Capítulo 1
Fernando
Saio do banheiro cantarolando a música Eu nasci de novo, do Diante do Trono. Paro na frente do espelho enxugando o meu cabelo e pensando no que vou vestir. Deixo a toalha molhada em cima de uma cadeira. Minha mãe me pega, se eu deixá-la em cima da cama, como faz o meu pai, às vezes. Abro o armário e escolho uma calça jeans preta e uma camiseta branca que diz: Céu - Prefiro subir quadrado do que descer redondo.
Hoje é uma noite muito especial para mim, eu convidei a Luciana para ir ao show da Banda Casting Crowns e ela aceitou. Nós nos conhecemos no Retiro de Carnaval, que a igreja promove todos os anos nessa data e a Lu, como eu a chamo carinhosamente, foi a convite da minha prima Ludmila. Nesse evento, ela aceitou Jesus como seu Senhor e Salvador e começou a participar do Grupo de Jovens da igreja.
A Lu é uma menina linda, loirinha, com os cabelos cacheados e usa um par de óculos redondo de aro preto, que a deixa com um ar de intelectual, que eu amo. Ela tem os olhos cor de mel mais lindos desse mundo.
Pego um sapatênis preto, com o solado branco e calço. Paro de novo em frente ao espelho e seco mais um pouco o cabelo, coloco um pouco de gel, ajeitando bem a frente, deixando um topete discreto. Capricho no perfume, passo um creme de toque seco nas mãos, confiro as unhas, estão limpas e bem cortadas. Abro outra porta do armário e pego minha jaqueta de couro preta.
Já sei que minha mãe vai me dizer para levar um agasalho e fazer todas as recomendações possíveis e imagináveis que todas elas fazem quando a gente sai, mas, eu não acho ruim não, pelo contrário, sei que ela se preocupa muito comigo, mesmo eu sendo um rapaz de 18 anos.
Eu sou filho único e como minha mãe sempre diz, sou o tesouro e a herança, concedida por Deus, que ela faz questão de cuidar e zelar muito bem.
Ela diz que quando chegar ao céu e Deus perguntar pela sua herança, vai sorrir, toda orgulhosa e dizer.
– Aqui está o meu maior tesouro, o meu filho Fernando, um homem de Deus, lindo, obediente e temente ao Senhor.
Eu sempre dou risada e digo.
– Menos mãe, um pouquinho menos.
Assim, parece que sou a imagem da perfeição e sinto que me falta tanto para ser isso tudo.
Dou a última conferida no visual e sorrio para mim mesmo, em aprovação.
Saio do quarto chamando por ela.
– Mãe, mãezinha, cadê a senhora, dona Deise?
– Aqui meu amor. Estou assistindo um filme, enquanto espero seu pai chegar.
Vou em direção à sala, e encontro-a sentada em nosso amplo sofá bege.
– Eu já estou pronto, mas, se a senhora quiser, espero o papai chegar. O show só começa às 21hs e sempre tem um atraso.
– Não Nando, não precisa esperar. Seu pai não deve demorar mais que meia hora para chegar.
– Tem certeza mãe, eu falo com a Lu, que vou passar na casa dela um pouco mais tarde, sem problemas.
– Já disse que não precisa meu tesouro. Não vá chegar atrasado ao seu primeiro encontro. – Fala sorrindo.
– Mãe, a senhora também? Isso não é um primeiro encontro. Eu só convidei a Lu para ir comigo ao show, quero dizer, eu me ofereci para ir buscá-la em casa e ela aceitou, mas a Lud vai com a gente. Não comece, por favor. Já basta o papai e o Murilo, que ficaram me tirando por isso, a semana inteira.
Minha mãe continua sorrindo e diz.
– Pois, se eu fosse solteira hoje em dia, não ia perder uma jóia dessas. Eu ia era colocar meus joelhos no chão e clamar a Deus por alguém como você, meu menino de ouro.
E eu respondo sorrindo também.
– Menos mãe, bem menos.
– Está certo então. Fernando juízo, lembre-se que ela poderia ser sua irmã. Trate-a respeito.
Eu continuo rindo, sei que ela vai começar com as recomendações.
– Mãe, eu nem tenho irmã, esqueceu?
E ela continua agora mais séria.
– Então finja que você tem. Seja cavalheiro, respeitoso e educado. Mostre a ela, o homem de Deus que você é, meu amor.
Eu brinco com ela, batendo continência, como um soldado.
– Sim senhora, dona generala!
– Fernando Camargo Olivar, mais respeito com sua mãe, menino! Você sabe muito bem do que eu estou falando, certo? Saia divirta-se, aproveite bem a sua juventude, só não cometa os mesmos erros que eu e o seu pai, filho.
Nesse momento, eu me sento ao seu lado e a abraço forte.
– Pode deixar mãe, eu vou me comportar muito bem com a Lu. Ela é uma menina maravilhosa, não vou fazer nada de mau, além do que, toda a galera da igreja vai estar nesse show, inclusive os pastores e combinamos de ficarmos todos juntos. Até marcamos um ponto de encontro e depois que o evento acabar, vamos juntos fazer um lanche, então, não precisa ficar acordada me esperando.
– Sei...Todos vocês dizem isso e falando em cuidado, dirija com atenção e vá devagar, por favor, meu tesouro.
– Sim mãe, atenção ao volante e sem pressa. – Ela sempre me diz isso. – Já vou indo.
– Nando, saiba ir e saiba voltar.
– Eu sei mãe, eu sei. Ore comigo? Abençoe-me antes que eu saia.
– Sim, meu amor, meu filho precioso.
Depois da oração, beijo minha mãe, pego o meu carro na garagem, presente por eu ter passado no vestibular de Engenharia Civil e saio rumo à casa da Luciana.
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