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3(Carolina)

Nem sempre na vida as histórias de contos de fadas que papai e mamãe nos contam quando crianças, são de fato reais. Digo nem sempre, pois as vezes é verdade.

Mamãe criou a bruxa na cabeça de crianças, como uma velha enrugada e com nariz pontiagudo. Com verruga e tudo. E muito, muito malvada.

Não quero ser dramática ou fazer parecer que sou uma vítima, mas até hoje, quando passo na rua em dias de halloween, tenho de escutar pestinhas dizendo que bruxas más os assombram.

Não é verdade, nunca foi.

As bruxas não são o bem ou o mal. Elas são construídas tanto para um, quanto para o outro. E são suas ações que definem se são boas ou ruins.  Bruxas más ou boas.

E eu, Carolina Chanteuse, tenho minhas dúvidas se poderia ser chamada de uma bruxa boa ou má. Uma dúvida muito cruel. O que você acha, querido diário? Eu mereço ser chamada de boa, mesmo sendo o que sou? Mesmo que fui destinada como uma fonte de más notícias para a minha própria linhagem? E mesmo que eu tenha destruído as chances de mamãe para uma possível linhagem da realeza?

Por que eu nasci assim e inundei minhas irmãs com meu sangue maldito, quando ainda era um bebê no ventre? Por que não pude nascer princesa e talvez ser a segunda herdeira, logo após Divina? Divina... Faz seis anos que não a vejo,  querido diário. E mesmo seis anos não foram o bastante para esquecê-la como me ordenou que fizesse antes de ser arrastada por Mallory.

- Carolina, a luz vai voltar a brilhar. Apenas me esqueça, e a luz vai voltar. - foram suas últimas palavras, antes de Mallory fritar minha cabeça com a coroa da princesa, que lhe fora coroada assim que engravidou, aos quatorze anos. Logo minhas memórias foram apagadas, e só me restou tais últimas palavras de Divina.

Mallory tinha dezenove anos na época, engravidou de mim e minhas irmãs muito nova, e com seus dezenove arrastou-as para longe de mim. Seis anos depois, no meu aniversário de dezesseis anos, Mallory foi coroada rainha só, título que se da a uma rainha que não há um rei ao seu lado. Não sei o que ela pretende fazer quando tiver que escolher uma de suas filhas para herdar o trono. Sei que não serei a escolhida, e nem quero para ser honesta. Segundo o protocolo, Divina quem deveria herdá-lo já que nasceu primeiro de mim e Dakota. Mas nem ela e nem Dakota estão aqui, então não imagino como irá caminhar essa situação, mas cabe a rainha decidir.

Vivemos na mansão de Brookwood, uma propriedade renomeada como grande relíquia da linhagem Chanteuse. Minha madrinha, e também tia, Lauren, passa muito mais tempo comigo do que Mallory, que está sempre deixando nosso casarão para visitar o reino de Kimberly, onde aos vinte e cinco anos ela fora renomeada a rainha. Mesmo sentindo falta dela, eu gosto de sua ausência. Lauren ao menos demonstra me amar com palavras, sendo o oposto de minha própria mãe, que demonstra com presentes caros, e depois volta a me tratar com tamanho repúdio, culpando-me por ter tornado de minhas irmãs bruxas, o que fez a linhagem Chanteuse mudar.

A próxima geração não será mais de reis e rainhas, ou príncipes e princesas. Será de bruxos e bruxas, pois assim aconteceu por minha culpa, é o que mamãe me diz toda vez. Mas por que ela sempre me julga assim que tem oportunidade, sendo que também é uma bruxa, cujo o poder foi adormecido para poder enfim ser renomeada a princesa? Que moral Mallory tem para falar de mim, e por que eu deixo?

É o que as pessoas me perguntam frequentemente, Querido diário. E a minha resposta nunca muda. Valendo menos do centavo que ela vale, Mallory ainda é minha mãe. Carregou-me por meses junto de minhas irmãs, e isto quando era uma mera adolescente de dezessete anos. Sofreu, chorou e quase morreu no parto, mas aguentou cada fio de dor por mim, Divina e Dakota. Ela me presenteou com a vida, e mesmo não entendendo o motivo de tanta rejeição à mim, eu a amo. E a amarei sempre, porque ela é minha mãe. Não demonstrarei gratidão agindo do mesmo modo que ela age comigo. Bruxas possuem a escolha de serem iguais ou piores; eu quero ser melhor do que isto, e eu sei que posso.

********************

QUATRO MESES E SEIS DIAS. É o tempo em que descobri que as coisas são mais difíceis quando não possuo um alicerce para contar meus problemas.

Eu me pergunto se você ainda se recorda de mim. Porque ao menos para mim, escrever em páginas brancas com uma caneta de pena vermelha e tinta azul, esperando que essas páginas na verdade seja um ouvido de amigo, é um literal de coisas loucas que eu já fiz. Não foi uma, duas ou três vezes. Foram muitas mais, até não conseguir controlar minhas próprias mãos e vontade enlouquecedora de escrevê-lo quando as coisas estão a desencaminhar.

Estou me sentindo louca. Algo que bruxas são chamadas o tempo inteiro, por toda a parte. Mas não sou como Mallory ou tia Lauren. Eu não sou uma bruxa da tempestade como minha mãe e uma elemental da terra como minha tia. Sou uma bruxa que humanos patéticos chamam de esquizofrênicos. E uma loucura que até mesmo eu odeio ter, é o fato de achar que estou escrevendo para um amigo - que claramente eu não possuo - quando na verdade estou escrevendo inutilmente para uma espécie velha e repugnante de um caderno que humanos chamam de diário.

Então, meu querido e maldito diário, obrigado. Agradeço com muita ironia por fazer até mesmo eu duvidar da minha própria capacidade cerebral. Por me tornar louca aos meus próprios olhos. Eu odeio-te tanto que até me sinto enojada.

Mas acontece que no momento tenho apenas você para descarregar tamanha dor que sinto no meu peito. Então, por um momento podemos esquecer que eu te odeio e você também tem tal sentimento por mim? Podemos apenas tentar escutar um ao outro? Eu escuto quando você resmunga que há uma adolescente chata reclamando de sua vida imperfeita. E você escuta a adolescente chata falando da vida imperfeita. Ao meu ver parece ser uma troca de papo boa.
A situação aqui em minha casa não está nada boa. Um verdadeiro caos está se formando e esta é uma batalha de que não posso escapar.

Há coisas na minha vida infeliz de que eu consigo fugir. Eu consegui fugir de um novo sentimento amoroso por um garoto há três anos. Corri como se tudo o que estava começando a sentir por ele, fosse uma cruel serpente me envolvendo em sua rasteira. Por tantos anos foi assim que agora acho que estou a pagar em juros por isto. Eu encontrei uma inimiga chamada Mallory Chanteuse. Minha própria mãe, é também o meu pior pesadelo. E dela eu não posso fugir nem se eu desejar para uma estrela cadente, pode acreditar, querido diário.

Há alguns dias atrás, quando acordei, a primeira coisa que meu auditivo captou foi o som ensurdecedor de vidros se chocando. Rapidamente apressei-me para a sala, desesperada que algo tivesse ocorrido com a minha família. Porém, para a minha surpresa, Mallory estava confortavelmente sentada no sofá preto, de manta da mesma cor, que comprara com uma humana há pouco tempo.

Claro que perguntei o que seria o barulho que escutei. No entanto, você sabe, eu sei, e tia Lauren também sabe como Mallory sempre age. Irônica, sarcástica e muito grosseira - comigo.

Tudo o que a mulher que é minha mãe fez, foi direcionar o olhar astucioso para mim.

- Se você se concentrasse em ser menos como o seu pai e mais como a mim, saberia que são os companheiros chegando com os príncipes. - a indireta foi óbvia para mim, e seu olhar cruel apenas concretizou o que eu já sabia. Ela se referia ao fato de eu herdar sangue maligno, que é uma espécie de sangue considerada envenenada pelo povo real da corte do castelo de Kimberly. Mamãe, antes de minha avó ser divorciada do meu antigo avô, foi coroada a herdeira do trono, já que era a única provindo de pais cujo o sangue era genuíno da realeza. Minha avó, Morgana, nasceu com um dom que poderia ter a condenado na época da pedra, quando bruxas eram queimadas vivas. Por sorte ela nunca desenvolveu o dom que tinha para ler cartas, ler mãos e entoar palavras mágicas, tornando-as uma realidade. Isto a livrou da fogueira, e a premiou ao trono da corte real dos Kimberly - a primeira linhagem de reis e rainhas de sangue genuíno.

Mallory veio ao mundo quando minha avó era recém coroada rainha, com seus vinte e cinco anos. Para a desgraça da corte real, o primeiro bebê real da linhagem de Aaron Cavalcanti - o marido de Morgana - veio mulher, e com isto, mesmo repudiando a ideia, a grande princesa, cujo Kimberly, não teve outra opção a não ser se manter fiel ao protocolo e estimar minha mãe como a herdeira, logo a corando quando tinha oito anos; e uma vez coroada, seguindo o protocolo, Mallory foi premiada princesa com os dezoito anos alcançados, mesmo que pelo corte de laços hierárquicos de Morgana com Aaron, ela não devesse levar o trono. Naquela época o que valia mais que um papel manuscrito de uma benzedeira, era o manuscrito do protocolo. E logo que Mallory chegou aos vinte e cinco, Morgana veio a adoecer, passando a coroa para minha mãe, que assumiu-se rainha na mesma idade que minha avó fora coroada no passado.

Mas mamãe não tinha um rei ao seu lado para - segundo o protocolo machista - mandar em seus atos. Logo iniciou-se uma rebelião machista, desobediência e rebaixamento contra a rainha, que exausta por tamanhos equívocos rebaixou-se a permitir um envolvimento apaixonante que resultou em sexo sem compromisso, com um ser que hoje ela repudia, mas naquela maldita época, ela amou; este ser não pode ser ninguém mais e ninguém menos que o meu pai.

- Você quer dizer cavalos?

Assim que fiz aquela indagação, Mallory gritou que a palavra companheiro era muito mais elegante e adequada. Mas que não se surpreendia por minha falta de conhecimento do assunto. Eu não admitiria para ela, - pela pouca dignidade que ser rebaixada e humilhada por Mallory, ainda não me arrancou - mas as palavras duras que ela tendia a me dizer todas as vezes, quebrava meu coração. E ter um coração estilhaçado soa ridículo, igualmente soa dizer que teve o seu assim.

- Mãe, por favor, eu não preciso que você me diga mais uma vez de tantas outras que não sou como você, minha tia ou minhas irmãs. Eu sei o que sou e pode acreditar que lamento todos os dias.  - minhas palavras soaram mais fracas do que eu planejei.

Eu e Mallory brigamos pelo que pareceu ser a terceira vez, só naquela semana. A discussão se prolongou, eu fiquei mais chateada e chegou a um ponto em que estávamos com os rostos próximos. O suficiente para que eu pudesse ver quando ela contorceu o nariz, de desgosto.

- Vai bater em mim, Carolina? - rosnou, com o rosto muito próximo do meu.

Eu contorci meu rosto, magoada por sua insinuação maldosa.

- Eu jamais levantaria um dedo para você, mamãe. - falei firme, mostrando minha mágoa com o que ela pensou que eu faria. Por que ela não podia entender que só a amo e quero vê-la bem, que faria de tudo por ela? - Mesmo que jamais mereça tal título, você é minha mãe. E eu amo-te em tamanhos. Se estou aqui hoje, foi porque você me procriou, me deixou nascer. E eu não vou mostrar gratidão por isto, batendo no rosto da minha própria mãe. O fato de
ter me dado a vida, é o único respeito que eu ainda tenho, ao que diz respeito o nome Mallory Chanteuse. E eu sempre vou respeitar-te, mamãe.

Maldito diário, eu não sei mais o que posso fazer. Há muito tempo eu decidi que bastava de lutar para ter o amor de Mallory. Um amor sujo, assim como ela. Eu decidi que não precisava daquilo. Porém ainda me sinto tão péssima quando ela me trata como uma sujeita que precisa ser regada, mas não cuidada. Eu não tive a escolha nas minhas mãos sobre como nascer. Pois se a decisão fosse minha, jamais escolheria nascer uma bruxa com tamanho dom terrível.

Alguns dizem que sou uma bruxa-fada. Uma fada sombria da espécie. Outros dizem que apenas sirvo para lamentar uma perda e avisar com antecedência. Mas o que eu sou realmente?

Bruxa-fada? Ou uma vidente de mortes?

Eu sei que prometi a você não falar mais sobre aquele dia.

Mas há tantas promessas que eu quebrei e as pessoas quebraram comigo, que eu nem me importo mais.

E o que eu vi naquele dia, na terceira estante do escritório de Mallory, me quebrou por todas as vezes que ela não conseguiu. Foi como dez mil facadas me atacando. Acho que estou pronta para contar o que de fato ocorreu naquela noite.

Eu preciso contar para alguém.

E depois que eu atualizá-lo sobre tudo que precisa saber, terei que cuidar da parte que Mallory arrancou de mim. Ela está a esconder algo de mim que eu preciso descobrir.

E me parece que a parte que ela guarda a sete chaves e esconde de mim, é tão importante que me faria mudar o que penso sobre ela. Mallory ainda se importa com o que eu sinto por ela. Se a odeio ou amo, ela se importa. E por isto ela sabe que eu não posso descobrir.

A última coisa que me lembro sobre aquela noite, foi o rosto de Mallory, antes de agarrar os braços de minhas irmãs e levá-las para longe de mim. Algum outro fato oculto aconteceu e eu não me recordo. Mallory tomou alguma lembrança importante de mim, sobre aquele dia. Você sabe, ela deve ter feito uma trovejada soar na lembrança e isso me levou a uma dor de cabeça terrível, por ser uma bruxa do elemento fogo. E a dor me levou ao desespero para escapar daquela dor sufocante. Por fim, eu fiquei vulnerável o suficiente para ter a lembrança levada de mim.

Porém Mallory ainda teria que lidar com Divina, que não poderia ter as lembranças apagadas, pelo dom de prever o tempo que herdou da nossa avó. São chamadas de bruxas temperamentais e são imunes à feitiços que resultam em perda de alguma memória. Mas o que Mallory guarda de mim, que é tão importante a ponto de ela quebrar sua jura?

Quando fora coroada rainha, Mallory jurou perante seu povo que manteria encarcerado quaisquer habilidades bruxa que herdou de vovó, como ler cartas, ou ler mãos. Fez um juramento de sangue, prometendo diante os guardiões do trono, a presença inusitada da grande princesa e de sua grande mãe. Na noite em que apagou minhas memórias, ao fazer tal ação, Mallory usou magia, e contudo quebrou sua promessa. Mesmo sendo algo que a corte real não teria meios de descobrir, por respeito ao protocolo que é dito como algo sagrado, Mallory jamais ousaria quebrar o que profetizou que não faria; então o que é tão importante que a fez agir diferente do que prometeu?

Querido diário, há tantas coisas que eu ainda preciso entender. Quero descobrir o porquê Mallory levou a Dakota. Talvez eu saiba o motivo de ter afastado-me de Divina. Como estava junto de mim no escritório de Mallory, Divina sabia demais. Porém apenas Divina me acompanhou na fuga para o escritório de Mallory. Dakota não concordou em ir, e não foi, ela não descobriu nada do que Divina e eu descobrimos.

Então ainda é uma incógnita o motivo de Mallory ter afastado-me de Dakota também.

Eu não sei o que tenho que fazer para descobrir toda tal incógnita. Mas o que tiver de ser feito, eu farei. Pois eu não admito que a ida de minhas irmãs seja em vão. Se Mallory fez algo cruel e por isto apagou minhas lembranças e afastou minhas irmãs, eu a farei pagar.

Olho por olho, amiga por amiga e irmã por irmã.


- Ainda escrevendo nesta coisa velha, Carolina? - a voz de Mallory fez um arrepio percorrer desde o pescoço, até as mãos de Carolina. Rapidamente, sentindo-se exposta pela mãe, Carolina deixou o diário de lado, esquecendo de se despedir do amigo.

Carolina estava sentada à mesa de seu quarto, uma mesa que antes era uma zona de conforto, agora parecia ser o centro de um universo desmoronando. A luz da manhã entrava pela janela, lançando um brilho suave sobre seus livros e anotações espalhados. O dia estava calmo, mas a sensação de ansiedade persistia no ar. Hoje era um dia especial – seu aniversário de dezessete anos – e o fato de que Mallory, sua mãe, tinha voltado antes do esperado para comemorá-lo estava criando uma expectativa nervosa.

O quarto estava imerso em um silêncio inquieto quando a porta se abriu lentamente. Carolina levantou os olhos e viu Mallory na porta, sua presença era um misto de serenidade e intensidade. Mallory sempre teve uma aura de mistério ao seu redor, uma combinação de elegância e uma frieza quase sobrenatural. Seus cabelos castanhos escuros caíam em ondas soltas, e seus olhos verdes brilhavam com um conhecimento que parecia transcender o comum.

- Bom dia, mãe. - Carolina tentou sorrir, mas a tensão no ar tornou o gesto um pouco forçado. Ela sabia que a chegada antecipada de Mallory não era apenas uma questão de surpresa; havia algo a mais.

Mallory avançou com passos suaves, seus saltos fazendo um som quase imperceptível no chão de madeira. Ela vestia um elegante vestido de veludo verde escuro que destacava seus olhos e fazia com que seu porte parecesse ainda mais imponente. Ela carregava uma pequena caixa vermelha com um laço laranja, que parecia brilhar de forma peculiar sob a luz do sol.

- Bom dia, Carolina. - Mallory respondeu com um tom de voz que misturava um sorriso contido com uma frieza sutil. - Feliz aniversário, querida.

Carolina, que estava até então distraída com a sua pilha de anotações no diário, levantou-se lentamente. A caixa que Mallory carregava era pequena, mas o laço brilhante chamava a atenção de uma forma quase hipnótica.

- Obrigada, mãe. Não esperava ver você tão cedo. - Carolina falou, tentando manter a conversa leve, embora sua mente estivesse girando com perguntas não ditas.

Mallory se aproximou da mesa e colocou a caixa cuidadosamente na frente de Carolina. Seus olhos verdes não saíam do rosto da filha, e Carolina podia sentir o peso da expectativa. Mallory parecia nervosa, mas mantinha uma fachada calma e controlada.

- Eu sabia que você estava ansiosa para abrir seus presentes, então decidi antecipar minha visita.  - Mallory continuou, seu tom mais suave agora. - Eu queria dar-lhe algo especial, algo que refletisse o quanto você significa para mim.

Carolina pegou a caixa com um gesto hesitante. A caixa era pequena, mas a sensação de segurá-la era como tocar algo de imenso valor. O laço era um tom vibrante de laranja, que contrastava fortemente com o vermelho profundo da caixa. A caixa parecia quase pulsar com uma energia sutil, e Carolina sentiu um frio na espinha.

- O que é? - Carolina perguntou, enquanto começava a desembrulhar o presente. Havia um misto de curiosidade e apreensão em sua voz.

Mallory observava com um olhar tenso, seus olhos não piscando enquanto a filha removia cuidadosamente o papel. Carolina puxou o laço e levantou a tampa da caixa. Dentro, havia uma pequena caixa de madeira entalhada com um design intrincado. O entalhe parecia antigo, com padrões de folhas e símbolos que pareciam familiarmente estranhos.

- É uma caixa de memória. - Mallory explicou com um tom que era tanto informativo quanto enigmático. - Ela tem um significado especial.

- Uma caixa de memória? - Carolina repetiu, sua voz cheia de confusão e curiosidade. - Como ela funciona?

Mallory se inclinou um pouco, seus olhos fixos na filha com uma intensidade que Carolina nunca tinha visto antes. Havia algo mais por trás da calma aparente, uma tensão que parecia se acumular a cada segundo.

- Bem, é uma forma de manter momentos especiais seguros. - Mallory disse lentamente, sua voz quase sussurrante. - Mas o que eu quero dizer é que esta caixa tem uma função muito mais profunda do que você pode imaginar.

Carolina olhou para a caixa com uma mistura de fascínio e desconfiança. A caixa parecia pulsar levemente, como se estivesse viva de alguma forma. Ela abriu a caixa e encontrou dentro uma pequena esfera de cristal, que estava envolta em uma nuvem de poeira mágica. A esfera tinha uma aparência etérea, com um brilho interno que parecia mudar de cor com a luz.

- O que é isso? - Carolina perguntou, segurando a esfera e observando-a com mais atenção. - Parece… diferente.

Mallory se aproximou ainda mais, seu olhar fixo na esfera. Seus lábios estavam firmemente cerrados, como se estivesse lutando contra alguma emoção reprimida.

- É uma artefato mágico. - Mallory explicou. - Tem a capacidade de alterar percepções e lembranças.

Carolina olhou para Mallory, seus olhos arregalados. Havia uma tensão no ar que não era totalmente explicada pelas palavras da mãe. Mallory estava nervosa, e Carolina podia sentir isso, como uma corrente elétrica que corria pelo ambiente.

- Alterar percepções e lembranças? - Carolina repetiu, um tremor em sua voz. - Isso não parece uma coisa comum de se dar como presente.

- Não é um presente comum. - Mallory confirmou, seu tom mais firme agora. - E há uma razão para isso.

O coração de Carolina começou a bater mais rápido. Havia algo estranho e perturbador no comportamento de Mallory, e a esfera mágica parecia ser a chave para algo que ainda estava por ser revelado.

- O que você está tentando me dizer, mãe? - Carolina perguntou, seu tom mais urgente agora.

Mallory respirou profundamente, seu olhar se tornando mais sombrio. Ela parecia hesitar, como se estivesse lutando contra alguma força interna. Finalmente, ela falou, sua voz agora mais baixa e tensa.

- Carolina, há coisas que eu escondi de você, coisas que você não pode e não deve saber. - Mallory disse. - Este artefato pode... apagar certas memórias. - disse, parecendo incerta.

A revelação caiu sobre Carolina como um peso pesado. Ela piscou, tentando processar as palavras de Mallory. A esfera na sua mão parecia brilhar mais intensamente, como se estivesse respondendo ao clima emocional ao seu redor.

- Apagar memórias? - Carolina repetiu, a incredulidade em sua voz. - Por que você faria isso?

Mallory fechou os olhos por um momento, e quando os abriu novamente, havia uma expressão de determinação e tristeza em seu rosto. Ela deu um passo em direção a Carolina, sua postura rígida e seus olhos fixos na filha com uma intensidade que beirava o desespero.

- Houve um momento. Um momento que eu gostaria de poder apagar, mas não posso. - Mallory explicou, sua voz tremendo ligeiramente. - E para proteger você de algo doloroso, eu usarei este artefato para fazer você esquecer.

Carolina estava em choque, sua mente girando com a revelação. Ela se levantou, afastando-se ligeiramente da mesa, seu coração acelerado e sua respiração curta.

- Você está dizendo que vai me fazer esquecer algo? - Carolina perguntou, a voz quase um sussurro. - Mas o que você quer me fazer esquecer?

Mallory não respondeu imediatamente. Em vez disso, ela deu um passo em direção a Carolina, segurando a esfera de cristal com uma mão. Seus olhos estavam fixos na filha com um olhar quase dolorido, como se cada palavra que dissesse fosse um fardo.

- Eu só quero proteger você, Carolina. - Mallory disse, a voz cheia de um mix de frustração e tristeza. - Algumas memórias são demasiado dolorosas, e eu… eu não quero que você carregue esse peso.

Carolina olhou para Mallory, sua mente ainda lutando para processar o que estava acontecendo. A esfera parecia estar pulsando em sua mão, e uma sensação de vertigem começou a se instalar. Ela sentiu a pressão de uma força invisível, como se o ambiente ao seu redor estivesse começando a girar.

- Não, não pode ser verdade! - Carolina gritou, sua voz cheia de pânico. - Eu não quero esquecer!

Antes que ela pudesse reagir, Mallory fez um gesto rápido, e a esfera brilhou com uma luz intensa. O ambiente ao redor de Carolina começou a desmoronar em um turbilhão de cores e sons, como se o próprio tempo estivesse sendo manipulado. Carolina tentou gritar, mas o som parecia se perder no vórtice de escuridão que se aproximava.

- Desculpe, minha filha. - A voz de Mallory soou distante e distorcida, como um eco de um pesadelo. - É para o seu próprio bem.

Carolina caiu no chão, a visão ficando turva enquanto a escuridão tomou conta.


***

Carolina acordou com um sentimento de confusão e um leve desconforto, como se tivesse sido acordada de um sonho profundo e perturbador. O quarto estava iluminado por uma luz suave que filtrava através das cortinas brancas, criando um ambiente sereno e silencioso. A sensação de desorientação persistia, e Carolina se sentou na cama, tentando recolher seus pensamentos. Algo estava errado, mas o que era, exatamente, estava fora de seu alcance.

Ela olhou ao redor do quarto, buscando qualquer pista que pudesse explicar seu desconforto, mas tudo parecia estar no lugar. A mesa de cabeceira estava ordenada, e sua cama estava perfeitamente arrumada, como se ninguém tivesse se mexido nela. A ausência de Mallory, que normalmente teria sido a primeira a acordar e a iniciar o dia com seu tom de voz firme e autoritária, foi imediatamente notada. Um sentimento de inquietação tomou conta de Carolina.

Levando as mãos à cabeça, Carolina tentou se lembrar do que havia acontecido antes de adormecer, mas a memória estava vaga e fragmentada. Havia uma sensação persistente de que algo estava faltando, uma lacuna em suas lembranças que não conseguia preencher. Sua mente estava envolta em uma névoa de confusão e ansiedade.

E, perguntas que ela nem sabia como perguntar.

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