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24

Me sinto nas nuvens. Contar a verdade, mesmo que eu não tenha mentido antes, me deixa aliviada. Ainda mais porque meus pais aceitaram tudo numa boa. É claro que o fato da história deles ter começado da mesma maneira que a minha, os ajudou a compreender como uma situação dessas é difícil de se lidar.

Meu pai deixou mamãe e Kássia em Ipanema primeiro e agora está me levando para minha casa. Ele cismou que vai trocar aquele pneu que eu achei que estava só murcho e que na verdade está é furado mesmo, desde antes da viagem à São Paulo.

— O senhor não precisava esconder da gente como sua história com a mamãe aconteceu, pai.

— Ah, eu não queria que isso parecesse certo aos olhos de vocês para que não servisse como influência. — ele faz uma pausa e, ao pararmos no sinal vermelho, continua: — Mas a vida se encarregou de repetir isso com você e fico feliz que não tenha estragado a sua reputação.

Sinto uma pontada no coração. Se acaso isso deixar alguma "sequela" na minha vida profissional, não é culpa minha. Eu sei que eu delimitei da melhor forma que pude. Me esforcei muito e acho que deu certo até o momento em que o Douglas ainda era um paciente meu. Agora dane-se quem quiser pensar o contrário.

— Eu sei como você se sente, filha — diz em tom calmo e dá para notar que ele se esforça para ser amoroso. — Admiro a sua habilidade de manter o profissionalismo diante de tudo isso.

— Obrigada — digo com os olhos já se enchendo de lágrimas, pois papai nunca foi de nos elogiar ou parabenizar por alguma coisa. Isso é a mamãe quem sempre faz. — Vindo do senhor significa muito para mim.

Ele sorri de forma terna e seguimos pela avenida quando o sinal abre.

• • •「◆」• • •

Dormi como há muito tempo não dormia. Tranquila, em paz, sem preocupações nem dor de coração partido. Na verdade ele está inteiro, como nunca esteve antes. Em processo de cicatrização.

Tive um sonho engraçado.

O Douglas e eu estávamos numa extensa fila de caixa de supermercado. Duas senhoras se aproximaram para entrar na fila também. Entre elas e nós tinha cerca de três pessoas com carrinhos cheios. Elas falavam muito alto, ficou evidente que ambas tinham problemas de surdez.

Olha, Odete! Que homem lindo! — uma delas exclamou.

O quê? Quem tá rindo? — a outra perguntou.

Eu disse: olha que homem lindo!

Aonde, Margareth?

Ali na frente, Odete! Além de surda você tá cega também?

Até aí tudo normal, eu estava entediada na fila e o Douglas também.

Tá falando daquele mulato com tatuagem no braço?

Opa, será que estão falando do meu homem? O Douglas me olha de lado com um sorriso se formando nos lábios.

É, Odete. Ao lado daquela moça de cabelos cacheados.

Eita! Estão falando dele mesmo! Tampo a boca para abafar os risos. O Douglas não, ri descaradamente, mas sem olhar para trás.

Mas Margareth, a moça também é linda! Eles formam um casal muito bonito.

É verdade. Imagina quando tiverem filhos... Serão umas gracinhas!

Olho para o Douglas buscando um jeito de parar de rir, em vão. Ele me olha com malícia, se aproxima e fala baixinho em meu ouvido:

Fiquei curioso para saber se nossos filhos serão lindos mesmo. Quando chegarmos em casa, vamos encomendar um?

Acordei rindo com o Théo ao meu lado roendo minha sandália. Não pude brigar com ele, eu deveria ter pensado nisso e guardado logo que tirei, mas estava tão cansada e com a cabeça no mundo da lua que só tirei o calçado e me joguei na cama.

Como hoje é sábado, meu expediente terminou bem mais cedo e tive tempo para vir até o salão do Wesley para que ele dê um trato nos meus cabelos para o meu "compromisso" com o Douglas.

— Onde ele vai te levar, amore? — pergunta o Wes enquanto lava meus cachos compridos, mas não é um questionamento para puxar assunto, está carregado de curiosidade.

— Ele não falou. Por volta das 09h00 me mandou uma mensagem pedindo o meu endereço e disse que iria me buscar às 19h00 para jantar. Não especificou onde.

— Até aí tudo bem. Tô ansioso para o que virá depois. Se você ficar sóbria, vai parar na cama dele e, se beber, vai pro hospital com o outro tornozelo deslocado.

— É melhor eu não beber então, né?! — pergunto duvidando de mim mesma e ele ri, pois ficou óbvio que eu quero a primeira opção.

— Comprou lingerie nova para esta noite mais que especial? — indaga recebendo meu olhar fuzilante de ponta-cabeça.

— O salão está cheio, Wes. Dá pra parar?

— Que isso? Aqui só tem mulher, querida. Não precisa se envergonhar. Não é, meninas? — ele aumenta o tom de voz dirigindo sua pergunta às outras clientes, que concordam na mesma hora.

— Eu não vou falar de novo! — rosno baixinho e ele entende, porém não para de rir.

— Vamos pular esta parte então. Com qual roupa você vai?

— Tava pensando naquele vestido drapeado azul marinho que eu desisti de usar no aniversário do Daniel, lembra?

— Lembro. Ele é horrível. Eu já escolhi seu vestido.

— Como assim "escolheu", Wesley?

— Eu comprei ontem depois que a Paola me atualizou dos babados, ué!

— E por qual motivo, causa, razão ou circunstância você achou que eu usaria mais um vestido escolhido por você?

— Porque eu arraso e com certeza o Daniel pirou naquele rosa que eu te convenci a usar na festa dele — gaba-se.

— Acho que não foi no vestido rosa que ele pirou... Mas vamos mudar de assunto. Como é esse vestido?

— É surpresa. Assim que eu terminar de escovar seus cabelos e te maquiar, vou para sua casa garantir que você vá vestida para matar.

• • •「◆」• • •

Quando ele disse "vestida para matar", sabia do que estava falando. O vestido é vermelho escuro, puxado para o vinho, de mangas compridas em renda. Com tecido cobrindo dos seios até o meio da coxa e mais um palmo de renda na bainha.

— Eu não posso usar isso! — digo ao ver meu reflexo no espelho.

— E por que não?!? — questiona revoltado.

— É sensual demais! Já está quase na hora dele chegar e eu preciso vestir outra coisa! — digo preocupada.

— A mesma coisa que você falou do outro vestido. — ele revira os olhos. — Karen, você precisa parar de ser recatada. Está linda!

Eu continuo com dúvidas me olhando no espelho alternando entre me ver de frente e de costas.

— Tira uma foto e manda para a Paola. Preciso de uma segunda opinião — peço sem tirar os olhos de mim mesma.

— Não, o dermatologista levou-a para dar um trato naquela pele rosada dela. — diz dando uma risada maléfica.

— Credo, Wesley! — exclamo pasmada. — Ela é sua irmã!

— Mas eu não perdôo ninguém, gata. Nem você.

Eu ia perguntar que tipo de coisas e com quem ele fala ao meu respeito, mas o som alto de uma buzina me impede.

— Jesus! Deve ser ele! — exclamo apavorada.

— Então vai logo!

Olho mais uma vez no espelho e decido ir assim mesmo. Calço um sapato nude, passo a mão na bolsa e saio. Ao atravessar o portão fico em dúvida sobre quem de nós dois fica mais encantado ao ver o outro. Hoje ele não está de moto. Veio em um SUV branco e está do lado de fora encostado no mesmo. Seu olhar me percorre de cima à baixo e um sorriso se forma à medida em que eu faço o mesmo, admirando-o em uma camisa social de mangas compridas na cor branca, contrastando com sua pele mulata e uma calça jeans escura. Caminho em direção a ele sentindo meu rosto corar.

_ Você está linda! — exclama sorrindo e logo em seguida já tira um pouco do meu batom com um beijo. Não me importo.

— Obrigada — digo envolvida em um abraço, com nossos rostos juntos frente a frente.

Ele fica uns segundos com a testa pousada na minha e as mãos na minha cintura. Mantenho meus olhos fechados embalada ao momento, sentindo seu perfume.

— Tem um cara olhando a gente dali da janela, achando que está escondido atrás da cortina... — ele fala se inclinando para enxergar por cima do muro.

— Não liga. É um amigo que veio me ajudar a decidir que roupa usar...

— Amigo? — inquire de forma desconfiada.

— É, amigo. — tento insinuar que ele não precisa se preocupar com isso, mas vejo que é melhor explicar logo. — Da fruta que eu gosto, ele chupa até o caroço. — ao ouvir isso ele ri. — Ele é irmão da Paola.

— Ah, que ótimo! Vamos sair daqui logo antes que eu fique mutilado!

• • •「◆」• • •

O Douglas me trouxe em um restaurante italiano magnífico com uma vista esplêndida do alto do Rio de Janeiro, que à noite ganha um charme a mais. A iluminação é perfeita tanto dentro do estabelecimento como na parte de fora, que é onde estamos. Ao ar livre eu me sinto mais à vontade. No centro da mesa tem um arranjo com uma flor vermelha que eu não conheço, mas é linda. O restaurante não só é lindo como também tem um dos melhores paladares que já provei na minha vida.

De entrada, pedi um Carpaccio Temperado com salada de alface e mussarela de búfala. Estava uma delícia. Como prato principal, escolhi um Polpetone com Fetutine que está me arrancando aquele "huuuum" da Ana Maria Braga.

— A comida daqui é maravilhosa! — elogio.

— Eu tinha minhas dúvidas se você já tinha vindo aqui, mas de qualquer forma, sabia que ia gostar.

Eu o observo. Cheio de vigor, forte e sadio. Quase não dá para acreditar que é aquele paciente que estava fraco e com poucas chances de vida. Resolvo falar isso para ele.

— Eu não cheguei a falar abertamente sobre isso, mas você não sabe o quanto me surpreende e me deixa feliz te ver recuperado — digo admirada e ele sorri meio sem jeito.

— Eu também não mencionei o quanto eu fiquei chocado quando soube que foi uma mulher quem me operou.

— Sério? — indago espantada. — Então você é machista?

— Nunca percebi, mas se era, foi naquele momento em que eu deixei de ser. Por isso pedi à minha mãe para escolher as melhores flores para te agradecer.

— Ela tem bom gosto — digo com um sorriso no rosto. — Eu adorei.

— Desde que eu soube que era uma médica e não um médico, fiquei esperando que uma doutora de meia idade, nariguda e carrancuda entrasse por aquela porta.

— Esperava uma bruxa? — pergunto rindo.

— Mais ou menos. Eu estava meio perturbado naqueles dias. Ver a morte diante dos olhos é algo que mexe com o psicológico.

— É verdade. Não tinha pensado por esse lado. — tomo um gole de vinho e prossigo. — Dizem que a vida passa como um filme em um minuto.

— É exatamente isso. Eu me arrependi de uma série de coisas que fiz e outras que deixei de fazer.

— Como o quê? — me arrependo de ter perguntado isso ao ver a expressão dele enrijecendo. — Desculpa, eu não quis ser inconveniente.

— Imagina... Eu tenho mudado minha visão sobre muitas coisas, e uma delas é sobre ser mais aberto com as pessoas. Com você — corrige —, já que estamos recomeçando. Concorda?

— Plenamente — admito.

— Então, o que passou diante dos meus olhos naquela noite, foi o fato de eu ter sido um cara viciado em trabalho. — ele hesita quase desistindo de continuar. — Que não amou nenhuma das mulheres com quem ficou, que não se casou e nem teve filhos. Só levou trabalho para casa e perdeu noites de sono resolvendo casos que ninguém conseguia solucionar.

Fico sem palavras. Eu não imaginava ele dessa forma. Criei um Douglas na minha imaginação que era mulherengo, pegador, farrista... Mas nunca um policial solitário. Isso me sensibilizou.

— O que deu de errado nos seus relacionamentos com essas mulheres que você falou? — pergunto mesmo sabendo que estou sendo intrometida.

— Troquei todas elas por trabalho — ele responde decepcionado consigo mesmo enquanto eu me espanto sem esconder minha reação. — Mas não se preocupa, eu já troquei meu trabalho por você.

— Que bom que me lembrou, eu já estava quase me levantando para ir embora com medo. — brinco.

— Acho que já está na hora de pedir uma sobremesa para adoçar um pouquinho essa conversa tensa — diz e eu concordo com a cabeça. — Posso pedir por nós dois?

— Me surpreenda! — peço.

Por mais pesado que aquele assunto tenha sido, não posso negar que criei um afeto maior pelo Douglas agora. Deve ter sido doloroso para essas moças serem trocadas com tanta frieza, foi errado da parte dele, mas tenho que reconhecer que ele tem tentado fazer tudo diferente. Espero do fundo do meu coração que não vacile, pois estou apostando todas as minhas fichas nele.

Até aqui tudo está perfeito. Cada tentativa dele de se explicar e recomeçar, não foi só tentativa, ele tem acertado em todas elas. Penso que logo depois dessa sobremesa, ele vai perguntar se quero conhecer a casa dele. Ou vai me levar para minha casa e lá, vou perguntar se ele quer entrar. Quem sabe para tomar uma xícara de café? Mas amanhã de manhã.

A tal sobremesa chega e a apresentação dela já me deixa salivando. Pego uma colherada e levo à boca quase ao mesmo tempo que o Douglas.

— Huuuuuuum! — expresso como é saborosa.

Durante o jantar, a conversa estava fluindo tão bem que nem tinha notado como o maxilar do Douglas é bonito. Mastigando então... começo a fantasiar mil coisas. Até me falta o ar.

— Gostosa, né? — ele pergunta sem malícia, óbvio, porque estamos falando da sobremesa. — Mas a que eu faço fica melhor.

Ele cozinha... Oh, meu Deus!

Meu coração acelera. Enfio mais desse doce na boca para evitar que eu diga alguma besteira e cause o "efeito Karen", já que eu sempre faço alguma coisa para chamar a atenção, sem querer. Meu rosto pega fogo, me falta o ar.

— Você está bem, Karen? — Douglas questiona ao me ver neste estado estranho.

Fim, craro! — respondo de boca cheia e respirando com dificuldade.

Quando foi que eu comecei a perder o controle da minha libido? Penso sentindo medo de que eu possa estar prestes a ter um orgasmo como Meg Ryan no filme "Um amor inevitável".

— Tem certeza? — ele parece um pouco preocupado. — Seu rosto está vermelho, seus lábios estão... inchando.

Paro de comer e imediatamente.

— Tem amendoim nisso?!? — pergunto desesperada.

Ele arregala os olhos e franze o cenho.

— Você é alérgica???

Não consigo responder. Não sinto o ar chegando mais aos meus pulmões e minha visão começa a escurecer.

— Karen!

Sinto algo se chocar bruscamente contra o meu rosto. Tento abrir os olhos e vejo que a paisagem está de lado. Acho que estou caída no chão.

— KAREN!

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