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Robby havia terminado de passar base e corretivo para tentar disfarçar a marca da noite anterior, e estava esperando pelo horário da chegada de Miguel para levar Silver ao trabalho. Ia ser o momento de pedir desculpas e ele estava muito nervoso, com medo de Miguel dizer a coisa errada e botar os dois em problemas. Não teria como avisá-lo, ia ter que contar com a sorte. O marido estava aguardando ao seu lado na varanda, como uma cobra pronta para dar o bote.

"Você está lindo hoje, Robert." O mais velho disse com a voz baixa e tocou o rosto de Robby com as mãos. Passou dois dedos em seus lábios e depois os usou para esfregar a maquiagem perto da boca, sem nem disfarçar sua intenção. Robby o xingou mentalmente, parecia que o desgraçado se orgulhava do que havia feito.

Miguel chegou de bom-humor ao trabalho, e mal sabia que não iria durar muito. Para sua surpresa, Robert estava esperando ao lado de Silver. Miguel até se perguntou se ele iria junto, até notar que algo estava acontecendo. Silver parecia tranquilo, mas Robert estava de cabeça baixa, olhando para o chão e torcendo as mãos nervosamente no colo.

"Bom dia, Diaz. Pode se sentar um minuto? É só uma conversa rápida antes de irmos." Silver disse, na voz mostrava uma mistura misteriosa de emoções.

"Claro. Bom dia." Miguel sentou, desconfiado.

"Robert tem algo a dizer, não é, querido?"

Miguel olhou para o mais novo e ele finalmente levantou a cabeça e o encarou, havia uma marca bastante clara em seu rosto, o canto da boca ferido pelo que parecia ser um anel. Miguel olhou instintivamente para a mão de Silver e notou o anel em formato de cobra no dedo médio. Foi tomado por uma sensação de raiva e indignação tão forte que ficou surpreso. Não importava sua opinião sobre o casal e seu estilo de vida, não importava se achava que Robert era golpista ou interesseiro. Nada justificaria Silver bater nele. Miguel pensou na mãe e em como ela teve que fugir do próprio país para se livrar de seu pai e do medo que ela e a avó tiveram que enfrentar.

Sua vontade imediata era proteger Robert e enfrentar Silver. Mas infelizmente sabia que a vida era mais complicada que isso e que provavelmente Robert não iria aceitar ajuda, ele devia estar conformado com isso. Talvez valesse a pena para ele aguentar esse tipo de coisa em troca da mansão, motorista, roupas e vida luxuosa. Não era problema de Miguel e ele não seria capaz de resolver a situação, então se resignou a apenas fingir que tudo estava bem.

"Me desculpe, Diaz." Robby disse com um olhar intenso e a voz firme. "Eu não devia ter insistido pra você me levar pra praia ontem e nem ter feito você se distrair e esquecer de avisar que ia sair. Eu estava muito animado pra ir e não pensei direito. Prometo não fazer isso de novo." Ele terminou e Miguel não sabia se estava conseguindo disfarçar a surpresa que sentia. Por que raios ele havia mentido sobre isso? E será que Silver tinha batido nele por achar que a culpa era dele de ter ido para a praia sem ele saber? Miguel sentiu a culpa corroer seu estômago ao saber que, por mais que ele se dignasse a essa humilhação, essa violência específica havia sido causada por um ato seu. Ele não queria de modo algum ser a causa do sofrimento de alguém, fosse quem fosse.

"Eu não queria causar problemas." Robby completou.

"Tudo bem, Sr Robert. Obrigado pela consideração." Miguel disse, tentando manter a voz neutra. Estava realmente tocado pela atitude dele de evitar que fosse culpado e, certamente, demitido. Lembrou de como Robert havia ficado nervoso quando soube da surpresa e pedido a ele para desistir da ideia, provavelmente já sabendo que iria pagar por aquela escolha inconsequente que nem era dele. Miguel se recriminou por não ter respeitado o pedido dele, mesmo que tivesse boas intenções, prometeu a si mesmo que pediria desculpas sinceras a ele por ter ignorado sua vontade e feito com que se machucasse.

"Muito bem. Tudo resolvido, podemos ir. Até mais tarde, querido." Silver disse e deu um beijo na bochecha marcada, com um sorriso venenoso no rosto que fez Miguel se sentir enojado. Levou o homem ao trabalho e teve que se controlar o caminho inteiro para não dizer nada inapropriado. Silver tinha um olhar ferino e Miguel tinha certeza que ele havia percebido seu esforço. Quando estava chegando à empresa e estacionando na vaga exclusiva, o patrão finalmente se manifestou, com a voz calma e satisfeita. "Não se preocupe, Diaz. Não vai acontecer de novo. Sei como fazer Robert andar na linha." Depois de dizer isso, abriu a porta ele mesmo e saiu do carro, deixando Miguel perplexo.

Quando o motorista voltou à mansão, encontrou Robert pronto para seguir com sua rotina habitual. Era dia de ir à clínica, visitar quem quer que fosse. Miguel estava tão chateado e frustrado com toda a situação que nem tinha curiosidade de saber quem era o paciente naquele momento. Abriu a porta de trás para o patrão e a fechou, adentrando o carro e dando partida imediatamente. Queria dizer tanta coisa, mas sabia que devia se controlar. A única coisa que tinha certeza que sairia de sua boca, era o pedido de desculpas que se seguiu.

"Me perdoe, Sr Robert. Eu devia ter ouvido quando você disse que não queria ir, jamais deveria ter insistido ou desrespeitado sua vontade. Não queria te causar nenhum problema." Miguel disse, profundamente arrependido.

"Tudo bem, Diaz. Eu estava mesmo precisando relaxar um pouco e eu me diverti muito. Infelizmente não podemos ter tudo." Ele disse com um suspiro triste. Miguel se mordeu para não dizer tudo que pensava e criticá-lo por tratar a situação como se fosse normal. Sabia que só iria afastá-lo mais. Talvez pudesse conversar com Tory, ela certamente o daria bons conselhos de como agir. Também queria saber se ela estava a par da situação e como lidava com isso porque se tinha uma coisa que ela não possuía era sangue de barata.

Parou em frente à clínica e desligou o carro, já pronto para a longa espera. Antes que Robert saísse, perguntou: "Por que disse que a ideia foi sua?"

"Você ia ser demitido se eu falasse a verdade." Robert confirmou sua suspeita.

"Seria minha própria culpa por ter sido um idiota. E que diferença isso faria pra você?" Miguel questionou.

"Você é teimoso e fofoqueiro, Diaz." Robby disse e Miguel abriu a boca em surpresa pela sinceridade. "Mas é uma boa pessoa. E eu quis retribuir por você ter pensado em algo pra fazer eu me sentir melhor."

"Obrigado. Eu me senti mal por te causar problemas." Miguel disse.

"Tudo bem. Só me pergunte da próxima vez, certo?" Robby disse.

"Claro. Desculpe. Boa visita na clínica." Miguel disse e não pôde deixar de perceber a tristeza na expressão do outro, o sorriso melancólico que lhe deu ao sair do veículo. "Você pode esperar lá na recepção, se quiser. É mais confortável e eu vou demorar." Robby disse e Miguel aceitou, seguindo o mais baixo através das portas da clínica pela primeira vez. Não era absolutamente o que esperava. O ambiente não era branco e estéril como seria em qualquer hospital, repleto de cadeiras iguais para uma fila enorme de pacientes a serem atendidos. Era uma recepção espaçosa, com poltronas confortáveis e móveis de madeira, as paredes em um tom de bege claro que era tornado mais confortável aos olhos pela iluminação quente.

Miguel se sentou em uma das poltronas e observou Robert conversar com a recepcionista como velhos conhecidos, depois colou um papel em sua blusa e seguiu para uma porta que levava a alguma área externa à qual Miguel não tinha acesso. Estava ainda mais intrigado, a conversa bem sucedida com Robert havia feito sua curiosidade retornar. Se aproximou do balcão e viu discretamente o nome da clínica em um dos papéis. Quando se sentou novamente, não perdeu tempo em pesquisar do que se tratava. Uma casa de repouso. Novamente, um local exclusivo, caríssimo, com diversos tipos de terapia, acompanhantes individuais, uma área externa ampla e com contato com a natureza, até piscina aquecida o bendito lugar tinha. Miguel estava se coçando para encher a recepcionista de perguntas, de trabalhador para trabalhador, mas ela conhecia Robert há tempos e provavelmente diria a ele que o motorista fofoqueiro tentou interrogá-la.

Miguel esperou por volta de 3 horas na recepção até Robert voltar, se despedir da recepcionista e chamá-lo para irem embora. Ele estava como sempre que saía da clínica, triste e desanimado, com os olhos vermelhos como se tivesse chorado e ainda mais calado que o normal. "Pra casa, Sr Robert?"

"Me faz um favor, Diaz. Não me chama de Robert."

"Você prefere Silver?" Miguel perguntou, cauteloso e se surpreendeu com a risada amarga que o loiro não conseguiu conter.

"Robby."

"O Sr Silver não vai se incomodar?"

Robby queria dizer que não se importava. Que Silver podia ir se ferrar. Mas não estava louco ainda.

"É só você não me chamar assim na frente dele. Ou dos outros funcionários dele."

"Certo, Sr... certo, Robby." Miguel se surpreendeu ao receber um sorriso satisfeito apenas por usar o nome que ele preferia. Era engraçado como era fácil agradar ele, não era o que esperava de alguém desse tipo. Resolveu aproveitar que estavam começando a se dar bem e oferecer algo em troca também. "Você pode me chamar de Miguel, se preferir."

"Obrigado, Miguel."

Miguel voltou à mansão e foi buscar Silver, no trabalho, depois foi avisado de que poderia voltaria a trabalhar apenas na segunda. Recebeu o salário da primeira semana e lembrou rapidamente por que havia aceitado aquele emprego, nunca tinha nem pensado em ganhar tão bem.

Chegou em casa e revisou os planos para o fim de semana, iria à praia no sábado de manhã com Hawk, Sam e Demetri. À noite, provavelmente arrumaria um encontro para ir. No domingo, iria almoçar na casa da mãe e da avó, depois iria ao parque com Tory e o irmão dela. Ele estava realmente muito feliz por estarem conseguindo se ver com mais frequência. Na manhã seguinte, Sam disse que queria que Anthony, seu irmão mais novo, socializasse com mais crianças da idade dele. Miguel mandou uma mensagem para Tory e perguntou se ela se importaria se ele convidasse Sam e o irmão dela para irem ao parque com eles, já que Brandon e Anthony tinham a mesma idade. Tory disse que não e que seria ótimo para Brandon ter mais alguém com quem se divertir. O sábado estava chegando ao fim quando Miguel pensou no trabalho pela primeira vez no dia. Foi a um encontro com uma moça que conheceu no Tinder e tiveram uma ótima conversa e aproveitaram bem a noite, mas ele soube imediatamente que gostaria de manter apenas uma amizade. Piper era bonita e divertida, mas ele passou boa parte do tempo distraído e não queria iludi-la. Ela aceitou bem a ideia de manter uma amizade e até aceitou sair com alguns amigos dele para uma festa na semana seguinte.

Robby odiava sábados. Não via a mãe, nem Kenny, nem visitava o túmulo do pai. Nem podia ficar quieto no quarto lendo, escrevendo, vendo filmes ou ouvindo música. Tinha que aturar Silver se intrometendo no seu treino no dojo, depois almoçar com ele, e toda maldita tarde havia alguma festa com dezenas de clientes, sócios e outros contatos. Metade deles fazia alguma coisa irregular ou ilegal e se achava incrível por usar a riqueza para burlar as leis. Ficavam puxando o saco de Silver porque ele era rico e influente e Robby tinha que se comportar bem e fingir que não queria que um meteoro caísse ali e explodisse todos de uma vez. A tarde era passada com queijos e vinhos e outras comidas de rico perto da piscina, pessoas desfilando em roupas de banho caríssimas. Quando o sol começava a se pôr, ao invés de irem embora e o deixarem ter paz, trocavam a piscina pelo lounge e se dedicavam a beber, dançar, jogar sinuca e falar sobre assuntos absolutamente fúteis.

Robby disse que ia pedir a Tory para fazer um suco especialmente para ele e foi à cozinha. Não era a primeira e nem a última vez que ele usava uma desculpa qualquer para se esconder lá e recuperar um pouco da sanidade. Sentou em um dos bancos da cozinha grande e moderna, respirando aliviado ao ver o cômodo quase vazio. Tory o cumprimentou e perguntou se ele queria alguma coisa, ele agradeceu e recusou. Só queria um pequeno intervalo, um descanso. Ele perguntou como ela estava e ela contou sobre a mãe que estava doente, sobre o irmão e como estava indo na escola, sobre como queria conhecer alguém interessante mas não tinha paciência para ir a festas ou usar aplicativos de encontros. Contou que estava feliz por ter se reconectado com Miguel, de quem era muito amiga, e que iria ao parque com ele e com uma amiga dele no dia seguinte, como seria bom para seu irmão ter uma criança da idade dele para brincar. Robby perguntou se essa amiga seria na verdade algum interesse romântico do motorista e logo em seguida se sentiu estranho pela curiosidade. Não sabia por que se interessava em saber da vida amorosa de Miguel. Tory disse que com certeza não era, pois ele havia marcado um encontro com outra pessoa para o sábado a noite e Robby sentiu um frio no estômago que o fez ficar preocupado.

Sabia muito bem o que era sentir ciúme, claro. Havia sentido ciúme da mãe, dos amigos, de uma ou outra paixonite adolescente. Nunca havia sentido ciúme de Silver. Toda vez que alguém se aproximava dele e parecia tentar seduzi-lo, Robby sentia ao mesmo tempo medo de que ele se apaixonasse e se separasse dele e esperança de que ele achasse outra pessoa por quem se sentisse mais atraído e deixasse Robby em paz. Mas nesse momento, conversando com Tory, sentiu uma leve pontinha de ciúme, um desejo de que ele pudesse ser a pessoa do tal encontro. Ficou tão alarmado com esse pensamento que se despediu rapidamente da garota e preferiu voltar para a festa a continuar pensando no assunto. Não iria negar que havia achado o moreno atraente e charmoso desde a primeira vez que o viu, não era cego. Mas admirar de longe era uma coisa, desejar a atenção dele era outra muito diferente e bem perigosa.

Robby voltou para a festa e foi abordado pelo marido e um de seus amigos, Dennis, dono de uma grande marca de roupas que explorava trabalho escravo na Ásia para baratear seus produtos e lucrar. Ele e Silver riam como se fossem gênios ao falar desse tipo de estratégia comercial e Robby morria de raiva. Ele sempre fazia comentários sugestivos sobre Robby e as reações de Silver variavam entre sentir ciúme e repreendê-lo quando estava num dia ruim ou se vangloriar do que tinha e se juntar a ele nos elogios quando estava num dia bom. Robby sinceramente não sabia qual dos dois o fazia se sentir pior. Aquele sábado estava sendo um dos dias bons e ele só queria sumir. Era um alívio saber que Silver não estava possessivo o suficiente para querer marcar território e depois puni-lo por chamar atenção demais, além de se livrar da tensão marcando seu corpo com mordidas e arranhões. Mas também odiava a forma como falavam dele, como se ele fosse um brinquedinho e não uma pessoa. Era degradante e ele odiava ter que se submeter a isso e fingir que não o incomodava.

O domingo veio e ele só queria descansar, mas Silver queria ir almoçar no maldito country clube que Robby odiava e depois jogar golfe. Era um mar de tédio e frivolidades. Robby às vezes conseguia se livrar das conversas enfadonhas e se refugiar na biblioteca do clube, mas só quando Silver estava excepcionalmente permissivo. Depois dos acontecimentos da semana, Robby sabia que não teria chance. Ia ter que assistir às partidas intermináveis e fingir se importar, junto com esposas, namoradas e amantes de outros senhores ricos. A conversa era basicamente sobre o que tinham feito naquela semana com a quantidade exorbitante de dinheiro que tinham disponível. Viagens, compras, hobbies caros, o que fosse. Robby não tinha interesse em ouvir e nada a acrescentar, então só ficava ali, pensando no que preferia estar fazendo se pudesse.

Miguel encontrou Tory, Sam, Brandon e Anthony no parque e considerou o dia uma vitória. Os dois meninos se deram suficientemente bem para brincar juntos sem brigas ou grandes problemas, e Sam e Tory conversaram muito e pareceram muito felizes em terem se conhecido. Miguel lembrou de Tory se lamentando por estar sozinha e pensou que talvez elas pudessem tentar ir a um encontro, parecia haver química para isso. Ele ia bancar o cupido, obviamente. Poderia até se oferecer pra cuidar de Brandon, se Tory precisasse. Estava distraído vendo os meninos brincarem quando Tory chamou seu nome e ele virou para ver as duas o olhando com expectativa. Perguntou do que elas estavam falando e Tory disse que queriam saber do encontro da noite anterior. Ele disse que infelizmente ficaria só na amizade, mas que talvez apresentasse Piper a Moon, achava que as duas se dariam muito bem. Sam riu e perguntou quando ele ia parar de flechar os outros e arrumar alguém para si mesmo e ele disse que não lembrava da última vez em que tinha se interessado por alguém daquela forma. Lembrou vagamente de como vinha admirando Robby nos últimos dias e de quantas vezes pensava em quão lindo ele era, mas achou que era melhor nem pensar nisso, muito menos admitir. Nada de bom sairia desse tipo de pensamento e Miguel era grandinho demais para brincar com fogo.

Na terça de manhã, lá estava Miguel brincando com fogo e nem era culpa sua. A segunda havia sido como todas as outras, levou Silver ao trabalho e Robby à clínica. Passou o dia se sentindo meio fora-da-lei chamando Robby de Robert perto de Silver e de Robby longe dele. Mas quando o dispensou, Silver disse que Robby teria algumas coisas para fazer na manhã seguinte e que Miguel devia levá-lo. Então, depois de deixar Silver na empresa, buscou Robby e o levou para um centro de estética. A cara do outro era de profundo desagrado e Miguel não conseguia imaginar por que ele iria lá se odiava tanto. Ficou lá esperando enquanto ele fazia tudo que tinha ido fazer, unhas, depilação, sobrancelha, cabelos, tratamentos de pele. Miguel estava morrendo de tédio e não aguentava mais jogar candy crush e ouvir as fofocas de gente que ele não conhecia. Claro que acabou prestando atenção em algumas e até comentando, mas só porque o tédio estava muito grande.

Quando Robby finalmente saiu, Miguel quase deixou o celular cair no chão. Se ele já era lindo naturalmente, de cabelo, unhas e sobrancelhas feitos e pele recém tratada, ele parecia um deus. Ele pagou os procedimentos, agradeceu e saiu com Miguel atrás dele como um cachorrinho obediente e babão. Ainda bem que ele estava impaciente o suficiente para não notar a reação inapropriada, Miguel pensou.

"Miguel, vamos tomar sorvete?" Robby propôs e Miguel se lembrou do dia da praia, hesitando. "Não se preocupe, seu patrão já sabe. Ele disse que eu podia fazer o que quisesse se viesse aqui hoje."

O primeiro pensamento de Miguel foi quão inocente era o desejo de tomar sorvete. Quer dizer, se ele podia fazer qualquer coisa que quisesse, e essa era a escolha, era até fofo.

"Certo, algum lugar específico?"

"Você conhece algum?"

Miguel quase riu. Claro que conhecia, amava sorveterias, mas era outro tipo de ambiente. Tentou se imaginar tomando um daqueles sorvetes caríssimos que os ricos compravam e quase gargalhou de tão surreal que pareceu.

"Acho que não frequentamos os mesmos tipos de lugar, Robby." Ele ousou brincar.

"Eu me diverti muito na praia aquele dia. Confio no seu bom gosto." Robby disse e parou ao lado do carro, esperando Miguel abrir a porta. Foi assim que ele entendeu que ele é que ia decidir para onde iam. Sentiu um leve nervosismo, a alegria de poder tomar a decisão e tentar agradar o loiro, ao mesmo tempo em que não queria escolher errado e decepcioná-lo. Bem, pelo menos ia tentar.

Levou Robby à sorveteria que Aisha havia lhe apresentado. Não era um lugar caro, mas era de qualidade. E tinha sorvete de doce de leite, seu preferido que ele obviamente recomendou a Robby e ficou feliz em saber que ele nunca havia provado. Aparentemente, Silver era mais da cozinha europeia e asiática que fã de cultura latinoamericana. Miguel ficou orgulhoso em poder apresentar algo novo a alguém com tantos recursos. Robby amou o sorvete e Miguel amou ver Robby contente. Ele comia com alegria e sem frescura, até lambeu o dedo quando um pouco do sorvete derreteu e sujou sua mão. Miguel estava pronto para admitir que havia julgado Robby mal, pelo menos em algumas coisas.

Quando terminaram de comer, Miguel queria pagar sua parte e Robby não deixou, dizendo que nunca gastava com nada e que desta vez valeria a pena. Miguel guardou essa informação para mais tarde. Robby se aproximou do balconista e perguntou gentilmente se havia um banheiro para ele lavar as mãos, rindo baixinho ao lembrar dos dedos grudentos de saliva e sorvete. O balconista disse que sim e Miguel disse que sabia onde era, se oferecendo para mostrar a ele. O banheiro era pequeno e individual, então Miguel ficou esperando do lado de fora enquanto Robby entrou. Quando Robby saiu, ficou esperando na porta por Miguel. Miguel entrou, lavou as mãos e aproveitou para ajeitar o cabelo que estava levemente despenteado. Saiu e deu de cara com Robby esperando, encostado na parede. Mal havia espaço para duas pessoas ali e a proximidade era algo inédito para eles. Percebeu que Robby era muito cheiroso, não daquele tipo de perfumes caros, mas seu cabelo cheirava bem e Miguel tinha certeza que o resto do corpo também seria assim. Tentou parar de pensar e acabou apenas tendo um branco e encarando o outro sem saber o que dizer.

Robby notou que Miguel estava distraído e o encarando e honestamente não sabia o que dizer. Não lembrava de já ter vivido algo assim, esse tipo de tensão. Estava nervoso e não sabia se queria fugir ou chegar mais perto. Acabou só encarando de volta e torcendo para Miguel tomar alguma atitude, qualquer uma. Claro que sabia que não devia nem pensar nisso, que era extremamente arriscado e que devia sair dali naquele instante, mas naquele minuto só queria ver o que ia acontecer se se permitisse viver um pouquinho fora do script. Continuou encostado na parede, com Miguel entre ele e a saída.

Miguel chegou o mais perto que ousou sem cruzar o limite do respeito e olhou para baixo, diretamente para os lábios do outro. Eram rosados e cheios e provavelmente ainda estavam com gosto de sorvete. Miguel queria saber como seria a mistura entre o sabor de doce de leite e o de Robby.

Robby sabia que Miguel não ia fazer nada. Ele não iria arriscar um emprego estável e bem pago para dar um simples beijo em alguém tão complicado. Ele era incrivelmente atraente, devia ter uma fila atrás dele, não ia arrumar problema por tão pouco. Mas se Robby tomasse a iniciativa, ele podia viver o momento uma vez e depois fingir que nada tinha acontecido. Tinha certeza que Miguel não ia se importar muito. Era só um beijinho, ele não ia perder nada com isso. Robby botou as mãos ao redor dos ombros de Miguel e o puxou para mais perto, seus rostos praticamente se tocando. Olhou bem no fundo dos olhos dele, como se o desafiasse a se afastar, mas ele não o fez. Então envolveu uma mão na nuca e a outra nos cabelos cheios e cacheados, juntando suas bocas.

Miguel ficou chocado quando Robby o puxou para si, mas não ia perder a chance. Se ele estava disposto a conhecer alguém em aplicativos e tentar um encontro sem tanta intimidade, não ia negar um beijo a alguém por quem já sentia atração. Sabia que Robby ia fazer tudo para que aquela informação morresse ali e não precisava se preocupar com isso. Ia deixar ele ter o momento dele e aproveitar, depois voltar à rotina normal e esquecer do que tinham feito. Envolveu o mais baixo pela cintura e o pressionou contra a parede enquanto aprofundava o beijo, confirmando o que havia pensado sobre a mistura deliciosa de sabores. Queria morder aqueles lábios deliciosos, mas sabia que não podia deixar marca alguma. Não podia ter um fio de cabelo fora do lugar. Miguel nunca gostou da sensação de fazer algo proibido, sempre tinha sido um bom menino e depois um cara certinho. Mas naquele momento estava mandando tudo pelos ares. Quando se separaram para respirar, Miguel ignorou a vontade de beijar e morder o pescoço de Robby e apenas o pressionou mais forte contra a parede e a simples fricção entre seus corpos fez Robby soltar um gemido baixo.

Robby percebeu que estava perdendo o controle quando Miguel o pressionou contra a parede e ele gemeu ao sentir o corpo forte contra o seu. Isso fez com que ele tivesse noção do que estava prestes a fazer e pensou em se afastar, mas não conseguiu. Apenas se entregou ao momento e beijou Miguel novamente. Ia deixar para pensar nas consequências mais tarde.

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Obrigada a quem estiver aqui 💙

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