Capítulo 4
Fernando
"Fernando, você é mesmo muito, mas, muito idiota, cara, falando desse jeito, a menina vai pensar que você quer se livrar dela". E aqui está meu subconsciente, me acusando de novo.
Eu procuro uma vaga no estacionamento, por sorte, chegamos um pouco mais cedo, ainda dá para escolher onde colocar o carro e procuro um lugar mais próximo a saída, já imaginando o tumulto que vai ser no final do show, que vem sendo divulgado há meses na cidade.
Saio do carro, dou a volta rapidinho, abro a porta e estendo a mão para a Lu.
– Senhorita Santos, por gentileza!
Mostro que sou educado e aprendi direitinho com o meu pai, que sempre abre a porta do carro para a minha mãe, eu acho isso um charme e me prometi fazer o mesmo, especialmente, quando encontrar a mulher que Deus separou para mim.
A Lu me dá a mão, meio sem jeito, um tanto envergonhada e eu digo.
– Que bom que você veio Lu, eu estou muito feliz com a sua companhia, quero que você se divirta muito, que essa noite seja especial e que, sobretudo, Deus fale ao seu coração através de cada canção. Você me dá a honra? – e sem esperar, enlaço o meu braço no dela e vamos caminhando até a entrada, procurando o pessoal da igreja, e uma sensação muito boa me invade.
" Agora sim Fernando, arrasou, falou direito com a menina e não gaguejou mais. Relaxa cara e aproveita que hoje, a noite promete".
Dou uma olhadinha para cima e agradeço ao Papai do Céu, pela força e dou uma piscada, cheia de charme para a Lu, que sorri para mim.
Sinto-me andando sobre as nuvens, leve como uma pluma.
Assim que entramos no ginásio, começamos a olhar em volta, procurando pela galera da nossa igreja, e logo avisto o Serginho, o guitarrista da Equipe de Louvor, o cara que mais me incentivou a vir nesse show, ele me falou tanto dessa banda, mais tanto que me convenceu. Ao seu lado está o nosso pastor sênior, Esdras Gonçalves, a sua esposa, a dona Sarah e as duas filhas deles, a Hadassa e a Débora, também o pastor dos jovens, o Edmundo com a pastora Raquel. O cara é uma figura, ele é bem jovem e usa um cabelo espetado, por isso a moçada o chama de Cebolinha, em alusão ao personagem da turma da Mônica.
Ele está com o filhinho deles, o Benjamim nos ombros e se abaixa um pouco para nos cumprimentar, segurando as mãos do menininho de três anos, para se equilibrar. Batemos as mãos, como é comum entre os jovens ele se endireita e eu estico o braço para fazer o mesmo com o Ben, embora eu seja bem alto, tenho 1.87cm.
– Graça e Paz, amados! Tudo bem com vocês?
Eu e a Lu respondemos juntos.
– Graça e Paz, pastor! Tudo bem, graças a Deus.
Acho perfeita a nossa sincronia e como diz o Serginho.
– Sincronia é tudo!
– Onde vamos ficar pastor? – pergunto querendo achar um bom lugar para sentar com a Lu e ficar longe de olhares indiscretos e das piadinhas da galera. Quero que essa noite seja especial para mim e principalmente para a Lu, ela é nova na fé, está a pouco tempo na igreja, mas, eu sinto algo diferente quando estou perto dela. Eu, às vezes, sou meio esquentado, minha mãe diz, que isso está no sangue dos Camargo, meu avô era igual, o que tinha a dizer, falava "na lata", não mandava recado para ninguém, era um homem sério, austero e muito respeitado.
Olho em volta e não vejo a Ludmila, nem o Murilo e isso me deixa com uma pulga atrás da orelha. A minha prima é maluquinha e o Murilo é metido a playboy, se acha o gostosão da turma, toca bateria na igreja e as meninas vivem suspirando por ele. Já falei que se ele se meter a besta com ela, vai se ver comigo, pois a Lud é a irmã que eu não tive. A tia Diana sempre me pede para eu cuidar dela, já que ela tem a idade da Lu.
Aos poucos, a turma vai chegando e o lugar vai enchendo cada vez mais. Nos espalhamos um pouco, tentando guardar alguns lugares para o pessoal e eu sugiro a Lu, que subamos umas quatro fileiras, assim, mesmo na lateral do palco, estamos de frente para um dos telões e temos uma visão privilegiada. A banda está terminando de passar o som e a agitação da galera é evidente. Precisamos falar um pouco mais alto e ficarmos pertinho para podermos conversar e claro, estou amando essa proximidade da Lu. O cabelo dela, mesmo nesse coque meio bagunçado é lindo e tem cheirinho de chiclete.
De repente, as luzes se apagam e ela, levando um susto, aperta o meu braço e eu seguro a sua mão macia e quentinha, tentando passar segurança.
– Fique tranqüila, Lu, relaxe e aproveite.
Ela continua segurando o meu braço e me diz com aquela vozinha angelical.
– Obrigada Fer, você é um amor.
Só ela me chama assim, a maioria do pessoal me chama de Nando. Eu acho uma gracinha e agradeço a Deus pela penumbra, pois, me sobe um calorão no rosto e não quero que a Lu perceba.
Mais alguns instantes se passam e as luzes são acessas, com a banda já posicionada no palco e eles começam a tocar o seu maior hit.
– Boa noite galeeeeraaaa.... – Diz o vocalista da banda e a turma vai ao delírio, com muitas palmas e assobios.
– Paz do Senhor !!! – E de novo a moçada responde e faz o maior barulho com as palmas.
– Se é para Jesus, galera, pode ser vem mais forte, concordam? – E todos aplaudem ainda mais forte.
– Dê o seu melhor para Deus. Entregue a Ele a sua vida, as suas emoções, os seus pensamentos, não deixe que nada te distraia a partir de agora. Se entregue totalmente, completamente ao Senhor.
O barulho que se segue é quase ensurdecedor, sinto as minhas mãos e todo o meu corpo quentes, nesse momento e tiro a jaqueta, deixando-a na cadeira, o clima começa a mudar e a atmosfera fica diferente. É possível sentir a presença do Espírito Santo enchendo o lugar, é um calor diferente, inexplicável de descrever.
E o cara segue falando.
– Queridos, não estamos aqui para fazer um show, embora seja assim que as pessoas chamem esse evento. Estamos aqui para, junto com vocês, adorarmos a Deus pelas próximas duas horas, porque Ele merece toda a Honra, toda a Glória e toda a nossa Adoração. Tudo, tudo, tudo é Dele, por Ele e para Ele, amém? Nós somos apenas instrumentos nessa noite, cante, pule, alegre-se na presença do Pai, do seu Papai, do seu Paizinho, que te amou tanto, mais tanto que deu por você a coisa mais preciosa que Ele tinha. Deu o seu Único Filho, Jesus, para naquela cruz, morrer por você, pagar um preço de sangue pelos seus pecados, pela sua vida, meu querido, minha querida, você entende isso? Entende o quanto Deus te ama e se importa verdadeiramente com você?
Um silêncio profundo toma esse lugar e eu me pego pensando nessas palavras, eu também sou filho único e já ouvi diversas vezes minha mãe e meu pai me dizerem o quanto me amam e que eles estariam dispostos a fazer o que fosse preciso por mim, até morrer, se fosse para salvar a minha vida, mas nunca os ouvi dizer que me dariam pela vida de alguém. Confesso que fico muito impactado com essas palavras e quando olho para a Lu, ela está segurando a minha mão com os olhos fechados, me aproximo o suficiente para que ela possa me ouvir e digo.
– Deus te ama demais Lu. Você é a menina dos olhos Dele. Você é preciosa, Ele se importa muito com você.
Ela chega um pouquinho mais perto e encosta a cabeça no meu ombro.
– Queridos, antes de iniciarmos nosso momento de adoração, eu quero orar com vocês. Pegue na mão da pessoa que está ao seu lado e vamos orar, vamos buscar juntos a face de Deus. Pergunte para a pessoa como ela se chama e também pelo que ela deseja que você ore. A Bíblia diz que... Onde dois ou mais, estão unidos em oração no nome de Jesus, ali ele se faz presente. (Mateus 18: 20) Ore, querido, querida, coloque a vida dessa pessoa diante de Deus.
Eu olho para a Lu e digo, num tom amistoso.
– Oi moça bonita, boa noite eu sou o Fernando, qual é o seu nome e pelo que você quer que eu ore?
– Oi Fer, eu sou a Luciana, geralmente as pessoas me chamam de Lu, em casa, me chamam de Luli e gostaria que você orasse pela minha família, especialmente pelo meu pai, eles ainda não conhecem o Senhor verdadeiramente.
Eu fecho os meus olhos e encosto as nossas testas.
– Paizinho Amado, no nome de Jesus, eu te apresento nessa noite a vida da Lu, abençoe a vida dela e dê a ela sabedoria para falar de Ti e do Teu amor a sua família, cuida deles, principalmente do pai da Lu e que ele venha a te conhecer e te reconhecer como Único e Suficiente Salvador. Eu te peço em nome de Jesus. Amém.
Depois da minha breve oração escuto a voz da Lu.
– Meu Deus, obrigada por esse momento, pelo Senhor ter me permitido vir a esse lugar para te adorar. Eu te entrego o meu coração e o coração do Fer, que seja para ele também um momento especial, um tempo de te adorarmos e te agradecermos por tudo o que o Senhor é nas nossas vidas. Abençoa o Fer e a família dele também. Eu te peço em nome de Jesus. Amém.
Eu noto que algumas lágrimas brotam nos olhos da Lu, deixando-os ainda mais brilhantes e uma vontade imensa de abraçá-la toma conta de mim. Tudo o que eu quero é que ela se sinta amada e acredite que tudo vai ficar bem.
Naquele momento como se todos estivessem sincronizados na mesma fiação, a banda começa a tocar Oh My Soul, uma de suas músicas mais famosas e que reflete bem esse momento. Abro os olhos e noto algumas fileiras a nossa frente que alguns rostos estão virados em nossa direção entre eles Ludmila e Murilo, que eu nem tinha visto chegarem.
Faço um sinal com a cabeça para que tornem sua atenção para o palco e Ludmila me lança uma piscadela típica dela, sorrio e volto a fechar os olhos. Esse é meu momento com Deus e eu não quero permitir distrações, no refrão da música, ouço, mesmo em meio a milhares de outras vozes, a voz mais linda do mundo cantando.
"Oh, my soul
You are not alone
There's a place where fear
Has to face the God you know
One more day
He will make a way
Let him show you how
You can lay this down
'Cause you'renotalone".
Sempre amei essa canção, mas na voz dela fica incrivelmente mais bonita, fecho os olhos e acompanho a música, não tinha como não notar a garota linda que estava cantando ao meu lado, mas eu, assim como a Lu precisava focar na presença mais importante daquele lugar. Jesus. Sinto-me abraçado por aquela canção linda, estou tão entregue aquele momento de adoração que não percebo quando a música para. Lu puxa meu braço com delicadeza e eu envergonhado, paro de cantar.
Antes que pudesse me recompor daquele momento de êxtase outra música começa a tocar e ouço novamente a voz dela, mas dessa vez dirigindo-se a mim.
– Você tem uma voz bonita, porque não canta nos cultos?
– Só você para achar a minha voz bonita. Estou mais é para um cantor de chuveiro, ainda bem que Deus não ouve música, Ele ouve o coração, senão, eu estava perdido. – Digo rindo e completo. – Eu engano um pouquinho, quando toco violão.
– Minha mãe é professora de canto, então eu sei um pouco do que estou falando, e tem que parar de modéstia, você arrasa no violão, até parece que não vê os olhares apaixonados das meninas quando você está tocando.
De novo, me sobe aquele calorão no rosto e digo para ela.
– Você sim Lu, devia participar da Equipe de Louvor, parece um anjo cantando e arrasa no Inglês, você faz aulas desse idioma? Tem uma pronuncia tão perfeita. E me pego pensando... "Queria mesmo era ser notado por você, nenhuma outra menina me interessa, acho a maioria delas, superficiais e um tanto infantis, imaturas".
– Obrigada, e sim faço, ganhei uma bolsa na escola.
Outra música começa a tocar, dessa vez é a Who Am I.
– Não querendo ser intrometida, mas já sendo, o que você pensa em fazer da vida, quando se formar?
– Então, acabei seguindo a profissão dos homens da família, ou pelo menos de alguns. O pai da minha mãe era um grande mestre em edificações, era empreiteiro e fundou a Construtora Camargo, meu pai fez Engenharia e começou trabalhando para o meu avô e agora chegou a minha vez de continuar os negócios da família Camargo Olivar, segundo o meu pai, embora ele seja bastante jovem e não creio que se aposente tão cedo. Imagino que vamos trabalhar muito juntos, por muito tempo, se Deus quiser.
– E você Lu, quais são seus planos para o futuro?
– Acho bonito você querer seguir a carreira de seu pai, meu sonho é estudar Designer Gráfico, mas vou precisar de uma bolsa e de um milagre para me manter no curso.
– Você gosta de desenhar? Eu me arrisco um pouco, não sou nenhum Oscar Niemeyer, mas, até que faço uns riscos bem retinhos, meu pai diz que eu tenho um talento nato, mas, os pais elogiando, não vale muito, não é mesmo? Eles sempre acham a gente o máximo, minha mãe então, só vê qualidades em mim, umas que eu mesmo, não encontro. Mas, por que você diz que precisa de um milagre para fazer esse curso?
– Talvez, você precise se olhar com outros olhos. Quero dizer, você tem talentos, mas não os reconhece. No meu caso eu precisaria da bolsa, porque lá em casa apenas minha mãe trabalha, meu pai faz uns serviços avulsos, mas nunca traz dinheiro para casa, e eu faço uns bicos cuidando de umas crianças no bairro, mas, mesmo assim, é insuficiente.
– Qual a profissão do seu pai?
– Meu pai é mestre de obras, mas por conta de seu vício não consegue parar em emprego nenhum.
Eu respiro fundo e pergunto.
– Lu, agora quem não quer ser intrometido sou eu. Com que seu pai tem... Problemas? Se você não quiser falar, eu entendo perfeitamente.
Ela como se quisesse mudar de assunto começou a cantar o refrão da música que estava tocando no palco.
"Not because of who I am
But because what of you've done
Not because of what I've done
But because of who you are"
Eu acompanho nas partes que sei. Assim que termina o refrão ela, sem se virar para mim responde.
– Ele bebe muito, desde que...
Vejo seus olhos encherem de lágrimas e ela prossegue.
– Perdemos meu irmão mais novo em um acidente de trânsito. Desculpe as lágrimas, faz alguns anos, mas não é fácil tocar nesse assunto, ainda não tinha conseguido falar com ninguém.
Eu puxo o ar com força e momentaneamente alguns pensamentos cruzam a minha mente, temos uma história parecida, com perdas, vícios e eu também nunca me abri sobre isso com ninguém, nem depois da minha conversão. Tudo mundo, até na igreja, acha que somos uma família modelo, minha mãe cozinha bem demais e meu pai também se vira bem na culinária, tanto que os dois sempre são requisitados para os eventos na igreja.
Eles lideram um Grupo de Oração e eu toco no Louvor, sou bom nas gincanas bíblicas e como faço natação, sempre me envolvo com as provas físicas também, eu corro, sou alto, faço musculação, sou o "menino de ouro" da mamãe, o orgulho do papai, dizem que até, o motivo de oração de algumas meninas... Ah! Se eles soubessem... Fico numa guerra mental, não sei se vou saber me expressar direito, mas, pela Lu, eu estou disposto a colocar o dedo nas minhas próprias feridas e com a Graça de Deus, ser curado das minhas dores também e mostrar, que em meio a dor, a tristeza, Jesus é e sempre será o melhor caminho. Olho para cima, clamando em silêncio por sabedoria e para que Deus coloque as palavras certas na minha boca, abraço a menina de lado e digo.
– Lu, você pode achar estranho, mas, eu te entendo. Minha família quando chegou a Jesus estava arrebentada, minha mãe estava mergulhando numa Depressão profunda, meu pai estava saindo de casa e eu tinha crises constantes de Asma.
– Nossa Fer, eu não fazia ideia, eu acho que ninguém faz né? Eu oro tanto pra Deus libertar meu pai e restaurar a minha família.
– Tenha Fé e creia que o nosso Deus, é um Deus de milagres. Eu sou a prova viva disso. Sabia que eu sou fruto de um pecado e que quase morri?
– Disso eu não sabia.
Começa a tocar a música Nobody, como se alguém quisesse embalar aquele momento.
– Se isso te fizer sentir-se melhor, eu adoraria ouvir.
– Prometo ser sucinto, mas, preciso te contar uns detalhes. Bom, começando pelo meu nascimento, minha mãe me teve um pouco depois de fazer 16 anos, meu pai tinha 19, eles transaram uma única vez e aqui estou eu, pensa na fúria do meu avô, o poderoso Fernando Camargo?
– E como a sua mãe reagiu à notícia, aceitou bem? Porque normalmente algumas jovens que engravidam cedo, quando não tem o apoio dos pais, optam pelo aborto.
– Esse foi o meu primeiro livramento, meu pai ficou apavorado, ele estava namorando, escondido, a filha mais nova do patrão. E um escorregão, um único momento de bobeira e descuido, eu fui parar na barriga da mamãe. Ela era menor, meu avô denunciou o meu pai por Estupro Presumido, ele passou uns dias na cadeia e meu outro avô foi demitido da empresa, além do meu pai. Uma confusão só e as coisas não pararam por aí...
Até aquele momento não fazia ideia de que precisava desabafar, Lu me olha fazendo sinal para eu continuar a falar.
Eu sinto que a minha respiração está ficando entrecortada e isso não é um bom sinal, o local está cheio e o ar entrando pelas minhas narinas é muito quente. Digo a mim mesmo.
"Respira Fernando, respira. Com calma, devagar, como você sabe que tem que fazer". E vou inspirando profundamente e soltando devagar. Faço isso algumas vezes e percebo que o coração começa a bater compassadamente, mais tranquilo e digo a ela.
– Bom, para resumir a história, minha mãe, com o apoio da minha avó e da tia Diana, a mãe da Lud, enfrentou o meu avô, depôs a favor do papai, dizendo que ele não a forçou a nada, que ela sabia muito bem o que estava fazendo e estava disposta a enfrentar todas as consequências e que iria casar com o meu pai e ter aquele bebê.
– Nossa Fer, sua mãe foi muito valente, com tão pouca idade. Nem sei direito o que eu faria numa situação dessas. Claro, que jamais pensaria em abortar! É uma vida se formando, mas, isso é bem complicado, não é mesmo?
– Por isso que eu te falei que foi o meu primeiro grande livramento, mas, vamos fazer o seguinte, falamos mais disso em num outro momento, afinal, viemos aqui para adorar ao Senhor e nos divertirmos, certo? Não vou ficar te enchendo com histórias tristes, o importante é que você saiba que a partir de hoje, pode contar comigo, quando quiser conversar e com as minhas orações também, sei que Deus vai transformar tudo isso em benção Lu e Ele vai te usar para salvar sua família, pois, é uma promessa... "Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa". (Atos 16: 31) E você crê, não crê?
Como ela ainda estava segurando minha mão, eu coloco a outra sobre a dela e repito muito convicto.
– A partir de hoje, conte comigo, sempre Lu, sempre. Agora, hora da diversão!
Ela me responde, encostando outra vez a cabeça do meu ombro.
– Obrigada Fer, por se preocupar comigo e com a minha família. Você é um rapaz muito legal.
Toca outra canção e a galera começa a acompanhá-la com palmas e eu toco o ombro dela com o meu para incentivá-la a fazer o mesmo. Assim, nos deixamos levar pela música, eu prestando atenção na voz afinada dela e na pronuncia correta da letra.
E como está muito, muito quente no local, percebo pequenas gotas de suor brilhando na testa da Lu e pergunto.
– Está com sede?
Ela balança a cabeça afirmativamente e eu me ofereço para ir buscar algo para bebermos.
– Água, suco ou refri?
– Uma água, está ótimo. – E faz menção em colocar a mão no bolso da calça, mas, eu respondo prontamente.
– Essa é por conta da casa. Quer comer alguma coisa? Posso ver o que tem de lanche.
Ela então me olha com aqueles olhões cor de mel, tão expressivos, que colocam automaticamente um sorriso no meu rosto.
– Fer, eu não quero abusar, sei que você já deve ter ajudado a pagar o ingresso.
– Senhorita Santos. – Digo divertido. – Deixe a dona Deise feliz, sabendo que eu sou um cavalheiro, sem falsa modéstia, pois ela me educou muito bem.
A Lu sorri tão linda, que me deixa bobo. E penso... "Arrasou de novo Fernando, é assim que se trata uma menina, como uma dama, como diz a sua sábia mãezinha, garoto".
E saio dali com um sorriso enorme no rosto.
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