Eu aceito!
Quatro dias se passaram e eu continuei na mesma: sentindo frio e fome.
Todos esses quatro dias vi o Christian encostado no carro dele, olhando para o nada, me esperando em frente ao Mcdonald’s e ficava escondido até ele ir embora do local emburrado. Não é que realmente ele chegava na hora certa? Mas sempre ficava uns 10 muitos há mais, esperançoso de que eu pudesse aparecer.
Tinha vontade de falar com ele de novo, gostei de tê-lo conhecido e embora ele faça coisas tão erradas, me parecia alguém bom, alguém que realmente vale à pena chamar de amigo.
Em todos esses dias fiquei pensando no quanto os meus pais me odiariam se eu aceitasse o caminho mais fácil, o caminho do crime. Mas eu tenho outro caminho? Se eu não aceitar, alguém me daria a mão do jeito que ele estendeu a dele?
Ninguém me ajudará se eu continuar aqui como um mendigo. Eu não quero viver a minha vida toda como um mendigo.
Pai, mãe... desculpem-me, mas eu aceitarei. Posso trabalhar como ele por uns meses, um ano no máximo e depois cair fora. É só o tempo de eu conseguir juntar um dinheiro suficiente para me manter. Largo a máfia assim que eu arrumar um emprego digno. Está resolvido.
Quando deu 14h eu estava lá no local combinado, não o faria esperar. Assim que ele me viu sorriu.
“Oi, Salvatore.” Ele disse.
“Oi. Eu pensei melhor e... Eu aceito!”
Ele sorriu. “Vamos para a minha casa. Lá você troca de roupa e come alguma coisa.”
“Ok.” Sorri.
Entramos no carro. “Você terá que fazer um treinamento antes, se não passar não será aceito.” Ele disse.
“Sempre fui um bom aluno, prometo que farei de tudo para não te decepcionar.”
“Aprender português, matemática é diferente de aprender a matar, mas eu te prometo que mesmo que você não passe eu vou te devolver as suas coisas no orfanato.”
“Você se arriscaria mesmo por mim?” Perguntei surpreso.
“Já fiz coisas muito piores do que isso e você, possivelmente, fará também."
Chegamos na casa dele. Isso é uma casa? Não, isso é um castelo, isso é... um sonho. Definitivamente um sonho.
Christian abriu a porta. “Christian, você arrumou um amigo? A empregada perguntou surpresa.
“É, arrumei. Cadê os meus pais?” Ele perguntou.
“No quarto.” Ela respondeu.
“Eles vão demorar?”
“Do jeito que estão gemendo, o terceiro round já está no fim.”
“Obrigado, Luana.” Christian respondeu envergonhado. A propósito, ele estava vermelho, parecendo um pimentão.
“Relaxa, cara! Os pais também transam.” Me controlei para não rir.
“Não fode, porra.” Christian atirou a almofada do sofá em mim.
“Ok. Trocando de assunto, que empregada gostosa! Que espetáculo!” Ela era linda! Um verdadeiro desperdício, ela deveria ser modelo.
“Bato uma todo dia pensando nela.” Ele me deu um sorriso maroto.
“Não sei como a sua mãe não se importa do seu pai ficar olhando essa tentação todo dia.”
“Minha mãe o fuzila, se ver qualquer olhar duvidoso. Vamos no meu quarto para você tomar um banho.”
Ele mudou de assunto subitamente ao ver o susto que eu tomei ao ouvir ele falando tão naturalmente sobre esse assunto.
Eu sabia que ele não estava brincando quando disse que a mãe poderia fuzilar o pai. Será que se isso acontecesse ele manteria essa frieza toda?
Entrei no quarto dele e realmente, ele não estava exagerando quando disse que tinha tudo.
“Quer escolher?” Ele me perguntou enquanto abria o armário.
Assenti com a cabeça e peguei uma roupa. Entrei no banheiro e fui tomar banho.
Saí do banheiro.
“Espero que goste de bolo de chocolate. Pedi para a Luana fazer para a gente.” Ele disse.
“Eu amo!” Sorri. Quanto tempo eu não como um bolo de chocolate? Não faço ideia!
Descemos e fomos para a sala comer o bolo. Quando terminei vi os pais do Christian descendo as escadas.
O sorriso da mulher se fechou ao olhar para mim. É, já vi que voltarei para a rua logo.
“Christian, quem é o seu amiguinho? Por que ele está usando as suas roupas?”
“Meirieli, ele é o Salvatore. Já te falei dele. E não fala no diminutivo, não tenho 10 anos.” Não chamou de mãe, que estranho! Ele pensa como eu. Que saudades da minha mãe..
“Meu filho, ele não conseguiu roubar daquela lojinha! Me diz, como que ele vai conseguir se tornar um mafioso?” Ela perguntou.
“Eu vou treiná-lo e te garanto que ele será tão bom quanto eu.”
“Eu nunca li livro de contos de fadas para você. Onde que você aprendeu essas tolices?”
Ela nunca leu livro de contos de fadas para ele? Que estranho. O que será que ela lia? Ou melhor, ela lia?
Christian ia dizer algo, mas o homem a interrompeu: “Se ele acha que pode fazer esse garoto virar um mafioso, ele pode porque ele é um de nós, ele é um Ferrandini. Christian, você tem um mês.”
“Obrigado, pai.” Christian disse.
A mulher bufou e saiu da sala, o homem a acompanhou. “Não liga, ela é assim mesmo.” Ele disse ao perceber a minha reação. Sorri em resposta.
“Vamos para o Shopping comprar roupa?” Ele perguntou.
“Não quero abusar.” Disse um pouco envergonhado. Afinal, ele já tem feito tanto.
“Mas você está precisando. Não vamos comprar muita roupa porque amanhã eu vou invadir o orfanato para a gente pegar as suas coisas.”
“O problema é que muita roupa minha acabou ficando na minha antiga casa. Não tinha como carregar tudo.”
“Não é bom você pegar as suas roupas agora. Sabe que a casa só será sua de fato quando você fizer 18 anos, né?”
“Eu sei. Vamos fazer muitas compras, então.”
Entrei no carro dele. “Você sabe dirigir?” Ele perguntou.
“Não.” Respondi.
“Posso te ensinar se quiser.”
“Claro, sempre quis aprender!” Sorri animado.
Comprei algumas roupas e sentamos para comer um lanche. “Me diz se no orfanato tem segurança, onde é o quarto da garota, o nome dela porque eu esqueci.”
“Tem um na frente e o outro atrás. Quando eu fugi não tinha, devia ser umas 14h. Acho que era horário de almoço. O nome dela é Marinne, o quarto dela é o cinco. Acho que tem como entrar pela janela.”
“Entrar pela janela? Eu vou entrar pela porta da frente. Não se preocupe.” Christian sorriu.
“Tem certeza?” Perguntei meio receoso.
“Não tem nada que eu não consiga nessa vida e você também conseguirá.” Ele disse. Será? Sorri.
O celular dele tocou. “Ferrandini.” Ele atendeu.
A pessoa falou algo que não pude entender.
“Ok. Já acabamos por aqui. Em 20 minutos estaremos aí.” Ele desligou a ligação.
“Salvatore, lembra que eu disse que não tenho amigos? Então, digamos que eu tenha um só. O conheço desde sempre, acho ele um cara legal, mas a minha amizade com ele foi um pouco forçada pelos nossos pais. Eles tem negócios juntos e também são amigos.”
“Entendi.”
Fomos para a casa dele.
Tinha um garoto sentado no sofá. Ele levantou-se para falar com o Christian.
“E aí, Christian! Tudo bem?”
“Tudo e você?” Ele perguntou sorrindo.
“Bem também. Quem é o seu amigo?”
“Ele é o Salvatore Spinoza. Vou treiná-lo para ser mafioso. Meu pai quer que eu vire chefe quando eu atingir 18 anos.”
“Prazer em conhecê-lo.” Ele me estendeu a mão como se fosse um homem de negócios. Sorri em resposta e apertei a mão dele.
“Bom, em falar em negócios, estou sendo obrigado a aprender o negócio de família. Por isso estou em falta com você, Christian. Meu pai também quer que eu vire o chefe do Segreto Piacere. Só espero não ficar como ele, quero ter tempo para curtir a vida e não ficar enfurnado naquele lugar.” Ele revidou os olhos em protesto.
“Mas isso não significa que você não possa se divertir lá, até porque também, lá é sinônimo de diversão e prazer. Estou louco para fazer 18 anos na identidade.” Christian disse animado.
“Isso é verdade! A minha diversão é gratuita por ser filho do dono e quando virar dono poderei fazer o que eu quiser. Só espero poder ainda ter tempo de te encontrar. Sei que ano que vem te verei muito no meu local de trabalho, mas nada melhor do que conversar sem aquelas distrações todas. Meu pai não deixa você fazer uso das nossas diversões, mesmo sabendo que você já pode ter de fato 18 anos. Já tentei convencê-lo, mas não consegui. É uma lástima.”
“Diz isso porque pode escolher qual a distração que você quer e por quanto tempo você quer. Eu sei, mas ano que vem serei presença garantida na sua casa.”
“Claro! O negócio do meu pai é bem melhor que o seu, Ferrandini!” Ele riu.
“Verdade, meu amigo.” Christian concordou contrariado.
“Desculpa, mas o seu pai é dono de que estabelecimento? A propósito, qual o seu nome?” Perguntei.
“Cabaré. Fabrício Bonini.” Ele deu um sorriso maroto. Sorri em resposta.
Fabrício era um cara simpático, boa pinta, mas um pouco formal para a nossa idade. Não o imagino fazendo as brincadeiras que eu e o Christian fazemos.
Olhando um pouco atentamente para os dois, até que tem alguns traços físicos em comum, até parece que eles são primos ou irmãos.
“Vamos jogar vídeo game?” Christian perguntou. Sorrimos e subimos para o quarto dele.
“Você é muito bom, Salvatore! Da próxima ganharei.” Christian disse jogando um travesseiro em mim.
“Vamos mais uma porque eu não aceito perder!” Fabrício falou puto da vida.
“Duvido que irão ganhar de mim!” Disse enquanto o Christian dava o play para jogarmos mais uma partida de street fighter.
Escutamos uma batida na porta.
“Posso entrar?” Um homem perguntou.
“Claro.” Christian respondeu.
“Christian, como você está?” O homem perguntou.
“Estou bem e o senhor?” Estou bem também.
“Bem também. Comprei uma camisa para você.” Ele disse sorrindo.
“Obrigado.” Christian disse um pouco surpreso.
“Vamos Fabrício? Já está na hora.” Ele perguntou.
“Vamos.” Respondeu.
“Tchau, rapazes.” Ele disse.
“Tchau.” Falamos juntos. Ele saiu do quarto.
“Presente? É seu aniversário na identidade? Ele é o pai do Fabrício?” Perguntei.
“Não. Também não entendi o motivo do presente e a propósito, ninguém nunca comprou presente de aniversário para mim, nunca comemorei esta dada porque ela é falsa. O nome dele é Francesco Bonini, é o pai dele sim.”
“Acho que deveria, se bem que depois do que ocorreu com os meus pais, eu não quero nunca mais comemorar o meu aniversário. Mas é diferente.”
“No dia que eu descobrir o dia do meu aniversário, eu volto a comemorar.”
“Espero que um dia você descubra.” Disse com sinceridade. Deve ser muito ruim não saber quantos anos tem e quando nasceu.
“Vamos dormir, amanhã eu irei invadir um certo orfanato.” Ele sorriu maledicente.
“Está mesmo como sono? Queria te dar uma surra no street figher 3! Disse.
“Dessa vez eu ganho!” Ele disse sorrindo e não é que ganhou mesmo?
"Aí, está sabendo que o street fighter 4 está para sair ano que vem? Tem rumores dizendo que vai sair em julho para Xbox e que depois vai ter uma versão para computador, mas bem para o fim do ano." Christian disse.
"Ouvi falar disso também. Espero que seja verdade porque este aqui foi lançado em fevereiro de 1996. Muito velho!"
"Verdade, cara. Já está na hora deles atualizarem."
Concordei com a cabeça e disse: “Ah, eu quero uma revanche!”
De revanche em revanche, as horas passaram e o Christian acabou dormindo segurando o controle do Xbox. Apagou no meio do jogo.
Acabei dormindo no chão, no quarto dele. Quarto este que era praticamente o tamanho da minha casa.
Foi primeiro dia, após a morte dos meus pais que eu não chorei, foi o primeiro dia que me senti feliz.
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Boa noite, meus amores!!
Na mídia temos o jogo street fighter 3, que foi lançado em fevereiro de 1996. O 4 foi lançado em julho de 2008 (versão Xbox e afins) e em dezembro de 2008 chegou na versão computador.
A GabiSanches7 está escrevendo um livro chamado Shadow Hunters - Justin Bieber. Está bem no comecinho, Mas tem tudo para ser um sucesso. Quem curte fantasia provavelmente vai amar o livro!
Dedicado á:
LuanaPitoresco (a empregada gostosa!)
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