Banshui
Tralfagir: Ei, acorde, vai nos atrasar.
Balder: Mas Apolo nem nasceu.
Tralfagir: Olhe no horizonte.
Balder olhou e Apolo havia acabado de surgir.
Balder: Precisamos ser tão pontuais?
Tralfagir: Numa cidade fantasma e com uma neblina dessas, melhor passar por eles rápido.
Balder: Você está com medo?
Tralfagir: Pare de bobeira e vamos logo.
Balder: Você tá com medo mesmo. Primeira vez que te vejo assim.
Tralfagir: Levante, se arrume e vamos ou deixo você atravessar isso tudo sozinho.
Balder: Quanto mau humor, já estou indo.
Balder levanta com dificuldade e arruma lentamente.
Balder: Pronto!
Tralfagir: Vamos e já fique com o bastão empunhado, podemos ser atacados quando menos esperar.
Tralfagir toma a frente e Balder o segue bem de perto. Ambos entram na neblina.
Balder: Muito densa, estou custando ver você que está na minha frente.
Tralfagir: Se aproxime mais de mim, não podemos ficar longe.
Balder: Como você tem certeza que está indo para o lugar certo?
Tralfagir: Olhe no chão, tem uma estrada, só segui-la.
Balder: Acho que pisei algo.
Balder olhou e viu que havia acabado de pisar em um braço esquelético.
Balder: Nem chegamos perto da cidade e já tem esqueletos.
Tralfagir: Errado, chegamos à cidade.
Ao passarem pelos portões da cidade a neblina deu uma leve diminuída.
Balder: Pelo menos agora consigo ver melhor.
Tralfagir: A cidade está bem destruída
Balder: Sim, algumas paredes foram derretidas.
Um tentáculo enrola no pé de Tralfagir e o puxa de uma vez para cima o fazendo sumir no meio da neblina.
Balder: Tralfagir! Fiquei sozinho contra esse monstro.
Balder olha uma casa com a porta aberta, corre para dentro dela. Ele escuta o som de alguém gritando de cima e logo em seguida algo cai dentro da casa. Balder avança com o bastão empunhado que logo jogado ao chão quando viu que a pessoa que havia caído era Tralfagir.
Balder: Você está bem?
Tralfagir: Um pouco dolorido, mas sim.
Balder: O que aconteceu?
Tralfagir: Ele agarrou meu pé e me levou para bem alto, enquanto subia saquei minha espada e cortei o tentáculo. Estava muito alto e acabei caindo aqui.
Balder: Como vamos sair daqui com aquilo lá fora?
Tralfagir: Está vindo de algum lugar, vamos ver a direção que ele ataca e e vamos lá.
Balder: Achamos o mostro e o paramos.
Tralfagir: Se possível talvez ate matá-lo.
Balder: Não acho melhor fazer isso.
Tralfagir: Que seja. Vamos esperar.
Essa espera demorou um pouco, cerca de uma hora, mas o que surgiu depois disso não foi um tentáculo, foram passos se aproximando com uma respiração forte e ofegante. Os passos pareciam algo arrastando, pelos restos da porta em que sobraram pode ver olhos verdes e luminosos dentro da neblina, uma criatura com cerca de um pouco mais de um metro movimentava-se na neblina e seus olhos olhavam diretamente para a porta onde Tralfagir e Balder olhavam a criatura aproximando.
Balder: Sabe que estamos aqui.
Tralfagir: Sim.
Balder: Vamos fazer o que com ele?
Tralfagir: Você não me deixa matar, vamos fugir. Ele veio do centro da cidade, lá deve estar o principal deles ou seu ninho.
Balder: Vamos dar a volta.
Saíram pela porta dos fundos e deram a volta nas casas ao lado para poderem passar despercebidos. Quando foram atravessar a rua olharam para a posição de onde a criatura estava vindo. Tralfagir tomando a frete atravessou direto a rua, mas Balder que estava um pouco atrás viu a criatura virar olhando diretamente para ele novamente.
Balder: Viu-me, sabia onde estava.
Tralfagir: Ela começou a correr?
Balder: Não mudou nada, continuou andando.
Tralfagir: Nós somos mais rápidos, vamos correndo para o centro.
Ambos começaram a correr, quando conseguiram aproximar mais do centro pode-se escutar o som de algo cortando o ar acima deles.
Tralfagir: Deita!
Com a palavra de Tralfagir acabado de ser dita, ambos se jogaram no chão e sentiram o vento rasante de um grande pássaro passando bem perto deles. Ao olharem viram que o pássaro possuía poucas penas, mas era completamente roxo e ao virar sua cabeça para trás pode-se notar um olho completamente amarelo. O pássaro foi para o alto e escondeu dentro da neblina.
Tralfagir: Temos que andar bem próximo da parede, vai diminuir a chance dele nos acertar.
Balder: Não pensei que essa cidade seria assim.
Tralfagir: Nunca foi relatada essa quantidade de criaturas aqui, era dito só de uma.
Balder: Devemos continuar?
Tralfagir: Sim.
Ambos continuaram a passos rápidos e colados na parede.
Tralfagir: Estamos pertos.
Balder: Como sabe?
Tralfagir: Sinto isso.
Balder: Para mim não é o bastante para convencer.
Tralfagir: Apenas...
No horizonte, em meio a neblina surgiu duas esferas em chamas, que foram subindo juntas até atingir a marca de três metros. Em baixo das esferas flamejantes uma luz iria surgindo aos poucos parecia estar mirando neles. Ate que assumiu a forma de chamas que foram jogadas em cima deles. Tralfagir pegou a mão de Balder e se jogou entre duas casas, fugindo do fogo e salvando Balder.
Balder: Devo-te uma.
Tralfagir: Não é bom dever a mim.
Balder: Para onde agora?
Tralfagir: Em frente.
Correram pelo corredor que havia entre as casas. Chegando perto da outra saída a criatura de olhos verdes apareceu os deixando paralisado. Olharam para trás e viram as esferas flamejantes. Tralfagir mete o pé na porta e ambos entram juntos.
Balder: Estão nos fechando.
Tralfagir: Apenas venha.
Foram entrando nas casas e indo de casa em casa para o centro.
Tralfagir: Logo chegaremos ao centro.
A parede foi quebrada e três tentáculos entraram e tentaram pegar Tralfagir que já estava com a espada em sua mão e cortou um dos tentáculos. O outro que estava próximo de Tralfagir, Balder o acertou e mudou o percurso dele. O último acertou o peito de Tralfagir que o jogou na parede.
Balder: Está tudo bem?
Tralfagir: Não machucou.
Tralfagir levantou rapidamente e continuou correndo. Ao quebrar a última porta uma neblina saiu de dentro da casa, tão densa que um não conseguia enxergar bem o outro que estava ali próximo.
Tralfagir: Vamos.
Entraram e não conseguiam enxergar nada. Uma voz roca e fraca surgiu dentro do quarto.
Voz: Aqui não é lugar para caçador de recompensas.
Balder: Não somos caçadores de recompensas.
Voz: Quem é você?
Balder: Sou Balder.
Voz: Como conseguiu se esconder de mim?
Balder: Não escondi de você, estive do lado de Tralfagir o tempo todo.
Voz: Mas como se esconde de mim?
Balder: Não me escondi.
Tralfagir: Apareça logo.
Voz: Saiam da cidade ou vão ter consequências.
Balder: Nós vamos sair...
Tralfagir: Não iremos, vamos ficar e descobrir o que é tudo isso.
Voz: Vocês escolheram assim.
Dois tentáculos puxaram os pés de Tralfagir que foi levantado para cima e antes que pudesse cortar um dos tentáculos, mais dois surgiu, cada um segurando um braço seu e o levantaram.
Balder: O solte!
Voz: Eu irei puxar os membros dele e arranca-los.
Balder corre para tirar os tentáculos de Tralfagir, quando toca o tentáculo com as mãos a neblina começa a dissipar. Então dentro daquela pequena casa de apenas um cômodo pode ser notado um homem velho e barbudo deitada em uma cama toda surrada, atrás dele havia uma criatura toda coberta por tentáculos e apenas uma pequena brecha entre eles mostrando seu olho grande e negro.
Voz: Quem é você?
Balder: Balder de Luz do Ouro.
Voz: Que paz é essa que seu toque traz?
Balder: Não sei do que fala, mas solte-o.
Voz: Chame-me de Dox.
Balder: Solte-o, Dox.
Dox: Desculpe-me, mas não posso, não tenho garantia alguma que ele não irá nos atacar novamente, machucou muito o Yudre.
Balder: Estava nos protegendo.
Dox: Retire as espadas dele e as entregue.
Balder: Entregue as espadas.
Tralfagir: Não vou entregar nada a eles.
Balder: Ele vai nos deixar preso aqui até você fazer isso.
Tralfagir: Arruma outro modo, isto não irá ocorrer.
Dox: Ainda não confio em você.
Tralfagir: Juro que não lhe causarei qualquer dano.
Dox: Palavras são vãs caçadores.
Tralfagir: Vou embainhar as espadas.
Dox: Isso não te faz menos perigoso.
Balder: Se Tralfagir fizer algo pode me matar.
Dox: Por que daria sua vida a ele?
PBalder: Porque confio nele.
Dox: Vou solta-lo, mas ele deve guardar as armas.
Tralfagir: Sim. Prometo.
Dox: Abaixe ele Yudre.
Tralfagir: Quem são vocês?
Dox: Vocês invadiram e feriram as pessoas daqui e ainda se vê no direito de exigências.
Balder: Ele está com sangue quente. Não somos caçadores ou fazemos parte de um reino, estamos de passagem.
Dox: Então vão embora logo, mas nunca digam nada desse lugar.
Balder: Por quê?
Dox: Não posso deixar que machuquem as crianças.
Balder: Quais crianças?
Dox: O que vocês chamam de monstros e criaturas, eram crianças.
**
Em um lugar distante, numa casa que foi soterrada pelo tempo. A porta se abre rangendo e com dificuldade. Surgem na porta algumas pessoas mascaradas, que vão entrando uma por uma.
Homem com máscara azul: Most verifique se existe alguma criatura viva.
Most: Sim senhor.
Most ergueu ambas as mãos e sussurrou algumas palavras, uma energia vermelha surgiu em suas mãos, então a energia expandiu para todo o local.
Most: Nenhum ser vivo, nem mesmo pequenos insetos.
Homem com máscara azul: Certo. Festo, identifique o alvo.
Festo: Sim senhor.
Assim como Most fez, Festo ergueu as mãos e com as palavras sussurradas suas mãos encheram-se com uma energia amarela que expandiu em todo o local, mas diferente de Most, ficou um rastro amarelo no chão.
Homem com máscara azul: Herges...
Herges: Compreendido.
Colocou as palmas das mãos um de frente ao outro, como se fizesse uma oração, e então abrindo as mãos aos poucos surgiu uma luz entre elas. Ele a empurrava enquanto tomava frente do seu grupo que seguia a trilha amarela. Eles caminharam por dentro da casa que tinha as paredes solidificadas pelos detritos que haviam soterrado a casa ao longo dos anos, seu assoalho era de madeira podre e algumas estalactites de pedras e existia uma poeira no ar que parecia não ter fim.
Quando chegaram ao fim do rastro, havia uma pequena caixa em cima de uma mesa de metal que manteve-se inteira mesmo com o passar do tempo.
Homem com máscara azul: Deixe-me passar.
O homem de máscara azul abriu a caixa lentamente e ao ver o que havia ali pode-se ouvir uma leve risada. Pegou um pano negro e colocou em sua boca sussurrando, o pano havia se tornado azul e o colocou em cima do objeto que havia dentro da caixa.
Homem com máscara azul: Mais um dos pedaços, nossa força será aumentada. O arquimago ficara muito feliz.
Surgem chamas em algumas paredes da casa e o som de uma criatura ecoou por todo o lugar.
Most: Mas não havia nenhum ser vivo aqui.
Homem com máscara azul: Não importa, vamos sair daqui.
O grupo voltou a passos rápidos, seguindo a trilha amarela ao seu ponto inicial. Chegando perto do fim dela, surge um troll feito de pedra e com um tacape em sua mão.
Homem com máscara azul: O feitiço que você usou só serviria para encontrar seres vivos e não encantamento em seres inanimados.
Most: Desculpe-me...
Homem com máscara azul: Você não tem culpa nisto. Pode deixar que desse eu cuido.
Ele fechou sua mão direita como se empunhasse algo e passando sua mão esquerda sobre a direta e continuando o percurso no ar, surge uma espada roxa feita de energia.
Homem com máscara azul: Vejam e aprendam a como usar uma arma invocada.
Heger: Sim mestre Mausle.
Mausle vai em direção ao troll que era muito lento. Levantou seu tacape lentamente e ao desferir o golpe Mausle pode fugir facilmente e acertou a espada no braço de pedra do troll o cortando. Sem o braço que o troll segurava seu tacape, ele não conseguia pegar ele novamente. O troll fez outro ataque a ele usando seu outro braço que foi decepado fácil.
Mausle: Quando cria uma criatura assim, precisa colocar um ponto de magia nele, algum objeto para poder fazer toda essa pedra acumular e tomar forma...
Enquanto explicava desviava dos golpes do troll facilmente.
Mausle: Como esse troll é velho e mal feito, o ponto de magia seria aqui...
Dizendo essas palavras ele atravessou a espada no peito de pedra do troll, que ficou paralisado e aos poucos foi desmanchando.
Mausle: Como pode ver, o ponto de magia foi esse pequeno pedaço de raiz traumora. Alguém pode me dizer algo sobre ela?
Festo: Canaliza melhor a magia mesmo após ter passado décadas.
Mausle: Isso, o que podemos dizer é que quem criou este troll não era um bom mago, mas tinha um conhecimento avançado nos materiais mágicos, ou seja, lia muito e praticava pouco. Agora vamos, preciso entregar isso ao arquimago, o mais rápido possível.
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