Um mundo novo
Balder teve um grande susto ao ver uma árvore com o rosto talhado em seu caule. No lugar dos olhos havia dois buracos profundos.
Balder: Por que aquela árvore tem um rosto humano talhado nela?
Tralfagir: Não é um rosto humano.
Balder: Como?
Tralfagir: Olhe de novo.
Balder olhou novamente e viu que aquele rosto estava vivo, respirava e até mesmo piscou.
Balder: É uma pessoa?
Tralfagir: Não são mais consideradas.
Balder: Como ela se tornou uma árvore?
Tralfagir: Ela não se tornou numa árvore, ela é um Reikans.
Balder: Reikans?
Tralfagir: As pessoas escondem isso, porque tem vergonha, eles eram humanos, mas foram modificados pelo reino Muniex para usarem eles na guerra. Eles se recusaram e fugiram, mas a aparência e mente acabou quebrada. Conseguem se misturar com objetos e tudo mais que você pensar.
Balder: O reino de Muniex faz isso com as pessoas?
Tralfagir: Não fazem mais. Cada reino se especializou em uma área para a guerra. Para de ficar encarando ela, eles não gostam disso.
Balder: Desculpe moça!
Tralfagir: Eles não te entendem.
Balder: Mesmo assim falei, eram humanos que nem nós.
Tralfagir: Faça do jeito que quiser.
Balder: Você disse que cada reino se especializou em uma área. Quais seriam?
Tralfagir: Riosmar se especializou em armamentos. Muniex em magia. Talfstar parece fazer algo como mudanças nos corpos dos soldados, tipo trocando parte dos corpos, aumentando a força, essas coisas.
Balder: Você não vai querer mesmo comer a sua metade?
Tralfagir: Não. Estou cheio.
Balder pegou a metade de Tralfagir e entrou na floresta, deixou a metade no chão e saiu.
Tralfagir: Vai alimenta-los?
Balder: Ela parecia estar com fome.
Tralfagir: Tome mais cuidado na próxima, você deu sorte que não tinham Reikans violentos aqui. Teriam te cortado no meio. Eles têm longas garras, caso não tenha visto.
Balder: Mas por que me atacariam? Estou ajudando eles.
Tralfagir: Esses atacam qualquer um. Sua mente foi muito quebrada, são violentos com todos. Mas no fim das contas são mais burros, se misturam de maneira fácil de encontra-los.
Balder: Quantas pessoas já sofreram com isso.
Tralfagir: E vamos acabar com isso. Melhor você não vê-la comendo.
Balder: O que tem de demais... o que aconteceu com ela?
Tralfagir: Falei para não olhar. É a forma verdadeira deles, parecem seres humanos sem pele e sem os olhos. Bem vindo a realidade da guerra.
Balder: Por isso as pessoas têm vergonha?
Tralfagir: Seria mais medo.
Tralfagir se levanta e coloca a mão no ombro de Balder.
Tralfagir: Melhor irmos. Não a encare, já falei.
Balder: Desculpa.
Ambos continuaram seu caminho para a vila próxima. Antes de a noite chegar eles pararam perto de um rio e acamparam por ali mesmo.
Tralfagir: Balder pegue aqueles dois galhos ali.
Balder: Esses?
Tralfagir: Sim.
Balder: O que vamos fazer com eles?
Tralfagir: Quero te treinar um pouco com a espada, tenho a impressão que teremos que usa-las na próxima vila.
Balder: Eu vou apenas me defender.
Tralfagir: Você pode fazer isso, mas nunca se derrota alguém apenas se defendendo. Você terá que descobrir novas maneiras de derrotar alguém. Eu quero que você pelo menos se defenda dos meus golpes hoje.
Deram uma distância de dois metros de distancia um do outro. Ambos em posição de combate.
Tralfagir: Posso?
Balder: Sim.
Em apenas um passo Tralfagir atingiu Balder no lado direito de seu rosto que o derrubou e o fez agonizar um pouco no chão com dor.
Tralfagir: Nem comece a reclamar da força, eu diminui ela muito. Levante-se, você precisa continuar tentando.
Balder: Não doeu tanto.
Tralfagir: Otimismo é tudo. Quando estiver realmente pronto me avise.
Balder: Já estou pronto.
E novamente Balder foi arremessado para o lado com um único golpe. Mas a cada vez que caia e levantava ficava mais resistente. Com o passar do tempo Balder conseguia ficar em pé mesmo depois de receber o golpe e quando estava preste a anoitecer, Balder conseguiu defender um golpe.
Tralfagir: Depois de muitos golpes, você conseguiu.
Balder: Hunf... hunf... Você deixou mais leve?
Tralfagir: Não, você que aprendeu rápido. Normalmente demoraria cerca de uma semana para conseguirem aprender, você aprende muito rápido.
Balder: E o que será agora?
Tralfagir: Eu busco comida e arrumo á fogueira. Você vai tomar um banho no rio.
Balder: Ficou bondoso?
Tralfagir: Apenas acho que você merece por não me fazer perder tanto tempo.
Balder: Hahaha
Balder entrou no rio despido e começou a se lavar enquanto Tralfagir estava na floresta. Depois de saber que existiam Reikans que se escondiam tão bem que mal podiam ser vistos ele ficava de olho em tudo para que qualquer coisa que se mova ele pudesse agir. A hora passava e Tralfagir não voltava, Balder já imaginava os Reikans o matando e comendo sua carne. Quando se faz um barulho.
Balder: Quem está aí?
Tralfagir: Eu estou aqui. Faça silêncio e me siga.
Balder: Para onde vamos?
Tralfagir: Se abaixe e me siga. Não fale nada até eu falar algo.
Balder: Certo.
Tralfagir: Fala nada.
Os dois foram floresta dentro, agachados e em silêncio. Andaram até chegarem ao lado de uma pequena estrada que tinha do lado oposto ao que estavam. Ao chegar lá tinha alguns homens com armaduras e espadas indo em direção à cidade de ouro.
Balder: O que eles vão fazer em minha cidade?
Tralfagir: O que você acha?
Balder: Recrutar alguém a força.
Tralfagir: E não serão poucas pessoas.
Balder: Precisamos para-los, mas são muitos.
Tralfagir: Não precisamos fazer nada, apenas observe.
Balder: O que vai acontecer?
Tralfagir: Olha naqueles arbustos e no chão onde eles estão passando.
Balder: Alguns arbustos tem frutas e o chão está com poças de água.
Tralfagir: O que mais?
Balder: Não chove faz alguns dias. E aqueles arbustos dão uma fruta vermelha, mas essa parecer ser toda alaranjada.
Tralfagir: E o que eu falei sobre os Reikans?
Balder: Alguns podem se esconder perfeitamente e alguns são violentos. Isso quer dizer que vão ataca-los?
Tralfagir: Sim, eles vão morrer.
Balder: Devemos ajuda-los.
Tralfagir: Não podemos. Você não está pronto, nem para os Reikans ou para os soldados. Vamos voltar para o acampamento antes de o ataque começar.
Balder: Você disse que não derramaria uma gota de sangue.
Tralfagir: Não vamos discutir aqui agora. Eu não vou derramar o sangue deles, serão os Reikans e isso é algo normal da vida. Não intrometa e venha comigo. Você fará tudo que eu mando.
Balder: Mas...
Tralfagir: Cale-se.
Balder se calou e seguiu Tralfagir de volta ao acampamento. No caminho pode-se ouvir o ataque dos Reikans e o grito dos soldados. Naquela noite Balder deitou em silêncio, mas não conseguia dormi. Ficava ouvindo os gritos dos soldados a noite toda em sua mente.
Tralfagir: Não dormiu a noite.
Balder: Como conseguiria?
Tralfagir: Não fique se apegando tanto ao passado.
Balder: Não é o passado, é que poderíamos ter evitado.
Tralfagir: Evitado que aqueles soldados que estavam indo a sua cidade talvez levar seu pai para a guerra, seus amigos, talvez até mesmo feito algo com a Lisci.
Balder: Não toque no nome dela, você não tem esse direito.
Tralfagir: Estou apenas te mostrando o que teria acontecido. Siga em frente, pense no futuro que você tanto quer. Viva o agora para poder criar este futuro.
Balder: Você sempre fica me convencendo que você está certo, ao menos uma vez você pensou nos outros?
Tralfagir: Estou indo nessa guerra pelos outros.
Balder: Ou para você mesmo ser rei.
Tralfagir: Estamos a um dia da vila, então precisamos estar prontos para tudo. Aqueles soldados de ontem podem ter vindo de lá. O caminho agora estará perigoso e não teremos tempo para discussões assim. Se quiser discutir, discuta depois da vila.
Balder: E teremos muito que conversar.
Ambos se ajeitaram e partiram em uma viaje silenciosa. Um não conversava com o outro, não se tinha nem ao menos uma troca de olhares. Apenas pararam para se alimentarem, na passagem do primeiro sol no topo do céu e um pouco antes de anoitecer. Junto com o anoitecer veio outro treino.
Tralfagir: Hoje quero que você se proteja de novo, mas fique esperto, não será que nem ontem, atacarem de todos os lados.
Balder: Certo.
Começaram a treinar e como no dia anterior, Balder sempre apanhando muito, apesar de que dessa vez ele conseguia se manter em pé depois das pancadas. Balder tinha um aprendizado muito rápido com habilidades de batalha, mesmo não gostando, era notável seu aprendizado. Aprendeu a se defender mais rápido do que o dia anterior.
Tralfagir: Hoje você aprendeu rápido. Vou aproveitar e te passar um extra. Vou aumentar a velocidade.
Tralfagir havia aumentado a velocidade de seus golpes, Balder mal podia acompanhá-lo e as vezes quando iria defender era tarde demais. O treinamento acabou com Balder conseguindo se defender de apenas alguns golpes.
Tralfagir: Vá tomar um banho e dar um jeito nas feridas. Amanhã preciso de você inteiro.
Balder: Precisa de mim?
Tralfagir: Já que você só sabe defender. Você defende e eu finalizo.
Balder: Está dizendo que vai matar as pessoas.
Tralfagir: Vamos ver como será. Vai logo tomar um banho.
Balder: Você quase não come, quase não dorme, nunca te vi tomando um banho e também não cansa. O que você é?
Tralfagir: Apenas alguém que viveu demais para criar muita resistência.
Tralfagir entrou na floresta e Balder foi ao seu banho. Dessa vez foi à vez de Balder fazer a fogueira. Tralfagir como sempre estava em cima de um galho de árvore observando tudo. Assim terminou a noite.
Quando Balder acordou no outro dia Tralfagir já havia arrumado todas as coisas e estava apenas esperando Balder.
Tralfagir: Você sempre dorme muito.
Balder: Tenha algum dia que você não reclame?
Tralfagir: Vamos, apenas duas horas de viajem.
Balder: E chegaremos à vila Linkgord.
Tralfagir: Você já foi até lá?
Balder: Nunca. Apenas estudei sobre algumas vilas e cidades que tem nos Campos Brancos.
Tralfagir: Entendi. Vamos pela floresta hoje. Não quero correr o perigo de encontramos com soldados.
Balder: Você os teme?
Tralfagir: Apenas quero não chamar a atenção.
Balder: Qual o plano?
Tralfagir: A vila deve estar com uma pequena tropa lá dentro. Vamos entrar, ver como estão às coisas, pegar o que for preciso e sair.
Balder: E se existir uma tropa lá. O que vamos fazer com ela?
Tralfagir: Não incomoda-los.
Balder: Mesmo se fizerem algo com alguém?
Tralfagir: Não quero atenção. Vamos logo.
Balder levantou, arrumou suas coisas e ambos partiram para Linkgord.
Era uma vila grande, quase uma cidade. Tinham algumas casas grandes, davam até cinco andares. Próximo a cidade tinha um grande rio de onde era tirada a maior fonte de renda da vila, um peixe que só surgia naquela área e sua carne era muito saborosa, foi de onde tiraram o nome da vila, o mesmo nome do peixe. As pessoas mais ricas o compravam e pagavam muito por cada peixe desses, foi o que estava fazendo a vila crescer.
Ao chegarem à vila ela estava cheia de soldados que destruíram algumas partes dela. Balder e Tralfagir invadiram a vila pelo lado, na troca dos soldados, e entraram numa casa e ficaram lá por algum tempo. O chão começou a tremer como se estivesse acontecendo um terremoto, mas eram passos. Tralfagir e Balder aproximam rapidamente da janela e tiveram um susto ao ver o gigante que estava ali.
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