Resultado dos treinos
Tralfagir: Ontem você foi até bem no treino. Hoje você só vai me imitar.
Balder: Certo.
Tralfagir: E amanhã ao acordar você vai treinar mais uma vez, mas dessa vez será sério.
Balder: Como vai ser?
Tralfagir: Amanhã você verá.
Balder: Pra que tanto mistério?
Tralfagir: Coloque o bastão na vertical...
Balder fez igual Tralfagir pedia, a cada vez que concluía uma bateria de movimentos, Tralfagir ficava mais rápido, até o final do treino Balder estar com seus movimentos fluidos.
Tralfagir: Você tem um aprendizado muito rápido. Isso é ótimo.
Balder: Na verdade, quando estou treinando com você, sinto como se eu estivesse apenas reaprendendo algo que eu já conheço.
Tralfagir: Você deve ter visto em algum lugar e agora apenas está lembrando.
Balder: Muito difícil ver isso, não existiu nada de violento na cidade onde nasci.
Tralfagir: Viu em algum lugar. Deve ser essa a resposta.
Balder: Mas onde?
Tralfagir: Durma. Amanhã vai começar com treinamento.
Balder adormeceu. Tralfagir ficou sentado na relva e observava o luar. A lua trazia um brilhar à sua máscara. Atrás dele veio um pássaro voando alto, era um Oltaz, media cerca de dois metros e meio, com penas totalmente negras nas asas e prateadas nas outras partes do corpo, as penas de sua calda se estendiam por quase setenta centímetros, tinha quatro asas que batiam de forma alternada em pares, suas asas mediam aproximadamente três metros, um pássaro que estava quase em extinção por causa da guerra.
Tralfagir: Por que ele vai para o lado da guerra? Deveria estar fugindo.
Tralfagir ficou olhando o enorme Oltaz voando para o lado da guerra. Puxou novamente aquele pedaço de papel e se deitou, colocando o papel no rumo da lua, novamente e nada.
Tralfagir: Qual o problema disso? Nada da certo. Tento amanhã de novo... se Balder não conseguir treinar bem amanhã, sinto que não terá a menor chance em Rubritanhe. O que será que tem lá que me causa tanta preocupação...
No outro dia de manhã, Balder já acordou animado.
Balder: Onde você está Tralfagir?
Tralfagir: Pare de gritar. Apenas estava mais longe.
Balder: Desculpe-me, é que sempre acordo com você me olhando da árvore.
Tralfagir: Quis ficar aqui em baixo hoje. Já estamos a um dia da cidade, os perigos já ficaram para trás. Vamos treinar.
Balder: Sim! O que tem de especial hoje?
Tralfagir: Quero que você use tudo que puder para tocar em minha máscara. Se conseguir eu irei arrumar alimento e a fogueira daqui até a próxima vila depois de Rubritanhe.
Balder: Só acertar?
Tralfagir: Até de raspão eu aceito.
Balder: Feito.
Balder foi para cima do jeito que Tralfagir tinha lhe mostrado. Ele girava o bastão e ia de um lado para o outro sem parar, mas todas as suas tentativas eram desviadas ou bloqueadas por Tralfagir. Depois de vinte minutos tentando sem parar Balder começou a ficar lento e muito cansado.
Tralfagir: Pare! Você foi bem, ótimo. Bem melhor do que eu esperava, mas não me acertou.
Balder: Vamos continuar...
Tralfagir: Não. Você não me acertou e vai ficar responsável por arrumar a comida e a fogueira toda noite até a próxima vila depois de Rubritanhe.
Balder: Mais... uma chan... chance.
Tralfagir: Você está cansado, está lento. Veja isso e saiba que esse é o seu tempo de resistência. Você deve ter ficado uns vinte minutos sem parar, dando tudo de si. Esse é o seu tempo de resistência em uma batalha um contra um, saiba que dar tudo de si em uma batalha, você terá só esse tempo. Se não acabar antes, você perde.
Balder: Guarde as coisas e vamos?
Tralfagir: Apenas guarde-as, eu levo dessa vez.
Tralfagir pegou todas as coisas de Balder e levou nas costas. Estavam na base de uma subida. Quando chegaram ao topo...
Tralfagir: Lá na frente, Rubritanhe.
Balder: Estamos quase chegando.
Tralfagir: Isso amanhã cedo estaremos lá.
**
Gilgrac: Amanhã... Hihihi... minhas mãos até tremem... de ansiedade... criei um ótimo jogo para eles. Não me desapontem.
**
Saultese: Nistroir se prepare nos iremos combater o exército de Talfstar em nossa porta. Preimor irá com seu exército lá para fora, mas preciso que as defesas estejam prontas para qualquer coisa.
Nistroir: Sim senhora. Qual a previsão para a chegada do exército?
Saultese: Talvez dois dias.
Nistroir: Deixarei tudo pronto até este momento.
Saultese: Ótimo.
Daivock: Começou a preparação cedo.
Saultese: Não estou a fim de conversar agora.
Daivock: Apenas uma conversa entre generais para desenvolvermos táticas e compartilhamos experiências.
Saultese: Diga logo o que você quer de mim, não fique achando que sou que nem os outros que caem na sua lábia.
Daivock: Eu quero apenas uma conversa a sós, mais nada.
Saultese: Nistroir fique lá fora até acabarmos aqui.
Nistroir: Sim senhora. Com licença senhor.
Saultese puxou uma cadeira e sentou-se.
Saultese: Seja rápido e não me enrola.
Daivock: O exército de Talfstar é bem curioso. Meus informantes me informaram que eles tomam algo para ficar daquela forma.
Saultese: E o que eu tenho haver com isso.
Daivock se aproxima de Saultese e passa a mão nas ombreiras de sua armadura.
Daivock: Quem sabe se essa informação chegar ao rei através de você. Ele lhe dê algo de bom, além de marcas.
Saultese: Você veio aqui para me insultar ou tentar me fazer de boba.
Daivock se afastou dela e foi para á sua frente.
Saultese: Se eu levar essa informação ao rei serei acusada de estar fazendo serviços de outros ao invés do meu. Você veio aqui para me fazer achar que ele iria me tratar bem com isso e apenas isso. Saia daqui agora e não me faça perder mais tempo.
Daivock: Tudo bem. Só queria tentar ajudar.
Daivock sai da sala e para ao lado de Nistroir.
Daivock: Deixei o ânimo dela ótimo para você.
Daivock se afasta enquanto Nistroir entra na sala.
Daivock: Muito fácil vigiar eles. Esse pequenininho aparelho vai me dizer tudo. Obrigado Linquins.
**
Tralfagir: Ansioso?
Balder: Um pouco. E você?
Tralfagir: Estou bem.
Balder: Por que não vamos lá agora? Estamos pertos.
Tralfagir: O que você acharia se morasse numa cidade quase totalmente destruída pelos reinos que extorquiam as pessoas para ir para a guerra e no meio da noite chega duas pessoas e uma delas tem três espadas.
Balder: Já entendi.
Tralfagir: Durma. Amanhã cedo partiremos.
Balder: Até amanhã.
No outro dia, Balder acordou cedo e animado, nem precisou Tralfagir lhe dizer algo para arrumar as coisas. Arrumou muito rápido.
Balder: Vamos!
Tralfagir: Vamos.
Não demorou muito tempo para chegarem à cidade.
Balder: Ela é bem grande.
Tralfagir: Era maior ainda antes da guerra.
Balder: Vamos entrar?!
Tralfagir: Vai à frente.
Balder entrou rapidamente na cidade, mas ao ver o lado de dentro, apenas via um vazio e os restos de algo que já foi uma grande cidade. Havia nenhuma pessoa, nem mesmo pássaros ali.
Balder: Mas... tem algo de errado aqui.
Tralfagir: Não vai ter ninguém na entrada da cidade mesmo. Eles devem estar nos pontos mais longe da entrada. Ninguém quer arriscar a chance de serem os primeiros a serem pegos.
Balder: Ufa. Achei que todos teriam...
Tralfagir: Mortos. Não fique com medo de usar essa palavra. Vai ouvir muito ela.
No horizonte surge um homem vindo em direção a eles. Estava andando quase se rastejando, sua mão direita estava em seu ombro esquerdo e sua cabeça baixa.
Balder: Será que ele está bem?
Tralfagir: Vai lá.
Balder foi em direção ao homem. Quando chegou perto dele viu que havia sangue pingando do braço do homem.
Balder: Ele está ferido!
Balder segurou o homem e olhou em seu ombro. Tinha uma faca nele segurando um pedaço de papel.
Homem: Ajude-nos.
Balder: Espera um instante.
Balder o colocou sentado no chão enquanto Tralfagir se aproximava. Balder retirou de sua mochila algumas ervas em pasta.
Balder: Isso vai diminuir um pouco a dor e o sangramento. Sempre uso elas depois do treino.
Balder retirou a faca e colocou as ervas imediatamente. Tralfagir abaixou-se e pegou o papel que a faca segurava.
Tralfagir: Sabia que tinha algo errado.
Balder: O que aí diz?
Tralfagir: "Venha até o campo de treino para brincar. Assinado: Gilgrac".
Balder: Quem é ele?
Homem: Ele é da guerra, é um louco.
Tralfagir: Há quanto tempo ele está aqui?
Homem: Alguns dias...
Tralfagir: Devem ter sido aqueles soldados que estavam naquela vila, eles passaram a informação. Mas como ele chegou tão rápido?
Homem: Salve-me dele... Salve-nos dele...
Balder: Nós vamos ajudar o senhor.
Tralfagir: Precisamos deixar ele em algum lugar seguro.
Balder: Consegue andar?
Homem: Sim...
Tralfagir e Balder o ajudaram a se levantar, cada um apoiou um braço dele no ombro e o levaram para alguma casa que dava sinal de vida. Balder viu uma pessoa escondendo-se na janela de uma casa.
Balder: Eeei. Ajude-nos.
Pessoa na janela: Saiam daqui viajantes.
Balder: Ele está ferido, precisa de um lugar para ficar.
Pessoa na janela: Ninguém vai ajudar nenhum de vocês.
Balder: Temos uma vida aqui que está correndo risco, precisa de ajuda.
Pessoa na janela: Vocês que trouxe ele para nos torturar. Esse homem que vocês carregam já está marcado para morrer. Se eu ajudar também morro. Saiam daqui e levem o louco com vocês.
Tralfagir: Vamos.
Balder: O que?
Tralfagir: Ficar gritando com ele não vai adiantar nada. Ele não vai ajudar o medo não deixa.
Balder: Medo do louco. Quem é ele?
Tralfagir: Alguém que fez essa cidade virar local de tortura.
Balder e Tralfagir andaram pela a cidade carregando o homem procurando algum lugar onde o homem poderia ficar em segurança. Todos os locais onde viam um sinal de vida, as pessoas se negavam ou escondiam deles. Até que mais no centro da cidade...
Jirda: Esse homem está ferido?
Balder: Você pode nos ajudar?
Jirda: Traga ele aqui.
Tralfagir e Balder levaram o homem até a casa de Jirda.
Tralfagir: Você não tem medo dele?
Jirda: Não. Ele machucou muita gente na cidade, mas quando eu chegava ele saia. Pelo jeito ele tem medo de mim.
Jirda é a armeira da cidade. Embora fosse uma mulher com idade aproximando dos trinta anos, o seu corpo não demonstrava muitas características femininas, tinha muitos músculos, por conta do serviço necessitar de muita força. Ela tinha um jeito um pouco mais grosseiro com as pessoas, mas sempre que alguém precisava dela ela era totalmente prestativa e paciente. Era alta, quase do mesmo tamanho de Tralfagir.
Balder: Por que ele teme você?
Jirda: Não sei.
Tralfagir: Ele já falou com você alguma vez?
Jirda: Fica me observando de longe.
Tralfagir: Como ele é?
Jirda: Quase da mesma altura que esse moço que está com você. Anda com duas adagas na cintura. Parece ser mesquinho, um pouco sem ideia.
Balder: Chamo-me Balder, ele é Tralfagir.
Jirda: Jirda.
Balder: Tem alguma cama aqui?
Jirda: Só ir ali, no fim do corredor.
Balder: Obrigado.
Tralfagir: Tem mais alguém aqui com você?
Jirda: Apenas eu. Tinha um ferreiro que morava aqui comigo, me ensinou tudo, meu mestre, mas os guerreiros o levaram.
Tralfagir: Você é a aprendiz de Vostun?
Jirda: Muito tempo que alguém não diz esse nome. Onde você o conheceu?
Tralfagir: Ele me ajudou uma vez. Em Riosmar.
Jirda: Então você o conheceu depois que ele saiu daqui. O que você fazia em Riosmar?
Tralfagir: Apenas uma pesquisa.
Jirda: Para ajudar os soldados?
Tralfagir: Isso não é assunto para agora.
Balder: Deixei-o deitado ali. Deixe descansar e depois troque as ervas que coloquei por um remédio melhor. O que vocês têm?
Tralfagir: Nada.
Jirda: Vocês chegaram hoje na cidade?
Balder: Sim. Chegamos a algum tempo atrás e encontramos esse moço vindo em nossa direção.
Jirda: Ele estava esperando vocês.
Balder: Ele... Gilgrac?
Jirda: Sim. Saiu anunciando pela cidade que vocês que o trouxeram aqui e por isso a cidade sofre.
Tralfagir: Por isso ninguém queria nos ajudar.
Jirda: O que vocês vão fazer?
Tralfagir: Ele cravou esse papel nas costas do homem. Para encontrarmos ele no campo de treino.
Jirda: Fica no extremo norte da cidade. Antigamente treinava as pessoas lá para se ter guardas na cidade. Mas os exércitos chegaram antes de termos os guardas.
Tralfagir: A quanto tempo está desabitado?
Jirda: Muito tempo, apenas algumas crianças iam brincar lá.
Tralfagir: Balder pegue seu galho e vamos lá. Vamos parar ele.
Jirda: Galho?
Balder: Uso como bastão.
Jirda: Esse pedaço de madeira não vai te ajudar. As adagas dele queimam isso rapidamente. Tenho uma barra de ferro aqui. Eu mesma que fiz leve e duradoura.
Balder: E é realmente leve. Obrigado.
Jirda: Se acaso conseguir vencer, volte aqui, posso te ajudar com armamento.
Balder: Muito obrigado. Treinei muito, vou vencer.
Jirda: E você da máscara. Quero conversar pessoalmente depois.
Tralfagir: Não conseguirá tudo que espera.
Balder: O que?
Tralfagir: Vamos logo.
Tralfagir e Balder saíram da casa de Jirda e foram para o campo de treino abandonado. No caminho discutiram estratégias e como Balder deveria lutar. Passando nas ruas, os habitantes iam escondendo por onde passavam, fechavam as portas e janelas. Os moradores mais corajosos vaiavam e jogavam coisas neles.
Tralfagir: Não de papo para isso. Apenas estão agindo com medo. Quando isso acabar, vão te aclamar.
Balder: Não quero ser aclamado, só quero acabar com isso que acontece com eles. Somo culpados disso.
Tralfagir: Pelo o que?
Balder: Se não tivéssemos vindo para cá, isso não teria acontecido.
Tralfagir: Teria acontecido de toda forma. Eles estão sofrendo antes mesmo de nós chegarmos aqui. Eles apenas acharam que iríamos vir aqui e acertaram.
Balder: Você tem certeza disso?
Tralfagir: Sim.
Chegando perto do campo de treino, Tralfagir parou.
Balder: O que foi?
Tralfagir: Tome cuidado. Normalmente soldados enviados assim, costumam manter-se escondidos até o momento certo. Esse não. Ele quis aparecer, se sente a vontade. Ele não é um soldado raso.
Balder: Ele pode ser o que?
Tralfagir: Não sei, só de não ser um soldado raso já sabemos que ele é mais forte que muitos.
Balder: Vou ficar atento.
Tralfagir: Vamos lá.
O campo de treino estava vazio, ele tinha uma área grande, cercado com uma cerca de madeira mal feita. Era uma terra amarela, que apenas de pisar subia poeira.
Balder: Onde ele está?
Tralfagir: Não vejo nada nas casas próximas.
Gilgrac: Vocês demoraram. Achei que não queriam mais brincar comigo.
Balder: De onde veio a voz?
Tralfagir: Do campo.
Gilgrac saiu de dentro de uma pequena construção que havia do lado da cerca de madeira.
Gilgrac: Cheguem mais perto. Não tenham medo. Eu brinco antes de matar, não vão morrer tristes assim.
Balder e Tralfagir entraram no campo e estava indo em direção à Gilgrac que tinha um grande sorriso no rosto.
Gilgrac: Parem aí.
Balder parou, mas Tralfagir continuou andando na direção de Gilgrac. Uma pedra passou perto da cabeça de Tralfagir. Tralfagir olhou para o lado procurando de onde veio e viu que tinha alguns moradores chegando atrás deles.
Gilgrac: Falei para parar.
Tralfagir: Diga logo o que quer.
Gilgrac: Já te disse brincar, mas tem que ser nas minhas regras.
Tralfagir: Quais são?
Gilgrac: Todos que estão aqui tem um motivo, você e seu amigo vieram me pegar, eles vieram me proteger. Um embate, vocês contra eles, os que estiverem vivos irá receber o que espera.
Tralfagir: Tem uma população que te odeia aqui. Como que você fez para eles te ajudarem?
Gilgrac: Simples, ameaçar a vida de suas esposas e filhos. Estão aqui dentro, junto com óleo de salamandra, altamente inflamável. Essa cidade estava cheio disso. E eu, só colocarei fogo nessa parte do óleo aqui, que irá até lá e BUM! Lindo som.
Tralfagir: Se eu escolher não lutar?
Gilgrac: Mato elas também.
Tralfagir: Balder, você ouviu o moço, teremos que lutar.
Balder: Tralfagir, não podemos mata-los.
Tralfagir: Não faça isso e mate aquelas pessoas. É aqui que comprova que não derramar sangue é uma ideia fraca.
Balder: Se ousar machucar eles, vou contra você.
Tralfagir: Você que sabe.
Balder pegou seu bastão e assumiu uma postura defensiva. Tralfagir virou-se para Balder e disparou em sua direção. Balder fechou os olhos, sabia que não seria mais forte que Tralfagir, apesar de melhorar nos treinos, não conseguiu fazer Tralfagir nem se cansar. Um grande vento passou do seu lado. Tralfagir ignorou Balder e foi direto nos moradores. Balder abriu os olhos e escutou um grito de dor vindo de trás, se virou a viu Tralfagir levantando um homem com apenas uma mão no ar.
Balder: PAAARE!
Balder corria em direção de Tralfagir até que surge na sua esquerda um homem com uma faca, vindo em fúria na sua direção.
Balder bateu a ponta do bastão na parte de trás da mão do homem que fechou o rosto demonstrando que doeu, mas já voltou virando a faca novamente para Balder que deu um passo para trás e bateu com a ponta do bastão no queixo do homem que caiu desmaiado.
Balder: Desculpa.
Ao olhar para o lado onde Tralfagir estava havia dois homens caídos no chão e Tralfagir partindo para um terceiro homem. Ao dar um passo surgiram mais dois homens em sua frente. O primeiro não tinha nenhum tipo de arma e partiu para cima com as próprias mãos. O segundo tinha um pedaço de madeira em sua mão e também avançou em Balder. Quando o homem desarmado pressionou o pulso para poder dar um cruzado de esquerda em Balder, Balder girou o bastão batendo a ponta do mesmo no lado interno do joelho na perna de apoio, que fez o homem ter um desequilíbrio e desistir de dar o soco, fazendo o abaixar para poder pegar as pernas de Balder. O homem que tinha um pedaço de madeira atacou por cima do outro que havia caído. Balder girou novamente o bastão fazendo com que uma ponta batesse na lateral da cabeça do homem que estava buscando segurar suas pernas e se defendesse do golpe do outro que vinha de cima. O que estava no chão foi atordoado e caiu no chão, o que estava com o pedaço de madeira tentou novamente o mesmo golpe. Tralfagir segurou firme o pedaço de madeira, forçou o homem a largar ele e o jogou longe, tanto o pedaço de madeira quanto o homem que o segurava. Balder olhou atrás de Tralfagir que não tinha mais nenhum daqueles homens de pé.
Balder: Matou todos?
Tralfagir: Se quiser ver vai lá você mesmo.
Balder: Eu disse que não era para derramar uma gota de sangue, suas mãos estão cheias dela.
Tralfagir: Saia da frente. Ele irá matar aquelas pessoas se você continuar a atrapalhar.
Balder: Vai me matar?
Gilgrac: Ficou interessante isso. Um novo jogo, um novo enfrentamento, entre vocês. Quem viver poderá vir contra eu.
Balder: Quando acaba sua sede de sangue Tralfagir?
Tralfagir: Você acha que é capaz de fazer algo? Então vai lá e faça. Eu desisto desse jogo, Balder ganhou, ele irá contra você.
Gilgrac: NÃO ESTRAGUE O JOGO SEU IDIOTA! NÃO É ASSIM QUE SE FAZ. LUTEM AGORA OU MATO TODOS.
Tralfagir: Se matar não terá mais jogos, nem mesmo terá Balder para te enfrentar.
Gilgrac: Se acha mais esperto do que eu? Eu sou o grande general Gilgrac, divisão de estratégia do reino de Riosmar.
Tralfagir: General? Estratégia? Hahahaha. Você chama isso de estratégia? Como Litius não te matou até hoje. O que você fez aqui não passou de apenas uma brincadeirinha de criança.
Gilgrac: Vou cortar sua língua verme imprestável.
Tralfagir: Eu deixo você enfiar uma faca no meu coração se derrotar Balder.
Gilgrac: Esse menino? Com o maior prazer.
Gilgrac saiu de perto da pequena casa onde estavam os reféns pela primeira vez desde que chegaram ali. Puxou suas duas adagas.
Gilgrac: Menino quer morrer rápido e indolor ou devagar e cheio de dor?
Balder: Não vai me matar.
Gilgrac: Não importa sua resposta. Eu iria te matar devagar e com dor mesmo.
Balder entrou em posição de combate colocando o seu bastão na vertical, como Tralfagir o ensinou. Gilgrac apertou o cabo das adagas e avançou. Balder chutou a parte de baixou do bastão fazendo subir a ponta em direção ao rosto de Gilgrac que facilmente esquivou para a direita e já levou a adaga de sua mão esquerda na direção do pescoço de Balder que puxou o bastão para bater no antebraço de Gilgrac, fazendo a lâmina passar bem perto de seu pescoço.
Gilgrac: Quase menino, preste mais atenção ao que se faz, não quero acabar com você rápido.
Balder: Vai me ajudar assim toda vez?
Gilgrac: Não estou te ajudando, só quero que isso dure mais.
Gilgrac avançou novamente pulando e girando no ar, Balder apenas parou o bastão na frente para defender, o que abriu um espeço em sua defesa que Gilgrac aproveitou e passou uma das adagas na coxa de Balder apenas a cortando, não tão profundo.
Gilgrac: Nem gemeu de dor. Aquele cara ali deve ter te ensinado a ser bem resistente.
Tralfagir: Ele é apenas teimoso.
Balder: Deixe-me.
Gilgrac: Uau! Está mostrando as presas gatinho. Por que não me mostra como usar essa barra de ferro?
Balder avançou na direção de Gilgrac com a ponta do bastão na direção do rosto dele. Gilgrac estava fazendo o movimento de fuga quando Balder redirecionou a ponta um pouco mais para baixo, pegando no peito de Gilgrac que deu uma recuada.
Gilgrac: Gostei. Mudou o percurso em cima da hora, mas sabe, quando você faz isso diminui a força, quase não doeu.
Balder: Achei que você queria que durasse.
Gilgrac (abrindo um grande sorriso): Adorei você garoto.
Ambos avançaram um no outro. Balder redirecionou a ponta de baixo do bastão para cima na diagonal. Gilgrac parou o movimento usando ambas as adagas. Balder girou o bastão fazendo com que a parte de cima fosse para a cabeça de Gilgrac que defendeu da mesma forma que a anterior. Balder puxou o bastão para trás e tentou acertar a ponta no peito de Gilgrac que desviou ficando de lado ao bastão e o segurou com uma mão. Balder pensou rápido e tirando a mão que estava na parte de trás do bastão deu um soco no rosto de Gilgrac que cambaleou para trás. Quando ele viu novamente Balder já estava vindo com toda a força do bastão em sua cabeça. Gilgrac rolou para o lado para fugir do golpe. Balder tentou novamente acerta-lo no final de seu rolamento, que Gilgrac jogou para o lado com sua adaga no pulso e se levantou rapidamente afastando de Balder.
Balder: Boa defesa.
Gilgrac: Menino, agora não irei mais brincar. Você feriu o meu rosto dessa vez.
Gilgrac pressionou um pequeno botão que tinha nos cabos das adagas que as fez ficarem vermelhas.
Tralfagir: Tome cuidado. Se te tocarem irão cortar rapidamente.
Balder adotou uma posição defensiva ao ouvir as palavras de Tralfagir. Gilgrac avançou para cima de Balder que ficou apenas na defensiva desviando e se protegendo com o bastão. Gilgrac mandou as duas adagas ao mesmo tempo e no mesmo lugar que Balder se defendeu com o bastão, mas pode sentir o calor delas bem de perto.
Gilgrac: Agora a criança não quer mais lutar, ficou covarde?
Balder: Hunf... Hunf...
Tralfagir: Você só tem mais uma chance. Ataque com o seu melhor.
Balder avançou e deu um golpe de cima para baixo na direção da cabeça de Gilgrac que usou as duas adagas para defender, mas antes do bastão chegar nas adagas, Balder o puxou um pouco para trás fazendo com que ele passasse na frente nas adagas sem que as tocasse e já o empurrou em direção à garganta de Gilgrac. Gilgrac com toda a sua defesa focada no golpe anterior não pode evitar que Balder o atingisse na garganta.
Gilgrac caiu de joelhos no chão com dificuldades de respirar, suas adagas ficaram caídas na terra. Balder colocou a ponta do bastão em sua nuca.
Balder: Ganhei...
Tralfagir: Quanta sorte e azar na mesma luta. Sorte de Balder por ter te derrotado no último golpe dele e azar seu por ter perdido no último golpe. Balder luta ate bem, mas sua resistência em lutas verdadeiras é pequena. Se você não tivesse perdido nesse golpe, teria ganhando.
Gilgrac: Não perdi totalmente.
Gilgrac pegou uma de suas adagas e jogou na linha de óleo que ele havia feito. A adaga caiu e o fogo logo começou e foi se alastrando para a pequena casa onde estavam os reféns. Mas o fogo parou antes de chegar a casa.
Tralfagir: Quase foi também. Quando vocês lutavam eu limpei a linha de óleo que havia perto da casa, então o fogo irá parar ali, não avança mais.
Gilgrac: Como vocês ousam fazer isso comigo?! Vocês não são mais inteligentes que eu.
Tralfagir: Engano seu achar que ninguém pode ser melhor que isso. A quanto tempo estava preparando isso tudo? Pareceu-me ser que você fez isso tudo alguns minutos antes de chegarmos.
Gilgrac: Não faz mal, apenas vou concluir minha missão.
Tralfagir: Que seria?
Gilgrac: Conseguir informações.
Gilgrac enfiou a outra adaga em seu coração e caiu no chão gritando de dor. Seu corpo todo começou a tremer e saia sangue de sua boca, orelha, narinas e olhos.
Balder: O que está acontecendo?
Tralfagir: Isso é o que eles chamam de mensagem de emergência, destroem o próprio cérebro para poder enviar uma mensagem para alguém. Ele veio para morrer. Vai ajudar os reféns.
Balder saiu de perto do corpo de Gilgrac e foi ate os reféns que estavam naquela casa. Tralfagir olhou ao redor e viu em cima do telhado de uma casa ali perto uma pessoa que os observava atentamente. Era Guzlin, que observou tudo que aconteceu ali, do inicio ao fim. Ao perceber que Tralfagir o viu, ele fugiu.
Balder viu que Tralfagir olhava os telhados apesar de ter nada lá. Os homens que Tralfagir havia derrubado levantaram com dificuldade e foram em direção as suas esposas e filhos. Foi ai que Balder percebeu que Tralfagir não matou nenhum deles, alguns ele imobilizou e outros ele os convenceu de se passarem por mortos.
As pessoas que foram salvas agradeceram ambos e se foram para a casa. Tralfagir e Balder pegaram o corpo de Gilgrac e o levaram para Jirda.
Jirda: No final, ele se matou. Não teve coragem de encarar a todos que ele fez mal.
Tralfagir: Ele fez isso para ativar a mensagem.
Jirda: Não sei, mas ele queria morrer por isso.
Balder: Ele acordou e está bem. Disse que está louco para voltar para a casa.
Tralfagir: Parece cansado. Vai dormi, amanhã conversamos.
Balder: Eu estou bem. Apenas um pouco fraco.
Tralfagir: Seu corpo está exausto, seus braços ate tremem por terem ultrapassado o que eles aguentam. Iremos começar a treinar sua resistência.
Balder: Podemos conversar hoje ainda...
Jirda: Vá descansar ou eu terei que te colocar lá.
Balder: Tudo bem.
Balder foi para o quarto vazio que havia ali, deitou e dormiu rapidamente.
Ele começou a sonhar. Estava em um lugar todo branco e tinha uma criança lá, sentada no chão brincando sozinha. Ele escuta uma voz chamando alguém "Venha aqui Gil!" e a criança levanta e sai correndo em direção a uma mulher que agacha próximo à criança e lhe da um beijo da testa.
Mulher: Gilgrac vou até o mercado e já volto.
Balder: O que está acontecendo?
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