O bosque antes do deserto
Preimor: Tralfagir, já que estamos indo para Muniex precisamos separar os tipos de magos para nossos planos.
Balder: Existem tipos de magos?
Preimor: Esse tempo todos juntos e você nunca explicou isso a ele?
Tralfagir: Ele precisava de treinamento, ainda precisa, não queria ignorar esse tipo de informação, mas se não fizesse isso ele teria problemas enormes nas batalhas antes mesmo de ver qualquer mago.
Preimor: Mas poderia explicar aos poucos enquanto estava sentada a fogueira à noite.
Balder: Não precisa trata-lo assim, poderia ter me dito, mas ele estava ocupado com outras coisas. Em nenhum momento foi fácil até chegarmos aqui.
Preimor: Tudo bem, mas é algo que você precisa aprender rápido.
Tralfagir: Ensine ele que eu irei à frente verificando tudo.
Tralfagir adiantou a frente deles e deixou-os conversarem.
Preimor: Como você conseguiu aguentar ele por tanto tempo?
Balder: Vai acostumando aos poucos.
Preimor: Deixamos isso de lado. Melhor eu te explicar isso. Há vários tipos de magos dentro daquelas paredes - desenha um grande círculo no chão e outros círculos em cima da linha do círculo maior - um dos que aparecem são os necromantes e os guardiões. Pelo nome já se pode saber o tipo de magia deles. Existem alguns que usam invocação, alteração e dominação. Esses são os tipos que existem, nas classes mais baixas estão os magos que apenas têm um desses tipos e os de classe mais alta conseguem ter outro junto.
Balder: Uma sociedade baseada em quantidade de tipos de magia que se tem.
Preimor: Não culpe eles agora, isso é algo que se tem a muito tempo. No topo disso tudo está o Arquimago, o Rei Ykar, ele possuí todos os tipos e apenas os de sua linhagem sanguínea conseguem aprender todos os tipos.
Balder: Deve ser bem difícil enfrenta-lo.
Preimor: Ele eu não sei, desde que assumiu o reinado não sai de dentro das muralhas. Uma vez em uma batalha perto de Muniex eu consegui chegar ao cume de um relevo, quando olhei para baixo vi apenas o exército deles chegando mais próximo e ao olhar no horizonte pude ver o reino deles. Bem ao fundo com um dos sóis entrando atrás dele e eu acho que o vi na muralha, não tenho certeza.
Balder: Você já entrou em várias batalhas?
Preimor: Diversas, mas a melhor que tive foi contra o antigo rei de Muniex, foi bem no começo de tudo. Ele é um dos homens mais corajosos que vi, enquanto Ykar se esconde nas muralhas e manda os mortos para batalha, o pai dele, Rei Alitirío, esse ia para o campo de batalha tomando a frente do seu exército, de mortos, de magos e de criaturas que eles invocavam. Aquele homem conseguiu me deixar algumas cicatrizes.
Balder: Você o matou?
Preimor: Não, eu nunca conseguiria matar ele, do mesmo modo que ele também não conseguia me matar. Acho que comecei a vê-lo como meu rival. Foi triste quando recebi a notícia de sua morte. Morreu em casa e parece que seu sobrinho foi o assassino.
Balder: Mas ele era o seu rival, eu também não gosto quando as pessoas morrem, mas normalmente elas ficariam felizes nessa situação.
Preimor: Você já teve um rival?
Balder: Eu fui contra Gilgrac...
Preimor: Isso não quer dizer que ele seja seu rival, entramos em batalhas diversas vezes na vida, mas quando encontra um rival aquilo não é apenas mais uma batalha, é algo que te traz vida, emoção, te traz o desejo de ficar mais e mais forte. Quando um rival assim cai, você sente ter perdido algo, alguma chama dentro de você fica mais fraca e foi isso que aconteceu. Espero um dia que você possa encontrar um rival assim.
Balder: E o que seria Tralfagir?
Preimor: Não sinto rivalidade. Eu apenas queria a força dele para o meu objetivo e agora temos objetivos parecidos que se completam, não preciso tomar a força dele mais, estamos juntos.
Balder: E como você o vê?
Preimor: Apenas alguém para alcançar um objetivo, não vejo laços entre nós.
Balder: E eu?
Preimor: Você apenas acabou no meio disso, não merece nada de mal, mas não tenta intervir, caso tente fazer algo, você começará a fazer parte disso e eu vou considerar você perigoso e tomarei sérias decisões.
Balder: Eu estava pensando em sermos amigos.
Preimor: Não entrei nisso para criar laços.
Balder: Mas...
Preimor: Vamos acelerar. Tralfagir com certeza está bem mais adiantado do que nós.
Balder sentia-se sozinho naquele momento, por um lado Tralfagir sempre fechado e pouco comunicativo e do outro Preimor que não queria criar laços e via os outros como objetos para seu objetivo. Sente falta de seus pais e como eles poderiam estar e quando lembra de Lisci seu coração aperta e imagina como poderia ter sido se ficasse e tentasse ajudar Lisci de outra maneira. Quando levanta sua cabeça vê Tralfagir cavalgando para a sua direção e o contorna mais lentamente a sua esquerda. Tira a mão direita de dentro de sua capa e estende ela para Balder. Tem uma fruta em sua mão que ele oferece a Balder.
Tralfagir: Coma.
Balder: Obrigado, mas não quero.
Tralfagir: Coma agora ou irei fazer você come-la a força.
Balder: Tudo bem.
Balder pega a fruta e da uma mordida, era doce e crocante, tinha uma casca esverdeada e seu interior branco.
Balder: Ela é boa.
Tralfagir: Não pare de comer ela.
Depois de três mordidas Balder viu sua visão ficar muito turva e começou a desequilibrar do cavalo.
Balder: Tralfagir tem algo de errado com essa fruta.
Tralfagir: Eu sei, vai te deixar tonto mesmo.
Balder: Por que me deu ela?
Tralfagir: Porque é engraçado. Encosta no cavalo e vamos.
**
No meio de uma árvore abre uma fenda por onde atravessa Mausle e um cavalo, quando acabam de passar a fenda fecha.
Mausle: Agora é uma aventura só nossa.
Bate com os pés no cavalo que o faz disparar. Essa árvore que saíram fica bem no limite dos reinos de Muniex e Talfstar, um lugar perigoso para pessoas de ambos os reinos, qualquer um que entrasse nas terras do outro era considerada invasão e ataque inimigo. Com Riosmar não tinha como ocorrer isso, pois, Riosmar é um reino afastado de todos os outros e tendo terras sem donos que o separava dos outros e onde ocorriam suas batalhas.
Para Mausle conseguir atravessar todo o terreno sem ser notado ele mudou toda a sua vestimenta e agora parecia com um viajante das terras áridas negras. Apesar de parecer estranho, o deserto queimado ainda havia vida, um tipo de plantação especial nascia ali e alguns viajantes pegavam suas folhas e frutos para criar remédios e alguns eram usados em rituais.
Seu caminho foi longo e a cada dia que passava ele estava mais próximo do seu local de chegada, mas também mais próximo da base inimiga. Quanto mais aproximava mais e mais soldados apareciam fazendo rondas e a cada dia esse número aumentava.
Chegando ao local em segurança apenas havia um bosque, sem cavernas ou construções. Mesmo ativando sua magia de rastreamento não encontrava sinal da parte da coroa.
Mausle: Os sinais mostram exatamente aqui, mas não tem nada aqui.
Dentre as árvores surge um velho, com vestimentas velhas de viajante e uma cajado em sua mão esquerda, no qual se apoiava.
Velho viajante: Procurando uma entrada para o templo?
Mausle: O que você sabe?
Velho viajante: Eu sei o que você procura e sei onde encontrar, mas não sei seu nome ou de onde veio.
Mausle tampou o rosto com um pano e disse...
Mausle: Polt. Vim do litoral rochoso, próximo de Riosmar, das terras sem dono.
Velho viajante: Veio de muito longe para um templo e de terras sem donos, mas que pelo o que você disse existem donos.
Mausle: Vila recém-criada por fugitivos da revolta de Riosmar.
Velho viajante: Pelo jeito as terras lá não são mais selvagens, foram domesticadas. Por que quer o templo?
Mausle: Desculpe-me, mas não me sinto muito bem quando sou tão questionado assim.
Velho viajante: Você veio de muito longe e pelo estado do seu cavalo parou apenas para dormi e não foi tanto assim. Descanse e entre no templo amanhã.
Mausle: É algo urgente que preciso ver, se o senhor puder me mostrar à entrada.
Velho viajante: Se é urgente é porque você não programou direito, agora vá descansar.
Mausle vendo que o velho não o deixaria decidiu seguir o seu conselho.
Mausle: Nós viajantes sabemos bem que não podemos confiar assim nos outros, mas o senhor também é ou foi viajante, então aceito seu pedido se me disser seu nome.
Velho viajante: Caek. Aceito sua consideração de boa fé comigo. Tenho uma cabana pequena por ali - apontando o dedo na direção em que ela estava -, mas cabemos nós lá dentro.
Mausle: Tudo bem vá à frente que irei segui-lo.
Caek levou Mausle entre os arbustos, chegaram bem rápido a cabana. Era feita toda de madeira e tinha algumas partes faltando ou caindo. Podia ver que dentro da cabana era iluminada por velas. Entrando na cabana tinha apenas dois cômodos, o banheiro e algo parecido com sala, cozinha e quarto tudo junto.
Mausle não sentiu bem ali, estava acostumado a um grande quarto no palácio e com todas as mordomias que tinha, incluindo as lindas mulheres que relacionava.
Caek: Desculpe-me por estar um pouco bagunçado, não costumo receber visitas.
Mausle: Tudo bem é um lugar confortável comparado a dias de cavalgadas.
Caek: Se quiser ficar com o sofá grande pode pega-lo... Qual seu nome mesmo?
Mausle: Polt.
Caek: Isso. Polt sinta-se a vontade.
Mausle: Desculpe-me pela pergunta um pouco invasiva que vou fazer, mas, por que o senhor que parece um viajante construiu uma casa aqui tão longe de tudo e dentro desse bosque, que pelo o que parece, não aparece muitas pessoas.
Caek: Eu viajei muito por muito tempo e para quase todo lugar novo que iria eu me perdia e tinha que buscar ajuda. A idade chegou amigo e tive que achar um lugar para ficar, então decidi ficar aqui. Quando a construí sempre aparecia viajantes vindo para as terras cinzentas ou tentam ir ao antigo reino. Posso te dizer uma coisa, nunca vá ao antigo reino, é difícil entrar pela vegetação que cresceu lá e mais difícil ainda sair.
Mausle: Algo ainda existe lá?
Caek: Não sei, mas todos que mostrei como chegar lá não voltaram.
Mausle: Ninguém quis investigar?
Caek: Sim, mas também não voltaram. Nunca tenta ir lá.
Mausle: Por enquanto meu interesse não é ir lá.
Caek: Aproveitando que você me perguntou algo, quero também fazer uma pergunta. O que você busca no antigo templo?
Mausle: Um presente para o meu pai, está em leito de morte e ele sempre quis algo deste templo.
Caek: Não sabia que ainda existiam adoradores do senhor das chamas. Achei que todos já haviam morrido a muitos anos atrás.
Mausle: Isso era algo de família, mas não aceitei.
Caek: Jovens não seguem mais tradições. Desculpe-me, mesmo eu não concordando com o que essas pessoas seguem eu acho que manter a tradição é essencial.
Mausle: Vou pensar melhor sobre isso. Se não se importa, pretendo dormir agora, a longa viagem me cansou e pretendo partir ao nascer do primeiro sol.
Caek: Tudo bem se sinta à vontade.
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