Bônus Leila
"Salvatore, eu não posso contar a verdade para o meu filho. Como eu posso contar para ele que o pai dele fez o que fez?"
"Mas se você não contar, o Fabrício pode querer se aproximar do menino para sequestrá-lo. Você sabe muito bem do que o Fabrício é capaz de fazer, isto é, caso ele sobreviva ao tiro."
"Prefiro correr o risco. Ele é muito novo para saber de uma história dessas! Vai sofrer muito." Disse.
O celular do Salvatore começou a tocar.
"Oi, mãe!" Ele disse sorrindo. É tão difícil ele não atender dizendo o sobrenome que eu até estranho.
"Desculpa por não avisar, mas eu já fiz a hora extra e estou na casa da minha namorada."
"Não, mãe. Ela não é a sua filha." Ele disse com impaciência.
"Daqui a pouco estou aí. Não precisa me esperar acordada. Beijos." Ele desligou.
"Você não vai dormir na mansão comigo?" Perguntei.
"Não. Isso é um momento só seu com o seu filho." Ele me deu um selinho.
"Chegamos, amor." Salvatore disse e o meu coração disparou. Saímos do carro.
"Christian, o Fabrício morreu?" Perguntei assim que o Christian saiu do carro.
"Está vivo. Pelo menos, ninguém me ligou avisando que ele morreu." Ele revirou os olhos.
"Viu o Francesco?" Salvatore perguntou.
"Ele disse que teremos que conversar sobre o que eu fiz." Christian disse sério. O que será que ele fez?
"Não vai limpo para esta conversa." Salvatore disse. Se o Christian tem que ir armado, boa coisa ele não deve ter feito.
"Nem sou louco de ir, embora eu ache que seja apenas uma conversa mesmo."
"Quer que eu vá junto?" Salvatore perguntou.
"Não precisa, irmão. Eu dou conta do meu pai. Vamos entrar?" Christian perguntou olhando para nós dois. Salvatore assentiu e eu também.
Christian abriu a porta e os dois ficaram olhando de um lado para o outro.
"Está tudo tranquilo, aparentemente." Christian disse para o Salvatore que concordou.
"Leila, sobe e vai falar com o Passarinho. Tenho assuntos para resolver com o Thomas. Se tiver algum problema, não hesite em matar." Salvatore disse.
"Que problema?" Perguntei.
"Qualquer um." Ele está me escondendo algo.
"Christian, vai comigo ou com ela?" Salvatore perguntou.
"Com você. Estou louco para usar o meu soco inglês." Christian sorriu malicioso.
Subi e entrei no quarto do meu filho. Ele estava dormindo.
Sentei na cama dele e comecei a fazer carinho no rosto dele. Ele é tão lindo e parece um anjinho dormindo.
"Tia!" Ele sorriu ao acordar.
"Oi, meu amor!" Comecei a chorar e quando ele percebeu que eu estava chorando, sentou e me abraçou.
"Está chorando por que?" Ele me perguntou.
"Por que eu sou uma boba." Respondi sorrindo.
"Por que você está aqui?" Ele perguntou cheio de curiosidade.
"Para te levar para casa, como eu sempre quis, meu filho." Tornei a chorar.
"Casa? Filho?" Ele perguntou confuso.
"Você é o meu filho. O seu pai saiu com você quando você era bem pequeninho, mas ele acabou te perdendo, porém Deus te colocou no meu caminho de novo, me dando mais uma chance de ser a sua mãe." Sorri.
"Eu sempre quis ter uma mãe e um pai." O menino sorriu.
"Que bom, meu amor!" O abracei.
"Quem é o meu pai?" Pausei. Não queria responder, mas ele tinha direito de saber.
"Fabrício Bonini. Vamos sair daqui? Te ajudo a arrumar as suas coisas." Disse com o intuito de mudar de assunto.
"Não precisa. Não sou mais uma criança, tenho 11 anos!" Sorri. Ele levantou-se e começou a arrumar as coisas dele.
"Já está tudo aqui, mãe." Ele disse.
"Repete o que você disse, meu filho."
"Já está tudo aqui, mãe." O menino repetiu um tanto confuso e eu voltei a chorar. Nunca pensei que esse momento iria chegar: ele me chamou de mãe!
"Vamos descer?" Ele assentiu.
Descemos as escadas, mas o Christian e o Salvatore não estavam na sala, certamente ainda estavam batendo no Thomas.
"Estamos esperando o que, mãe?" Ele perguntou quando viu que eu parei no centro da sala.
"O meu noivo e o seu tio, meu amor." Disse.
"Eu tenho um tio, tenho um tio?" Ele começou a pular tamanha era a animação dele.
"Tem. É o Christian!" Disse.
"Tio Christian é o meu tio? Meu papai e você estão noivos? Não é casada com o meu papai?" Ele perguntou.
"Sim, tio Christian é o seu tio e o que eu tinha com o seu pai acabou. Estou noiva de outro homem." Ele ficou com a cara emburrada.
Depois de uns minutos, os dois saíram do escritório.
"Tio, Christian!" O menino correu até ao tio. Christian abaixou e os dois se abraçaram.
"Em pensar que você sempre me chamou de tio e eu sou o seu tio de verdade..." Christian sorriu.
"E aí, amigão!" Salvatore disse sorrindo.
"Não sou o seu amigo!" Não acredito no que está acontecendo.
"Mas nós podemos ser. O que acha disso?" Salvatore tentou contornar a situação.
"Você não pode tomar o lugar do meu pai! Nunca serei seu amigo!" O menino cruzou os braços.
"Eu nunca tomarei o lugar dele. O Fabrício sempre será o seu pai."
"Mas você quer casar com ela e quem deveria casar com a minha mãe é o meu pai."
Salvatore respirou fundo e disse: "Leila não gosta mais do seu pai. Essas coisas acontecem."
"Mãe, para de gostar dele agora e volta a gostar do meu pai!"
"Não é assim que as coisas funcionam, meu filho."
"Eu quero ver o meu pai! Cadê o meu pai, mãe?" Ele perguntou.
"Seu pai está dormindo agora." Respondi.
"Ele não me quer? Por que ele está dormindo e não está aqui?" Ele começou a chorar.
"Ele te quer, mas está doente e é por isso que ele não está aqui." Disse.
"Posso vê-lo?" Meu filho perguntou.
"Não. É uma doença contagiosa." Espero que ele morra logo. Não quero o meu filho perto desse homem.
"Mãe... qual é o meu nome?" Meu filho perguntou.
"O seu nome é Gabriel, uma versão brasileira de Gabriello. Sempre achei mais bonito Gabriel." Sorri.
"Eu tenho um nome, tenho um nome!" O menino me abraçou!
"Gabriel, quero que saiba que está liberado do serviço de passarinho preto. Poderá ter um vida normal e quando fizer 15 anos, se quiser ser mafioso, terei o maior prazer em te treinar." Christian sorriu.
"Quero continuar sendo um passarinho. Tio, desde o ano passado eu comecei a aprender a atirar. Você pode me dar as aulas?"
"Claro! Ou até a sua mãe pode te dar! Sabia que ela é mafiosa?" Christian disse.
"Sério, mãe?" Ele sorriu.
"Sim. Quer que a mamãe te ensine?"
Não queria que o meu filho seguisse os mesmos passos do tio, mas quero me aproximar dele e para isso, vale qualquer coisa, até ensiná-lo a atirar.
"Claro!" Sorri.
Saímos do orfanato.
"Christian, deixa a Leila mansão, por favor." Salvatore pediu.
"Deixo, cara." Os dois se despediram com um abraço.
"Por que você não me deixa na mansão? Tem algum compromisso?" Cruzei os braços.
"Porque não acho que vai ser uma boa." Salvatore olhou para o meu filho.
"Ainda bem que você sabe." O menino disse.
Dei um beijo no Salvatore. "Eca! Solta a minha mãe!" Gabriel disse com raiva da situação e com nojo do beijo.
Entrei no carro com o Christian. Não trocamos uma só palavra durante todo o trajeto, em pensar que há pouco tempo atrás nós éramos tão próximos...
Mas não ficamos no silêncio. O meu filho cantou o tempo todo, mesmo sem música. Uma coisa é certa: preciso colocá-lo numa aula de canto urgentemente, antes que eu enlouqueça.
"Estão entregues." Christian disse.
"Você não mora aqui, tio?"
"Morei por anos, mas o tio se casou com a Dayane, lembra? Moro em outro lugar agora."
"Ah..." O menino ficou triste.
Christian abaixou e deu um beijo no rosto dele e disse: "Sempre irei te ver." O meu filho sorriu.
"Tchau, Chris!" O abracei.
Entrei na mansão.
"Ah, não! Mais um? Menino, você sabe fazer o que? Lavar, passar, cozinhar, matar?" Meirieli perguntou para ele.
"Meirieli, ele é o meu filho, é sobrinho do Christian, tem 11 anos e não vai fazer nada!"
"Então, ele vai me dar prejuízo!"
"Mãe, o que é prejuízo?" Gabriel perguntou.
"Ainda é burro!" Meirieli disse e o meu filho começou a chorar.
"Se você chamar o meu filho de burro mais uma vez, eu juro que te mato!" A ameacei. Meirieli sorriu.
"Matar a Meirieli? Eu te ajudo!" Kelly disse.
"Claro! Toda a ajuda é bem vinda!" Sorri.
"Que menino lindo! É o seu filho? Não chora não! Ela é uma bruxa, é só desconsiderar tudo que ela falar. Só fala besteira." Kelly disse.
"Você me acha burro?" Ele perguntou.
"Claro que não." Kelly sorriu.
"Definitivamente, ele não sabe o que significa a palavra - desconsiderar - significa. É um burro mesmo!" Meirieli disse e o meu filho começou a chorar mais ainda.
"Cala essa boca, antes que eu perca a paciência com você!" Gritei. Meirieli riu.
"Quero ver o meu pai." Meu filho disse para mim.
Pelo visto, isso vai ser mais difícil do que eu pensava porque o meu filho jamais verá o pai.
"Já disse que ele está com uma doença contagiosa. Quando ele ficar bom, você irá visitá-lo." Menti.
"Doença contagiosa?" Meirieli começou a rir.
"Ah, não! Outro para tomar conta, eu não aguento!" Lígia disse ao ver o meu filho.
"Ele é o meu filho! Não preciso que tome conta dele." Disse puta da vida.
"Que bom!" Ela sorriu e saiu da sala. Meu filho ficou emburrado.
"Vamos subir?" Perguntei antes que alguém falasse outra besteira na frente do meu filho.
"Leila, é o seu filho? Que lindo!" Rosimeyri começou a apertar a bochecha dele.
"Para, tia!" Ele reclamou. Quando ela parou, Gabriel massageou a bochecha.
"Ih, Reclene! Logo descobriremos quem é pior: as filhas da Meirieli ou o filho do Bonini! Temos três praguinhas aqui dentro. Agora que vamos surtar." Aline disse para a Reclene.
"Meu filho não é praga!" Gritei, peguei na mão dele e subi.
"Mamãe, sou tão ruim assim?" Ele me perguntou.
"Claro que não. Você é perfeito, um amor. O meu amor!" O enchi de beijos.
"Estou com sono, onde eu vou dormir?" Ele perguntou.
"Aqui tem quarto de hóspedes, mas a minha cama é grande. Não quer dormir com a mamãe hoje?" Perguntei.
"Claro!" Ele respondeu. Sorri como uma boba. Ele colocou o pijama.
"Me conta uma história?" Ele pediu.
"Vou ler para você o livro - A Bela e a Fera - . Você gosta?"
"Eba! Muito!" Ele sorriu. Nós deitamos, ele colocou a cabeça no meu peito e fechou os olhos.
Comecei a fazer cafuné nele, passando as minhas mãos pelos cachinhos ruivos dele.
Peguei o livro e comecei a ler: "Era uma vez um rico comerciante que vivia com seus 6 filhos, três rapazes e três moças. (....)"
Ao fim da terceira página, meu filho já havia dormido.
Será a primeira vez que dormirei com ele, essa foi a primeira de muitas histórias que eu lerei para ele.
Hoje é o dia mais feliz da minha vida, o pedaço de mim que eu achava que eu tinha perdido, voltou e hoje, por isso, eu estou me sentindo completa.
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Boa noite, meus amores!
O filho da Leila na vida real se chama Gabriel e por isso, resolvi fazer essa pequena homenagem aqui no capítulo, colocando o nome do Passarinho Preto de Gabriel.
Olha que gracinha o filhinho da Leila, gente!!! ❤❤❤
Dedicado á:
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