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Costumava ser assim: eu deixava a minha vida pessoal na entrada do hospital e minha vida profissional na saída dele. Nunca misturei os dois. Nunca quis misturar. Eu lidava muito bem com isso, até que ela apareceu. Linda, inteligente e desengonçada. Se em algum momento ela tivesse demonstrado um pouco mais de maturidade, eu teria misturado tudo numa boa.

Lidar com a vida não parecia ser algo para o qual a Karen havia nascido, porque era necessário saber lidar também com a morte, e ela não sabia. Várias vezes senti vontade de dizer que aquilo não era para ela. Até me arrisquei a começar a falar, mas os olhos dela me hipnotizaram. Neles, eu via benevolência, sensibilidade e amor pela vida, em doses absurdas para um ser humano, mas isso é o que sempre a tornou incrível. Eu preferia ter motivos para odiá-la, mas nunca consegui encontrar nenhum. Ela chorava quando perdíamos um paciente, entrava em pânico quando começava a faltar leitos e queria salvar todos. Aquilo era o que me impedia de fundir o que eu sempre separei. Se ela não conseguia entender que vida e morte andam de mãos dadas, não saberia lidar com um colega de trabalho assustadoramente apaixonado. Eu não podia confundir ainda mais sua cabeça e optei por manter tudo o que eu sentia bem guardado. Vi que seria impossível sentir ódio pela Karen e passei a me permitir gostar dela apenas como amigo.

Minha escolha parecia fácil na teoria, mas era difícil olhá-la enquanto falava algo, pois eu não conseguia prestar atenção nas duas coisas ao mesmo tempo. Ela gostava de falar, e eu, de observá-la. Muitas vezes eu tinha que desviar o olhar dela para o que ela estava dizendo não parecer japonês. Em outras, eu queria tanto olhar para ela, que precisava mandá-la calar a boca.

Foi assim até que o último dos babacas com quem ela namorou sumiu, sabe Deus para onde, e eu resolvi que iria chegar de mansinho, para não assustá-la. Mas como? Eu tinha guardado todo o êxtase que ela me causava por tanto tempo, que nem sabia como começar. O primeiro passo óbvio, era esperar até que ela se recuperasse do sumiço do idiota. Entretanto, eu não percebi em que momento isso aconteceu. Ela já tinha se recuperado e caiu na lábia de um policial. Me restava apenas sua amizade, mais uma vez. A diferença era que eu queria que fosse mais íntima, então a convidei para o meu aniversário. Que noite. Eu não esperava que fosse acabar daquele jeito. Com aquela calcinha transparente, ela me enlouqueceu. Vulnerável, gostosa, apertada e muito molhada. Fantasiei muito aquela transa, mas foi muito melhor que na minha imaginação. Tinha dado tudo certo. No dia seguinte, descobri que tinha dado tudo errado. Ela ainda era aquela mesma mulher que mais parecia uma menina ingênua. Agiu por impulso e se arrependeu.

O imbecil do policial fez algo que mexeu com ela e tive minha segunda chance. Eu sabia que tinha mexido com a Karen de alguma forma, pois ela mesma admitiu à Paola que eu havia a deixado doida. Eu disse que aquela seria a última vez, mas não era o que eu queria. Cada passo que eu dei naquela noite tinha um propósito: convencê-la a ficar comigo. Deu errado de novo, pois cada passo daquele que eu dei, a levaram para longe de mim.

Quando o Olivier me procurou e contou o que aconteceu entre o Douglas e a Karen, meu primeiro sentimento foi o de culpa. Ela não buscaria satisfações de nada se não tivesse do quê pedir satisfações, e eu fui a pessoa que deu esse motivo à ela. Depois da culpa, veio a raiva do Douglas. Eu queria girá-lo no ar e levá-lo ao chão com um Uchi Mata, só para começar, mas o Olivier não me permitiu, pois isso poderia fazer a Karen me odiar e, certamente, seria mais difícil ter acesso à ela, já que esse é o principal objetivo da minha contratação.

A Karen me perguntou as razões de eu estar aqui e eu menti, porém, uma verdade sobre isso, é que eu não quero me intrometer na relação dos dois. Quero apenas protegê-la e fazer parte de sua vida da única maneira verossímil. Até admiti ao Douglas que se visse alguma chance de ser mais que amigo da Karen, eu faria isso acontecer, mas desde o momento em que a vi rolar no chão com uma enfermeira, por pior que a Samara fosse, me fez enxergar que ela não era mais a minha garota, era a garota dele, pois não se parecia mais com a Karen que eu conheci.

Se eu não a conhecesse bem, teria achado que ela me queria muito no sábado, quando me beijou em sua casa. Eu quase perdi o controle dos meus atos quando vi o efeito que o meu toque estava causando nela, mas eu sabia que o que ela queria, era só uma válvula de escape para os problemas que estão tendo. Isso faria com que ela se sentisse mal no dia seguinte. Gosto de ser uma boa lembrança na vida das pessoas e não um motivo de arrependimento.

Hoje foi meu primeiro dia aqui na Clínica Blanchard e a reação da Karen não me surpreendeu em nada. Primeiro ficou em choque e depois, animada. Nossa convivência no hospital sempre foi muito agradável. À quem eu estou tentando enganar? Nossa convivência era maravilhosa, incrível, magnífica. Aqui não vai ser diferente, só preciso aturar, de vez em quando, a presença daquele brutamontes e tentar não pular em cima dele.

Já são quase 17h e estou fazendo um lanche na sala reservada aos funcionários.

— Como foi o primeiro dia? — pergunta Paola ao entrar com a Karen.

— Tumultuado — respondo. — A Dra. Olga devia ser uma ninja da ortopedia. Como conseguia atender tantos pacientes no mesmo dia?

— Que profundo, Dani! Você até fez um versinho de tanta emoção — diz Karen enquanto se senta à mesa onde estou.

Por mais que eu pense que consigo separar as coisas, sempre me engano. A voz doce dela me deixa fora de mim.

— Não deixa mesmo de ser emocionante — argumento. — Reduzir meu plantão naquele hospital para apenas o domingo, me tira um grande estresse.

— Achei que todo esse deslumbramento era por estar com a gente! — Paola brinca.

— Também, é claro — respondo sorrindo.

É por causa de tudo, um pouco. Aquele hospital está realmente um caos por conta de uma péssima gestão, mas eu não conseguiria abandonar quem precisa. Pelo menos, não até que apareça outro médico para ficar, definitivamente, em meu lugar. Elas não precisam que eu relembre dos problemas daquele hospital. Fomos uma ótima equipe de plantonistas e é magnífico poder resgatar um pouco dessa convivência.

A Marcela adentra à sala e, com o canto da minha visão, noto que me encara seriamente. Ela enche uma xícara de café e se senta na outra mesa com algumas enfermeiras.

— Nossa! — exclama Karen. — Por que vocês se olham desse jeito? Já se conheciam? — indaga mostrando que denunciei a antipatia que tenho por ela.

Coço a barba em um tic nervoso enquanto penso se respondo ou não.

— Já sei! — diz Paola com um sorriso malicioso. — Vocês se pegaram e não acabou bem! — semicerro os olhos sentindo o rosto corar à medida em que as duas riem do meu constrangimento.

— Não, nada a ver — nego. — Querem mesmo saber?! — pergunto e elas confirmam com um aceno de cabeça. — Bom, há alguns meses, eu estava próximo à uma churrascaria com uns amigos, e a vi tentando manobrar o carro dela perto do meu...

— Já vi tudo! — exclama Paola em tom reprovativo.

— Pois bem — digo, concordando. — Ela bateu no meu carro e quebrou minha lanterna. — Karen tampa a boca com as mãos e seus olhos se arregalam enquanto Paola gargalha sem esconder sua indignação. — Eu fui até lá para conversarmos e resolver o problema, mas ela ainda me culpou, disse que eu estacionei muito próximo ao carro dela. Detalhe, tinha uma vaga entre nossos carros.

— E como isso terminou?! — indaga Karen.

— Não terminou — respondo irônico. — Ela me xingou e saiu cantando pneu. Só a reencontrei na semana passada quando te busquei aqui para almoçarmos.

— Caramba, mas que atitude ridícula a dela, hein! — diz Paola lançando um olhar de lado para a Marcela.

— Vocês não se falam, Dani?! — pergunta Karen em tom de preocupação.

— Só o necessário — respondo. — Mas fique tranquila, aqui dentro somos companheiros de trabalho e da minha parte, não terá discussão nenhuma. — ela assente sorrindo.

Terminamos nosso lanche e nos dirigimos à recepção, onde todos já estão prontos para irem embora. Do lado de fora, avisto o Douglas em sua moto aguardando a Karen. Queria saber o que ela viu nele. Eu diria que foi a farda, porque mulheres adoram isso, mas ele não chegou fardado ao hospital no dia em que foi baleado. Usou a roupa do hospital nos dias de UTI e, se fosse o caso, a Karen seria apaixonada por mim também. Então descarto mais essa.

Caminho até o meu carro fingindo indiferença e quando estou prestes a entrar, alguém me chama. Olho para trás e vejo a Marcela.

— Fiquei um pouco desconfortável com a situação de estarmos trabalhando no mesmo local agora e... — ela faz uma pausa e depois prossegue. — Enfim, gostaria de pedir desculpas. Aceita tomar um drink comigo em um bar aqui perto? —
pergunta cordialmente. Sorrio achando o convite inesperado e inadequado.

— Não costumo beber nas segundas-feiras — respondo e me viro para abrir a porta do carro.

— Então no sábado? — indaga sendo bem direta e eu volto meu olhar à ela.

O objetivo é apenas olhá-la e responder ao seu convite com alguma outra desculpa, mas não posso deixar de reparar no modo como a Karen e o Douglas se abraçam e se beijam logo atrás da Marcela. Além desse gesto me causar um furor, ele ainda acaricia a barriga dela.

— No sábado está ótimo — respondo sorrindo falsamente e entro no carro.

Espero eles irem embora e pego meu celular. Busco o número do Olivier na agenda e inicio a chamada.

— Alô, Daniel! — atende ele.

— Boa noite, Olivier. Ela foi embora com ele — informo como combinamos.

— Ela está bem? O que ela te falou? — inquire.

— Está ótima — respondo. — Ela disse o mesmo que disse a você. Que foi um mal entendido e blá blá blá.

— Acha que está mentindo?

— Não tenho certeza, mas ao julgar pela forma com que ele a trata, parece estar tudo bem — explico.

— Notou alguma coisa fora do normal? — pergunta me colocando em uma situação difícil.

—Nada — minto. — Está tudo bem.

— Okay, Daniel. Obrigado.

— De nada.

Encerro a chamada e arranco para casa. Se a Karen não estiver grávida, no mínimo, estão desconfiando de uma gravidez. Eu não deveria estar me importando com isso. Eu não estou me importando. Só fiquei... surpreso, pois conversamos bastante hoje de manhã e ela não me falou nada. Bom, talvez não tenha dito para não me chatear. Não estou chateado. Que merda, estou puto! Só espero que ele não a decepcione.

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