14/20
Tory atendeu o telefone e demorou para reagir, era como se estivesse falando com um fantasma. Deu uns belos gritos no ouvido de Miguel pelo susto que levou, depois contou a ele que Silver – e Robby – achavam que ele estava morto. Depois de chorar no ombro de Tory ao saber que Robby tinha sumido e receber de volta uma promessa de que seria avisado sobre qualquer novidade, Miguel se sentiu profundamente desamparado pensando no quanto Robby deveria estar sofrendo e se sentindo sozinho e abandonado.
Ele queria deixar um bilhete com Tory para provar que estava vivo, mas não queriam arriscar serem descobertos por Silver. Robby teria que acreditar na palavra dela, quando fosse encontrado. O próximo passo era conversar com Daniel e descobrir o que havia acontecido com Shannon, e Miguel ligou para ele assim que Tory foi embora.
Daniel disse que o detetive havia descoberto ligações suspeitas entre Silver e a clínica e sugeriu que talvez eles não estivessem realmente ajudando-a, mas mantendo-a refém. Se não conseguissem tirar ela de lá por bem, teriam que recorrer a meios alternativos. Miguel quase riu em choque ao ouvir Daniel sugerir sequestrar uma paciente, mas na situação em que estavam, poucas coisas eram inaceitáveis. Daniel disse que contataria dois amigos no exterior para ajudá-los e pediu a Miguel que tivesse apenas mais um pouco de paciência.
–
Robby passou o dia todo jogado na cama, chorando e se arrependendo de ter voltado para a mansão. Silver estava mantendo sua mãe em coma de propósito e ele estava ali, sem poder fazer nada. Se tivesse tentado fugir, talvez as coisas estivessem melhores. Mas não adiantava chorar pelo leite derramado, só o que podia fazer era pensar em alguma forma de sair dali. Mesmo que seu coração estivesse totalmente partido, ele não podia desistir. Agora que estava preso ali, nem teria mais notícias de Kenny, a não ser que Silver o deixasse entrar em contato, mas não acreditava em tamanha generosidade… não de graça. Podia sentir o incômodo constante do plug e quando precisou retirá-lo para ir ao banheiro e tomar banho, soube que usá-lo o tempo todo seria bastante desconfortável, já podia sentir a pele irritada. Tentava nem pensar na coleira para não enlouquecer de vez.
Silver retornou à noite e tinha uma bandeja e uma bengala em suas mãos. Deixou-as naquela estrutura que Robby achou que lhe serviria como mesa e chamou-o para mais perto para que pudesse ver do que se tratava. Robby se aproximou, ainda em cima da cama, e Silver retirou a tampa de um dos recipientes, revelando alguns pedaços de peito de frango grelhado e alguns cubos de abóbora.
"Trouxe uma comidinha bem saudável pra você. Se você for bonzinho, vai comer direitinho hoje." Silver disse, com os olhos brilhando de malícia.
Retirou a tampa de outro dos recipientes e Robby se surpreendeu ao ver que não era comida, mas um arco de silicone com orelhas brancas e peludas que combinavam perfeitamente com a cauda que usava. Conhecia Silver o suficiente para saber que a humilhação estava apenas começando.
"Vem cá e abaixa a cabeça."
Robby estava enojado. Pensou em desobedecer, mas seu estômago estava doendo de fome, então se aproximou mais da beirada da cama e abaixou a cabeça para deixar o outro pôr o arco nela, completando sua fantasia. Pelo menos por enquanto.
"Muito bem! Bom menino. Pode descer, vem." Silver disse, se aproximando do canto do cômodo onde ficava o potinho de Robby e virando a comida dentro dele. Quando Robby se aproximou, o mais velho acariciou as orelhas peludas e seu cabelo, enquanto explicava o que esperava dele:
"Patinhas no chão. Se você tentar tocar com elas na comida, vou tirar seu prato e vai ficar sem nada até depois de amanhã, entendeu?"
Robby acenou afirmativamente e Silver não se deu por satisfeito. "Tsctsc, já te ensinei. Como você mostra que entendeu, Diaz?"
"Au", Robby disse, desanimado.
"Isso. Vá em frente." Silver tirou um dos sapatos e se sentou na beira da cama para observá-lo, sorrindo como se estivesse vendo um filme e se divertindo demais.
Robby se controlou para não usar as mãos instintivamente, apoiando os cotovelos no chão e arqueando a coluna para ficar na altura do pote. Esticou o pescoço e começou a morder e puxar para dentro da boca cada pedaço de comida, com dificuldade. Era realmente complicado e Silver o observava com atenção, em certo momento usando o pé descalço para acariciar as costas de Robby enquanto ele comia, fazendo com que todo o processo fosse ainda mais desconfortável, principalmente quando tocava cauda e fazia o plug se mover dentro dele.
"Uau, você leva jeito. Achei que ia se sujar todo da primeira vez." Disse, surpreso. Robby sentiu o rosto arder de vergonha, não podia acreditar que estava sendo tratado dessa forma.
Demorou bem menos para comer do que imaginava, apesar da dificuldade. Estava realmente faminto. Quando terminou e se ajoelhou perto do potinho, o que Silver considerava sua posição sentada, o mais velho disse que era a hora de servir a última surpresa da noite. Voltou até a mesa e bateu em sua perna, chamando Robby para ir até ele. Ele fingiu não entender, não queria que fosse tão fácil.
"Vem." Robby fez Silver ordenar verbalmente e considerou uma pequena vitória perturbá-lo.
"Lembra que te prometi um brinquedinho? Você foi bonzinho e comeu tudinho sem se sujar, então vai ganhar um agrado. É de borracha, próprio pra morder."
Silver abriu a última tampa e tirou de dentro um carrinho de borracha, jogando-o em cima da cama. "É pra você se lembrar dos seus pais e do motorista. Gostou?" Perguntou com um sorriso cínico.
Robby literalmente rosnou. Nem estava pensando em se manter no personagem, apenas deixou o som sair e expressar toda a raiva e repulsa que sentia no momento. Silver se levantou, pegou a bengala e levantou o rosto de Robby com uma mão. "Você estava indo tão bem. Mas tudo bem, ainda está aprendendo." Ele disse, pegando o objeto de madeira e golpeando com força a perna esquerda de Robby, que deixou escapar um grito de dor e surpresa.
"Seu maior defeito sempre foi ser ingrato. Vou perguntar de novo. Gostou do seu presente, Diaz?" Silver perguntou, pontuando a frase com outro golpe, dessa vez do lado direito da cintura do mais baixo.
"Au!" Robby choramingou.
"Muito bem. Eu vou fazer você aprender dessa vez, custe o que custar. Quando eu terminar você vai ser tão obediente e dócil… mal posso esperar, vamos nos divertir tanto!" Silver disse, acariciando seu rosto. Robby tentou resistir, mas não conseguiu, apenas deixou algumas lágrimas escaparem e Silver as recolheu, satisfeito.
"Precisamos de um código pra não. Acho que dois latidos funcionam. Vamos testar."
Silver se sentou novamente e chamou Robby para que se ajoelhasse à sua frente, entre suas pernas. Encostou a cabeça dele em sua coxa direita e voltou a acariciar as orelhas de pelúcia. "Você sabe que dia é hoje, querido?"
Robby sabia que tinha sido trancado na quinta, então era sexta. Mas não tinha certeza do dia do mês. Silver puxou seu cabelo, exigindo resposta. "Au." Disse, hesitante.
"Muito bem. Então você sabe que dia é amanhã… certo?"
Sábado. O maldito dia. "Au."
"Não sei se você está pronto para visitas, sabe. O que você acha?" Silver perguntou, quase bondosamente. Robby tinha certeza que era uma armadilha, mas se não fosse, ele não podia se arriscar a toa. Torceu para ser uma pergunta genuína. "Au, au".
"Que gracinha. Espero que esteja preocupado em causar uma boa impressão. Vou te dar uma chance, então. Se você preferir receber visitas, você late uma vez. Se você preferir ir dar um passeio na festa amanhã… duas vezes."
Robby levou mais tempo pensando do que deveria, mas Silver ficou calado e esperando. Qualquer escolha que ele fizesse o satisfaria, isso era certeza. "Claro que você vai estar exatamente assim. Aqui ou lá fora. Pensa direitinho."
Robby tentou ficar em silêncio, mas Silver apenas o golpeou nas costas com a bengala e disse que não escolher não era uma opção.
"Au!" Robby disse, finalmente. Silver seria insano o suficiente para levá-lo nu, fantasiado de cachorro e numa coleira para o meio de uma festa, e talvez Robby conseguisse uma chance de fugir, mas sabia que não chegaria longe. O mais velho estaria com atenção redobrada por ser a primeira vez. Se queria realmente sair dali, teria que ser paciente.
"Boa escolha, querido. Você vai poder sair quando estiver mais bem treinado. Agora, por que não brincamos um pouquinho?"
Robby ficou apreensivo ao pensar em que tipo de brincadeira Silver tinha em mente, e percebeu que ele aguardava uma resposta quando sentiu a maldita bengala golpear sua cintura. "Au!" Confirmou, dolorido.
"Bom menino. Vou te ensinar três comandos importantes hoje." Silver disse, se levantando da cama e rodeando Robby como um abutre faminto. "Dá a patinha." Ele disse, estendendo a mão direita para Robby. Ao não ser obedecido, ele suspirou irritado.
"Você está me desobedecendo demais, você vai acabar fazendo sua mãe pagar por isso." Disse, fazendo Robby arregalar os olhos e tocar a mão do mais velho com a sua. Silver segurou seu pulso e o puxou com força, fazendo com que perdesse o equilíbrio e caísse de cara no chão.
"Muito bem! Agora o segundo, pode ficar aí mesmo." Silver disse, cutucando o abdômen de Robby com o pé, dolorosamente. "Rola." Silver ordenou, sorrindo com maldade. Robby teve dificuldade achar uma forma de mudar de posição sem puxar a cauda e irritar ainda mais sua pele sensível, mas no final conseguiu fazer o que lhe foi mandado. Ainda sentia vontade de chorar com tanta humilhação, mas sabia que o sadismo de Silver se alimentava disso e resistiu o quanto pôde.
"Agora, o último…" Silver disse, rindo como um maníaco.
–
Daniel disse a Miguel que ele precisava se preparar pois o plano que tinha era muito arriscado, mas Miguel não imaginava que fosse ser algo tão elaborado. Quando ele mostrou a passagem de avião e avisou que o plano iria ser posto em prática no sábado, quando seus amigos chegassem, Miguel se sentiu orgulhoso, aliviado e amedrontado ao mesmo tempo.
"Você tem certeza que o Silver não vai se vingar do Robby por isso?" Ele perguntou, era o que realmente o preocupava.
"Tenho. Ele provavelmente nem vai deixar o Robby descobrir, senão ele perde o material de chantagem. Essa é a parte segura do plano. A parte complicada começa depois. Não cheguei lá ainda, preciso da sua ajuda."
"Como tirar o Robby de lá. Tory está me ajudando a reunir informações pra poder bolar um plano de resgate que não termine em morte e desgraça." Miguel disse, agoniado. "Precisamos falar com ele, preciso que ele saiba que não desistimos!"
"A Tory…"
"Ela não sabe onde ele tá. Só o Silver tem acesso a ele, por enquanto." Miguel grunhiu, puxando os próprios cabelos com os cotovelos apoiados no joelho, prestes a perder a cabeça.
"Se ele pelo menos tivesse alguém com quem falar…"
Miguel olhou para Daniel como se ele fosse o próprio Einstein. "Ele tem. Eu tenho certeza que se o Silver não tiver mais a mãe dele pra usar… o Kenny. Tive uma ideia! Preciso da Sam."
"Vou ligar pra ela. Não é perigoso, né?"
"Não pra ela. Mas é um lugar onde me conhecem, não posso ir lá, Silver saberia."
–
Silver atirou o carrinho de borracha para o outro lado do quarto. "Pega!" Ordenou, e Robby não aguentava mais isso, mas tinha acabado de ter a mãe ameaçada e não quis desobedecer novamente, então tentou ignorar as dores dos golpes e a vergonha e engatinhou lentamente até onde o brinquedo estava. "Já sabe, não pode usar as patinhas, querido."
Robby abaixou o corpo e pegou o objeto com a boca, na segunda tentativa. Ele caiu uma ou duas vezes até ele pegar o jeito e levá-lo até o mais velho, que apenas o atirou de novo, dessa vez no canto da cama perto da parede. "Sobe direito dessa vez, senão vou fazer você descer e tentar de novo."
Robby se esforçou para subir do chão para a cama sem ficar em pé, para a diversão e entretenimento do marido, que gargalhava a cada tentativa. Foi mais difícil ainda alcançar o carrinho e trazê-lo engatinhando na cama macia, sem perder o equilíbrio. Quando finalmente conseguiu, estava cansado mental e fisicamente, o que ficou claro em sua respiração pesada.
"Cansou? Tudo bem, vamos parar por hoje. Você foi bem, mas tem muito a melhorar. Amanhã você vai comer quando as visitas forem embora, então seja bonzinho." Disse, e ficou olhando para Robby com os braços cruzados até ele responder com o latido de costume. "Eu venho aqui antes te ajudar a se arrumar. Dorme bem, você vai precisar de energia." Sugeriu maliciosamente. "Boa noite, Diaz." Disse com deboche, dando um beijo repulsivo na testa de Robby e dando início a mais uma longa noite de tensão, desesperança e medo.
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Obrigada a quem estiver aqui 💙😊
E um alô pras rainhas sabotada pelo Wattpad, Lobinhaa297 e Kely_MikaelsonHale 🌹💖🤧
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