada.

— Tive uma crise de alergias respiratórias, das fortes— respondo. — Não soube? — ela olha em silêncio para o meu pai, decepcionada.

— Pai, ele vai vir me buscar e conversar com o senhor — digo.

— Ótimo! — exclama ele. — Vou poder dizer tudo o que está engasgado na minha garganta.

— Seja ouvidos também — sugiro. — Ele não me disse o quê, mas tem algo a te dizer.

— Perfeito — diz virando as costas novamente. — Estarei esperando por ele em meu escritório.

• • •「◆」• • •

Abro a porta do apartamento dos meus pais e sinto um enorme alívio ao ver o Douglas. Eu quero muito parar com esse chororô que tenho passado ultimamente, mas é mais forte que eu, principalmente porque estou chateada com o meu pai e tenho certeza de que o Douglas não vai conseguir ganhar a confiança dele tão cedo. Ele dá dois passos para dentro e antes que eu feche a porta, já nota que estou aflita.

— O que aconteceu, pequena? — pergunta tocando levemente o meu rosto e afastando uma lágrima. — Por que está chorando?

— Ah, os hormônios... — justifico andando até o centro da sala e ele me acompanha.

— Seus hormônios choraram hoje de manhã e acho que já aprendi a diferença entre eles e você — fala ele em tom intimidador enquanto nos sentamos no sofá. — Seus pais não estão?

— Estão — respondo. — Minha mãe está prestes a tirar um bolo do forno e meu pai está no escritório, te esperando. — uma ruga se forma em seu cenho.

— Você avisou que eu viria?!

— Avisei, foi preciso — esclareço. — Ele está furioso — digo em um lamento. — Ele enfiou na cabeça que você é perigoso e... — travo sem saber quais palavras usar.

— Fala — pede.

— A vontade dele, é que a gente se separe — falo revelando qual a pretensão do meu pai nesta conversa.

— Eu já imaginava, mas isso não me incomoda — diz ele. — O que me incomoda, é ele ouvir os outros e não me dar a chance de falar por mim. Hoje isso vai acabar.

— Douglas, pode ser que você não o convença — alerto —, só que isso não significa que a gente tenha que se separar porque ele não nos aceita.

— Claro que não! — concorda.

— Nós vamos ter um filho e o que me entristece, é que eu nem posso dar essa notícia a eles como se fôssemos uma família normal — digo chateada.

— Amor, pode levar um tempinho, ou pode nem levar tempo nenhum, mas você vai poder contar para eles — fala com segurança. Eu até acho estranho, mas ele me beija com tanto carinho, que desisto de contestar suas palavras.

— Vou lá cumprimentar sua mãe antes de enfrentar meu abominável sogro — fala se levantando.

O acompanho até a cozinha curtindo os últimos instantes antes do que, para mim, vai ser quase um abalo sísmico. Sinto que a conversa dos dois vai rachar minhas estruturas, e isso está me deixando muito nervosa.

— Boa tarde, Dona Heloísa! — ele a cumprimenta vibrante.

— Boa tarde, meu genro! — responde sorridente abrindo os braços e indo em direção a ele. — Estou fazendo um café e jajá o bolo ficará pronto. Está com fome?

— Até estou — responde ele —, mas vou conversar com o meu sogrão querido primeiro. — prendo o riso que quase escapole por esse comentário bobo.

— Ah, eu sinto muito, Douglas — lastima ela. — O Olivier tem um gênio muito forte, mas tenho certeza de que você vai conseguir conquistá-lo.

— Assim espero — fala para ela. — Amor, se passar meia hora e eu não sair de lá, chame uma ambulância — diz para mim em tom maroto enquanto mamãe ri dele.

— Não vai precisar — devolvo —, tem duas médicas te esperando aqui do lado de fora.

• • •「◆」• • •

Já se passou mais de 1h desde que o Douglas entrou no escritório e eu estou uma pilha de nervos. Já fiz tudo o que eu podia para me distrair. Ajudei minha mãe a fazer a calda de chocolate para o bolo de cenoura, arrumei a mesa e lavei toda a louça que sujamos para fazer o bolo. No momento, estou quase abrindo um buraco no chão de tanto andar de um lado para o outro e minhas mãos estão suando.

— Karen — diz mamãe —, não vai adiantar nada você ficar nervosa desse jeito. Não ouvi nenhum grito do seu pai, então eles devem estar se entendendo.

— Eu sei, mãe — digo. — Mas não consigo controlar. Sinto algo estranho.

— Como assim "algo estranho", Karen?! — ingada impacientemente.

Eu paro de andar sentindo um formigamento no rosto e logo se espalha por todo meu corpo.

— Mãe — falo, mas não sinto minha boca se mexer —, não estou me sentindo muito bem.

• • •「◆」• • •

Tento abrir os olhos devagar. Alguém está abanando meu rosto, outra pessoa segura algo no meu braço e uma figura grande que lembra um armário, me serve de apoio para não pender para o chão. Sentindo a luz incomodar meus olhos, os fecho novamente.

— Karen! — chama meu pai em um tom preocupado.

— Amor, acorda! — agora é a voz do Douglas.

— Hum... — resmungo à medida em que ouço um apito como de um microondas.

— A pressão dela despencou! Está 80x50! — exclama minha mãe apavorada.

— Ela comeu alguma coisa, Dona Heloísa? — Douglas pergunta.

— Eu fiz o bolo, mas ela não tocou em nem uma fatia! — explica ela. Depois de uns segundos de pausa, ela retoma. — Não me diga que ela está diabética e não me falou nada!

— Não — Douglas responde. — Ela está grávida e queria muito contar para vocês!

Desperto involuntariamente ao ouvir isso. Meu pai vai pirar e partir a cabeça do Douglas em duas partes como se fosse um côco verde. Estou na cama da minha mãe e o Douglas está sentado ao meu lado me apoiando.

— Ah, meu Deus! — minha mãe exclama — Você está grávida, Karen!!!

Mamãe vem em minha direção. Senta-se e me abraça forte começando a chorar. Meu pai começa a gargalhar de um modo indecifrável e acho que um raio vai cair aqui.

— Pai — chamo ainda inepta —, vocês não precisam brigar por causa disso! — ele termina sua risada maléfica, até então.

— Não vou brigar com ninguém, minha filha — fala ele. Me pergunto se esse é mesmo o meu pai, ou eu estou delirante. — Eu achava que a Kássia que nos daria nosso primeiro neto — fala ele andando até mim e deixa um beijo no topo da minha cabeça.

Saio do quarto escorada pelos três sem a menor necessidade, pois já me sinto bem. Nos sentamos à mesa para o café e eu fico tentando entender qual foi a mágica que o Douglas fez com meu pai. Eles estão conversando como se aquelas fofocas todas nunca tivessem acontecido. Desde àquela sobre a noite em que ele foi baleado, até à confusão na rua da clínica. Lavagem cerebral? Amnésia? O que quer que tenha acontecido lá dentro, fez meu pai esquecer todas as implicâncias que tinha contra o meu namorado.

Sou filha de um casal de médicos, então estou respondendo a um pequeno questionário sobre como foi o primeiro exame e se está tudo bem comigo e com o bebê. Estão dando palpites sobre ser menino ou menina e até sugerem alguns nomes. Eu estou em choque. Não pensei que daria a notícia hoje. Na verdade, o Douglas foi quem contou. Não pensei que aceitariam bem. Não pensei que nos tornaríamos uma família.

— Vocês vão ficar para o jantar, não vão? — mamãe pergunta ao mesmo tempo em que começa a retirar as xícaras vazias da mesa.

Olho o relógio e vejo que são 18h50. Sei que ainda é cedo, mas meu corpo clama por descanso.

— Não sei, estou tão cansada...

— Eu vou fazer um estrogonofe daqueles! — exclama bem-disposta.

— Acho que vamos ficar, não é, amor? — digo inocentemente, mas todos entendem que quem respondeu, foi o meu olho grande, então começam a rir de mim.

— Dona Helô, duvido que o seu estrogonofe fique melhor que o meu — diz Douglas em tom desafiador. Meu pai e eu os observamos sorrindo.

— Pode ficar muito melhor se você me ajudar, o que acha? — inquire ela.

— Só se for agora! — ele responde.

Em seguida, ele levanta e começam a ir juntos para a cozinha. Fico uns segundos observando a cena com um sorriso no rosto até me voltar ao meu pai. Ele está com uma expressão que só vi uma vez na vida. Foi quando eu aceitei fazer medicina em vez de mergulhar de vez na dança. E ainda assim, parece ter mais vitalidade no olhar do que naquela época.

— Você está feliz? — indaga com o queixo repousado em seu punho fechado, debruçado à mesa.

— Por vocês terem, de alguma forma, se entendido? — devolvo sorrindo.

— Por tudo — elucida.

Faço uma pequena retrospectiva da minha vida. Meus pais sempre detestaram o Ygor e, aos olhos deles, ele era como um parasita. Sugava meu tempo e minha energia me afastando da minha família e dos meus amigos. Ele nunca se importou com a imagem que passava para os outros à minha volta, e eu estava cega quanto a isso. O Douglas é diferente, não só se preocupa com o que ele representa à minha família, como também correu atrás para melhorar isso. Finalmente meu trabalho satisfaz a mim e aos meus pais e, vou ser mãe. Seremos, sim, uma família. Isso me preenche por completo.

— Estou, pai — respondo com segurança. — Estou muito feliz.

Papai acaricia meus cabelos por uns instantes e depois minhas costas.

— Você merece essa felicidade, Karen — diz ele, com os olhos transbordantes. — E eu estou feliz por vocês também.

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