A morte de uma inocente
22 dias se passaram desde que eu me mudei para cá com a Leila e muitas coisas acontecerem.
Por um milagre, fazer com que a Kathy desse aulas de etiqueta para a Leila, fez com que as duas se aproximassem consideravelmente.
Convivendo mais com a Leila percebi que ela não mentiu quando me disse que fez o que fez com o Rafaello por inocência.
Foram anos sentando dessa forma e fazendo coisas inimagináveis, é óbvio que ela deve ter esquecido das boas maneiras. Mas ela não é mais uma prostituta, é a minha mulher e deve se comportar como tal.
Ao longo desse tempo, percebi que ela melhorou o jeito de se comportar, porém ainda precisa aprender mais.
Me surpreendi com o fato de que ela sabe cozinhar tão bem quanto a Reclene e estou percebendo o quanto ela está tentando me agradar, ela me ama de verdade e isso já está mais do que claro para mim, tanto que a pedi em namoro.
Nesse tempo, além de ter me aproximado do Rafaello e percebido a aproximação do Christian para com o Rafaello também, senti que o que eu sentia pela Leila só aumentou. Eu a amo muito e sei que ela é a mulher certa para mim.
Conversei com o Christian pelo celular a respeito da Leila. Nós não nos encontramos mais depois do resgate dos meninos porque tememos que ele seja seguido até aqui.
Tirei um peso da minha alma quando ele disse que aprovava a minha relação com Leila e só foi a partir daí que tomei coragem para pedi-la em namoro.
Christian contratou uma enfermeira chamada Aline Fernanda para cuidar dos meninos e descobri que o Lorenzo está ficando com ela.
Depois do incidente com o Fabrício não pudemos continuar com as ações nas ruas, mas os outros continuaram. Inclusive o Gabriello, Costa, Alessandro e o Enrico. Espero que eles não tenham sido presos.
O plano deu certo e a Diane foi afastada do cargo, dando lugar a Evelyn Autran. Em pensar que quando eu fiz 18 anos ela era uma advogada recém formada e eu quase a beijei... a vida é louca!
Christian me tirou dos meus devaneios me ligando.
“Spinoza.” Atendi. Eu ia mesmo ligar para ele depois de jantar para falar a respeito do meu posicionamento.
“Salvatore, já sabe se a Leila está qualificada para ser mafiosa?” Ele perguntou.
“Está mais do que pronta!” Respondi com um tom imparcial na voz porque uma parte de mim ficou feliz porque ela conseguiu passar no treinamento, outra apreensiva porque eu sei o que ela busca e vencer do Bonini não será nada fácil.
“Ok. Faça ela matar um homem. Quero um vídeo que comprove o feito. Se ela conseguir matar a troco de nada, ela está dentro da máfia e vocês poderão regressar para a mansão. Acho que o Fabrício não está mais querendo me matar.”
“Christian, você não acha que está um pouco cedo para a Leila voltar para a mansão? Aqui ela e vocês estão mais seguros.” Não gosto de ir de contra a uma ordem dele, mas tenho medo pela Leila e por todos.
“Você tem razão.” Ele respondeu desapontado.
“Como estão todos?” Resolvi mudar de assunto.
“Bem. Lorenzo, provavelmente, vai receber alta semana que vem!” Sorri.
“Que boa notícia, cara! Vou desligar para poder jantar. Quando a Kathy e a Leila se juntam na cozinha, só perdem para a Reclene!”
Vi a Leila ajudando a Kathy a colocar a mesa. Ela estava usando uma camisa minha como se fosse um vestido porque eu rasguei o dela e ela se recusa a usar as roupas que eu comprei. Talvez eu tenha exagerado um pouco nas roupas de freira que eu comprei para ela, mas jamais vou admitir isso para ela e nem para ninguém.
“Tchau, cara!” Christian riu.
“Tchau.” Respondi e desliguei.
“Então, já estou na máfia?” Leila sorriu e me deu um selinho.
“Você tem que matar alguém para mostrar lealdade à máfia, já havia falado a respeito disso com você.”
“Salvatore, não sei se vou conseguir fazer isso.” Leila disse com uma voz tristonha.
“Eu também pensei que não conseguiria, mas matei. Era eu ou ela. Se eu não a matasse morreria nas mãos da máfia.” Rafaello disse.
“O Christian me matará se eu não...?” Leila começou a chorar.
“Obrigado, Rafaello!” Disse com raiva.
“Pensei que ela soubesse.” Rafaello deu de ombros.
“Leila, ele teria que te matar, mas eu duvido que ele faria isso comigo, com você. Se você não matar, apenas não será mais da máfia.” A abracei.
“Se o Christian te matar, eu arranco a cabeça dele fora!” Kathy disse.
“Acha que o Christian Ferrandini, o rei da máfia italiana, iria se deixar ser decapitado, ainda mais por uma mulher?” Ri muito.
“Quanto machismo, Salvatore! Mas eu não estava me referindo a cabeça de cima!” Ela mordeu os lábios.
Instintivamente, eu e o Rafaello colocamos as mãos em cima do pau.
Leila e Kathy riram com a nossa reação. Se elas soubessem como isso dói...
Mandei uma mensagem para o Christian pelo Whatsapp. Ele é o meu irmão e merece ser o primeiro a saber.
“Sei que você colocou no viva voz para a Meirieli ouvir a minha decisão e por isso eu não te contei algo, mas você deve ser o primeiro a saber. Nem o Rafaello e a Kathy sabem ainda... Eu estou namorando com a Leila, espero que isso não seja um problema para você.” Embora ele já tenha falado que não, é sempre bom confirmar.
“Problema nenhum! Estou muito feliz por você!” Sorri.
Leila trouxe a mousse de chocolate. Decidi que seria o momento perfeito para contar para os outros.
“Eu preciso contar para vocês algo que aconteceu ontem e que está me fazendo me sentir o homem mais feliz do mundo.” Sorri.
“Leila disse que está grávida!” Rafaello disse colocando a mão na boca, como se estivesse ficado surpreso com a notícia que ele mesmo havia dado, ou falado demais.
“Leila, você está grávida?” Perguntei sorrindo igual a um babaca.
“Claro que não!” Ela respondeu de um jeito que parece que ela não quer ter filho de modo algum.
Uma parte de mim ficou triste porque eu sempre quis ser pai, embora eu seja um mafioso e talvez seja realmente melhor ela continuar com esse pensamento, a final não quero que o meu filho seja morto nas mãos de algum inimigo meu.
“Estamos namorando!” Disse.
“Sua vaca, como você não me contou?” Kathy perguntou para a Leila.
“Salvatore não queria! Deus sabe o quanto me segurei para não contar!”
“Ah, vem aqui!” As duas se abraçaram e começaram a pular como duas crianças.
“Então era por isso que me pediu para comprar o colar de brilhantes?” Rafaello me perguntou.
“Sim.” Sorri.
“Bem vindo ao time, cara!” Rafaello sorriu e me deu um tapinha nas costas.
“Colar de brilhantes? Ahhhhhh!!” Kathy começou a gritar como uma histérica. Foi só uma lembrancinha, nada demais! Leila pegou na mão da Kathy e elas foram para o meu quarto.
“Isso está pedindo um champanhe,” Rafaello disse, voltando com uma Sidra.
“Essa porra é Sidra!” Disse.
“Manda a Meirieli me pagar melhor que eu compro um champanhe.” Sorri sem graça. Brindamos.
Christian ligou para o Rafaello e ele colocou no viva voz.
"Rei!” Rafaello atendeu animado.
“Oi, providencia o meu jatinho para daqui há uma hora e eu quero que você compre algumas coisas para mim e mande entregar no Japão. Eu já sei onde vou ficar hospedado, vou te mandar pelo Whatsapp o endereço e o que eu quero que compre.”
“Pode deixar. Já sabe que a Leila e o Salvatore estão namorando?” Rafaello perguntou animado.
“Já sim. Fui o primeiro a saber da novidade.” Christian respondeu.
“Esse arrombado te contou primeiro? Vou expulsá-lo da minha casa!” Ele disse e o Christian riu. Não me controlei e acabei sorrindo também.
“Eu tenho que desligar, vou arrumar as minhas malas. Abraço.”
“Outro.”
“Que porra é essa, Salvatore Spinoza? Deveria ter me contado primeiro!” Rafaello disse puto da vida.
“Foi mal, cara!” Ri
Ele sorriu. “Leila vai te dar trabalho, mas ela parece gostar muito de você.”
“Eu sei.” Sorri.
“Quer apostar quanto que o pedido do Christian vai ter algo a ver com rosa negra?” Rafaello perguntou.
“Tenho certeza que terá mesmo. Sempre tem, é como se fosse um símbolo da relação deles." Rafaello riu. De certo deve ter pensado que o Christian está meio aviadado devido à isso.
Resolvi ligar para o Gabriello. “E aí, cara.” Gabriello atendeu.
“Só liguei para saber se estava tudo bem e para saber se ninguém foi preso.”
“Estamos bem. Não fomos presos. Obrigado por se preocupar.”
“Sempre me preocuparei. Vocês são como se fossem os meus irmãos mais novos.”
“Também te considero da mesma forma. Vou sair para comer umas bocetas agora.”
“Em pensar que eu te conheci todo inocente com 6 anos.” Estou ficando velho.
Os tempos mudaram, na idade dele eu só via mulher nua quando eu roubava as revistas do meu pai.
Gabriello riu. “Tchau, cara.”
“Tchau.”
“Brinco e colar de esmeralda, além de pétalas de rosas negras.” Rafaello disse sorrindo.
“Será que vai ser pedido de namoro ou de casamento?” Perguntei.
“Pergunta para ele, é bom que você se entretém. Sabe que não veremos as nossas namoradas tão cedo. Mulher quando resolve fofocar perde a noção. Vou para a salinha de treinamento para treinar alvo.” Ri. Ele está certo.
Mandei mensagem pelo Whatsapp:
“Pedido de casamento?” Perguntei.
“Namoro! Acha que ela vai gostar?” Ele perguntou.
“Tenho certeza que vai sim.”
“Preciso de um favor seu. Escolhe um alvo que a Leila jamais mataria. Diz que se não for aquele alvo, não será mais nenhum outro.”
“Não quer que ela entre na máfia?” Perguntei um pouco confuso.
“Não quero entrar em guerra com o Bonini. Ainda mais agora que estou feliz com a Dayane. Faça isso pela Leila também porque você sabe que ela vai morrer se tentar matar ele. Ela jamais estará pronta para isso porque nem nós estamos.”
“E se ela matar o alvo que eu escolher?”
“Estamos perdidos.” Ele respondeu.
"E se ela não matar, me promete que ninguém vai caçá-la?"
"Jamais mataria ou mandaria matar a mulher do meu irmão."
Fiquei um pouco na sala vendo televisão e como as duas continuaram no quarto, resolvi falar logo com a Leila porque depois do que o Christian me pediu, eu comecei a ficar agoniado. Leila precisava matar ou não a vítima agora, antes que eu surtasse.
“Leila, vamos matar agora a sua primeira vítima.” Disse após abrir a porta do meu quarto. Kathy a abraçou.
“Vamos.” Ela disse com um tom muito baixo.
“Vai colocar uma roupa antes.” Pedi.
“Kathy, me empresta? Não quero usar aquelas roupas de freira que o Salvatore comprou para mim.”
“Claro, nem eu mesma usaria.” Ela disse pegando na mão da Leila, a guiando para o quarto dela. As roupas são tão ruins assim?
“Leila, usa pelo menos a calcinha.” Pedi.
“Não gosto.” Ela cruzou os braços.
“Só eu posso ver a sua boceta.”
“Eu fecho as pernas.”
“Leila, usa a porra da calcinha. É uma ordem!”
“Sim, senhor!” Ela bateu continência e eu joguei a almofada nela sorrindo, ela sorriu de volta e saiu do quarto.
Ela voltou linda com um vestido curto e justo no corpo da Kathy. Que mulher gostosa que eu tenho! Porra, ela tem que esconder isso tudo dos outros.
Rafaello ficou babando em cima da minha mulher. “Rafaello, me empresta o seu carro antes que eu dê um tiro nas suas bolas?”
“Está falando comigo?” Ele perguntou.
“Perdeu alguma coisa nos peitos da Leila? Perguntei puto.
“Não, imagina.” Rafaello gaguejou.
“A chave do carro. Agora.” Gritei.
“Aqui.” Ele abaixou a cabeça. É um medroso mesmo.
“Educação mandou lembranças.” Kathy apareceu na sala.
“Coloca um silicone porque a sua bunda não está agradando mais o seu namorado.” Pisquei o olho. Leila estava constrangida, completamente sem ação.
“Rafaello, você não estava...? Kathy perguntou.
“Não... imagina.” Ele respondeu. Kathy começou a bater nele. Saímos de lá.
“Você ainda se lembra da sua primeira vítima?” Leila perguntou, enquanto eu dirigia.
“Lembro. Sonhei com ela muitas e muitas vezes. Eram pesadelos horríveis, na verdade.” Respondi. Queria desencorajá-la, mas disse a verdade.
“Como ela era?”
“Devia ser bonita antes de deixar a droga e a bebida a consumir. Ela era uma prostituta.” Ela respirou fundo.
Chegamos no beco. “Salvatore, por que o Christian tem tanto medo do Fabrício?”
“Fabrício foi praticamente criado com o Christian, só se distanciaram quando ele virou o dono do Segreto Piacere. Os dois tem o mesmo treinamento. O Fabrício é tão bom quanto o Christian e o Christian não sabe se consegue superar o Fabrício, acredito que o Fabrício também pense que não consegue superar o Christian. Acho que eles tem medo de saber quem é o melhor.”
“Entendi.”
“Leila, este é o seu alvo.” Apontei. Ela não vai querer matar.
“Eu não vou matar o bebê, seu monstro!” Leila começou a chorar e a me bater.
“Que bebê? É a prostituta que eu estou falando.” Merda, eu deveria ter deixado ela pensar que era o bebê, assim ela não mataria.
“Eu não vou matar essa prostituta, ainda mais vendo que ela tem um bebê no colo. Se eu a matar é como se eu estivesse me matando e além do mais, o que acontece com esse criança se eu a matar?”
“Isso não é problema nosso. Só faça.” Tentei me manter frio.
“Não imaginei que você fosse esse ser tão cruel, você é um lixo de ser humano.” Ela chorava muito. Estava cada vez mais difícil fingir que eu não me importo.
“Não vai matar? Não vai entrar para a máfia.” Disse, tentando manter o foco.
“Você disse que o Christian não vai me matar, eu tenho treinamento e eu nunca quis entrar para a máfia, só quero matar o Fabrício. Vou usar o meu treinamento para matá-lo e não para acabar com a vida dessa pobre mulher.”
“Se você tentar matar o Fabrício sozinha, você vai morrer!”
“Pelo menos, eu vou tentar! A morte é pouco pelo o que ele fez comigo!”
“Eu sei que ele usava o seu corpo durante esses 10 anos, eu sei que você perdeu a sua liberdade e teve que transar com diversos homens, sei que nunca viu mais os seus pais, mas não tem como você esquecer tudo isso e simplesmente viver a sua vida?”
“Não dá! Quando um homem comete um crime, ele vai preso porque não há nada mais importante para o ser humano do que a liberdade. Estupro é crime porque nós mulheres podemos decidir com quem queremos transar, o homem não tem direito de nos forçar e uma filha só pode ser separada dos pais depois que eles morrerem. Ele acabou com a minha vida, entende?”
“Leila, tem algo que ele fez com você que você não tenha me contado?” Ainda acho que ela não me contou tudo.
“Acha pouco o que ele fez? Eu vou tentar matá-lo. Com ou sem a sua ajuda!”
“Você não vai matar a prostituta?” Respirei fundo.
“Não.” Ela disse firme.
“Mata aquela velha, mas não conta para o Christian que eu mudei o alvo. Eu não poderia ter feito isso.”
“Não vou matar uma velha.”
“Pensa que a vida dela já está acabando mesmo.” Dei de ombros.
“Como você consegue ser tão frio?” Ela perguntou me olhando como se não me conhecesse.
“Anos de prática.” Sorri e a dei um selinho. Ela revirou os olhos em protesto.
Não sei se torço para ela matar ou não. Temo que ela tente matar o Fabrício sozinha.
“Eu vou.” Ela disse. Meu coração disparou.
Liguei a câmera e ela atirou. Ela tremia mais do que tudo. Me aproximei da velha e ela estava morta. Leila deitou em cima do corpo da velha e começou a chorar. Interrompi a gravação.
“Leila, vamos sair daqui.” Peguei a mão dela para que ela pudesse levantar.
“Salvatore, o que foi que eu fiz?” Ela estava chorando muito.
“Entrou para a máfia. Vamos!” Disse em um tom frio. Estava nervoso. Não sei o que é pior: ela na máfia ou ela fora da máfia.
Ela me abraçou forte e eu a beijei. “Vai passar, você vai esquecer com o tempo. Te amo.” Disse.
“Eu nunca vou esquecer. Fabrício me fez matar essa mulher, ele ainda continua destruindo a minha vida!”
“Vamos para o carro.” A peguei pela mão e enviei o vídeo para o Christian. Voltamos para a casa do Rafaello.
...........................................................
Boa noite, meus amores!
Nossa, que capítulo tenso!
Dedicado á:
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro